Barómetro ACEGE. Descida do IRC é prioritária para seis em cada 10 empresários

Governo prometeu reduzir a taxa média de 21% para 19% já no próximo ano. Miranda Sarmento diz que o impacto só será sentido em 2026, logo não será uma "condicionante" para o PS chumbar o OE2025.

A descida do IRC é prioritária para mais de metade dos empresários, segundo o barómetro Barómetro da Associação Cristã de Empresários e Gestores (ACEGE) de julho realizado para o ECO. Em concreto, 62,63%, isto é, seis em cada 10 gestores responderam positivamente à questão “A descida do IRC é prioritária para a sua empresa?”.

Apenas 29,29% considera que essa não é uma prioridade. E 8,08% não sabe ou não quis responder. De lembrar que o Governo prometeu avançar com uma redução de seis pontos percentuais da taxa média, de 21% para 15% até 2027, uma trajetória que é para arrancar já no próximo ano com uma descida de dois pontos, que vai empurrar o imposto para 19%.

“Em 2026, a taxa irá baixar para 17% e, em 2027, para 15%”, revelou o ministro das Finanças. Joaquim Miranda Sarmento, no final do Conselho de Ministros que aprovou o pacote de 60 medidas para acelerar a economia. O impacto será de 500 milhões de euros por ano, ao nível da perda de receita, perfazendo um custo global de 1.500 milhões de euros.

Para que o alívio fiscal se aplique a todas as empresas, o Governo também quer baixar, de forma faseada, a taxa reduzida que se aplica aos primeiros 50 mil euros de matéria coletável das PME. Assim, este imposto vai descer de 17% para 12,5%, em três anos, até 2027.

Mas esta é uma linha vermelha para o PS na viabilização do Orçamento do Estado para 2025 (OE2025). Os socialistas rejeitam liminarmente uma redução transversal da taxa, para todas as empresas, defendendo antes uma descida seletiva do imposto em setores estratégicos para a economia.

Assim, e para evitar que a medida ficasse pelo caminho como o IRS, em que o PS conseguiu aprovar uma proposta sua à revelia do Governo, o Executivo optou, neste caso, por entregar no Parlamento um pedido de autorização legislativa que impede que a oposição apresente iniciativas próprias. A proposta deu entrada na Assembleia da República a 11 de julho, mas ainda não foi discutida.

No debate do Estado da Nação, o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, cedeu um pouco no braço de ferro, ao admitir negociar a modelação da redução do imposto com o Governo. E desafiou o primeiro-ministro, Luís Montenegro a “repensar” com os socialistas “a estratégia e a política [do Executivo] para o IRC”.

Respondendo ao repto do líder do PS, ainda durante o debate, Montenegro afirmou que tem “toda a disponibilidade para discutir soluções estratégicas para Portugal”, desde que enquadradas no programa do Executivo.

Entretanto, tanto o ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, como o ministro da Adjunto e da Coesão, Manuel Castro Almeida, quiseram separar a baixa do IRC das negociações para o OE2025, que serão retomadas com os partidos da oposição depois das férias do verão.

Miranda Sarmento explicou, esta quinta-feira, em entrevista ao Público/Rádio Renascença, que “a descida de IRC que o Governo propõe para 2025 só terá impacto na receita em 2026, portanto, trazê-lo à discussão do Orçamento para 2025 pode ser feito numa lógica de política de médio e longo prazo, mas não numa lógica daquilo que é condicionante orçamental para 2025, porque a redução da taxa efetua-se em 2025, as empresas entregam a declaração de IRC de 2025 em maio de 2026 e, portanto, um eventual efeito na receita apenas ocorre no exercício orçamental [de 2026]”.

Já antes, em entrevista ao Negócios/Antena1, Castro Almeida tinha admitido que “o ritmo da baixa do IRC pode ser acertado”. “O Governo está determinado a baixar o IRC. O ritmo desta baixa do IRC pode vir a ser objeto de um acerto. Ou as condições da baixa do IRC podem ser objeto de um acerto”. “Pode haver flexibilidade sobre a forma, sobre a proposta do Governo. Não tem que ser fechada, não é científica“, acrescentou.

Apesar desta abertura, Miranda Sarmento reiterou que o Executivo vai governar com o seu programa, que foi aquele que foi validado pelos eleitores nas urnas. “É preciso que quem esteja presente nas mesas de negociação entenda que o Governo tem alguma margem para acomodar propostas e tem alguma margem para calibrar as suas, mas não pode, naturalmente, deixar desvirtuar aquilo que foram os pilares essenciais do seu programa“, disse ao Público/Rádio Renascença.

Também Castro Almeida foi perentório: “Não se peça ao Governo que renuncie a uma questão que para o Governo é essencial. Nós estamos convencidos, e há vários estudos que o demonstram, que baixar o IRC é um elemento fundamental para o crescimento económico e é um elemento decisivo para atrair capital estrangeiro. Precisamos muito de capital estrangeiro para fazer crescer a nossa economia. Ora, não nos peçam para não mexer no IRC”.

Nota: O Barómetro é uma iniciativa mensal realizada em colaboração com o jornal ECO, Rádio Renascença e Netsonda, e tem como objetivo saber a opinião dos Associados da ACEGE sobre temas da atualidade, não sendo por isso uma sondagem de opinião. Foi enviado por email a 1.094 associados da ACEGE, através de uma plataforma da Netsonda, e esteve aberto 96h, nos dias 27 a 30 de julho, tendo respondido 99 pessoas.

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Barómetro ACEGE. Mais de metade dos empresários preocupada com eventual chumbo do OE2025

Mais de 50% dos empresários afirma-se preocupado com um eventual chumbo do Orçamento do Estado para 2025. No entanto, seis em cada dez empresários estão otimistas sobre o futuro do país.

A maioria dos empresários portugueses está preocupada com um eventual chumbo do Orçamento do Estado para 2025 (OE2025) e gestão por duodécimos, de acordo com o Barómetro ACEGE de julho.

À questão “está preocupado com o eventual chumbo do Orçamento do Estado para 2025 e uma gestão por duodécimos”, 54,71% dos empresários responderam que sim, contra 45,83% que não estão preocupados.

A opinião dos empresários foi expressa entre os dias 27 e 30 de julho, já após a primeira ronda de negociações entre o Governo e os partidos políticos com assento parlamentar sobre a proposta do OE2025. Por os partidos que suportam o Executivo (PSD e CDS-PP) não terem uma maioria absoluta no Parlamento a posição de um dos maiores partidos (PS e Chega) será determinante para a viabilização do documento.

No entanto, quando questionados sobre se a atividade da empresa é penalizada se não entrar em vigor um novo Orçamento do Estado, 56,57% dos empresários respondem que não. Já 30,3% indica que sim, enquanto 13,13% não sabe ou não responde.

Empresários mais otimista sobre futuro do país

A confiança dos empresários sobre o futuro do país voltou a aumentar face ao último barómetro, com 62,63% a afirmarem-se otimistas, contra 57% em junho. Em detalhe, 7% está francamente otimista e 55,56% moderadamente otimista. Já 16,16% não está nem pessimista, nem otimista. Por outro lado, 15,15% indica estar moderadamente pessimista e 6,06% francamente pessimista.

Os dados sobre a evolução do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre foram publicados no último dia disponível para envio das respostas ao questionário. O Instituto Nacional de Estatística (INE) apurou um crescimento da economia e 1,5% face ao período homólogo e de 0,1% em cadeia.

O nível de confiança em relação ao futuro da sua empresa continua nos níveis registados no ano passado. Sete em cada dez empresários estão na globalidade otimistas (com 7,07% francamente otimista e 55,56% moderadamente otimista), enquanto 15,15% está moderadamente pessimista e 6,06% francamente pessimista. Já 16,16% não estão nem pessimista, nem otimista.

O barómetro indica ainda que 57,73% dos empresários acredita que “depois da descida das taxas de juro pelo Banco Central Europeu, as condições de acesso a financiamento bancário vão melhorar”, mas 42,47% considera que não.

Nota: O Barómetro é uma iniciativa mensal realizada em colaboração com o jornal ECO, Rádio Renascença e Netsonda, e tem como objetivo saber a opinião dos Associados da ACEGE sobre temas da atualidade, não sendo por isso uma sondagem de opinião. Foi enviado por email a 1.094 associados da ACEGE, através de uma plataforma da Netsonda, e esteve aberto 96h, nos dias 27 a 30 de julho, tendo respondido 99 pessoas.

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FC Porto vende 30% da Porto Stadco. Negócio pode atingir os 100 milhões

  • ECO
  • 1 Agosto 2024

A Ithaka passará a deter 30% dos direitos económicos de uma sociedade em fase de constituição, a Porto Stadco SA. A exploração comercial do estádio do Dragão durará 25 anos.

A SAD portista assinou uma adenda ao contrato de investimento (ISHA), celebrado em abril pela anterior administração liderada por Pinto da Costa, mediante a qual a Ithaka compra 30% dos direitos económicos da Porto Stadco ao FC Porto, por um valor que pode atingir os 100 milhões de euros.

“Esta adenda materializa uma parceria entre o FC Porto e a Ithaka para a exploração comercial do Estádio do Dragão para os próximos 25 anos, em que a Ithaka passará a deter 30% dos direitos económicos de uma sociedade em fase de constituição, a Porto Stadco SA, através de cisão da Porto Comercial, lê-se no comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliário (CMVM).

O montante total do encaixe pode ascender aos 100 milhões de euros ao invés dos 65 milhões de euros inicialmente acordados e que se mantêm como valor fixo. “De acordo com a adenda hoje assinada, a Ithaka adquirirá 30% dos direitos económicos da Porto Stadco ao FC Porto, por um montante total que poderá atingir 100 milhões de euros (montante até 54% acima do acordado no ISHA original assinado em abril)”, detalha a SAD portista.

Os 65 milhões de euros serão repartidos da seguinte forma: 50 milhões de euros no momento do closing da operação que a SAD, liderada por André Villas-Boas, prevê acontecer em outubro deste ano; e 15 milhões de euros em junho de 2026.

Já “os 35 milhões de euros extra estarão dependentes de objetivos relacionados com o cumprimento de métricas de EBITDA da bilhética em 2025/26 e de EBITDA da Porto Stadco em 2026/27“, assinala.

Mediante este acordo, a Porto Stadco passará a explorar comercialmente o Estádio do Dragão, “integrando exatamente o mesmo perímetro acordado no ISHA original”, designadamente as receitas e custos de exploração associados à bilhética, ao corporate hospitality, aos naming rights do Estádio do Dragão. Assim como outros contratos de sponsorship associados ao Estádio, Museu do FC Porto.

Os 35 milhões de euros extra estarão dependentes de objetivos relacionados com o cumprimento de métricas de EBITDA da bilhética em 2025/26 e de EBITDA da Porto Stadco em 2026/27.

SAD do FC Porto

Com esta adenda o FC Porto assegura a possibilidade de, no final do 10º ano e do 15º ano, poder recomprar a participação social agora cedida à Ithaka. Pode, assim, “em qualquer desses momentos recuperar 100% dos direitos económicos da Porto Stadco“. Ainda de acordo com a SAD portista, “após o decurso do prazo de 25 anos (ou em momento anterior caso decida exercer a opção de recompra acima mencionada), o FC Porto recuperará 100% dos direitos económicos do Estádio do Dragão”.

O FC Porto também passa a poder emitir dívida com base nos 70% dos direitos económicos da Porto Stadco que continuará a deter. O clube vai, por isso, constituir uma nova empresa, que “deterá como único ativo a totalidade da participação social do FC Porto na Porto Stadco, a qual irá procurar realizar uma emissão de obrigações junto de investidores institucionais”.

A SAD ressalva, contudo, que “o FC Porto mantém o controlo e a gestão sobre as operações do Estádio do Dragão, apoiado pela expertise da Ithaka, bem como a propriedade total do mesmo ao longo dos mencionados 25 anos da parceria”.

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Centeno quer fazer segundo mandato no Banco de Portugal

O governador do Banco de Portugal garante, no podcast do Expresso Bloco Central, que está a trabalhar para ser reconduzido em funções para um segundo mandato.

Na semana em que o ministro das Finanças indica um novo administrador para o Banco de Portugal, Mário Centeno faz uma declaração surpreendente, tendo em conta o contexto politico e a mudança de governo. “Estou a desempenhar o cargo de governador para chegar a julho do ano que vem em condições de ter um segundo mandato“, afirmou no podcast ‘Bloco Central’, com Pedro Siza Vieira e Pedro Marques Lopes e moderado pelo jornalista Paulo Baldaia. E tem vontade de continuar como governador? “Tenho”, respondeu.

A SIC antecipa, esta quinta-feira, as declarações do governador neste podcast do Expresso. “Obviamente eu não estou a desempenhar o cargo para, no fim desse mandato, ser dispensado por via do meu desempenho. Essa avaliação política, também, tem de ser feita por quem lhe competir“, disse Centeno, questionado sobre o ano que falta em funções neste mandato.

A afirmação de Centeno parece contrariar os rumores, nunca desmentidos pelo próprio, de que estaria a avaliar uma candidatura à Presidência da República. Centeno, de resto, termina o mandato em julho do próximo ano, o tempo ideal para preparar a corrida a Belém. Aliás, segundo noticia o Expresso, Centeno é também questionado sobre as presidenciais e mantém o tabu. “Como as instituições, os momentos devem ser respeitados”, disse o governador, e acrescentou que “todos terão de tomar decisões”.

Como Centeno salienta, a decisão de continuidade no Banco de Portugal depende da sua vontade, mas em última análise da decisão de Joaquim Miranda Sarmento. E o sinal que o ministro das Finanças deu esta semana não vai no mesmo sentido. Nos corredores do Banco de Portugal, sabe-se que o governador defende que Hélder Rosalino deveria sair no momento em que termina o mandato, em setembro próximo, mesmo que o Governo não tenha indicado um substituto. No entanto, quando o ministro das Finanças nomeia já um novo administrador, notícia em primeira mão do ECO, para preencher todos os lugares previstos na lei orgânica, está na prática a dizer também que haverá um substituto de Rosalino.

De resto, é conhecida a posição do ministro das Finanças sobre a passagem de Mário Centeno para o Banco de Portugal, depois de ser ministro das Finanças de António costa. “A entrevista do ainda ministro das Finanças, na passada quinta-feira à RTP, foi lamentável. Disse o Doutor Centeno que só ficou como ministro das Finanças por causa da presidência do Eurogrupo. Deu razão ao que foi dito na campanha eleitoral do ano passado: ele estava a prazo, queria abandonar o Executivo, e ficava até final do 1º semestre com o objetivo de concluir o Eurogrupo e depois saltar para o lugar de Governador. Mostrou que pouco ou nada lhe importa o interesse nacional. Que acima desse interesse está a sua vaidade pessoal e a sua ambição”, escreveu Miranda Sarmento em artigo de opinião no ECO em junho de 2020. Agora, vai ter uma decisão para tomar.

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Santarém vai ter novo hotel para responder ao aumento da procura turística

  • Lusa
  • 1 Agosto 2024

O hotel, de quatro estrelas e com 141 quartos, irá responder não só ao aumento da procura turística, mas também à realização de grandes eventos da região.

A cidade de Santarém vai ter um novo hotel, junto ao Jardim de Vale Estacas, num projeto privado orçado em 25 milhões de euros e que inclui também uma sala multiúsos, revelou esta quinta-feira à Lusa o vice-presidente da câmara.

A importância deste hotel é enorme, estamos a ter um crescimento muito grande do número de dormidas. Se compararmos 2023 com 2022, tivemos um crescimento de 12,3%. É um número muito importante”, disse à Lusa o vice-presidente da Câmara Municipal de Santarém, João Leite. Segundo João Leite, o hotel, de quatro estrelas e com 141 quartos, irá responder não só ao aumento da procura turística, mas também à realização de grandes eventos da região, que tem gerado uma procura crescente por mais camas.

“Precisamos de um maior número de camas para conseguir atingir esta procura numa vertente turística, mas também na vertente dos grandes eventos. Sejam grandes eventos do ponto de vista lúdico, mas também dos grandes eventos desportivos. Tivemos há muito pouco tempo um evento com mais de duas mil pessoas envolvidas e foi necessário procurar outros concelhos para conseguir acomodar todas estas pessoas”, contou o autarca.

Ainda de acordo com João Leite, o novo hotel terá também um parque de trampolins interior, dois restaurantes, um ‘spa’ e uma piscina interior com terraço e deverá ficar concluído em 2026. Para além do hotel, está também prevista a construção de habitação na zona, num investimento de mais 11 milhões de euros.

Apesar da construção da nova unidade hoteleira, João Leite considerou que o número de camas no concelho continuará a ser insuficiente, estando o município a trabalhar com a entidade regional de turismo e privados para atrair mais investimentos, incluindo a possibilidade de construir um hotel no antigo presídio militar.

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Troca de presos. Biden critica “julgamentos-espetáculo” na Rússia. Putin indulta 13 prisioneiros

  • Lusa
  • 1 Agosto 2024

O Presidente dos EUA criticou a Rússia por condenações "a longas penas de prisão sem qualquer razão legítima". Putin perdoa 13 pessoas que trabalhavam "em prejuízo da segurança da Federação Russa".

O Presidente dos EUA, Joe Biden, condenou esta quinta-feira os “julgamentos-espetáculo” na Rússia que levaram à condenação do jornalista norte-americano Evan Gershkovich, libertado numa troca de prisioneiros. Já Vladimir Putin concedeu o perdão oficial a 13 pessoas condenadas na Rússia e libertadas numa troca de prisioneiros com os EUA e outros países ocidentais.

As autoridades russas prenderam-nos e, em julgamentos-espetáculo, condenaram-nos a longas penas de prisão sem qualquer razão legítima”, disse Biden, num discurso, referindo-se aos três cidadãos norte-americanos libertados na operação de troca de prisioneiros entre Moscovo e o Ocidente.

Já o Kremlin, em comunicado, agradeceu aos governos estrangeiros que contribuíram para a troca e indicou que Putin assinou os decretos de indulto das penas de Evan Gershkovich, Paul Whelan, Oleg Orlov, Lilia Tchanycheva, Ksenia Fadeeva, Vladimir Kara-Murza, Ilia Iachine, Alexandra Skotchilenko, Alsu Kurmasheva, Andrei Pivovarov, Vadim Ostanine, Demouri (Dieter) Voronine e Kevin Lick.

Paralelamente, o Serviço Federal de Segurança (FSB) da Rússia confirmou a libertação de oito russos encarcerados em países ocidentais em troca de 13 russos e estrangeiros que cumpriam pena em prisões deste país. O gabinete de imprensa do FSB precisou que os presos entregues por Moscovo trabalhavam “em interesse de Estados estrangeiros e em prejuízo da segurança da Federação Russa”.

Uma operação de troca de prisioneiros entre a Rússia e vários países ocidentais permitiu a libertação de 26 pessoas, incluindo o jornalista norte-americano Evan Gershkovich, condenado em Moscovo, e o ex-fuzileiro dos EUA Paul Whelan.

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BES: Associação lembra que 1.994 pessoas ainda aguardam por “justiça”

  • Lusa
  • 1 Agosto 2024

No processo-crime, este conjunto de lesados reclama 330 milhões de euros, "valor que inclui danos morais", indicou a ABESD.

A Associação de Defesa dos Clientes Bancários (ABESD) lembrou que 1.994 pessoas classificadas como vítimas no âmbito da queda do BES, há dez anos, ainda aguardam por “justiça”, segundo um comunicado divulgado esta quinta-feira. A associação disse que os “investidores não qualificados – nacionais e emigrantes – continuam em esquecimento, não se compreendendo a falta de equidade entre os impactados do maior crime financeiro que o país tem memória”.

“Após 3.700 dias de espera, de reuniões infrutíferas com os anteriores Governos e de medidas discriminatórias para estes investidores, a única alteração é o estatuto de vítima na criminalidade financeira”, referiu, indicando que com isso “pedem indemnizações por terem sido vítimas de dano patrimonial e moral no âmbito de um crime, agora sob a avaliação do tribunal cível”.

A associação disse que “as 1.994 vítimas que conseguiram assegurar, na sua esmagadora maioria, este estatuto, aguardam pela justiça em julgamento, finalmente marcado para o dia 15 de outubro e depositam a esperança derradeira no atual Governo”, estimando que “as poupanças de vida de investidores não qualificados somem cerca de 240 milhões de euros, que até hoje não lhes foram restituídos, em um único cêntimo”.

No processo-crime, este conjunto de vítimas reclama 330 milhões de euros, “valor que inclui danos morais”, indicou. A associação deixou críticas aos anteriores Governos, acusando-os de ir “empurrando com a barriga” a redução de perdas destas famílias e pequenos investidores, “em contraponto para os do papel comercial que recuperaram 50 a 75% das suas poupanças, algo verdadeiramente discriminatório e desrespeitador” para quem representam.

“Finalmente vai começar o julgamento, no dia 15 de outubro, e as vítimas continuam com esperança na condenação e na recuperação do seu dinheiro. O estatuto de vítima, pela primeira vez atribuído em Portugal na criminalidade financeira, sempre com a oposição do Ministério Público, faz-nos acreditar que estamos no caminho certo”, indicaram.

A ABESD lembrou que estes investidores têm “um perfil entre os 40/50 anos, pequenos investidores nacionais e emigrantes que, por terem poupanças, foram aliciados com produtos bancários compostos do BES”, alguns destes “nem sequer autorizados em Portugal”.

“Mas não é só uma longa espera e equidade de resolução que marca as vítimas do BES/GES: o próprio processo judicial veio a confirmar que impactou fortemente estas pessoas, quer no dolo económico, quer na saúde mental. Para levar esta convicção a uma evidência técnica, a associação encomendou um estudo a uma entidade competente, cujos resultados poderão ser conhecidos em outubro”, rematou.

Logo no dia da resolução do BES, em 3 de agosto de 2014, o Banco de Portugal (BdP) disse que acionistas e detentores de dívida subordinada teriam perdas uma vez que ficavam no BES (transformado em ‘banco mau’) e não no Novobanco (criado nesse dia sobretudo para proteger os depósitos).

Também perdas tiveram os detentores de obrigações não subordinadas do BES. Inicialmente, a responsabilidade por essa dívida passou para o Novobanco, mas no final de dezembro de 2015, perante a falta de capital do Novobanco (até porque muitos ativos com que ficou eram afinal ‘tóxicos’, como crédito malparado), o BdP decide fazer voltar para o ‘banco mau’ essa dívida.

Para os lesados do papel comercial, foi criado em 2017 um fundo de recuperação de créditos pelo qual, os clientes que aceitaram, recuperaram 75% dos investimentos até 500 mil euros (num máximo de 250 mil euros) e 50% dos investimentos acima de 500 mil euros.

Esta solução deixou de fora clientes das sucursais exteriores do BES (caso de emigrantes da Venezuela e África do Sul) e do Banco Privée (Suíça), que continuam em negociações agora com o atual Governo. O Novobanco também fez acordos para soluções comerciais com emigrantes lesados.

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Investimento estrangeiro criou mais 6 mil empregos em 2023 na Área Metropolitana do Porto

O investimento estrangeiro duplicou o número de postos de trabalho em 2023 na Área Metropolitana do Porto. Região nortenha assume um peso de 16,2% no PIB nacional.

O Investimento Direto Estrangeiro (IDE) criou o dobro do emprego (quase mais 6 mil) na Área Metropolitana do Porto (AMP) em 2023 em relação a 2022. Já a riqueza desta região aumentou 12% entre 2021 e 2022 para perto de 40 mil milhões de euros, assumindo um peso de 16,2% no PIB nacional.

Estes dados fazem parte do Boletim Económico anual que o município criou no ano passado e que o vereador do pelouro da Economia pretende que seja “uma base de análise de tomada de decisões por parte de todos aqueles que têm uma relação com a cidade do Porto: os que cá vivem, trabalham, investem e têm empresas e negócios”.

Ricardo Valente considera que “a promoção de uma cultura de transparência e acesso à informação económica é, portanto, crucial para o desenvolvimento sustentável e equitativo da cidade”. Para o autarca, “a disponibilização de dados económicos claros e acessíveis fortalece a accountability, ou seja, a prestação de contas por parte dos governantes“.

Fonte: Boletim Económico da Câmara Municipal do Porto 202301 agosto, 2024

Neste boletim que traça o perfil económico da Invicta, destaque para o crescimento do IDE em 8,1% na AMP em 2023, ano em que rondou os 1.020 milhões de euros, acima dos 944 milhões de euros registados em 2022 e mais do dobro do investimento estrangeiro registado 2021 (651 milhões de euros). Estes projetos foram responsáveis pela criação do dobro dos empregos em 2023 (quase 6 mil) em relação aos mais de 3 mil de 2022.

Os dados relativos ao investimento das empresas na AMP reportam-se a 2022 com 4.286 milhões de euros, tendo aumentado 10% num ano. Em relação ao número das empresas, os dados são os mesmos do boletim de 2022. A cidade contabilizava 47.307 empresas em 2021, mais 2.247 do que em 2020.

Fonte: Boletim Económico da Câmara Municipal do Porto 202301 agosto, 2024

A riqueza da AMP aumentou 12,3% entre 2021 e 2022 para 39.179 milhões de euros, o que representa 16,2% do PIB nacional.

Destaque ainda para o setor do turismo que, em 2023, registou um crescimento de 22,5% no número de hóspedes (2,8 milhões de pessoas). O número de estabelecimentos de alojamento também subiu em 13,9%, para 443, que somaram proveitos de quase 435 milhões, um crescimento de 31,1% em relação ao ano anterior.

Fonte: Boletim Económico da Câmara Municipal do Porto 202301 agosto, 2024

Já o mercado imobiliário teve um desempenho menos favorável em 2023, com 5.718 casas vendidas (-18% do que em 2022). O valor total das casas vendidas ascende a 1,8 mil milhões de euros numa cidade que aumentou em 6,1% o número de habitantes na última década.

O município estima que residam no Porto 248.769 pessoas com um significativo crescimento da comunidade estrangeira. Em 2022 a autarquia contabilizou mais de 23 mil cidadãos estrangeiros a residir na cidade.

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ABB impugna adjudicação à DST da construção da segunda fase do metrobus do Porto

  • Lusa
  • 1 Agosto 2024

Na ação administrativa urgente que deu entrada no Tribunal do Porto, com efeito suspensivo automático, a ABB pede a reversão da sua exclusão do concurso e a adjudicação da empreitada para si.

A construtora ABB impugnou a adjudicação da segunda fase do metrobus do Porto (Pinheiro Manso – Anémona), pela Metro do Porto, à DST, uma ação de 14,9 milhões de euros, consultou esta quinta-feira a Lusa. Segundo uma ação administrativa urgente que deu entrada no Tribunal Administrativo e Fiscal (TAF) do Porto, com efeito suspensivo automático, a ABB pede a reversão da sua exclusão do concurso e a adjudicação da empreitada para si.

No dia 25 de julho, fonte oficial da Metro do Porto disse à Lusa que a segunda fase do metrobus, cujas obras da primeira (Casa da Música – Império) estão a terminar, já tinha sido adjudicada, mas sem adiantar mais pormenores. Segundo a Comissão Nacional de Acompanhamento do Plano de Recuperação e Resiliência (CNA-PRR), a segunda fase do metrobus do Porto está “ligeiramente atrasada, cerca de dois meses”, prazo que poderá aumentar com esta impugnação.

De acordo com a ação, o vencedor do concurso público foi a DST, com uma proposta de 16,4 milhões de euros, acima da da ABB (14,9 milhões), a mais baixa das mencionadas no relatório preliminar do júri do concurso. Além das propostas da ABB e DST, foi ainda admitido, numa primeira fase, uma proposta do consórcio ACA/Alves Ribeiro (15,8 milhões de euros) e da Conduril (19,5 milhões de euros), que posteriormente foram excluídas.

Porém, o preço não era o único critério para a adjudicação, já que tinha uma ponderação de 70% na avaliação do júri, permanecendo os restantes 30% para a qualidade técnica da proposta. Foi precisamente na parte da qualidade técnica que residiu o argumento do júri para a exclusão da ABB, já que a construtora terá incluído no caminho crítico da empreitada atividades que dele não deveriam fazer parte, por não serem de construção (envolvendo estaleiros ou sistemas de qualidade, segurança e ambiente, por exemplo), no entendimento do júri do concurso.

Na argumentação da ABB, a empresa considera que a inclusão de atividades de não construção “apenas poderia ter por efeito a desconsideração do caminho crítico apresentado”, avaliando-a na mesma mas com 40 valores (ao invés dos 70 anteriores, prévios à exclusão), e “nunca determinando a exclusão” que veio a acontecer depois.

A ABB refere também que num concurso público anterior feito pela Metro do Porto, no caso da extensão da Linha Amarela entre Santo Ovídio e Vila d’Este, numa situação semelhante o júri da transportadora deliberou pela não exclusão de propostas, tal como noutras situações no passado.

A construtora alega também que a proposta da DST deveria ser excluída, precisamente por considerar parte do caminho crítico da empreitada atividades que foram incluídas no seu plano de trabalhos, ainda que de forma “oculta”, segundo a ABB. A ABB considera que deve ser “anulado o ato de adjudicação, anulado o ato de exclusão da A. [autora, ABB], condenado o Réu [Metro do Porto] a (re)admitir a proposta da A. [ABB]”.

“Considerando que havia já o júri do procedimento avaliado as propostas apresentadas, classificando, no início, a proposta da A. [ABB] em 1.º lugar, a única decisão que se revela juridicamente possível é a de adjudicar o contrato à Autora [ABB]”, refere. “Mesmo que obtenha 0 (zero) valores no subfator B.2) Plano de Trabalhos, fica graduada no primeiro posto, à frente da CI [Contrainteressada, DST]”, salienta a ABB. A Lusa contactou a Metro do Porto, que não quis comentar.

O ‘metrobus’ ligará a Casa da Música à Praça do Império (em 12 minutos) e à Anémona (em 17) e estão previstas as estações Casa da Música, Guerra Junqueiro, Bessa, Pinheiro Manso, Serralves, João de Barros e Império, no primeiro serviço, e no segundo Antunes Guimarães, Garcia de Orta, Nevogilde, Castelo do Queijo e Praça Cidade do Salvador (Anémona).

Os veículos do serviço serão autocarros a hidrogénio semelhantes aos do metro convencional e construídos por 29,5 milhões de euros por um consórcio que integra a CaetanoBus e a DST Solar. A obra do metrobus custará cerca de 76 milhões de euros.

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Ministro assegura que meta nacional para habitação “é para cumprir” até 2026

  • Lusa
  • 1 Agosto 2024

"O governo está a trabalhar num novo regime de casas de função, tanto para o setor primário, como para a indústria e para o turismo, e, portanto, tem esse caráter simbólico", disse o ministro.

O ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz, assegurou esta quinta-feira que o Governo “não vai parar” e que a meta nacional contratualizada com o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) “é para cumprir” até 2026.

“Em maio apresentámos a estratégia ‘Construir Portugal’, junho e julho assinámos os contratos com as câmaras municipais, estamos agora a iniciar a inauguração e entrega das chaves [de habitações a custo acessível] e até 2026 não vamos parar”, disse à Lusa o ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz, no Entroncamento (Santarém), onde presidiu à cerimónia de entrega de chaves de casas a famílias, no âmbito do programa de habitação a renda acessível.

Insistindo que “2026 é absolutamente incontornável”, Miguel Pinto Luz assegurou que o prazo é para cumprir, num programa que prevê a disponibilização de 26 mil habitações no âmbito do 1.º Direito e de 6.800 habitações na modalidade de renda acessível. Depois de ao início da manhã ter estado na Figueira da Foz, onde presidiu à cerimónia de entrega de 27 habitações atribuídas por sorteio em arrendamento acessível, no Entroncamento o ministro assistiu à entrega de outras 22 casas, no Bairro da Vila Verde, um antigo bairro ferroviário.

“Este é um bairro com características ainda mais peculiares do que as da Figueira da Foz, porque este antigo bairro era composto por casas de função, neste caso ligado ao setor ferroviário, e que tem um simbolismo em si mesmo”, afirmou, destacado a “disponibilização de património do Estado”. “O governo está a trabalhar num novo regime de casas de função, tanto para o setor primário, como para a indústria e para o turismo, e, portanto, tem esse caráter simbólico. Por outro lado, é um bairro que pertencia às Infraestruturas de Portugal”, declarou.

Ou seja, acrescentou, “é o Estado também a dizer que tem património disponível para ser utilizado e colocado ao serviço de um bem maior que é a habitação condigna que temos de dar aos nossos concidadãos”.

A intervenção no antigo Bairro Ferroviário, que começou em fevereiro de 2023, consistiu na reabilitação integral de 34 moradias, que estavam devolutas há mais de duas décadas, e que correspondem 40 frações habitacionais que compõem o projeto Bairro Vila Verde, propriedade da Infraestruturas de Portugal (IP) e com gestão a cargo do Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU).

As obras de reabilitação dos 40 fogos unifamiliares no Bairro Vila Verde têm como destinatárias famílias da classe média, tendo sido hoje entregue um primeiro lote de 22 habitações em arrendamento acessível, de tipologia T2. Os contratos de arrendamento destinam-se a habitação permanente e os valores dos T2 oscilam entre 294 euros e 350 euros mensais.

As obras de reabilitação destas habitações representam um investimento superior a 4,4 milhões de euros, financiados pelo PRR. Até 23 de julho de 2024 foram concluídas 22 habitações, prevendo-se a conclusão das restantes 18 até final de setembro.

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Requalificação e ampliação do hospital de Beja custa 118 milhões de euros

  • Lusa
  • 1 Agosto 2024

A renovação da unidade hospitalar alentejana implica um investimento de “cerca de 96 milhões de euros mais IVA, ou seja, um total de 118 milhões de euros”.

A requalificação e ampliação do Hospital José Joaquim Fernandes, em Beja, tem um custo previsto de 118 milhões de euros e as obras podem começar no segundo semestre de 2026, revelou esta quinta-feira o presidente da entidade gestora. Estes são alguns dos dados que constam nos estudos técnicos que suportam o projeto feito pela Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo (ULSBA), que gere o hospital, a pedido do anterior governo e já entregues ao atual.

Em declarações à agência Lusa, o presidente da ULSBA, José Carlos Queimado, indicou que, pela primeira vez, foram realizados em simultâneo estudos para a requalificação e ampliação do hospital, lembrando que os que existiam estavam desatualizados. “Agora, existe um projeto com maturidade suficiente e bem fundamentado para ser objeto de decisão política”, afirmou, referindo-se ao conjunto de estudos constituído pelo perfil assistencial, plano diretor, programa funcional e estudo de viabilidade económico-financeiro.

Segundo o responsável, a renovação da unidade hospitalar alentejana implica um investimento de “cerca de 96 milhões de euros mais IVA [Imposto sobre Valor Acrescentado], ou seja, um total de 118 milhões de euros”. “Este projeto prevê o alargamento da carteira de serviço do hospital”, com a entrada em funcionamento de “especialidades que atualmente não existem” na unidade de saúde, como dermatologia, gastroenterologia, reumatologia e outras, adiantou.

Em articulação com os hospitais de referência, continuou o presidente da ULSBA, podem passar igualmente a funcionar em Beja as especialidades de nefrologia, oncologia ou angiologia e cirurgia vascular. “O hospital não vai reduzir a capacidade. Pelo contrário, vai ter ligeiramente mais camas do que tem atualmente [de 216 para 229], oito salas operatórias, quando atualmente tem cinco, e mais gabinetes de consultas externas e de hospital de dia”, realçou.

Frisando que a unidade hospitalar “não cumpre praticamente nenhuma” das orientações técnicas do Ministério da Saúde, José Carlos Queimado admitiu que o hospital de Beja tem “unidades de internamento com 40 camas e duas instalações sanitárias”. “Daí a necessidade de fazermos outro edifício no ‘campus’ hospitalar, que terá cerca de 171 camas, todos os quartos com instalação sanitária e um novo serviço de urgência geral de adultos”, disse.

Destacando o aumento das áreas do hospital, o responsável deu como exemplo o serviço de urgência geral que atualmente “nem chega a 500 metros quadrados de área útil” e que vai passar a ter “1.800 metros quadrados de área útil”. “Vamos acrescentar quase 10.000 metros quadrados de área útil, o que significa que hoje em dia as pessoas que aqui trabalham e as que são atendidas têm condições muito precárias e muito abaixo dos mínimos em termos de qualidade e de segurança”, vincou.

De acordo com o presidente da ULSBA, se este projeto “for levado à prática ato contínuo, com a abertura dos concursos para arquitetura e, depois, para a empreitada”, as obras “poderia começar no início no segundo semestre de 2026”. Os trabalhos começariam com a construção do novo edifício, que estaria pronto até 2029, seguindo-se a requalificação do atual edifício do hospital, que “seria reabilitado entre 2029 e 2032”, precisou José Carlos Queimado.

O projeto, acrescentou, foi desenhado para permitir o normal funcionamento do hospital em simultâneo com a realização das obras.

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Fim da isenção fiscal aos biocombustíveis ameaça investimentos

A iniciativa do Governo de retirar uma isenção que beneficia os biocombustíveis levanta algumas preocupações em termos do preço, mas também da descarbonização e dos investimentos na cadeia de valor.

O Governo avançou com uma proposta de lei para revogar a isenção fiscal de que beneficiam os biocombustíveis avançados. O setor assume que, como consequência, os preços destes combustíveis vão encarecer, mas o aumento poderá não ser substancial, de acordo com algumas das associações setoriais. Em contrapartida, alertam para o risco de a medida desincentivar investimentos e impactar negativamente os esforços de descarbonização do país.

Entre as Resoluções do Conselho de Ministros da passada sexta-feira era mencionada uma proposta de lei através da qual o Executivo pretende “revogar a isenção total do imposto sobre os biocombustíveis avançados”. Sendo uma medida fiscal, terá de passar pelo Parlamento. A isenção representa entre 70 milhões a 100 milhões de euros, o que pode, em algumas circunstâncias, dependendo das condições de mercado, aumentar o preço dos combustíveis em Portugal, alerta o grupo parlamentar do PS.

No laboratório são exibidas amostras de vários tipos de biocombustível e combustíveis renováveis.Hugo Amaral/ECO

A Associação Bioenergia Avançada (ABA), que promove a utilização de biocombustíveis avançados, produzidos a partir de resíduos, prevê que a revogação da isenção fiscal resulte em “produtos mais caros”.

Por seu lado, a Associação Portuguesa de Produtores de Biocombustíveis (APPB), fundada pelos principais produtores de biodiesel em Portugal, indica que “os associados estão a medir a situação e a fazer as contas” e, embora seja expectável o encarecimento do produto, levanta duas hipóteses: ou os consumidores pagam, ou altera-se a margem de quem está no negócio. “A associação espera que, como é habitual, o mercado se ajuste de modo a ser o mais eficiente possível, e a eficiência é também proteção do consumidor“, afirma Jaime Braga, secretário-geral da APPB.

A Prio, que é associada da ABA e da APPB, também indica que o aumento de custos decorrente da isenção “vai refletir-se nos preços de venda aos consumidores”. Do lado das gasolineiras, a ANAREC – Associação Nacional de Revendedores de Combustíveis apoia a versão dos produtores: “Acreditamos que o impacto [da medida] não será substancial, porém, originará sempre um aumento dos preços.” A Galp e a Epcol – Empresas Portuguesas de Combustíveis e Lubrificantes preferiram não tecer, para já, comentários.

Paulo Carmona, que presidia a APPB até ao passado mês de maio e foi vice-presidente da ANAREC até esse mesmo mês, acredita que serão mais os comercializadores a “sofrer” na respetiva margem, mas que o impacto “acaba por não ser significativo no preço final” – não deve chegar a um cêntimo, prevê. Filipe de Vasconcelos Fernandes, advogado especialista em Fiscalidade da Energia, também defende que “há uma probabilidade séria” de os preços destes combustíveis encarecerem, mas afirma que ainda é cedo para se perceber o impacto ao longo da cadeia de valor.

Investimentos e descarbonização podem ser afetados

As consequências da isenção não se ficam pelo preço. “Acreditamos que a revogação total deste imposto pode prejudicar avanços já alcançados e, futuramente, inibir ou mesmo fazer reduzir investimentos, que têm potencial de gerar empregos e soluções mais verdes”, afirma o CEO da Prio, Javier de Argumosa.

“Não nos parece é que faça sentido eliminar uma medida que deu um contributo positivo para a transição energética sem haver medidas alternativas ou propostas de alteração que surjam alinhadas com o mesmo propósito da transição energética”, acrescenta o líder da Prio, reconhecendo, contudo, que o atual quadro pode ser melhorado. Na mesma linha, a ABA afirma que a isenção “não deve ser eliminada antes de se considerarem alternativas ou propostas de melhoria”.

A ABA sublinha os “resultados positivos” que atribui ao incentivo criado pela isenção, como o desenvolvimento de uma indústria de recolha e tratamento de resíduos em Portugal, investimentos em tecnologias inovadoras e a oferta de produtos mais avançados e sustentáveis, como B15, B30, B100 e HVOs, “a preços competitivos”.

Carmona apoia a iniciativa do Governo, apontando que está a ser dada uma ajuda (a isenção) em cima de outra ajuda (o sistema de dupla contagem que se aplica aos biocombustíveis e os torna mais rentáveis). Esta sobreposição “é ilegal”, indica — e, ao mesmo tempo, a isenção está também a beneficiar os biocombustíveis importados e que não enfrentam necessariamente as mesmas exigências que os produzidos em Portugal, sendo que têm sido alvo de suspeitas de estarem a usar matérias-primas virgens como o óleo de palma, em vez de residuais, prejudicando o ambiente.

Os associados da APPB têm vindo a exigir um controlo igual entre a produção nacional de biocombustíveis e as importações. “Os operadores nacionais estão sujeitos a reportes e inspeções frequentes, enquanto as importações têm apenas controlo burocrático”, explica Jaime Braga.

Os ambientalistas, na voz de Acácio Pires, da Zero, defendem que “não se justifica retirar a isenção sem uma análise mais fina” – há que distinguir os verdadeiramente sustentáveis e aqueles que não o são, e também os usos. Na visão desta organização, estes combustíveis são particularmente úteis para descarbonizar o setor da aviação e o marítimo, pelo que seria mais “adequado” cessar a isenção quando o desenvolvimento dos biocombustíveis no âmbito destas indústrias estivesse mais avançado. Por outro lado, realça, a retirada desta isenção “não é de todo a prioridade”, quando o Estado continua a subsidiar combustíveis totalmente fósseis através de descontos na taxa de carbono e no ISP do gás natural.

Um dos argumentos utilizados pelo Governo para justificar a proposta é o facto de as metas de incorporação dos biocombustíveis já terem sido atingidas. Foram ultrapassadas em mais de quatro vezes, indica Jaime Braga (a meta legal para a introdução destes combustíveis no mercado, em 2024, é de 0,7%, enquanto no final de 2023 o país atingiu os 3% e para 2030 o objetivo é 5%). No entanto, na opinião de Filipe Vasconcelos Fernandes, “o pressuposto da isenção não são as metas, mas sim a penetração dos biocombustíveis avançados na cadeia de valor. O facto de, conjunturalmente, num ano ou outro, as metas serem ultrapassadas, não é suficiente” para descartar os méritos da medida, entende.

A ANAREC alerta ainda que o fim da isenção prejudicará os revendedores dos postos de abastecimento de combustíveis que se encontram nas zonas fronteiriças, atendendo à diferença da carga fiscal em relação a Espanha. Por isso, considera que esta medida do Governo é negativa.

Oposição critica a medida

PS, Chega, Bloco de Esquerda e PAN são críticos quanto à retirada da isenção. O grupo parlamentar do PS “defende a isenção do ISP na incorporação de biocombustíveis avançados, acompanhada de um aumento da fiscalização dos biocombustíveis importados”. Já o PSD não respondeu às perguntas do ECO/Capital Verde.

O Chega afirma que importa, primeiro, conhecer a proposta concreta que o Governo irá enviar à Assembleia da República, mas afirma que o partido “tem como posição de princípio o desagravamento fiscal”. “Importa garantir um equilíbrio entre os objetivos económicos e ecológicos, reconhecendo que o consumo de biocombustíveis é ambientalmente mais responsável”, indica esta bancada.

O PAN diz-se “tendencialmente a favor” da isenção, mas sugere que esta seja mantida apenas para biocombustíveis que cumprissem requisitos de sustentabilidade, o que implicaria uma maior fiscalização para garantir que aqueles que são subsidiados são efetivamente verdes.

O Bloco de Esquerda defende que o fim da isenção deve obedecer a duas condições: a garantia de neutralidade no preço e também de que os óleos usados e outras matérias-primas residuais são usados para valorização e reutilização. “Os biocombustíveis só podem ser encarados como uma opção de recurso e absolutamente transitória, longe de estar isenta de riscos ambientais”, conclui o partido.

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