Mais quatro seguradoras moçambicanas multadas incluindo por gestão ruinosa

  • Lusa
  • 9 Maio 2024

O ISSM aplicou multas de dois milhões de meticais (30.000 euros) a mais quatro seguradoras no âmbito da ação de fiscalização, incluindo por "gestão ruinosa".

O Instituto de Supervisão de Seguros de Moçambique (ISSM) aplicou multas de dois milhões de meticais (30.000 euros) a mais quatro seguradoras no âmbito da ação de fiscalização, incluindo por “gestão ruinosa”.

De acordo com avisos publicados pelo regulador e consultados esta quarta-feira pela Lusa, cada instituição visada foi multada em 500 mil meticais (7.260 euros), por infrações detetadas “no âmbito da supervisão e fiscalização da atividade seguradora e respetiva mediação”, que se somam a outras quatro multas, às seguradoras Moçambique Companhia de Seguros SA, Diamond Companhia de Seguros e Imperial Insurance Moçambique SA, do mesmo valor e pelos mesmos motivos, divulgadas esta semana.

Desta vez foram multadas a Palma Companhia de Seguros SA, por “não ter constituído os ativos representativos das provisões técnicas” no exercício de 2022, o mesmo acontecendo com a Phoenix Companhia de Seguros SA e Arko Companhia de Seguros SA.

O regulador aplicou uma outra multa, no mesmo valor, à Imperial Insurance Moçambique SA “por prática de atos de intencional gestão ruinosa, que resultam em prejuízo para os tomadores, segurados, beneficiários das apólices de seguro, bem como provedores de saúde”, lê-se num dos avisos.

Dados do ISSM indicam que estão registadas em Moçambique 19 companhias de seguro, entre os setores vida e não vida.

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Range Rover oferece 175 euros do custo de seguro no Reino Unido

  • ECO Seguros
  • 9 Maio 2024

Enfrentando um problema, já resolvido, de elevado número de roubos devido a defeito da tecnologia Keyless, a marca tenta novo método para descansar os proprietários.

A Jaguar Land Rover Automotive está a oferecer-se, no Reino Unido, para pagar parte dos custos de seguro dos clientes para novos Range Rover, depois de uma série de roubos ter feito os prémios de seguros dispararem, deixando mesmo alguns proprietários incapazes de obter cobertura para os seus carros, diz notícia da Bloomberg.

A fabricante britânica pagará 150 libras (175 euros) por mês, até três anos, para a cobertura dos novos modelos Range Rover e Range Rover Sport registados de maio a setembro. A oferta, realizada através do serviço de seguros recentemente lançado pela marca, exclui os novos modelos Velar e Evoque e veículos com valor superior a 150.000 libras.

É a mais recente tentativa da JLR de atrair clientes preocupados com o aumento dos roubos desses SUV, que fez com que os prémios de seguro aumentassem e as coberturas fossem difíceis de obter em alguns casos.

Os Range Rovers foram alvo de criminosos, especialmente em Londres, devido ao seu valor e a defeitos na sua tecnologia sem chave, entretanto resolvidos.

Para enfrentar o problema, a JLC lançou sua própria oferta de seguros em outubro passado, após reclamações de clientes. Desde então, forneceu 37.500 cotações de seguros, disse a empresa.

Em fevereiro, continua a Bloomberg, o CEO da JLR, Adrian Mardell, disse que a empresa estava a ajudar a financiar a segurança policial nos portos britânicos para resolver o problema de carros roubados e enviados para o estrangeiro.

Mais de 150.000 veículos, fabricados a partir de 2018, receberam atualizações de segurança desde 2022, disse a JLR. E o facto é que, desde janeiro de 2022, apenas 0,2% dos novos Range Rover e novos Range Rover Sport foram roubados, disse a JLR, citando dados da Polícia britânica.

A empresa está a adotar uma “estratégia de ‘todas as frentes’ para enfrentar o impacto negativo que a criminalidade organizada está a ter sobre os clientes, os prémios de seguro e o próprio setor de seguros”, afirma Patrick McGillycuddy, diretor-gerente da JLR no Reino Unido.

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Lucros da Corticeira Amorim caem 32% para 16 milhões no primeiro trimestre

A empresa liderada por António Rios de Amorim apresentou também uma queda de 9,7% das receitas e uma queda homóloga de 8,8% do EBITDA consolidada.

A Corticeira Amorim teve um primeiro trimestre de fortes condicionantes operacionais. De acordo com um comunicado enviado esta quinta-feira à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), os lucros registaram uma queda homóloga de 32%, fixando-se nos 16,1 milhões de euros. Desde 2021 que a empresa liderada por António Rios de Amorim não fechava o primeiro trimestre com resultados tão baixos.

“Os primeiros três meses do ano foram afetados por condições de mercado desfavoráveis”, refere António Rios de Amorim, CEO da empresa. Sinal disso é também uma queda homóloga de 9,7% das receitas, “principalmente pela redução dos volumes de venda”, com a Corticeira Amorim a fechar os primeiros três meses de 2024 com receitas consolidadas de 234,7 milhões de euros.

Todas as unidades de Negócio registaram uma pressão sobre as vendas, exceto a Amorim Cork Composites, cujas vendas cresceram ligeiramente para 27,5 milhões de euros (+0,6% face ao período homólogo)”, refere a empresa em comunicado.

A mesma tendência de queda registou-se no plano dos resultados operacionais, com o EBITDA consolidado a fixar-se nos 43,7 milhões de euros no primeiro trimestre deste ano, menos 8,8% face aos 47,9 milhões de euros contabilizados no primeiro trimestre de 2023. “O consumo de matérias-primas cortiça adquiridas a preços mais elevados e os efeitos negativos da desalavancagem operacional foram determinantes para esta redução”, justifica a empresa.

“Perante os efeitos negativos da desalavancagem operacional, refletindo uma contração de volumes nos setores onde operamos, e do aumento de preços de consumo de cortiça, os nossos esforços concentraram-se em aumentar a eficiência industrial, melhorar o mix e ganhar quota de mercado”, refere António Rios de Amorim.

“Considerando o exigente contexto macroeconómico, a inexistência de sinais de recuperação da indústria de pavimentos e as atuais debilidades competitivas da Amorim Cork Flooring, foi decidido iniciar um processo de reestruturação desta unidade de negócio”, revela a Corticeira Amorim em comunicado enviado à CMVM.

Apesar destes números, a margem EBITDA melhorou 0,2 pontos percentuais para 18,6%, apesar da queda dos volumes e da subida dos preços de cortiça. “A Amorim Cork e a Amorim Cork Composites foram as unidades de negócio que se destacaram em termos de melhoria de rentabilidade no período, refletindo, entre outros, menores custos de matérias-primas não cortiça e melhores eficiências industriais”, destaca a empresa em comunicado.

Os resultados do primeiro trimestre da Corticeira Amorim ficam também marcados por uma redução de 1,7% da dívida remunerada líquida, que baixou de 240,8 milhões no final do ano passado para os atuais 236,7 milhões de euros, “apesar do acréscimo das necessidades de fundo de maneio (25,7 milhões de euros) e do aumento do investimento em ativo fixo (12,4 milhões de euros)”, destaca a empresa.

No comunicado enviado à CMVM, a empresa liderada por António Rios de Amorim revela também, confirmando o “ultimato” noticiado há duas semanas pelo ECO, que, no curto prazo, será implementado um plano de otimização industrial na Amorim Cork Flooring que, nos últimos anos, tem apresentado prejuízos que se agravaram entre janeiro e março deste ano.

“Considerando o exigente contexto macroeconómico, a inexistência de sinais de recuperação da indústria de pavimentos e as atuais debilidades competitivas da Amorim Cork Flooring, foi decidido iniciar um processo de reestruturação desta unidade de negócio que implica, numa primeira fase, o ajustamento da sua estrutura produtiva e de suporte à dimensão atual das vendas, de forma a reduzir as perdas operacionais e aumentar a eficiência pela otimização industrial”, explica a empresa.

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Caso CMEC/EDP. Ministério Público insiste, à revelia do juiz e do Supremo, usar mails como prova

Procuradores vão apenas pôr de lado 3.277 emails. Os restantes - centenas de milhares - vão ser usados, apesar da decisão do juiz de instrução que declarou a nulidade dessa prova.

Os magistrados do DCIAP responsáveis pelo processo CMEC/EDP vão mesmo usar como prova os emails que o juiz de instrução considerou nulos em abril.

No dia 18 de abril, o juiz de instrução Nuno Dias Costa decidiu que a principal prova recolhida no caso do processo EDP/CMEC não é válida, já que a apreensão de emails tinha de ser feita com autorização de um juiz de instrução e não meramente por iniciativa do MP, como aconteceu. Assim, ordenou a destruição de centenas de milhares de emails apreendidos na sede de EDP, em junho de 2017, relativos a comunicações entre Mexia e Manso Neto. Porém, segundo o que o ECO/Advocatus apurou, junto de fonte oficial do processo, Hugo Neto e Carlos Casimiro vão apenas pôr de lado 3.277 emails. Os restantes – centenas de milhares – vão ser usados.

Quinze dias depois, o mesmo juiz de instrução Nuno Dias Costa advertiu o Ministério Público de que a utilização de tais dados num despacho de acusação terá “consequências” não “só no processo na fase de instrução, mas também a nível ‘extraprocessual’”.

O juiz de instrução ordenou a destruição da totalidade dos emails apreendidos em junho de 2017 na sede da EDP, socorrendo-se da decisão do STJ de fixação de jurisprudência (ver abaixo). Ordenando “a destruição de qualquer cópia digital ou impressão que conste do processo relativa aos 3.277 emails que foram objeto do despacho judicial”, mas também a destruição de “qualquer cópia digital ou impressão que conste do processo relativa aos restantes emails apreendidos aquando da apreensão daqueles 3.277”.

O que dizia o acórdão do STJ, em outubro de 2023?

O STJ decidiu, em outubro de 2023, que a principal prova recolhida no caso do processo EDP/CMEC não era válida para o processo, já que a apreensão de e-mails tem de ser feita com autorização de um juiz de instrução e não meramente por iniciativa do MP, como aconteceu. Estas provas sustentavam uma eventual acusação pelo Ministério Público diziam respeito a emails trocados entre António Mexia, ex-presidente da EDP, e Manso Neto, antigo administrador da empresa.

Num acórdão de fixação de jurisprudência, por unanimidade, o STJ decideiu que o MP deveria ter pedido autorização ao juiz de instrução. Isto porque, após decisões contraditórias do Tribunal da Relação de Lisboa, a defesa de Mexia e Manso Neto, a cargo de João Medeiros e Rui da Costa Pereira, decidiram avançar para o STJ. Uma das decisões considerava os emails que se encontram armazenados num sistema informático só podem ser apreendidos com um despacho do juiz de instrução. Outra decisão sublinhava que só o juiz de instrução pode apreender os emails quando estes não tenham sido abertas pelo destinatário, podendo o MP apreender os mesmos.

Acusação adiada mais 60 dias. Prazo acaba em cima das férias judiciais

A 30 de abril, a acusação dos arguidos do caso EDP/CMEC foi adiada por mais dois meses (60 dias). A confirmação foi dada pelo gabinete da Procuradoria-Geral da República, que avançou ainda que o Ministério Publico vai reavaliar a prova. Os procuradores Carlos Casimiro e Hugo Neto solicitaram mais duas semanas de prazo para conseguirem terminar o despacho de encerramento de inquérito. E a PGR aceitou e deu mais dois meses para conclusão de um inquérito, que já dura há quase 12 anos e já teve mais de 20 pedidos de adiamento. Já a 15 de março, já o Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) pedia mais 50 dias para decidir se acusava os arguidos.

“Confirma-se que os magistrados titulares do processo em referência solicitaram a prorrogação do prazo para proferir despacho final de encerramento do inquérito. Tal pressupõe, além do mais, a reponderação do acervo probatório, à luz da jurisprudência fixada pelo Acórdão do STJ. Mais se esclarece que, na sequência do pedido formulado, foi concedida prorrogação do prazo por mais 60 dias“, segundo o comunicado de Lucília Gago.

O que é o processo dos CMEC?

Foi há quase 12 anos que se deu a abertura de inquérito deste processo. O foco da investigação centrava-se nas suspeitas de favorecimento do Governo, na altura de José Sócrates, à EDP.

O caso está relacionado com os CMEC (Custos para a Manutenção do Equilíbrio Contratual) e o eventual favorecimento da EDP, no qual Mexia e Manso Neto são suspeitos de corrupção e participação económica em negócio para a manutenção das rendas excessivas, no qual, segundo o Ministério Público, terão corrompido o ex-ministro da Economia Manuel Pinho e o ex-secretário de Estado da Energia Artur Trindade. Em causa estão benefícios de mais de 1,2 mil milhões de euros alegadamente concedidos por Manuel Pinho à EDP, entre outubro de 2006 e junho de 2012.

Mexia foi constituído arguido a 2 de junho de 2017, na sequência de buscas à EDP. Tal como Manso Neto, antigo administrador da elétrica, é suspeito de quatros crimes de corrupção ativa e de alegados subornos ao antigo ministro Manuel Pinho (Governo Sócrates), ao ex-diretor-geral da Energia Miguel Barreto e a João Conceição, antigo consultor de Pinho no Ministério da Economia e atual administrador da REN.

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Preço médio de aquisição de corretores sobe a 14,85 vezes o EBITDA

  • ECO Seguros
  • 9 Maio 2024

Relatório da MarshBerry indica uma subida dos preços verificada em 807 negócios de fusões e aquisições de corretoras e mediadoras ocorridas nos Estados Unidos em 2023.

Os preços no mercado de fusões e aquisições de corretagem nos Estados Unidos continuaram a subir em 2023, mesmo com dados macroeconómicos contrários, de acordo com um relatório divulgado esta segunda-feira pela MarshBerry Inc.

 

O potencial médio total do preço de compra para lucro máximo para todas as empresas aumentou 7,8%, para 14,85 vezes o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA), em comparação com o valor de 13,78 em 2022.

As avaliações para empresas de “plataforma”, de nicho e que envolvem uma transação de alto nível para um comprador, normalmente devido ao novo nicho geográfico, experiência, tamanho ou talento, são ainda mais elevadas. Os chamados negócios de “plataforma” foram negociados a 18,68 vezes o EBITDA, um aumento de 14,3% em relação aos 16,35 de 2022.

“Apesar deste período de quase dois anos de condições económicas abaixo das ideais, as avaliações dos corretores de seguros e empresas de plataforma médios estão em máximos históricos”, afirma o relatório.

Embora o número de negócios tenha caído ligeiramente no ano passado para 807, uma queda de 10,6% em relação a 2022, 2023 foi o terceiro ano mais ativo já registado e um ano sólido para fusões e aquisições de corretagem de seguros, ainda de acordo com o relatório.

O crescimento orgânico, embora ligeiro, permanece robusto, nota o relatório, à medida que os corretores continuam a beneficiar do aumento dos preços dos prémios.

O crescimento orgânico médio para corretores foi de 8,9% no último período de 12 meses encerrado em 30 de setembro de 2023, ligeiramente abaixo dos 9,3% do ano inteiro de 2022, diz a MarshBerry.

Os corretores cotados em bolsa tiveram uma média de crescimento orgânico de 11,2%, superando o crescimento de 9,7% em 2022 e o crescimento de 10,7% em 2021.

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Direções regionais de agricultura deveriam regressar “já hoje”, afirma a CAP

  • Lusa
  • 9 Maio 2024

O presidente da CAP diz que até ao final de dezembro de 2025, Portugal tem de executar cerca de 1.050 milhões de euros. "Tem de haver uma cadeia de comando", defende.

O presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) defendeu esta quinta-feira no parlamento que as direções regionais de agricultura deveriam regressar “já hoje” ou, o mais tardar, amanhã, destacando o papel deste organismo. “Quando deveria ser feito? [regresso das direções regionais de agricultura e pescas – DRAP] Já hoje, se possível. Se não, amanhã”, defendeu, o presidente da CAP, Álvaro Mendonça e Moura, em resposta aos deputados, na comissão parlamentar de Agricultura e Pescas.

O líder da CAP lembrou que, até ao final de dezembro de 2025, Portugal tem de executar cerca de 1.050 milhões de euros do Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC) e do Programa de Desenvolvimento Rural (PDR) 2020. Para a confederação, que destacou os atrasos na execução destas verbas, não vai ser possível cumprir o prazo em causa “sem uma cadeia de comando”, em particular, sem o regresso das DRAP.

Por melhor intencionado que seja o ministro [da Agricultura] e o Governo, não é possível. Tem de haver uma cadeia de comando. Não é possível aplicar este dinheiro, sem os controlos necessários”, sublinhou. Na anterior legislatura, o Governo (PS) decidiu passar as competências das direções regionais de agricultura para as Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR), decisão que foi contestada pelo setor.

No final da primeira ronda de intervenções, Mendonça e Moura disse ainda ter “obviamente muita esperança” de que seja possível um novo diálogo institucional entre os ministérios da Agricultura e do Ambiente, o que referiu não ter acontecido no passado. Para a confederação, o Estado deve ser um facilitador do investimento e não um inibidor.

“Nós, os agricultores, somos os mais interessados em proteger o ambiente, porque seremos os mais afetados se isso não for feito”, acrescentou. O antigo embaixador vincou também que a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) tem “que atuar na defesa inteligente do ambiente”, denunciado casos que, “contados à mesa do café, ninguém acreditaria”.

Apesar de não ter adiantado muitos detalhes a este respeito, Álvaro Mendonça e Moura sublinhou que, muitas vezes, o Estado que autoriza um determinado investimento por parte de um agricultor, é o mesmo que depois o impede de executar.

A CAP acusou ainda a comissão parlamentar de Agricultura de discutir “coisas que não têm interesse” para o setor, lamentando o silêncio em relação ao PEPAC, mas a presidente contrapôs. “Aprovou-se o PEPAC [Plano Estratégico da Política Agrícola Comum] e a comissão não disse uma palavra, mas perdem horas a discutir coisas que não têm interesse para a vida dos portugueses”, lamentou o secretário-geral da CAP.

Luís Mira, que respondia aos deputados da comissão parlamentar de Agricultura e Pescas, no final da segunda ronda de intervenções, lembrou ainda que recaem sobre a agricultura cerca de 1.200 taxas e que não são as confederações que podem reverter esta situação. “São os senhores que legislam e agradecia que nos ajudassem e legislassem para retirar estas taxas e taxinhas, que não fazem sentido”, vincou.

Luís Mira aproveitou também para criticar a excessiva burocracia que o Governo impõe aos agricultores, em cada campanha, para que recebam apoios, ressalvando ser necessário controlo na gestão das verbas. A confederação lembrou ainda que a atual campanha “está atrasada”, o que acarreta o risco de os pagamentos também não chegarem a horas.

No final da audiência, a presidente da Comissão de Agricultura e Pescas, Emília Cerqueira (PSD), defendeu que esta comissão trata de um conjunto de iniciativas, nas quais os deputados se reveem ou não, o que assinalou ser a “democracia a funcionar”. Em particular no que diz respeito ao PEPAC, Emília Cerqueira esclareceu que esta é uma matéria da competência do Governo e não das comissões parlamentares.

“Temos também de ter em conta que, fruto das circunstâncias [eleições], os trabalhos da comissão acontecem há cerca de três semanas. Acredito que todos temos interesse em criar os melhores diplomas, pelo bem da agricultura de Portugal”, concluiu.

 

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Um quarto dos CEO em Portugal duvida da viabilidade dos seus negócios a mais de 10 anos

80 empresários e gestores portugueses mostram-se mais otimistas para os seus negócios. Ainda assim, cerca de 25% duvida que o seu negócio sobreviva além de uma década, mostra o CEO Survey 2024 da PwC.

Os CEO portugueses estão mais otimistas para o negócio das suas empresas e para a evolução das receitas nos próximos três anos, conclui o último CEO Survey realizado pela PwC e que contou com o contributo de 80 líderes e empresários portugueses. Ainda assim, e apesar de estarem mais otimistas que os empresários a nível global, cerca de um quarto dos CEO duvida da viabilidade dos seus negócios após os próximos 10 anos. Este é o mote para o encontro promovido pela PwC em parceria com o ECO, que decorre esta sexta-feira em Lisboa e contará com a presença de Pedro Reis, ministro da Economia, e os gestores Isabel Vaz, José Theutónio e Pedro Leitão.

“Os CEO portugueses estão bastante confiantes quanto à sustentabilidade dos seus negócios, com 73% a indicarem que acreditam que estes permaneçam viáveis por um período superior a 10 anos – uma percentagem significativamente superior ao global (53%)”, aponta o relatório que será apresentado esta sexta-feira, no Palácio Sottomayor, em Lisboa, e que conta com a presença do ministro da Economia Pedro Reis, Isabel Vaz, CEO do Grupo Luz Saúde, José Theotónio, CEO do Grupo Pestana, e Pedro Leitão, CEO do Banco Montepio.

O inquérito mostra ainda que “apenas 25% dos inquiridos em Portugal não estão confiantes quanto ao futuro dos seus negócios, acreditando que estes apenas serão viáveis no decorrer dos próximos 10 anos“.

Num mundo em mudança, o relatório aborda a necessidade dos negócios se reinventarem para responderem a desafios como a sustentabilidade e a disrupção tecnológica, na forma da GenIA, de modo a garantirem que permanecem viáveis a longo prazo.

“A disrupção tecnológica, as alterações climáticas e outras megatendências globais em aceleração continuam a obrigar os CEO a adaptarem-se”, refere o relatório, realçando que “a maioria dos inquiridos pelo 27.º Global CEO Survey da PwC relatam ter tomado medidas para mudar a forma como captaram e criaram valor nos últimos cinco anos”.

Numa análise ao que poderá ser o futuro das suas empresas, os líderes em Portugal verifica-se uma “ligeira redução da preocupação quanto à viabilidade dos negócios, sendo que apenas 25% consideram que se o mantiverem inalterado este poderá não sobreviver à próxima década”. São os líderes que estão focados na sobrevivência das suas empresas que tendem a apresentar uma maior propensão para tomar medidas que permitam uma reinvenção dos seus modelos de negócio.

“Esta postura poderá explicar a confiança na continuidade, uma vez que se durante os próximos anos as empresas adaptarem de forma sólida os seus negócios, manter-se-ão competitivas por mais tempo”, explica o mesmo documento.

Mais previsões de receitas nos próximos três anos

Depois de um ano marcado pela subida das taxas de juro, inflação elevada, instabilidade geopolítica e contração da economia, grande parte dos CEO acredita que as receitas dos seus negócios irão aumentar tanto em 2024, como nos próximos 3 anos, conclui o relatório.

De acordo com o inquérito, 40% dos líderes vê as suas receitas a aumentar nos próximos 12 meses, enquanto 37% estima uma estabilização e outros 37% uma queda do volume de faturação. Já a três anos, 46% dos CEO aponta para uma melhoria das receitas, mais de metade (51%) uma estabilização, enquanto os restantes 49% preveem uma quebra.

Os próximos anos serão marcados pela adaptação das empresas a várias novas tendências, o que vai exigir dos líderes uma reinvenção tanto dos modelos de negócios como dos modelos operacionais. “A mudança de mentalidade e os desafios de gestão envolvidos são enormes. Para vencer, os líderes devem considerar uma gama mais ampla de iniciativas – e aplicá-las em combinação (por exemplo, investir em parcerias de serviços para fechar lacunas de capacidade no modelo operacional e acompanhar os avanços tecnológicos, o que, por sua vez, permite que a empresa se concentre no que faz de melhor)“, refere o CEO Survey.

“A boa notícia é que a recompensa por acertar também é enorme: as empresas vencedoras apresentam um desempenho, medido como o efeito combinado da margem de lucro e do crescimento da receita, ajustado pelo setor, 13 vezes superior ao dos seus pares”, conclui.

O relatório aponta ainda que “outra evidência da crescente necessidade de reinvenção é a pressão que os CEO esperam que seja exercida pelos vários fatores que influenciam a mudança dos modelos de negócio”, acrescentando que “nos últimos 5 anos as alterações tecnológicas foram as que tiveram maior impacto na capacidade de atração e criação de valor das empresas, tanto em Portugal como a nível mundial“.

“Quando olham para o médio prazo, os líderes mantêm esta opinião, e acreditam que a tecnologia continuará a ser fundamental para a sua competitividade. As alterações climáticas mantiveram a sua posição em terceiro lugar, apesar de terem um ligeiro acréscimo do número de CEO a considerá-lo relevante para o valor entregue pela empresa (de 40% para 48%).

Já as questões regulatórias, que nos últimos cinco anos desempenharam um papel crítico no impulsionamento de mudanças, agora são ultrapassadas pelas preferências dos clientes. “Para os próximos três, os CEO portugueses acreditam que existirá uma maior pressão das alterações nas preferências dos clientes”, remata o relatório.

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1.º Fórum Agricultura Sustentável: assista aqui

  • Capital Verde
  • 9 Maio 2024

É o primeiro grande evento dedicado à Agricultura Sustentável em Portugal e que se pretende que seja de recorrência anual.

O Ministro da Agricultura José Manuel Fernandes, o Vereador Nuno Russo e António Serrano, ex-Ministro da Agricultura e Professor Catedrático da Universidade de Évora, são alguns dos nomes fortes que marcaram presença no Fórum da Agricultura Sustentável.

O evento aconteceu na manhã de 14 de maio no CNEMA – Centro Nacional de Exposições e Mercados Agrícolas e foi exibido em direto aqui.

Este é o primeiro grande evento dedicado à Agricultura Sustentável em Portugal e que se pretende que seja de recorrência anual. O objetivo do Fórum da Agricultura Sustentável é debater, divulgar, amplificar e promover as boas práticas sustentáveis no setor agrícola, reforçando o reconhecimento, competência e compromisso social e ambiental do setor. Trata-se de uma iniciativa ECO / Capital Verde com o apoio institucional da Câmara Municipal de Santarém.

Programa:

09h30 – Sessão de Abertura
Chief Operating Officer ECO Diogo Agostinho
Margarida Oliveira, Diretora da Escola Superior Agrária de Santarém

09h45 – Políticas Públicas: Como o Estado pode potenciar a Agricultura Sustentável? E o seu financiamento?
Keynote Speaker: António Serrano, Ex-Ministro da Agricultura e Professor Catedrático da Universidade de Évora
Nuno Serra, Secretário-Geral CONFAGRI
Luís Mira, Secretário-Geral CAP
Cristina Melo Antunes, responsável de Negócio ESG e Green Finance, Santander Portugal

10h30 – Combinar a otimização de recursos com a produtividade das culturas
Gonçalo Santos Andrade, Presidente Portugal Fresh
Francisco Gomes da Silva, Diretor-Geral AGROGES
Abílio Pereira, Administrador Área Agrícola da Quinta da Lagoalva
José Palha, Presidente da Direção da Associação Nacional de Produtores de Proteaginosas, Oleaginosas e Cereais (ANPOC)

11h15 – Coffee-break

11h30 – Biotecnologia ao serviço da Sustentabilidade
Andreia Afonso, cofundadora da Deifil e diretora do departamento de ID e de produção in vitro
Diogo Palha, Executive Board Member e CFO EntoGreen
Tiago Costa, CEO Agricultural Business SOGEPOC​

12h15 – Estratégia Farm to Fork: Os desafios na transição dos fertilizantes
Pedro Sebastião, Sales Manager AsfertGlobal
Hartmut Nestler, Diretor Leal & Soares, SA (SIRO)
Cristina Cruz, Professora Universitária da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa

12h45 – Entrega de Certificados Olival Circular

13h15 – Sessão Encerramento
Diretor do ECO António Costa
Vereador da Câmara Municipal de Santarém Nuno Russo
Ministro da Agricultura José Manuel Fernandes

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Com aeroporto em Alcochete, não haverá dinheiro para “baixar impostos e construir hospitais”, diz promotor de Santarém

Carlos Brazão, líder do consórcio responsável pelo projeto de Santarém, apela a que custos das opções para novo aeroporto sejam avaliados pela UTAP e UTAO.

Carlos Brazão, que lidera o consórcio promotor do aeroporto em Santarém, deixou um apelo para que as unidades técnicas do Governo e do Parlamento façam “um levantamento completo dos custos” de cada projeto para a nova infraestrutura da área de Lisboa. Aponta um custo para Alcochete de 12 a 13 mil milhões, incluindo acessibilidades, que retiraria capacidade orçamental para aumentar funcionários públicos ou baixar impostos. Mesmo que Santarém não seja escolhido, projeto “vai continuar”.

“O nosso apelo é que seja pedida à UTAP (Unidade Técnica de Acompanhamento de Projetos) e à UTAO (Unidade Técnica de Apoio Orçamental) um levantamento completo dos custos globais de cada projeto para o Estado e contribuintes e não seja tomada uma decisão antes de se conhecer todos esses custos”, afirmou esta quinta-feira Carlos Brazão aos deputados da Comissão de Economia e Obras Públicas.

O responsável já tem, no entanto, um número. Entre a comparticipação para o novo aeroporto e as acessibilidades necessárias, a opção por Alcochete representará um encargo de “12 a 13 mil milhões de euros”, diz. O investimento terá de ser feito numa fase em que estará também a ser construída a Alta Velocidade ferroviária. “São 10 a 15 anos em que não conseguiríamos aumentar funcionários públicos, baixar impostos ou construir hospitais e centros de saúde e íamos-no-mos lembrar de Alcochete“, acrescentou.

O relatório final da Comissão Técnica Independente estima em 3.231 milhões o custo para construir um novo aeroporto no Campo de Tiro de Alcochete com uma só pista. A obra seria financiada através das taxas aeroportuárias. Os valores não incluem, no entanto acessibilidades. A Magellan 500 estima que Santarém custe entre 900 milhões e 1,4 mil milhões, também com uma pista. O relatório aponta para 3.485 milhões.

Para Carlos Brazão, a opção por Alcochete obriga a construir até 100 quilómetros novos de via férrea e 40 quilómetros de rodovia, além de duas pontes: a terceira travessia do Tejo e uma outra entre o Carregado e Benavente. O que contabiliza em “cinco a seis mil milhões de euros”. A terceira travessia faz parte do projeto de Alta Velocidade para Madrid.

O promotor do projeto de Santarém defendeu que esta opção não implica custos para o contribuinte, uma vez que pode aproveitar acessibilidades já construídas, como a A1 e a Linha do Norte. “Com a quadruplicação da Linha do Norte e da Linha de Cintura, já conseguimos meter quatro comboios rápidos para o aeroporto. É o que tem Gatwick [aeroporto em Londres]”, afirmou. “Este é um projeto pragmático. Tira proveito daquilo que já andámos a investir o tempo todo“, acrescentou.

Sublinhou também o facto de Santarém ser a única opção fora da área de concessão da ANA. Não é a mesma coisa fazer um aeroporto fora da concessão com novo promotor que terá depois os proveitos da exploração e querer meter o dinheiro do Estado dentro de uma concessão onde já foram vendidos os proveitos”, disse.

O Governo tem já firmada uma preferência por Alcochete, como avançou o ECO, em conjunto com o reforço da Portela. Mesmo que Santarém não venha a ser selecionado, Carlos Brazão garante que o projeto é para prosseguir: “Continuaremos a trabalhar com este projeto até dizerem para pararmos. Como os aeroportos estão liberalizados na União Europeia não nos podem dizer para parar. Vamos continuar“.

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PSD considera “louvável” pedido de demissão de Fernando Araújo. PS exige “explicações” sobre direção executiva

PSD diz ainda que "não foram apenas as políticas socialistas" que levaram aos "maus resultados" na saúde, mas "as políticas socialistas contaminadas pelas políticas bloquistas e comunistas".

O PSD considera que “nunca ninguém” colocou em causa “a competência” de Fernando Araújo e enaltece a “atitude louvável” do CEO da direção executiva do SNS ao pedir a demissão, para não ter de implementar “”programa em que não acredita”. O PS acusa o Governo de “retrocesso” e exige explicações sobre se “vai ou não extinguir a direção executiva”.

“Nunca ninguém colocou em causa a sua competência”, afirmou o deputado social-democrata Francisco Sousa Vieira sobre o diretor executivo da direção executiva demissionário, referindo que o seu pedido de demissão “foi uma atitude louvável”. Um gestor que tem que implementar um “programa em que não acredita deve colocar o seu lugar à disposição”, sustentou na Assembleia da República, durante o plenário desta quinta-feira sobre “O estado do Serviço Nacional de Saúde”, na sequência de um agendamento potestativo pedido pelo PSD.

Do lado do PS, João Paulo Correia acusa o Governo de ter “forçado” a demissão da direção executiva, defendendo que “liderava a maior reforma organizacional desde a criação do SNS”. “Isto é um retrocesso”, atirou o deputado. “O PSD tem condições para dizer hoje o que pretende fazer com a direção executiva do SNS? Vai extinguir ou não vai extinguir?“, questiona.

Também a anterior ministra do PS, Mariana Vieira da Silva, defendeu que “o país precisa de respostas claras” sobre se o Governo pretende “reverter a reforma das ULS elogiada pela maioria do setor”, bem como “continuar a aposta nos centro de responsabilidade integradas”, ambas levadas a cabo pela direção executiva do SNS. Por sua vez, André Ventura, líder do Chega, defendeu que a “Direção Executiva do SNS é para extinguir”.

O estado do Serviço Nacional de Saúde (SNS) é outro dos temas “quentes” a marcar o debate, com o PSD a acusar o anterior governo pelo “maus resultados” na Saúde. “Não foram apenas as políticas socialistas” que levaram à degradação do SNS “foram as políticas socialistas contaminadas pelas políticas bloquistas e comunistas”, sustentou Francisco Sousa Vieira, que sinaliza que “os portugueses confiaram na AD” para “dar paz” ao setor e “reconciliar o Governo com os profissionais” de saúde.

Ainda à direita, a Iniciativa Liberal (IL) defende que é preciso “ter uma visão estrutural do SNS” e aponta que aquilo que o Governo tem apresentado neste primeiro mês “é mais do mesmo” do que foi apresentado pelo anterior Executivo socialistas, ainda que “com ligeiras alterações”. Já o Chega diz que o Governo acusa o Governo de “andar de mão dada com o PS” e de “fazer remendos”, defendendo que Portugal precisa de “um real progresso e não de remendo ou maquilhagem política”.

Por sua vez, o PS começou por atacar o PSD por optar “por esconder a ministra da Saúde desde debate”, já que Ana Paula Martins não esteve presente, nem nenhum outro membro do Governo. Mariana Vieira da Silva considera “manifestamente exagerado” falar-se em “caos” no SNS, sublinhando que os Governos socialistas “começaram por resolver o problema crítico e crónico da suborçamentação” e lembrando que entre 2015 e 2024 o orçamento da saúde cresceu 72%. “Sem este reforço orçamental nada se fazia no SNS”, defendeu. Acusou ainda o PSD de ter “como único propósito servir a agenda de direita de servir os privados”.

Ainda à esquerda, o PCP diz que “o que se impõe é salvar o SNS” dado que é essa a única forma para garantir que “todos os utentes têm o direito à saúde”. Nesse sentido, Paula Santos, elencou como “prioritário” avançar com um conjunto de medidas, nomeadamente assegurar médico e enfermeiro de família para todos os utentes, garantir exames de menor complexidade em todos os centros de saúde e “investir na modernização” da área de diagnóstico e terapêutica.

Por sua vez, o Livre, em resposta à IL, recordou um estudo internacional que aborda “os efeitos da privatização nos cuidados de saúde” e conclui que “raramente têm efeito positivo” na qualidade dos cuidados de saúde prestados. “Na maioria dos casos pioram, ainda que permitam reduzir os custos”, indicou Paulo Muacho. Neste âmbito, na sessão de encerramento, Miguel Guimarães realçou que o setor privado é já o “maior prestador de cuidados de saúde em Portugal”, apesar de “o maior financiador ainda ser o SNS”. “O Estado pagou ao setor social e privado 8 mil milhões de euros”, o equivalente a cerca de metade do orçamento da saúde, acrescentou o antigo bastonário da Ordem dos Médicos e deputado do PSD.

Já Inês Sousa Real realçou a “trapalhada” e desorientação do Governo ao ter pedido um plano de resposta sazonal em saúde ao diretor executivo demissionário do SNS, quando este já estava feito e era da competência da Direção-geral da Saúde (DGS)”. Para o PAN, “o Governo começou mal”, apontando ainda para “a oportunidade perdida” de discutir propostas e lamentando que tenham “inviabilizado” as propostas do partido, nomeadamente sobre os dias de descanso dos enfermeiros.

Da esquerda à direita, os partidos questionaram ainda o partido do Governo sobre o ponto de situação sobre o prometido plano de emergência para o SNS, lembrando que “o relógio está a contar” e que “já passaram 30 dias”, isto é, metade do prazo previsto pelo Executivo para apresentar o plano. “A pergunta que interessa não é quando vai chegar, [mas] é para que é que precisamos de um plano de emergência”, ripostou Miguel Santos. Vai ser apresentado “muito em breve”, acrescentou Francisco Sousa Vieira.

(Notícia atualizada com mais informação às 17h40)

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Alexandra Leitão acusa Governo de “jogada de antecipação”. “Governamos mesmo a partir do Governo”

Líder parlamentar do PS "regista com apreço" aumento do CSI anunciado por Montenegro, mas relembra que a medida tem por base outra do PS. "Afinal, Governo aprova por decreto as medidas do PS", diz.

A líder parlamentar do PS “registou com apreço” a decisão do Governo de aumentar o Complemento Solidário para Idosos (CSI) em 50 euros em junho para 600 euros, tal como foi anunciado esta quinta-feira, em Conselho de Ministros. No entanto, Alexandra Leitão alertou que a medida não constava no programa do Governo. Na verdade, diz a socialista, a medida tem por base uma proposta do PS que visava excluir o rendimento dos filhos como condição de acesso ao complemento, e que estava prevista ser debatida no hemiciclo no final do mês. Mas tal já não deverá acontecer uma vez que o Governo aprovou por decreto que os rendimentos dos filhos deixam de contar para aceder ao CSI. A líder parlamentar acusa Montenegro de fazer uma “jogada de antecipação”.

“Registamos com apreço que a tenham adotado uma medida que consideramos importante. É boa para as pessoas, e tínhamos no nosso programa eleitoral”, começou por afirmar a deputada esta quinta-feira em declarações aos jornalistas, nos Passos Perdidos, dando nota de que o PS já tinha proposto debater a exclusão do rendimento dos filhos para o acesso ao complemento no Parlamento, no próximo dia 24 de maio. “[Foi uma] “jogada de antecipação”, acusou.

Confrontado com esta acusação, Hugo Soares rejeitou ter conhecimento que o PS tinha submetido a proposta para debate no final do mês, argumentando “ninguém sabia que esse era o tema do debate” que os socialistas queriam “fazer no final do mês”. “Ainda não tenho o dom da adivinhação“, respondeu aos jornalistas, nos Passos Perdidos.

Recordando que o fim da inclusão dos rendimentos dos filhos como condição de acesso ao complemento era uma das cinco medidas que foram apresentadas por Pedro Nuno Santos, em abril, Alexandra Leitão aproveitou o momento para salientar que o PS já conseguiu aprovar outras duas das prioridades propostas pelo partido sem a ajuda do Governo, desde o início da legislatura: a eliminação das ex-SCUTS e aumento progressivo das deduções das rendas em sede de IRS.

“Afinal o Governo aprova por decreto as medidas do PS”, ironizou Alexandra Leitão. “O Governo não se pode queixar que o PS tenta governar através do Parlamento. O PS governa mesmo a partir do Governo”, atirou a líder parlamentar da bancada socialista.

Sobre o tema, Hugo Soares acusa o PS de “dar colo ao Chega”, recordando que a aprovação das duas primeiras medidas, à semelhança do que aconteceu com a proposta dos socialistas do IRS, só foi possível com apoio do partido de André Ventura.

Esta quinta-feira, o Governo deu os primeiros passos para concretizar a subida de CSI para 820 euros, até ao final da legislatura. De acordo com o primeiro-ministro, o Complemento Solidário para Idosos sobe já em junho para 600 euros, um aumento de 50 euros face à prestação atual de 550,67 euros.

O Executivo avançou ainda com a eliminação dos rendimentos dos filhos para determinar se o pensionista tem direito ou não a este apoio, uma medida, aliás, que constava do programa eleitoral do PS.

Notícia atualizada às 18h11

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Portugueses “não podem olhar para as Forças Armadas como despesa”, diz ministro

  • Lusa
  • 9 Maio 2024

"Ninguém deseja a guerra mas havendo guerra pelo menos que seja enfrentada com a melhor tecnologia", sustentou o ministro da Defesa, Nuno Melo.

O ministro da Defesa defendeu esta quinta-feira que os portugueses “não podem olhar para as Forças Armadas como despesa” mas sim como uma carreira atrativa que pode ser “geradora de bens e serviços”, através de uma indústria militar “altamente rentável”.

“As pessoas não podem olhar para as Forças Armadas como despesa, mas como uma carreira atrativa que pode também ser geradora de bens e serviços através de investimentos que são rentáveis”, defendeu Nuno Melo, que intervinha na conferência “Europa, que futuro?”, que integra o ciclo de “Conferências da RTP/ Sociedade Civil” e decorre hoje no Centro Cultural de Belém, assinalando o Dia da Europa.

O ministro da Defesa Nacional falava num painel no qual também participaram o Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas (CEMGFA), general Nunes da Fonseca, a diretora do Instituto Português de Relações Internacionais da Universidade Nova de Lisboa (IPRI) e ex-secretária de Estado da Defesa, Ana Santos Pinto, e o fundador da tecnológica Tekever, Ricardo Mendes.

Nuno Melo sublinhou que “a indústria militar pode ser altamente rentável” e disse que esse setor é uma das prioridades do executivo minoritário PSD/CDS-PP.Ninguém deseja a guerra mas havendo guerra pelo menos que seja enfrentada com a melhor tecnologia”, sustentou o ministro, que também apontou que a inovação no âmbito militar também pode ser utilizada em cenários de paz.

Nuno Melo salientou que falar em indústrias de Defesa é “seguramente falar em satélites, drones e munições mas também do têxtil, do vestuário e calçado”, lembrando que as Forças Armadas utilizam fardas feitas de tecidos desenvolvidos num centro tecnológico em Vila Nova de Famailicão (CITEVE).

“[Este centro] desenvolve materiais, faz testes a propósito da resistência e do comportamento em diferentes cenários. E nisso nós somos muito bons. Portugal pode liderar coligações naquilo que façamos melhor do que os outros”, afirmou. Logo no início do painel, o ministro da Defesa foi questionado sobre se estava disposto a morrer pela pátria: “Morria, sem grande hesitação, é suposto”, respondeu.

Já sobre se enviaria os seus filhos para a guerra, Nuno Melo afirmou que “faria tudo” para que tal não acontecesse, “mas tendo em conta que normalmente essa opção é tida na idade adulta a opção seria necessariamente individual”. “Eu acho que nenhum pai gostaria de ver um filho na guerra. Sendo ministro farei tudo o que poderei fazer à nossa escala para que não tenhamos que viver essa tragédia que muitos dos nossos pais e avós infelizmente tiveram que viver”, afirmou.

Neste debate, a ex-secretária de Estado da Defesa Ana Santos Pinto considerou que a dimensão da indústria militar ou de Defesa “será provavelmente aquela que nos próximos cinco anos do mandato do Parlamento Europeu conhecerá desenvolvimentos muito significativos”.

A diretora do IPRI salientou que, à semelhança do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), “o que acontece em termos de carência de financiamento para a Defesa é transversal aos 27 estados-membros e foi por isso que a Comissão chamou a si a componente das indústrias de Defesa” e quer transferir “tudo o que seja possível para a lógica do mercado único”.

“E eu creio que Portugal tem que se preparar para isto antes alguém nos deixe o espaço vazio. Ou seja, nós temos que antecipadamente identificar onde queremos estar e perceber que há dois critérios: comprar europeu e comprar em conjunto com outros Estados. Estes vão ser os critérios do financiamento, e se nós não escolhermos alguém vai escolher por nós”, alertou.

Já Ricardo Mendes, fundador da tecnológica Tekever, apontou que nas guerras da atualidade existem instrumentos muito mais económicos que eliminam equipamentos que “valem biliões” e salientou que nos últimos dois anos, na guerra da Ucrânia, apelidada por vezes como “guerra dos drones”, a tecnologia já avançou bastante e passou “por fases diferentes”.

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