A brindar ao convívio e à cerveja, Filipa Magalhães, da Heineken, na primeira pessoa

A cerveja faz parte da vida da marketing manager da Heineken, tanto em termos de trabalho como dos seus momentos de convívio. Se não fosse o marketing, Filipa Magalhães seria chef de cozinha.

A cerveja está presente na vida de Filipa Magalhães, tanto nos seus momentos de convívio com amigos e família – altura de eleição para beber uma cerveja – como no seu trabalho, ou não fosse marketing manager da Heineken em Portugal.

Gosto de beber cerveja, mas claro que de forma responsável. Para mim faz parte do convívio com os amigos e a família. Essa é a altura de eleição. Não há uma melhor altura para beber uma cerveja, mas se tivesse de eleger um momento esse seria o meu momento. Mas em concertos ou a ver futebol também gosto muito de beber uma cerveja”, diz Filipa Magalhães, em conversa com o +M.

Algumas destas cervejas são bebidas com os amigos de infância, que são os seus “verdadeiros amigos” e aqueles que a acompanham desde sempre e até hoje, “um grupo de amigos muito forte, muito coeso e muito consistente”. Grupo este de Lisboa, ou não fosse Filipa Magalhães “mesmo alfacinha”, nascida e criada em Lisboa, onde ainda hoje vive, na zona de Alvalade, com o marido e os dois filhos, dois rapazes, um com três anos e o outro com seis.

Durante a infância – e muito impulsionada pela mãe – foi experimentando várias coisas e atividades muito diferentes. Para lá do desporto – onde praticou ginástica de alta competição e natação e futebol de uma forma esporádica – fez também teatro e danças populares. Hoje em dia a atividade física é mais calma, praticando pilates.

Também influenciada pela mãe, que achou que seria importante ter uma experiência internacional, passou 15 dias durante o seu nono ano de escolaridade num colégio de verão inglês, nos arredores de Londres, rodeada com pessoas de diversas nacionalidades. Mais tarde, a experiência internacional “repetiu-se” quando fez Erasmus já durante o percurso universitário. Filipa Magalhães considera “muito enriquecedor” este tipo de experiências, que ajuda a que se tenha uma “mente muito mais aberta”.

Sendo uma pessoa que adora animais, a marketing manager da Heineken teve durante a sua infância um cão de estimação, bem como um coelho. “Acho que os animais são muito importantes no crescimento das crianças. Ainda não dei nenhum animal aos meus filhos, andamos em negociações para decidir qual o animal que vamos ter cá em casa, mas tive essa presença durante a minha infância e acho que desenvolve outros tipos de características nas pessoas”, refere.

Um dos seus hobbies de eleição é cozinhar – aliás, se não tivesse enveredado pelo marketing, talvez fosse chef de cozinha – gostando principalmente de confecionar bolos e sobremesas, principalmente um bolo de chocolate “daqueles que fica húmido por dentro”. Filipa gosta também muito de arriscar e experimentar cozinhar coisas novas, que nunca tenha aprendido.

Esta vontade de enveredar pelo desconhecido na culinária é transposta também para a arte de saborear: “Não tenho um prato de eleição, tenho vários. Ou seja, não tenho nada em específico que goste muito muito de comer, mas gosto muito de experimentar coisas novas e gastronomias diferentes“, explica.

Ainda dentro desta perspetiva de descobrir o desconhecido, Filipa Magalhães também gosta muito de viajar, querendo que os filhos tenham essa possibilidade de “conhecer coisas novas” e que de terem “experiências completamente diferenciadoras”. “Acho importante estarmos em contacto com outras realidades, para criarmos seres humanos para o futuro com uma mentalidade mais aberta e que pense mais nos outros“, entende.

A última viagem que fez foi a Salou, perto de Barcelona, para irem a um parque temático. “Todos os anos tentamos ir a um parque temático, para fazer uma viagem mesmo a pensar nos miúdos. A próxima ainda estamos a decidir. Há-de ser mais no inverno mas ainda não chegámos a um consenso de qual será a próxima viagem, porque todos queremos coisas diferentes”, diz Filipa Magalhães.

A leitura é outro prazer da responsável de marketing. “Os Líderes Comem por Último” foi um livro que terminou “há pouco tempo” e que a marcou bastante por utilizar muitos paralelismos. “Achei interessante porque faz muitos paralelismos, alguns deles, claro, dentro da cultura americana, mas é um livro que recomendaria sem dúvida alguma. Ainda estou a decidir o próximo que hei-de ler, mas este marcou-me bastante”, refere.

Entre a “Filipa” pessoal e profissional, a marketing manager de 36 anos não encontra grandes diferenças. “Sou uma pessoa com uma mente aberta, inclusiva, que gosta de ouvir opiniões diferentes. Ao mesmo tempo sou uma pessoa bastante exigente, e tenho noção disso. Mas também gosto muito dos momentos descontraídos“, diz.

A nível profissional, o seu percurso começou na Unilever, empresa que considera ter sido “claramente uma escola”. Essa experiência foi “super enriquecedora para mim, e aquilo que vivi na Unilever foi claramente uma cultura de aprendizagem, e isso foi muito importante, principalmente no início de carreira. Era uma empresa que tinha valores muito próximos dos meus e onde fiz grandes amigos”, diz, acrescentando que foi lá onde conheceu o seu atual marido.

Na Unilever começou em gestão de categorias com artigos de limpeza como Skip, Surf, Cif, Sun, mudando depois para a marca Knorr, uma categoria “completamente diferente”.

“Passei de uma categoria onde a estratégia promocional é extremamente importante, e a forma como desenvolvemos as marcas nesse sentido é muito importante para estarmos próximos daquilo que é esperado pelo consumidor, para uma outra categoria onde na altura a marca era líder”, observa.

Ingressou depois na Central de Cervejas, onde passou um pouco por “todas as categorias”. Começando em águas, com a Luso Fruta, trabalhou depois a marca Sagres, onde teve a oportunidade de trabalhar tanto o mercado nacional como o mercado de exportação, “o que também foi muito bom para ter outros tipos de aprendizagens”.

Depois de uma passagem pela Heineken enquanto brand manager, trabalhou a categoria de sidras, que é “um mundo muito diferente” onde o grupo Heineken “também tem uma expertise incrível”, até que aceitou o desafio de ser a pessoa responsável pela marca Heineken, “uma marca premium, com valores muito sólidos e claramente a génese da criação da empresa”.

“E portanto temos aqui uma responsabilidade acrescida de continuar o legado que foi construído há mais de 150 anos”, diz Filipa Magalhães. Marketing manager da marca de cerveja há mais de três anos, considera que esta tem sido uma “jornada intensa, mas muito gratificante”.

“Agora mais recentemente, conseguimos duplicar o volume da marca, o que é muito positivo. A Heineken é uma marca que cada vez está mais próxima dos consumidores portugueses sem nunca perder o premium da marca. É muito desafiante encontrar o equilíbrio entre a pressão comercial no curto prazo e a construção de uma marca consistente que os consumidores reconheçam como premium no longo prazo. Mas acho que temos dado grandes passos e todas as pessoas – internas e externas – e agências que trabalham connosco têm-nos ajudado a construir uma marca sólida”, afirma.

Entre esse grupo de agências com que a marca trabalha mais regularmente encontram-se a Publicis, a Dentsu (agência de media), a SamyRoad (agência de influencer marketing), a M Public Relations (agência de relações públicas) e a Niu (agência de ativação em todos os festivais de música). Pontualmente devenvolvem também alguns eventos com influenciadores e convidados com a ajuda da H2N.

No entender de Filipa Magalhães, a Heineken é uma marca “consistente” assim como o são as suas plataformas de ativação e de comunicação, fator que a marketing manager considera ser muito importante.

Depois, “aquilo que tentamos sempre fazer é trazer algo que seja muito relevante para o consumidor português. E por isso é que a criatividade é tão importante. Podemos ser uma marca global mas é muito importante sermos relevantes para o consumidor português e é aí que tentamos dar um ponto diferenciador e é aí que os nossos parceiros são extremamente importantes e relevantes em toda a nossa estratégia“, explica.

Como exemplo dá a ativação no Nos Alive, com a realização do primeiro espetáculo com 500 drones em Portugal, naquela que foi uma forma de se impactar o consumidor português, e de tornar o patrocínio ao festival “muito mais relevante localmente”.

Filipa Magalhães em discurso direto

1 – Que campanhas gostava de ter feito/aprovado? Porquê?

A nível internacional, a campanha “Toxic Influence” do projeto Beleza Real, da Dove. Teve o condão de apelar ao mesmo tempo à marketeer e à mãe – mostrando que em ambos os papéis devo ser fiel aos meus valores e à responsabilidade de estar a criar as mentes que no futuro vão definir os cânones da nossa sociedade, com as responsabilidades que acarreta querer deixar um mundo melhor.
Já em termos nacionais, a campanha “Tou xim É P’ra mim!”, da Telecel. Conseguiu lançar uma categoria nova e marcar uma nova era, criando um novo paradigma, tornando-se parte do imaginário coletivo duma geração.

2 – Qual é a decisão mais difícil para um marketeer?

Encontrar o equilíbrio entre uma pressão comercial de curto prazo com recursos finitos e a construção de uma marca consistente e próxima dos consumidores, para o longo prazo.

3 – No (seu) top of mind está sempre?

Consumidor.

4 – O briefing ideal deve…

Ser inspirador, dinâmico e com um objetivo claro. O que dá asas à criatividade.

5 – E a agência ideal é aquela que…

Partilha da mesma paixão, e por isso sabe quando aceitar e quando desafiar, trabalhando a par e em verdadeira parceria.

6 – Em publicidade é mais importante jogar pelo seguro ou arriscar?

Arriscar para conseguir romper e captar a atenção dos consumidores.

7 – O que faria se tivesse um orçamento ilimitado?

Não me agrada a ideia de um orçamento ilimitado pois leva a facilitismos e alguma desresponsabilização. A minha forma de ver marketing é orientada para a criação de valor e retorno do investimento, logo a existência de um limite é chave para medir o sucesso.

8 – A publicidade em Portugal, numa frase?

O talento existe mas falta dimensão.

9 – Construção de marca é?

Uma maratona. Um processo longo, que vai ter momentos altos e baixos mas que no fim é muito gratificante.

10 – Que profissão teria, se não trabalhasse em marketing?

Seria chef, pois tenho os ingredientes que me motivam: desafio, pressão e criatividade para ser sempre melhor e diferente.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Prejuízos nos cuidados continuados ultrapassam 300 euros/mês por utente

  • Lusa
  • 12 Agosto 2024

Estudo da Faculdade de Economia do Porto conclui que o subfinanciamento do Estado se mantém, apesar das atualizações dos valores.

Os prejuízos das unidades de cuidados continuados ultrapassaram os 300 euros/mês por utente no ano passado, conclui um estudo da Faculdade de Economia do Porto, que diz que o subfinanciamento se mantém, apesar das atualizações dos valores.

Segundo o estudo, feito a pedido da Associação Nacional dos Cuidados Continuados (ANCC) e a que a Lusa teve acesso, o valor pago pelo Estado ainda é insuficiente devido ao aumento do salário mínimo nacional e à necessidade, em muitas unidades, de mais profissionais do que a legislação recomenda.

Os especialistas da Faculdade de Economia da Universidade do Porto, além dos custos de 2023, equacionaram três cenários: um que considera apenas o aumento de 4,4% no salário médio esperado para este ano; outro que, além disso, aplica a taxa de inflação prevista para este ano (2,5%) nas rubricas de “Custos Diretos e Indiretos” e outro que, aplicando a mesma taxa de inflação, considera o aumento de 7,89% nos custos com pessoal, decorrente do aumento do salário mínimo nacional.

Nas análises aos custos do ano passado, os especialistas concluíram que em todos os tipos de unidades (convalescença, média duração e longa duração) há prejuízo, sendo que o maior é nas Unidades de Longa Duração e Manutenção (ULDM), onde a diferença entre os custos e o financiamento do Estado chega aos 10,79 euros/dia/utente.

“Considerando que, nesta resposta, as entidades analisadas disponibilizam em média 31 camas, isto traduz-se num subfinanciamento estatal de aproximadamente 122 mil euros por instituição ao longo do ano de 2023″, conclui o documento.

Apesar da atualização dos valores pagos pelo Estado para as Unidades de Média Duração e Reabilitação (UMDR) e as ULDM, que visou mitigar as dificuldades financeiras das entidades parceiras da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI) – “exacerbadas pela pandemia de Covid-19 e pelo aumento da inflação decorrente da invasão da Ucrânia pela Rússia” -, estes valores “continuam a ser claramente insuficientes”, refere o estudo.

“A senhora ministra da Saúde já disse publicamente que reconhece que há um subfinanciamento grave nos cuidados continuados e aquilo que nós esperamos é que, agora, passem das palavras aos atos”, disse à Lusa o presidente da ANCC, José Bourdain. O responsável sublinha que o “enorme subfinanciamento” acontece tanto nas respostas sociais como nos cuidados continuados.

Ao considerar os três cenários, os especialistas referem que o valor fixado pelo Estado para 2024 nas três tipologias de resposta “continua significativamente inferior ao custo por utente/dia suportado pelas instituições”, sublinhando que a diferença é “particularmente relevante” na ULDM (-6,99 euros no Cenário 1, -7,59 euros no Cenário 2 e -9,48 euros no cenário 3) e na UMDR (-5,08 euros no Cenário 1, -5,74 euros no Cenário 2 e -8,14 euros no Cenário 3).

Dizem ainda que este subfinanciamento pode comprometer a qualidade dos cuidados prestados por algumas instituições e até mesmo a sua própria sobrevivência, considerando “particularmente relevante” rever a participação estatal no financiamento da RNCCI.

Apontam ainda como consequência as “deficiências orçamentais, degradação das infraestruturas e falta de equipamentos”, além da desmotivação dos profissionais.

“Os utentes sofrem com a menor qualidade dos cuidados e redução dos serviços”, acrescentam os especialistas, insistindo na necessidade de “acautelar que as instituições gerem alguma margem de lucro” que permite melhorar as instalações e os cuidados prestados, garantindo a sustentabilidade do sistema”.

Segundo disse à Lusa José Bourdain, já houve unidades que escreveram ao Governo a dizer que iam baixar os padrões de prestação de serviços aos utentes, nomeadamente cortando nos recursos humanos.

O estudo foi elaborado com informações contabilísticas de 27 instituições, sendo 24 delas associadas à ANCC. Estas instituições têm um total de 1.169 camas distribuídas pelas três tipologias de resposta – Unidades de Convalescença (internamentos até 30 dias), UMDR (entre 30 e 90 dias) e ULDM (mais de 90 dias).

Considerando que, nesta resposta, as entidades analisadas disponibilizam em média 31 camas, isto traduz-se num subfinanciamento estatal de aproximadamente 122 mil euros por instituição ao longo do ano de 2023.

Estudo da Faculdade de Economia do Porto

Setor quer revisão da lei que define pessoal necessário

Neste contexto, a ANCC defende a revisão da lei que define o pessoal necessário para o funcionamento destas instituições, pois prevê menos pessoas do que as unidades precisam para prestar o serviço.

“Há dois tipos de situação, uma é, face ao quadro legal em vigor, na prática, aqueles profissionais que lá estão não são suficientes, nomeadamente ao nível de enfermagem e auxiliares de ação médica. Há ainda o quadro de recursos humanos absolutamente necessário para o funcionamento da unidade e que não está na legislação, nomeadamente pessoal administrativo, da receção e da limpeza”, explicou à Lusa José Bourdain.

O responsável sublinhou que “nenhuma unidade destas funciona sem que haja pessoal para fazer a limpeza, sobretudo numa unidade de saúde, onde a limpeza é extremamente importante”.

No estudo feito a pedido da ANCC, a Faculdade de Economia da Universidade do Porto conclui que, em termos de recursos humanos, os dados “evidenciam que o número e as categorias profissionais recomendados pela Portaria 174/2014, de 10 de setembro, para garantir adequadas condições de funcionamento nas diferentes respostas, são manifestamente insuficientes, nomeadamente ao nível de pessoal auxiliar e enfermeiros”.

Adicionalmente, “não contempla algumas categorias profissionais essenciais ao funcionamento das instituições, como técnicos de manutenção, pessoal de cozinha, pessoal de limpeza, técnicos administrativos ou técnicos de recursos humanos”, refere o documento.

“Estamos a falar também de pessoal de cozinha, de pessoal que trabalha nas lavandarias e também de um farmacêutico, que é uma exigência do Infarmed, mas não é uma exigência da Rede de Cuidados Continuados”, explicou José Bourdain.

O trabalho da Faculdade de Economia do Porto conclui ainda que, nos últimos três anos, os custos com pessoal nestas instituições subiram entre 9% a 13% – consoante o tipo de unidades (convalescença, média duração e reabilitação ou longa duração e manutenção).

José Bourdain exigiu igualmente que a diária seja paga em função de um quadro de recursos humanos que tenha um salário idêntico ao praticado na Função Pública. “Dou o exemplo da profissão da ministra da saúde: um farmacêutico na administração pública ganha 1.780 euros e no setor social ganha 1.160”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Governo deverá permitir que promotores voltem a pedir licenciamentos

  • ECO
  • 12 Agosto 2024

O Governo pretende repor o regime anterior ao Simplex Urbanístico, passando a permitir que os promotores tenham a opção de pedir licenciamentos em alternativa à comunicação prévia obrigatória.

O regime de licenciamento vai voltar a ser uma opção nas operações urbanísticas, se os promotores assim quiserem, em alternativa à comunicação prévia obrigatória, noticia o Jornal de Negócios. Será assim, nomeadamente, nos casos em que o projeto se localize numa zona em que, além de um Plano Diretor Municipal (PDM) aprovado, já exista um plano de pormenor ou uma unidade de execução (aprovados pelos executivos camarários).

É uma das mudanças previstas ao novo Simplex Urbanístico, aprovado no ano passado pelo anterior Governo, cuja revisão o Executivo de Luís Montenegro anunciou em maio e que deverá apresentar este mês. Segundo um documento enviado pelo Ministério das Infraestruturas e Habitação para consultas a várias entidades, estão também em cima da mesa alterações de prazos, dando mais tempo às câmaras para decidir; a clarificação de contraordenações e de pagamento de taxas; e o regresso do livro de obra.

O Governo de António Costa tinha decidido isentar e eliminar licenciamentos com o objetivo de reduzir a morosidade e a complexidade dos processos urbanísticos, mas a medida criou “insegurança” no mercado, segundo o jornal. Isto porque, sem uma aprovação explícita da autarquia, com um licenciamento, aumentava muito a responsabilidade dos promotores e dos projetistas perante eventuais ilegalidades urbanísticas, sendo que, depois, ficavam sujeitos a fiscalização ao longo dos dez anos seguintes.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Hoje nas notícias: Habitação, licenciamentos e caso BES

  • ECO
  • 12 Agosto 2024

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

A distribuição do dinheiro do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) destinado à habitação está a acelerar, mas a construção de novas casas está atrasada. O Governo quer permitir que os promotores possam pedir licenciamentos, mesmo que não sejam obrigatórios, repondo o regime que estava em vigor antes do Simplex Urbanístico. Conheça as notícias em destaque na imprensa nacional esta segunda-feira.

Financiamento do PRR para a habitação acelera, mas falta construir. Só estão prontas 132 casas

O ritmo de construção de novos fogos não está a acompanhar o da alocação de fundos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) destinados à habitação. Segundo um estudo feito por dois investigadores a partir de dados públicos, cerca de metade das verbas dos programas abrangidos pelo PRR que são dirigidos à habitação já foram distribuídas, mas, até junho, apenas 132 obras estavam concluídas das 3.321 casas que já têm financiamento aprovado no âmbito do 1.º Direito. Outras 1.416 tinham o contrato de empreitada já celebrado, mas a maioria (1.741 fogos) ainda tinha o concurso de empreitada a decorrer ou por lançar.

Leia a notícia completa no Público (acesso pago).

Promotores podem voltar a optar pelos licenciamentos

O regime de licenciamento vai voltar a ser opção nas operações urbanísticas se os promotores assim quiserem, em alternativa à comunicação prévia obrigatória. A medida faz parte de uma revisão do recente Simplex Urbanístico do anterior Governo, que o Executivo de Luís Montenegro anunciou em maio e deverá apresentar este mês. Na calha estão também alterações de prazos, dando mais tempo às câmaras para decidir; a clarificação de contraordenações e de pagamento de taxas; ou medidas como o regresso do livro de obra.

Leia a notícia completa no Jornal de Negócios (acesso pago).

Justiça já pagou 112 mil euros para guardar obras de arte apreendidas no caso BES

O Ministério da Justiça já pagou mais de 112 mil euros por um espaço onde está guardado um conjunto de obras de arte que foram apreendidas no âmbito do processo do Banco Espírito Santo (BES), que caiu há uma década. Desde 2016 que o Instituto de Gestão Financeira e Equipamentos da Justiça (IGFEJ) paga uma mensalidade de 1.129 euros pelo aluguer à empresa Sala Branca, em Santarém, para guardar quadros e outras peças de arte que foram apreendidas para acautelar a existência de bens que pudessem compensar o Estado ou os lesados dos prejuízos que tiveram com os crimes que terão sido praticados pelos arguidos.

Leia a notícia completa no Público (acesso pago).

Oferta dos japoneses pela Inapa tinha como condição um perdão de até 70% da dívida

A oferta da Japan Pulp and Paper (JPP) para a aquisição da Inapa, feita ainda antes de a empresa portuguesa entrar em processo de insolvência, implicava um perdão da dívida bancária entre 50% a 70%, bem como que a Parpública, o principal acionista, emprestasse 12 milhões de euros, algo que a empresa pública não queria e acabou por não fazer.

Leia a notícia completa no Jornal Económico (acesso pago).

Anacom vai fazer nova consulta para segundo leilão do 5G

A Anacom está a preparar terreno para uma nova atribuição de licenças 5G, que deverá ocorrer através de um leilão de frequências. Para isso, irá em breve auscultar, pela segunda vez, o setor das telecomunicações sobre a faixa dos 26 GHz, parte do espetro radioelétrico que não está disponível para exploração comercial, mas que é essencial para as empresas de telecomunicações fornecerem o chamado 5G ultrarrápido.

Leia a notícia completa no Jornal de Notícias (acesso pago).

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

O dia em direto nos mercados e na economia – 12 de agosto

  • ECO
  • 12 Agosto 2024

Ao longo desta segunda-feira, 12 de agosto, o ECO traz-lhe as principais notícias com impacto nos mercados e nas economias. Acompanhe aqui em direto.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

A lista de espera para uma cirurgia na Catalunha é duas vezes superior à de Madrid

  • Servimedia
  • 12 Agosto 2024

O tempo médio de espera a nível nacional é de 128 dias, sendo de 139 na Catalunha e de 51 em Madrid.

Os dados oficiais do Ministério da Saúde sobre as listas de espera para intervenção cirúrgica revelam um tempo médio de espera nacional de 128 dias, que no caso da Catalunha sobe para 139 dias e na Comunidade de Madrid desce para 51 dias.

Estes dados mostram que existe uma diferença substancial entre as duas maiores regiões de Espanha neste domínio, sendo a lista de espera na Catalunha 272% mais longa do que em Madrid.

O Sistema de Informação de Listas de Espera do Sistema Nacional de Saúde indicava em dezembro que o tempo médio de espera a nível nacional era de 128 dias, mais 8% do que no ano anterior. O número total de doentes a aguardar cirurgia era de 849.535, mais 7% do que no ano anterior.

No caso da Catalunha, as estatísticas são superiores à média nacional porque o tempo de espera é de 138 dias, após anos de mandato da Esquerra Republicana à frente da Generalitat, com um esforço especial para melhorar os serviços públicos.

Os seus números diminuíram em relação ao ano anterior, quando eram 154 dias, mas continuam a ser 10 dias mais longos do que o tempo médio de espera em toda a Espanha. Assim, é a sexta comunidade com o tempo de espera mais longo para uma cirurgia.

Por seu lado, a Comunidade de Madrid é a região de Espanha com os tempos de espera mais curtos do país, com apenas 51 dias. Esta situação consolida uma tendência decrescente registada nos últimos anos, graças ao novo plano de listas de espera promovido pelo governo regional da popular Isabel Díaz Ayuso, que aposta na colaboração público-privada.

Tal como acontece a nível nacional, o número de pacientes à espera de cirurgia na Catalunha continuou a aumentar, atingindo 183.394, mais 5,7% do que no ano anterior.

Assim, a taxa de pessoas em lista de espera por cada 1.000 habitantes é de quase 24%, cinco pontos acima da média nacional, o que a torna uma das regiões com maior percentagem em Espanha.

Em Madrid, por seu lado, o número continua a diminuir para 71.693 pessoas, com uma taxa de 10% por 1.000 habitantes, a segunda mais baixa a nível nacional, apenas atrás do País Basco.

É igualmente de salientar a taxa de pacientes que têm de esperar mais de seis meses em lista de espera para serem operados: na Catalunha, esta taxa é de 30% e na Comunidade de Madrid é de apenas 1%.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Mais de um quarto dos jovens queixa-se de discriminação no trabalho por causa da idade

Os locais de trabalho estão mais diversos, em termos etários, mas isso abre a porta aos preconceitos, com alguns trabalhadores a serem considerados "demasiado jovens" e outros "demasiado velhos".

Estamos a viver mais anos, mas, à boleia, também estamos a trabalhar durante mais tempo. Resultado: os locais de trabalho acolhem hoje várias gerações em simultâneo, o que pode ser enriquecedor, mas também “desencadear tensões e preconceitos fundamentados apenas na idade“. O alerta consta de um novo estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos, que sublinha que não são apenas os mais velhos a serem discriminados. Mais de um quarto dos jovens reporta discriminação etária em todas as fases da sua vida profissional, do recrutamento ao despedimento.

“Face ao envelhecimento da população, e com quatro gerações a coexistir em muitas organizações contemporâneas, compreender o idadismo no local de trabalho tornou-se cada vez mais importante”, assinalam os autores do estudo que é divulgado esta segunda-feira.

De acordo com essa análise, “já ficou comprovado” que a discriminação etária no mercado de trabalho afeta tanto os mais velhos, como os mais jovens, com consequências para a saúde dos próprios indivíduos, mas também das organizações.

Comecemos pelos mais jovens. A discriminação em função da idade é chamada, neste caso, jovenismo e, destaca o novo estudo, mais de um quarto dos funcionários reportam situações deste tipo, em todas as fases da sua vida profissional, do recrutamento a promoções, e até nos despedimentos.

“Além disso, os trabalhadores mais jovens tendem a receber salários relativamente baixos e relatam sentir-se subvalorizados, receber comentários depreciativos, ser considerados menos competentes, e afirmam receber menos oportunidades de desenvolvimento”, observam os autores.

Em resultado, os jovens que são alvo de discriminação acabam por sentir menos satisfação no trabalho, e por estarem menos envolvidos no seu emprego. Além disso, também diminuiu o compromisso organizacional, realça o estudo lançado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos.

Já quanto aos trabalhadores mais velhos, o velhismo reflete-se, por exemplo, em menos oportunidades de entrevistas e vagas de emprego, bem como em menos oportunidades de formação.

Mais, “os trabalhadores mais velhos, quando comparados com os mais jovens, obtêm uma avaliação menos positiva em termos de desempenho, de potencial de desenvolvimento e de competências interpessoais, tais como vitalidade e capacidade para assumir riscos”, salientam os especialistas. O quadro abaixo sintetiza esses diferentes estereótipos.

Enquanto o jovenismo ainda é pouco estudado, o velhismo tem merecido mais atenção, pelo que as consequências negativas deste tipo de discriminação “estão bem estabelecidas” e incluem baixa autoestima, perceção de menor controlo pessoal, menor satisfação no trabalho e compromisso organizacional, mais intenções de entrar na reforma ou até sintomas depressivos e ansiedade.

Os autores acrescentam que “a crença que advoga que os trabalhadores mais velhos devem retirar-se e dar lugar aos mais novos” é mais preponderante nas empresas privadas do que na administração pública em Portugal.

Como combater o idadismo

Quer se trate de discriminação dos mais velhos ou dos mais jovens, este novo estudo deixa sinais claros de que tal acaba por prejudicar, nomeadamente, o ambiente de trabalho e a própria retenção de talento nas organizações, um ponto fundamental numa altura em que as empresas têm tantas dificuldades em recrutar.

“Os nossos resultados sugerem claramente que o sentimento de discriminação etária e os estereótipos etários são prejudiciais às organizações, ao diminuírem a satisfação no trabalho e a intenção de permanência na organização”, é salientado.

Os autores terminam, portanto, a sua análise com uma série de recomendações, frisando que “a diversidade etária entre trabalhadores não é suficiente para desconstruir crenças idadistas e atenuar as experiências de idadismo”.

Isto uma vez que “é a qualidade do contacto intergeracional, e não a sua frequência, que melhora as atitudes intergrupais entre trabalhadores mais jovens e mais velhos, bem como a forma como se relacionam mutuamente”.

“Assim sendo, as organizações podiam criar ativamente oportunidades de contacto intergeracional positivo, através de ações que fomentem o espírito de equipa intergeracional ou de outras atividades específicas”, aconselham os autores.

“As organizações podiam criar ativamente oportunidades de contacto intergeracional positivo, através de ações que fomentem o espírito de equipa intergeracional ou de outras atividades específicas.”

Estudo FFMS

Mas não cabe apenas às organizações fazer este trabalho de combate à discriminação. A sociedade também pode ter um papel e os decisores políticos “devem ponderar um conjunto de iniciativas que combatam o idadismo em relação às pessoas mais velhas e mais jovens”, é recomendado.

Um primeiro passo importante é aprovar políticas e leis que combatam o idadismo em relação a todos os grupos etários, que é algo que já se revelou eficaz, não só para reduzir outros ‘ismos’ (como o racismo e o sexismo), mas também o próprio idadismo”, destacam os autores.

Além da via regulatória, também podem (e devem) ser promovidas iniciativas intergeracionais, bem como campanhas de combate ao idadismo nos meios de comunicação social e nas redes sociais.

Um local de trabalho inclusivo, que honre a diversidade e que traz à tona o que há de melhor em todos os grupos etários, ou mesmo em todas as comunidades, é algo por que vale a pena lutarmos em conjunto“, rematam os autores.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

#6 As férias de Luís Rodrigues. “Limpar a cabeça” para que possam entrar coisas novas

O presidente executivo da TAP "tenta desligar totalmente" nas férias, mas afirma que "em aviação isso nunca é possível".

  • Ao longo do mês de agosto, o ECO vai publicar a rubrica “Férias dos CEO”, onde questiona os gestores portugueses sobre como passam este momento de descanso e o que os espera no regresso.

O verão é a época alta das companhias aéreas e o período é muitas vezes marcado por constrangimentos nos aeroportos que complicam a operação. Será um dos motivos que levam o CEO da TAP, Luís Rodrigues, a afirmar que “tenta desligar totalmente, mas em aviação isso nunca é possível

Que livros, séries e podcasts vai “levar na bagagem de férias” e porquê?

Dois livros: Co-Intelligence, livingandworkingwith AI, de Ethan Mollick e A Regra é não ter regras, Netflix e a cultura da reinvenção, de Reed Hastings e Erin Meyer; Um podcast da série Daniel Silva.

Desliga totalmente ou mantém contacto com as equipas durante as férias?

Tento desligar totalmente mas em aviação isso nunca é possível.

As férias são um momento para refletir sobre decisões estratégicas ou da carreira pessoal?

As férias são um momento para limpar a cabeça para que depois possam entrar coisas novas.

Que temas vão marcar o seu setor na rentrée?

A sustentabilidade e a agilidade para responder a um contexto cada vez mais complexo.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

🏖️ Marcelo, Montenegro, ministros e deputados sem direito a férias mas com direito a subsídio

Os titulares de cargos políticos podem tirar dias para descanso e recebem uma compensação equivalente ao 13.º mês que é paga em junho, segundo juristas consultados pelo ECO.

Os titulares de cargos políticos, como o de Presidente da República, presidente da Assembleia da República, primeiro-ministro, deputados e membros do Governo não têm direito a tirar feitas, mas podem gozar dias de descanso e recebem uma compensação equivalente ao subsídio de férias, que é paga em junho, segundo os juristas consultados pelo ECO. Ou seja, a lei não garante o gozo de férias a Marcelo Rebelo de Sousa, José Pedro Aguiar-Branco, Luís Montenegro, ministros, secretários de Estado, deputados e outros titulares de cargos políticos como os membros dos governos regionais da Madeira e dos Açores ou os eurodeputados. Mas é normal tirarem uns dias de descanso em agosto, mês em que os trabalhos parlamentares encerram.

“Os políticos não têm férias, estão sempre no ativo, mesmo quando tiram alguns dias para descansar. Nesse caso, estão ausentes, sendo substituídos nos termos previstos na Constituição, na Lei e nos Regimentos dos vários órgãos políticos”, esclarece José Luís Moreira da Silva, sócio responsável pelo departamento de Direito Administrativo e Contratação Pública da SRS Legal.

A lei orgânica do Executivo estabelece a hierarquia na substituição do primeiro-ministro. Em primeiro lugar, será o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, a assumir as funções de Montenegro, na sua ausência. Caso Rangel também esteja fora, será o ministro de Estado e das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento a exercer o cargo do primeiro-ministro.

Governo de Luís MontenegroHugo Amaral/ECO

“Os titulares de cargos políticos e, mais concretamente os do Governo, não conseguem usufruir do ‘direito à desconexão’ de que tanto se fala agora. Não está regulado de forma clara e expressa o direito a férias dos membros do Governo”, indica a sócia contratada da Abreu Advogados, Ana Rodrigues de Almeida.

Assim, os titulares de cargos políticos “descansam quando podem, isto é, quando as suas funções o permitem”, refere José Luís Moreira da Silva. “Mesmo no caso de deputados, em que as sessões legislativas da Assembleia da República terminam, normalmente, a 15 de junho e recomeçam a 15 de setembro, as Comissões continuam a funcionar e a Comissão Permanente do Parlamento reúne regularmente, podendo ainda o plenário ser convocado excecionalmente”. “Ou seja, os políticos estão sempre em funções”, conclui.

“Em todo o caso, como todas as pessoas que trabalham, os membros do Governo têm direito a um período de descanso”, ressalva Ana Rodrigues de Almeida. “Não havendo norma específica”, a sócia da Abreu Advogados socorre-se da Constituição que “consagra o direito ao descanso no artigo 59º, nº 1, al. d)”. “Isto é, o direito a férias é um direito constitucionalmente consagrado que assiste a todos os cidadãos trabalhadores”, sublinha.

Porém, indica que “nada está regulado quanto ao tempo previsto”. “Existem alguns pareceres que entendem que se poderá aplicar por analogia o Estatuto do Eleitor Local, que prevê o direito a férias e estabelece 30 dias, que reporta a 25 dias úteis”, aponta a advogada.

No entanto, “nada se refere quanto à aplicação do Código do Trabalho ou da Lei de Trabalhadores em Funções Públicas” e, segundo o parecer de Ana Rodrigues de Almeida, “não se poderão aplicar stricto sensu as normas previstas destes dois diplomas, pois não se enquadram, não se encontrando no âmbito de aplicação dos mesmos”.

Uma vez que os titulares de cargos políticos estão “sempre em funções, não recebem um subsídio de férias”, frisa José Luís Moreira da Silva. Ainda assim, a lei prevê “a atribuição do que se chama de um vencimento extraordinário de montante igual ao do correspondente vencimento mensal, nos meses de junho e de novembro de cada ano”, de acordo com o n.º 2 do artigo 2.º da lei n.º 4/85, de 9 de abril que define o estatuto remuneratório dos titulares de cargos políticos, explica o jurista.

“Isto significa que, contrariamente ao regime de subsídio de férias, este não se vence no dia 1 de janeiro de cada ano, nem os políticos gozam do direito ao proporcional do subsídio de natal. E só recebem se estiverem em funções nesses meses de junho e de novembro”, alerta Moreira da Silva.

Para além disso, “entendeu o Supremo Tribunal Administrativo, no seu acórdão proferido em a 2 de março de 2004, (numa situação referente a um eleito local) que estes subsídios extraordinários eram de natureza em tudo idêntica aos subsídios de férias e de natal dos trabalhadores”, destaca Ana Rodrigues de Almeida.

Apesar desta similitude, em caso de cessação de funções, “o regime é totalmente diferente dos restantes trabalhadores”, avisa Moreira da Silva. Os políticos não recebem prestação por desemprego, tendo direito “apenas a um subsídio de reintegração, de um mês por cada semestre em funções”, se tiverem desempenhado pelo menos 12 anos funções em cargos políticos. “Após os 55 anos de idade adquirem direito a um subsídio mensal vitalício, que é uma percentagem do vencimento base mensal – 4% por ano, até 80% desse valor, no máximo”, acrescenta o especialista em Direito Administrativo e Contratação Pública.

José Luís Moreira da Silva lembra que “os vencimentos dos políticos estão fixados desde os tempos dos Governos de Cavaco Silva (finais dos anos 80 do séc. XX), sendo apenas aumentados segundo as atualizações gerais da Função Pública”. “Mas continuam reduzidos em 5% desde 2010, quando a troika interveio em Portugal, nunca tendo esta medida sido revertida, quando já o foi para todos os restantes trabalhadores públicos”, acrescenta.

Membros do Governo mantêm local de férias em segredo

O primeiro-ministro e a esmagadora maioria dos ministros não revelou ao ECO onde vão passar as férias do verão, mas alguns deram nota que não deverão gozar dias de descanso, tendo em conta que só tomaram posse em abril e que têm vários dossiês em mãos que têm de ser concluídos. De lembrar ainda que, em outubro, o Governo tem de enviar a Bruxelas o novo plano plurianual, que substituirá o plano de estabilidade, e apresentar, no Parlamento, Orçamento do Estado para 2025.

Ministro da Economia, Pedro ReisHugo Amaral/ECO

De todo o elenco governativo, três ministros responderam às questões colocadas pelo ECO. O ministro da Economia, Pedro Reis, vai para o Algarve, mas não quis especificar o local. Mas o Correio da Manhã encontrou o governante a tirar uns dias de pausa na Quinta do Lago, freguesia de Almancil, no concelho de Loulé.

No caso da ministra do Trabalho, as férias serão passadas em Portugal, mas fonte oficial do gabinete de Maria Rosário Palma Ramalho não revela em que zona específica o descanso terá lugar.

A ministra do Ambiente, Maria da Graça Carvalho, vai conciliar as férias com visitas do Governo mais “estivais”. “Temos um programa cheio de visitas a projetos e a reabilitações de praias, rios, proteção do litoral até dia 7 de agosto, no Algarve, Alentejo, Braga, Porto, Maia, Figueira da Foz, etc”, adiantou fonte oficial do gabinete da ministra. Concluído este circuito, Maria da Graça Carvalho “deve tirar uns dias para descansar”, referiu a tutela mas sem indicar o local de veraneio.

Já a ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, não deverá fazer uma pausa, porque vai estar “estado focada na análise das situações que encontrou na sua área governativa e em proceder às correções das mesmas bem como concretizar um conjunto de ações em defesa do cidadão”, adiantou ao ECO fonte oficial do gabinete da ministra.

Aliás, há poucas semanas terminaram as negociações com as associações profissionais e sindicatos da PSP e GNR para a atualização do subsídio de risco. O anteprojeto de diploma que prevê um aumento faseado da prestação de 100 para 400 euros mensais, até 2026, está em consulta pública até 20 de agosto e deverá ser aprovado no Conselho de Ministros de 22 de agosto, como indicou esta quinta-feira o ministro da Presidência, António Leitão Amaro.

Para além disso, e como está “a ocorrer um período em que o alerta de fogos está na ordem do dia”, Margarida Blasco “estará obviamente, no seu posto, acompanhando todas as ações que se tornarem necessárias para a proteção do ambiente e dos cidadãos em geral”.

“Neste período, estará ainda focada, na sequência da nomeação do novo diretor nacional da PSP, em colocar em marcha um conjunto de ações que irão reforçar o policiamento de proximidade e a e a visibilidade da ação policial em defesa dos direitos das liberdades e garantias pelas quais sempre se tem batido”, acrescenta a tutela.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Portuguesa BA Glass paga 380 milhões por aquisições no México e Reino Unido

Fabricante de embalagens de vidro atinge pico de vendas de 1.523 milhões e mais que duplica lucros num ano em que voltou às compras no estrangeiro, recuperou rentabilidade e parou linhas de produção.

A compra de uma participação maioritária (60%) na mexicana Vidrio Formas e de 100% da unidade de reciclagem de vidro da Recresco Limited no Reino Unido, as duas últimas aquisições fechadas pela BA Glass, custaram um total de 379,5 milhões de euros. No ano passado, o grupo português registou um novo recorde de vendas consolidadas de 1.523 milhões de euros em 70 países – 6,4% acima do exercício anterior, impulsionadas pelo “efeito preço no primeiro semestre” – e mais do que duplicou os lucros (+115,8%) para 380 milhões de euros.

No ano em que regressou em força às compras internacionais, a maior produtora portuguesa de embalagens de vidro e a quarta maior operadora deste setor a nível mundial garantiu uma posição de controlo que alarga a presença industrial a um novo país (México) e também a um novo continente (americano) a troco de 224,6 milhões de euros. O acordo fechado em novembro e que representa a estreia a produzir fora da Europa prevê ainda um mecanismo opcional que lhe permite “adquirir no futuro as ações não controladas”.

As condições do negócio relativo a esta empresa especializada em garrafas de tequila — fatura 125 milhões de euros e emprega 800 pessoas em dois centros de produção nos arredores da Cidade do México — são reportadas pela primeira vez no mais recente relatório e contas do grupo, consultado pelo ECO. Por outro lado, não são incluídos neste documento os valores envolvidos no acordo com a gigante Canpack para a transferência do negócio das embalagens de vidro na Polónia, por não ter sido concluído até 31 de dezembro.

Já a compra da totalidade da Recresco Limited, instalada no condado de Nottinghamshire e que no ano passado vendeu 80 milhões de euros, foi assinada em definitivo a 20 de dezembro ainda pela anterior CEO Sandra Santos, que em fevereiro deste ano foi substituída no cargo por Tiago Moreira da Silva. A multinacional sediada em Avintes (Vila Nova de Gaia) investiu 154,8 milhões de euros nesta unidade britânica com a qual prevê aumentar em 50% a atual capacidade de reciclagem de vidro, a rondar as 350 mil toneladas por ano.

Reportagem na Fábrica da BA Glass em Avintes - 17JAN24
Fábrica da BA Glass em Avintes, Vila Nova de GaiaRicardo Castelo/ECO

Fundada em 1912 como Barbosa & Almeida, Lda. pelos sócios Raul da Silva Barbosa e Domingos de Almeida, e controlada desde 2004 e em partes iguais pelas famílias Silva Domingues e de Carlos Moreira da Silva — uma divisão que aconteceu na sequência de um MBO ao capital da empresa que pertencia ao universo Sonae —, a BA soma agora 13 fábricas de vidro em oito países, além de cinco unidades de reciclagem. No final de 2023 dava emprego a 4.967 pessoas (vs. 4.012 em 2022) de 15 nacionalidades diferentes. Um em cada quatro trabalha em Portugal.

Além das três unidades industriais em território nacional (Avintes, Marinha Grande e Venda Nova), tem agora três na Polónia (Sieraków, Jedlice e Oszesze), duas em Espanha (León e Villafranca de los Barros), duas no México (Lerma), duas na Bulgária (Sofia e Plovdiv) e uma na Alemanha (Gardelegen), na Grécia (Atenas) e na Roménia (Bucareste). No ano passado produziu mais de 10 mil milhões de embalagens: 33% para comida, 26% para cerveja, 16% para vinho, 15% para refrigerantes e 10% para bebidas espirituosas.

Retoma na rentabilidade e paragem nas fábricas

Após dois anos (2021 e 2022) em que registou uma “queda expressiva na rentabilidade”, com as margens EBITDA a caírem 10,8 pontos percentuais (p.p.) e 12,7 p.p., respetivamente, face a 2020 — a crise energética elevou os custos industriais para “níveis inimagináveis” e até “colocou em perigo a sobrevivência” da empresa, relata –, parte dessas perdas acumuladas foram recuperadas no ano passado. O EBITDA atingiu 533,4 milhões de euros, com uma margem de 35%, 12,5 p.p. acima do ano anterior. Mas ainda abaixo (-0,2 p.p.) do ano que antecedeu o início do disparo nos preços da energia.

Ao nível dos resultados financeiros, por outro lado, a BA Glass reportou perdas de 22,2 milhões de euros, aprofundando o registo negativo de 14,9 milhões no ano anterior. Uma subida justificada “sobretudo com o aumento do custo de capital ocorrido durante 2023 em todos os países como medida de controlo da inflação” (33,2 milhões de euros). Ainda assim, compensados em parte ​​pelo impacto positivo na remuneração de depósitos, igualmente pelo aumento dos juros (4,3 milhões), por efeitos cambiais (6 milhões) e ainda pela reversão de uma provisão relativa à americana Anchor Glass, dois anos após ter vendido a participação de 25% que tinha comprado em 2016 à à private equity CVC.

Subida no lucro e redução na dívida

Fonte: Relatório e contas da BA Glass (2023)

No relatório e contas, o grupo nortenho descreve ainda como no ano passado houve um travão brusco na procura por parte dos clientes, que forçou-a mesmo a tomar a “difícil decisão” de parar parcialmente a produção para gerir os níveis de stocks. “As nossas operações em 2023 foram comprometidas pela necessidade de paralisar linhas de produção, uma medida inédita na história recente da BA, nem sequer tomada durante a pandemia. Esta decisão foi tomada no último trimestre do ano, com paragens executadas com precisão, permitindo a rápida retoma de algumas linhas”, expõe.

“Mesmo num ano exigente”, refere no mesmo documento que realizou o maior investimento de sempre, com 203 milhões de euros, 68% acima de 2022 e equivalente a 13% da faturação. “Num ano com menor volume de vendas foi desafiante manter os planos de investimento, mas os nossos compromissos ambientais e para a digitalização das operações prevaleceram”, refere. Destaque para o novo forno na fábrica da Roménia e para a requalificação de outro na Bulgária, e ainda para o início da construção de um armazém em Bucareste para otimizar a logística e apoiar as operações locais.

Reportagem na Fábrica da BA Glass em Avintes - 17JAN24
Forno da fábrica da BA Glass em Avintes, Vila Nova de GaiaRicardo Castelo/ECO

Apesar dos “desafios operacionais”, o grupo industrial disse ter introduzido 56 novos produtos no mercado. 20% dos quais abrangidos já pelo programa interno que visa reduzir a quantidade de vidro usado nas garrafas e nos frascos, com o qual contabiliza ter evitado só em 2023 a emissão de 1.000 toneladas de CO2. No entanto, salienta que a taxa de sucesso dos novos projetos (27%) foi “afetada por um time-to-market mais extenso e pelo abrandamento da procura”.

Paulo Azevedo justifica “sucessão interna”

No relatório anual, o chairman Paulo Azevedo dirige uma mensagem a Sandra Santos, gestora que liderou a BA Glass nos últimos dez anos. “A medida final do sucesso de um CEO é sempre o estado em que deixa a empresa e as condições para o sucesso futuro. A este respeito, gostaria de destacar as aquisições recentes que constituem uma base muito importante para o crescimento geográfico futuro [México], reforçam uma das nossas principais regiões [Polónia] e fortalecem a nossa liderança na sustentabilidade [reciclagem no Reino Unido]. Igualmente importante foi o trabalho que fez no desenvolvimento e promoção da sua equipa e, com ela, das equipas que lhes reportam”, resume.

Aquisições recentes constituem uma base muito importante para o crescimento geográfico futuro, reforçam uma das nossas principais regiões e fortalecem a nossa liderança na sustentabilidade.

Paulo Azevedo

Chairman da BA Glass

Em consequência, os órgãos de administração “não tiveram dúvidas” de que o sucessor devia ser escolhido entre potenciais candidatos internos, tendo “trabalhado em conjunto” para selecionar o engenheiro mecânico Tiago Moreira da Silva, um dos três filhos de Carlos Moreira da Silva — o 16º mais rico em Portugal, listado pela Forbes —, que ingressou na BA em 2008 e comandou as operações na ibéria e na Europa Central (Alemanha e Polónia), entrando na comissão executiva como Chief Marketing Officer (CMO).

Sandra Santos e Tiago Moreira da SilvaDR

Em declarações ao ECO em janeiro, quando foi anunciada a substituição, Sandra Santos salientou que o sucessor estava “super preparado” para exercer o cargo e assegurou que “não [havia] a mínima hipótese de haver qualquer tipo de problema” na passagem de testemunho na histórica produtora de embalagens de vidro. Paulo Azevedo, que desde 2020 ocupa o papel de chairman, acredita que o novo CEO irá “conduzir a empresa a uma nova e inovadora etapa de crescimento e transformação”, mostrando-se confiante de que Tiago Moreira da Silva se “destacará na sua nova função com o forte apoio” do comité executivo.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Descida do IRS gera poupança anual extra até 744 euros. Veja as simulações

Redução das taxas até ao 6.º escalão vai dar um alívio extra na altura da liquidação do imposto em 2025. A este benefício, junta-se o aumento da dedução específica que dará um bónus extra.

A descida das taxas entre 0,25 e 1,5 pontos até ao 6.º escalão do IRS face às tabelas em vigor vai dar um alívio fiscal extra de até cerca de 744 euros, na altura da liquidação do imposto em 2025, relativa aos rendimentos obtidos este ano, segundo as simulações realizadas pela EY. A este benefício junta-se o aumento da dedução específica em 246,24 euros para 4.350,24 euros que dará um bónus extra, tal como o ECO noticiou.

Os escalões em vigor, aprovados pelo Orçamento do Estado para 2024 (OE2024), já iriam baixar o imposto a pagar, mas com a nova descida, publicada em Diário da República, trabalhadores e pensionistas vão usufruir de um alívio adicional. O diploma, com origem numa iniciativa do PS, foi aprovado pelo Parlamento e promulgado pelo Presidente da República, à revelia do Governo, que viu a sua proposta chumbada.

A taxa do primeiro escalão, que abrange rendimentos coletáveis anuais até 7.703 euros, vai baixar mais 0,25 pontos percentuais (p.p.) para 13%; a tributação do segundo nível, para ganhos entre 7.703 euros e 11.623 euros, recua 1,5 p.p. para 16,50%; o terceiro patamar, que taxa retribuições entre 11.623 e 16.472 euros, terá um alívio de um ponto, ficando nos 22%; o quarto escalão, que abarca rendimentos entre 16.472 e 21.321 euros, desce igualmente um ponto para 25%; o quinto degrau de tributação, para ganhos entre 21.321 e 27.146 euros, retrocede 0,75 p.p. para 32%; e o sexto escalão, que incide sobre remunerações entre 27.146 e 39.791 euros, vai baixar 1,5 p.p. para 35,50%. As taxas dos escalões sétimo, oitavo e nono ficam inalteradas em 43,50%, 45% e 48%, respetivamente.

Tendo em conta esta nova tabela, a EY fez várias simulações para rendimentos de categoria A, isto é, de trabalho dependente, considerando 14 meses de salário bruto mensal, as deduções de dependentes com idade superior a seis anos, mas sem incluir as deduções à coleta por despesas incorridas.

Assim, um trabalhador solteiro e sem filhos com um vencimento mensal bruto de 1.300 euros já iria poupar 333,65 euros no IRS, aprovado com o OE2024. Com a nova descida do imposto, terá um alívio adicional de 102,79 euros, quando entregar a declaração de IRS em 2025.

Para um salário mensal bruto de 1.500 euros a poupança já está nos 437,01 euros. Agora, este trabalhador solteiro e sem dependentes terá um benefício extra de 130,79 euros. No caso de um ordenado de 2.000 euros, o bónus extra será de 194,35 euros. E trabalhadores com salários de 3.000 e 5.000 euros brutos mensais, vão sentir um alívio adicional de 372,24 e de 273,45 euros, respetivamente.

No caso de um trabalhador casado, sendo apenas um titular de rendimentos, com tributação conjunta e sem filhos a ganhar 1.300 euros brutos por mês, a poupança extra sobre o rendimento anual será de 35,24 euros. Para a mesma situação familiar, para ordenados de 1.500 euros e 2.000 euros, o alívio fiscal sobre o rendimento anual será de 60,86 e 162,61 euros, respetivamente. Para patamares superiores de rendimento (3.000 e 5.000 euros), o imposto irá reduzir mais 297,46 e 557,57 euros.

Mantendo estas condições familiares mas adicionando dois filhos, a poupança adicional será exatamente a mesma para iguais níveis de rendimento. Ou seja, um salário de 1.300 euros tem um bónus de 35,24 euros; um ordenado de 1.500 euros fica a ganhar mais 60,86 euros; um vencimento de 2.000 euros recupera 162,61 euros; um rendimento mensal bruto de 3.000 euros vai ter um alívio adicional de 297,46 euros e um vencimento de 5.000 euros terá um benefício extra de 557,57 euros.

Para um trabalhador casado, dois titulares, isto é, considerando também o salário do cônjuge, e sem dependentes, o alívio fiscal pode chegar aos cerca 547 euros. Para este tipo de simulações, a EY assumiu que ambos auferem exatamente o mesmo.

No caso de um rendimento mensal bruto de 2.600 euros, tendo em conta dois ordenados de 1.300 euros, a poupança anual será de 205,58 euros; para um rendimento de 3.000 euros (1.500 + 1.500 euros), o imposto a pagar vai baixar mais 261,57 euros; para retribuições de 4.000 euros brutos (2.000 + 2.000 euros), o ganho será de 388,70 euros.

Se o trabalhador declarar 6.000 euros mensais brutos, considerando dois salários de 3.000 euros, terá uma poupança de 744,47 euros, e se apresentar rendimentos de 10.000 euros brutos mensais (5.000 + 5.000 euros), o ganho será de 546,89 euros.

Nas mesmas circunstâncias, se este casal tiver dois filhos, o benefício será exatamente igual para os mesmos níveis salariais.

Em setembro, o Governo vai refletir este alívio fiscal nas tabelas de retenção na fonte, isto é, nos descontos mensais entregues ao Fisco e que correspondem a uma adiantamento do imposto a pagar no ano seguinte. O Executivo já garantiu que estas novas tabelas terão efeitos retroativos a janeiro. Para tal, deverá ser criado um regime específico em setembro para refletir a retroatividade e outro em outubro que se manterá em vigor.

Aumento da dedução específica dá bónus adicional

Trabalhadores por conta de outrem e pensionistas vão beneficiar ainda de um bónus adicional com o aumento da dedução específica dos 4.104 para os 4.350,24 euros, uma subida de 6%, ou de 246,24 euros, tal como o ECO avançou.

A dedução específica é um instrumento que permite descontar um determinado montante ao rendimento anual declarado, baixando assim os ganhos sujeitos a IRS. Por isso, quanto maior for a dedução, menor será a carga fiscal sobre salários e pensões.

A parcela do rendimento isenta de IRS estava congelada nos 4.104 euros há 13 anos e, agora, vai subir para 4.350,24 euros, o que corresponde a um salto de 6% ou de 246,24 euros, de acordo com as novas regras que se aplicam aos salários de trabalho dependente e pensões deste ano, publicadas em Diário da República. Fiscalistas consultados pelo ECO garantem que este mecanismo abrange já os ganhos de 2024 e terá impacto na receita de 2025.

A lei agora publicada determina que o valor da dedução específica “é atualizado anualmente à taxa de atualização do IAS” (Indexante dos Apoios Sociais) e entra em vigor esta quinta-feira, dia 8, de acordo com a lei emanada da Assembleia da República.

Como este ano o IAS subiu 6%, passando de 480,43 euros para 509,26 euros, a dedução específica também irá crescer os mesmos 6%, de acordo com o novo regime, o que significa quer irá evoluir dos atuais 4.104 euros para 4.350,24 euros. “Serão mais 246 euros que não serão tributados, que estão limpos de impostos”, realça o fiscalista João Espanha, da sociedade de advogados Broseta. Nos anos seguintes, continuará a aplicar-se este mecanismo que foi introduzido no Código do IRS por via de uma proposta do Bloco de Esquerda (BE).

Na prática, isto vai significar uma poupança adicional de até 90 euros para um trabalhador ou de até 120 euros para pensionistas. Este mecanismo só vai beneficiar salários até cerca de 2.830 euros brutos, porque a partir daí o trabalhador pode abater ao rendimento o valor que desconta para a Segurança Social, uma vez que é superior ao da dedução específica. No caso daquele ordenado, os 11% de contribuições sociais a 14 meses correspondem a 4.358,2 euros, ou seja, é superior em cerca de oito euros à dedução específica. Para os reformados, não existe esta limitação, uma vez que não descontam para a Segurança Social.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Vale da Rosa traz uva com sabor a “algodão doce”

O produtor de uvas português trouxe para Portugal – e para a Europa – uma uva que ainda não era produzida por cá. Chama-lhe uva "algodão doce", pelo sabor mais adocicado.

A Vale da Rosa, conhecida pelas uvas sem grainha que produz no Alentejo, decidiu trazer para as suas terras uma nova variedade: a uva com sabor a “algodão doce”, mais doce do que o normal. Para já, trata-se apenas de uma experiência, mas o fundador acredita que as uvas de sabor “são o futuro” e está assim prestes a estrear este produto em solo europeu.

“Já plantei, já arranquei, e já plantei e já arranquei”, afirma Henrique Silvestre, que gere o Vale da Rosa. É esta a dinâmica do seu “laboratório”, a parcela de terra onde experimenta novos tipos de uva. Há três anos, começou a plantar a variedade “algodão doce”, que só este agosto está pronta para ser colhida e distribuída pelas grandes superfícies. “É caso único na Europa“, garante, sublinhando o caráter inovador. A Herdade Vale da Rosa faturou cerca de 19,2 milhões de euros em 2022, últimos números disponíveis, um resultado operacional (EBITDA) de 2,1 milhões e um lucro de 1,2 milhões.

“Trabalhámos muito até chegar a estes cachos [de uva] ideais e ao sabor que o mercado irá gostar”, conta. Num hectare tem de momento 30.000 quilos, que serão colhidos entre agosto e setembro. “É uma produção ainda pequena”, considera. Investiu 120.000 euros neste novo ramo. Mas acredita que no mercado nacional exista procura suficiente para justificar uma expansão da área de produção até aos 10 hectares.

Uvas como estas estão a ser produzidas no Peru e a ser vendidas em Inglaterra “com sucesso”, como uvas premium, indica Silvestre. “Eu vou muito atrás de Inglaterra. Na minha visão, é o mercado que vai mais à frente”, complementa. Tem a expectativa de, na venda das uvas “algodão doce”, conseguir fixar um preço 20% acima das uvas convencionais.

Para já, o agricultor não vê que esta nova aposta possa pesar mais do que 5% no volume de negócios. Mas afirma que já tem canal aberto para vender em Inglaterra, a uma grande cadeia de supermercados. Também Alemanha, França e Dinamarca são mercados que já mostraram interesse em receber “grandes quantidades”.

Penso que é o futuro, as uvas com sabor“, defende Henrique Silvestre. Espera que tenha especial impacto entre as crianças, não só pela doçura mas também por não terem grainha.

O agricultor do Vale da Rosa conheceu esta variedade quando se dirigiu a uma feira norte-americana. A uva extra-doce foi desenvolvida na Califórnia, a partir de uma estirpe de uma produtora do Canadá que garantia que as suas uvas sabiam a frutos tropicais, conta o agricultor alentejano.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.