Helicóptero com Presidente iraniano despenha-se

  • Lusa
  • 17:09

Um helicóptero que transportava o Presidente iraniano, Ebrahim Raisi, esteve envolvido num acidente no norte do país, segundo a imprensa local, que refere que o aparelho se terá despenhado.

Um helicóptero que transportava o Presidente iraniano, Ebrahim Raisi, esteve envolvido este domingo num acidente no norte do país, segundo a imprensa local, que refere que o aparelho se terá despenhado, mas não há informações credíveis sobre o estado de saúde dos envolvidos no acidente. “Segundo informações não confirmadas, o helicóptero que transportava o Presidente (…) despenhou-se na província do Azerbaijão Oriental“, afirmou a televisão estatal, acrescentando decorrem operações para o localizar em condições meteorológicas adversas, com o registo de chuvas fortes e algum vento.

Citada pelas agências noticiosas internacionais, a televisão estatal avançou que o incidente ocorreu perto de Jolfa, uma cidade na fronteira com o Azerbaijão, cerca de 600 quilómetros a noroeste da capital iraniana, Teerão. Raisi tinha estado no Azerbaijão no início de domingo para inaugurar uma barragem com o homólogo azeri, Ilham Aliyev, naquela que é a terceira barragem construída pelos dois países no rio Aras.

O Irão possui uma variedade de helicópteros no país, mas as sanções internacionais dificultam a obtenção de peças para os mesmos. A sua frota aérea militar também remonta, em grande parte, ao período anterior à Revolução Islâmica de 1979.

Raisi, de 63 anos, é um homem de linha dura que anteriormente dirigiu o poder judicial do país e é caracterizado como um protegido e possível sucessor do líder supremo do Irão, o aiatola Ali Khamenei. Raisi venceu as eleições presidenciais iranianas de 2021, uma votação que registou a taxa de participação mais baixa da história da República Islâmica.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Graves ou caricatas, fraudes e irregularidades com fundos da UE

Portugal é um bom aluno na utilização dos fundos comunitários. A par da Suécia, foi o único país que teve um contrato de confiança com Bruxelas. Mas há sempre casos condenáveis.

  • Este artigo integra a quinta edição do ECO magazine, que pode comprar aqui.

A “Operação Maestro” é o mais recente caso suspeito de fraude com fundos europeus. O Ministério Público (MP) está a investigar, há seis anos, Manuel Serrão e várias pessoas com quem se relaciona, pessoal e profissionalmente, por uma alegada fraude que terá lesado o Estado português em 39 milhões de euros por apropriação indevida de fundos europeus através de faturas falsas e despesas inflacionadas.

A comprovar-se não será caso único, ainda que Portugal tenha um dos melhores registos a nível europeu em termos de fraudes. A comissária europeia, Elisa Ferreira, não se cansa de sublinhar que Portugal tem “um desempenho que, globalmente, é positivo”, sendo exemplo de várias “boas práticas, de reforço de capacidade administrativa e de cultura antifraude que merecem ser lembradas”.

No período de programação 2007-2013 (QREN), foram reportados 2.709 casos suspeitos de irregularidades ou fraude na utilização de fundos europeus. Mas, até agora há apenas dois casos de fraude comprovada, envolvendo 200 mil euros de apoios agrícolas, segundo o estudo do Think Tank | Risco de Fraude, Recursos Financeiros da União Europeia, criado em 2021, pela Procuradoria-Geral da República. E no Portugal 2020 (2014-2020) há 1.320 casos suspeitos e nenhum comprovado. Mas, “a fraude ocorre de forma escamoteada e escondida e os números de fraude reportada não correspondem à fraude real”, lembra a procuradora Ana Carla Almeida.

Basta um minuto para recordar casos como o das golas anti-fumo, que levou à demissão do ex-secretário de Estado da Proteção Civil, o socialista José Artur Neves, por suspeitas de fraude que terão lesado o Estado em 364.900 euros. A “Operação Chave Mestra” que investiga um desvio de 2,5 milhões de euros, no âmbito de 21 projetos do QREN e do Modcom. Ou ainda a “Operação Rota Final”, na qual o ex-eurodeputado social-democrata, Álvaro Amaro, é arguido num alegado esquema fraudulento de viciação de procedimentos de contratação pública em 18 municípios, entre os quais a Câmara da Guarda, centrada no Grupo Transdev. Todos casos cujo desfecho ainda não é conhecido.

Mas há muitos casos graves e caricatos de fraudes ou irregularidades com fundos europeus. Aqui ficam alguns.

Caso AIMinho

É talvez o que mais semelhanças tem com a “Operação Maestro”. Há 120 arguidos (pessoas e empresas), incluindo o antigo presidente da associação, António Marques, a serem julgados por associação criminosa, fraude na obtenção de subsídios, burla qualificada, branqueamento, falsificação e fraude fiscal qualificada, crimes cometidos entre 2008 e 2013. A fraude terá atingido 9,7 milhões de euros do Fundo Social Europeu (FSE). Foram investigadas 109 operações distintas cofinanciadas por fundos europeus e pelo Orçamento do Estado. A AIminho foi alvo de um processo de execução fiscal para a devolução do dinheiro obtido ilegalmente.

Caso UGT

É considerado um dos casos mais graves e delicados pela sua dimensão política e financeira. Levou cerca de 30 anos a ficar resolvido e levou ao banco dos réus três antigos dirigentes da central sindical: Torres Couto, João Proença e Rui Oliveira e Costa. Depois dos alertas da Comissão Europeia, o MP investigou e deduziu acusação contra 36 arguidos por fraude na obtenção de subsídio para formação profissional (financiada pelo FSE), num valor superior a 358 mil contos (1,8 milhões de euros). Todos foram absolvidos por falta de provas. Mas a Comissão Europeia exigiu a devolução das verbas. Assim, desde 2017, e ao longo de 25 anos, a UGT pagará 7.500 euros por mês até saldar a dívida.

Reforma do parcelário

Portugal não fez a revisão do parcelário das ajudas a tempo o que levou a um desvio de 3,6% nas áreas elegíveis. Bruxelas exigiu a Portugal a demolição de 143,4 milhões de euros de pagamentos irregulares aos agricultores entre 2009, 2010 e 2011. Depois de muitas negociações, e de uma revisão “à pressa” do parcelário com recurso à fotografia aérea, Portugal conseguiu que a Comissão perdoasse a multa e libertasse os 600 milhões de euros que, entretanto, reteve destinados aos pagamentos aos agricultores nesse ano.

Túnel do Rossio

Nas obras do túnel do Rossio, houve um alerta de risco de aluimento. Dado o risco da situação, a Refer foi autorizada pelo Governo a contratar, por ajuste direto, os trabalhos, prestações de serviços e fornecimentos para se proceder às obras do túnel ferroviário do Rossio, por se tratar de um imprevisto — uma deficiência estrutural numa extensão de 40 metros. Um ano depois, a obra sequer tinha começado. A empreitada só foi adjudicada em julho de 2005 e previa-se que ficasse concluída no final de agosto, princípio de setembro de 2006. A Refer teve de devolver os apoios.

Remodelação hoteleira

Não foi uma fraude, mas uma irregularidade em termos de despesas apoiadas. Remonta ao início de 2014 e foi tratado com a máxima descrição. A construção de hotéis novos ou a remodelação de unidades já existentes sempre que tivessem apoios superiores a cinco milhões de euros tinham de seguir as regras da contratação pública. Mas isso não aconteceu em múltiplos casos. Em causa estavam 82 milhões de euros. A IGF obrigou à elaboração de um plano e o Compete teve de verificar, nos vários casos, se as regras da concorrência foram cumpridas e se houve prejuízo público. O Turismo de Portugal teve de responder financeiramente por 70 milhões, dos apoios pagos. Os restantes 12 milhões foram responsabilidade das empresas.

Caso do Matadouro

O Matador da Guarda foi totalmente realizado financeiramente, a despesa paga na totalidade, mas nunca passou de algumas fundações e paredes. O caso terminou com a prisão do então presidente da Câmara de Braga, Abílio Curto, “o autarca modelo do PS”, como era conhecido. Foi condenado, a 8 de novembro de 2002, a três anos e seis meses, pelo crime de fraude na obtenção de subsídio, mas a pena foi reduzida. Com ele só foi condenado mais um dos quatro arguidos, o fiscal da obra. Foram obrigados a devolver 625 mil e 455 mil euros, respetivamente, de projeto que custou um milhão de contos (cinco milhões de euros). Abílio Curto tinha sido eleito em 1976 presidente da Câmara da Guarda e exerceu o cargo ininterruptamente até dezembro de 1995, data em que foi detido e suspenso de funções.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Melo antecipa para “breve” aumento salarial dos militares

  • Lusa
  • 16:50

O ministro da Defesa Nacional revelou que a "valorização salarial e justa" dos militares portugueses e "mais alguma justiça" para os antigos combatentes, será concretizada brevemente.

O ministro da Defesa Nacional anunciou que a “valorização salarial e justa” dos militares portugueses e “mais alguma justiça” para os antigos combatentes, será concretizada brevemente, assumindo que a sua prioridade são as pessoas. “A minha prioridade enquanto ministro da Defesa está nas pessoas, nos antigos combatentes e nos militares do presente a pensar no futuro”, disse Nuno Melo, que falava em Aveiro durante a cerimónia militar que marca o encerramento das comemorações do Dia da Marinha 2024.

Perante uma plateia de milhares de pessoas que assistiram à cerimónia, o ministro disse que no conselho superior militar, que decorreu recentemente, foi dado o primeiro passo para “a valorização salarial e justa dos militares portugueses assente no principio de equiparação com outras dimensões de soberania a concretizar com a maior brevidade possível”. O governante também espera que com a maior brevidade possível seja dada “mais alguma justiça que é obrigatória, mas a possível, aos antigos combatentes“.

Nuno Melo assumiu ainda que a defesa nacional é uma prioridade para este Governo, assegurando que, apesar dos constrangimentos orçamentais, irá procurar dar resposta aos desafios que se colocam. “Quero assegurar-lhes que, com respeito pelas possibilidades orçamentais, procuraremos as respostas possíveis que permitam a dignificação das forças armadas, a valorização dos antigos combatentes, a atualização dos incentivos ao recrutamento e retenção dos militares, a capacitação produtiva e tecnológica da indústria e a modernização e adequação dos equipamentos e das instalações”, disse.

Na mesma cerimónia, o Chefe do Estado-Maior da Armada, Gouveia e Melo, disse ter conhecimento do “árduo trabalho” que o Governo está a realizar para encontrar “a situação retributiva que corresponda ao justo equilíbrio entre a disponibilidade, as competências e as exigências da condição militar de quem serve no mar”.

O almirante Gouveia e Melo fez ainda um balanço dos três anos do seu comando, que está a chegar ao fim, assinalando que foram implementadas “muitas alterações na área do pessoal, do material, das finanças e nas operações para capacitar a Marinha para este século“.

“Foram três anos a transformar a Marinha”, disse Gouveia e Melo, destacando o investimento feito para renovar a esquadra com 17 novos navios, que vão tornar a Marinha portuguesa “verdadeiramente significativa” para ser “os agentes do Estado no mar”.

No entanto, o almirante avisou que, para manter a sua operacionalidade, a Marinha necessita que se encontre uma solução a curto prazo que “resolva as limitações do arsenal do Alfeite SA criadas na manutenção da esquadra”. “Nós estamos prontos para fazer todos os esforços necessários para que essa solução seja implementada rapidamente“, disse.

No seu discurso, Gouveia e Melo referiu ainda que em 2023, os navios da Marinha portuguesa estiveram 4.946 dias empenhados em missão e percorreram o equivalente a cerca de 11 voltas ao mundo, um valor que o almirante considerou ser excecional para “uma Marinha da (…) dimensão” de Portugal.

A cerimónia incluiu o desfile das forças em parada, com a presença de mais de 500 militares, e a demonstração naval com a simulação diversas ações que levaram ao Cais da Fonte Nova milhares de pessoas.

O Dia da Marinha é uma iniciativa nacional que este ano decorreu em Aveiro integrada no programa de Aveiro Capital Nacional da Cultura 2024.

O programa contou com um conjunto de atividades ao longo de vários dias, incluindo demonstrações de táticas militares ou de ‘drones’ e visitas ao Navio-Escola Sagres, que, pela primeira vez nos seus 87 anos de existência, está atracado no Cais do Sal.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Zero diz que aumento da capacidade do aeroporto é risco grave e inaceitável para Lisboa

  • Lusa
  • 13:28

A Zero considera que o aumento da capacidade do aeroporto Humberto Delgado representa um grave e inaceitável risco para a cidade de Lisboa e que o aumento de capacidade é irrealizável.

A Zero considera que o aumento da capacidade do aeroporto Humberto Delgado representa um grave e inaceitável risco para a cidade de Lisboa e que o aumento de capacidade do mesmo é irrealizável pelos enormes impactos. Num comunicado divulgado este domingo, a Zero afirma que está frontalmente contra um aumento de capacidade do aeroporto Humberto Delgado, anunciado pelo Governo, porque se traduz num aumento de movimento de aviões, ruído, poluição atmosférica e risco de acidente aéreo na cidade de Lisboa.

A associação sublinha que o aumento de capacidade do aeroporto de Lisboa, que não foi previsto nas recomendações da Comissão Técnica Independente (CTI) sobre o novo aeroporto, vai muito mais longe ao propor uma subida da capacidade do aeroporto de 38 movimentos por hora para 45, “que faria agravar o flagelo a que muitos cidadãos de Lisboa são diariamente, dia e noite, expostos devido ao sobrevoo intenso de aviões na cidade”,

O que se exige a todos os atores responsáveis é que se empenhem e produzam todos os esforços no sentido de concretizar no mais curto espaço de tempo possível um processo de licenciamento ambiental credível e a construção da nova infraestrutura aeroportuária que permita a desativação do atual aeroporto de Lisboa“, adianta.

A Zero também denuncia “o que considera ser uma tentativa de evitar a necessidade de Avaliação de Impacte Ambiental à expansão do aeroporto, ao anunciar-se o aumento da sua capacidade em 18,4%, valor inferior a 20% que, de acordo com legislação, espoleta a necessidade de fazer cumprir esse instrumento“. Mas a associação defende que “é absolutamente inequívoca a necessidade de Avaliação de Impacte Ambiental de qualquer obra no Humberto Delgado, independentemente do valor de aumento de capacidade ou mesmo se existe — para além de que seria uma falta de lisura para com os cidadãos de Lisboa não a efectuar”.

A associação refere ainda que considera o anúncio do Governo de aumentar a capacidade do aeroporto é precipitado porque devido à “envergadura dos prejuízos envolvidos, a ZERO crê que qualquer pedido de licenciamento de aumento de capacidade será indeferido pelas autoridades ambientais”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Primeiro-ministro garante que saúde familiar será “um dos eixos” do programa de emergência

O primeiro-ministro, Luís Montenegro, garantiu que a saúde familiar será "um dos eixos" do programa de emergência para o setor que o Governo prevê apresentar em junho.

O primeiro-ministro, Luís Montenegro, garantiu que a saúde familiar será “um dos eixos” do programa de emergência para o setor que o Governo prevê apresentar em junho. “Cuidar com proximidade e confiança. No Dia Mundial do Médico de Família realço que a saúde familiar será um dos eixos do nosso programa de emergência. Vamos valorizar os profissionais de saúde e com eles dar respostas aos cidadãos“, lê-se numa mensagem publicada na conta oficial de Luís Montenegro na rede social ‘X’ (antigo Twitter).

Na quarta-feira, no debate quinzenal com o primeiro-ministro na Assembleia da República, o chefe do executivo afirmou que o programa de emergência para a saúde seria apresentado dentro de duas semanas, com especial foco na recuperação de cirurgias, na obstetrícia e nas respostas no âmbito da medicina familiar. “No máximo, dentro de duas semanas, o país vai conhecer o programa de emergência que temos para a saúde. Vai ter incidências na recuperação dos tempos de espera para cirurgias, em particular as mais problemáticas — por exemplo, as oncológicas. Vai ter foco especial na obstetrícia e um plano de resposta de medicina familiar para cerca de 1,5 milhões de portugueses sem médico de família“, especificou.

Luís Montenegro, no entanto, advertiu que o programa será de emergência e “não a transformação estrutural que o Governo tenciona fazer na saúde” até ao final da legislatura, libertando-a de complexos de ordem ideológica.

O grupo de 13 pessoas que está a preparar este plano é coordenado pelo antigo presidente do Infarmed Eurico Castro Alves, licenciado em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto e doutorado em Medicina pelo ICBAS – Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar.

Além de Eurico Castro Alves, integram o grupo, entre outros, Alberto Caldas Afonso, pediatra e diretor do Centro Materno-Infantil do Norte; António Marques, professor catedrático e anestesiologista que foi responsável pela Comissão de Gestão do Plano do Ministério da Saúde para a Jornada Mundial da Juventude; Catarina Baptista, administradora hospitalar que foi vogal da anterior administração liderada por Ana Paula Martins à frente do Hospital de Santa Maria, e João Gouveia, diretor do serviço de Urgência Central da ULS de Santa Maria.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Brasil vai reabrir consulado geral em Angola

O embaixador brasileiro em Angola nega a existência de casos de corrupção ligados à emissão de vistos e anunciou "para breve" a reabertura de um consulado geral para atender "a explosão" de pedidos.

O embaixador brasileiro em Angola nega a existência de casos de corrupção ligados à emissão de vistos e anunciou “para breve” a reabertura de um consulado geral para atender “a explosão” de pedidos, que quintuplicaram num ano. Em entrevista à Lusa, Rafael Vidal nota que o problema se tem vindo a avolumar desde o fim da pandemia, com o aumento do número de angolanos que querem viajar para o Brasil, o que fez com que a procura de vistos passasse de uma média anual de cinco mil vistos para os atuais 25 mil a 30 mil pedidos, quase 700% mais do que em 2022.

Muitos requerentes queixam-se de excesso de burocracia e da demora, que leva a recorrer a intermediários, mas Rafael Vidal considera que não se trata de um problema da embaixada, já que “é impossível os recursos humanos e físicos crescerem no mesmo ritmo” da procura.

Atualmente, a embaixada do Brasil dispõe de serviços consulares, mas o diplomata admite que a reabertura de novo consulado geral, já anunciado pelo Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, se possa concretizar ainda este ano.

Rafael Vidal adianta que foram implementadas medidas para facilitar a fluidez dos requerimentos, tendo sido estabelecidos limites diários para atender os requentes e evitar que os passaportes fiquem retidos. “Chegámos a ter 14 mil“, indica, acrescentando que todos foram já entregues e que para evitar a retenção dos passaportes o agendamento passou a ser a “porta de entrada” dos requentes, sendo atendidos cerca de 50 por dia.

Embora admita que os agendamentos continuam demorados, Rafael Vidal refere que a culpa não é da embaixada, mas sim da “explosão da demanda [procura] de vistos para o Brasil”.

Outros países que poderiam ser destino, como EUA e Portugal, por exemplo, não têm a mesma facilidade da emissão de vistos.

Rafael Vidal, embaixador do Brasil em Angola.

Segundo o diplomata, o país tem vindo a ser cada vez mais procurado na medida em que dá resposta às necessidades de saúde, educação, trabalho e melhoria das condições de vida, mas também porque “o resto do mundo fecha as portas”. “Outros países que poderiam ser destino, como EUA e Portugal, por exemplo, não têm a mesma facilidade da emissão de vistos“, frisou, destacando que para um visto de turismo (concedido por dois anos) apenas se exige comprovativos de rendimentos e documentos válidos. A principal tipologia de vistos que tem sido requerida é precisamente a de turista (90%), seguindo-se a de estudante.

Questionado sobre as reclamações relativas a pagamentos para fazer o agendamento e esquemas de corrupção, recentemente denunciados pela organização não-governamental angolana Omunga, Rafael Vidal desmentiu as denúncias. “Em relação à embaixada não existe pagamento extra, a embaixada está blindada. Agora na rua não sabemos o que acontece, pode acontecer que os famosos ‘mixeiros’ enganem os incautos e ofereçam serviços a troco de dinheiro para agilizar vistos, é possível que intermediários, agências de viagem o façam, nisso nós não temos como atuar“, diz.

O embaixador considera “muito irresponsável” o uso da palavra corrupção a propósito destes casos, por considerar que esse conceito refere-se ao envolvimento de agentes do Estado. “E nós não temos agentes do Estado a oferecer agilização de serviços. Quem oferece são os famosos ‘mixeiros’ que cobram dinheiro com promessa de conseguir visto mais rápido”, insiste o diplomata, que alerta para o facto de muitos intermediários apresentarem documentos falsificados que levam à recusa dos vistos, sendo os utentes “ludibriados”.

Cerca de 60% dos pedidos de vistos não são aprovados, e entre estes perto de 80% não são concedidos por inconformidade nos documentos, enquanto os restantes são recusados por estarem ligados a irregularidades graves como falsificação ou fraude, que impedem pedidos de um novo visto por cinco anos.

Quanto a “outras insinuações”, devem ser apresentadas provas, vincou Rafael Vidal, referindo que a embaixada mantém um canal aberto para agilizar casos urgentes, seja por problemas de saúde ou para participação em encontros no Brasil que sejam considerados importantes, como foi o caso da Omunga, cujo agendamento foi solicitado com urgência.

Na semana passada, a Omunga denunciou a existência de alegados esquemas de corrupção e tráfico de influência para obtenção de vistos na Embaixada do Brasil em Luanda, após o seu diretor executivo, João Malavindele, não ter conseguido embarcar para o país sul-americano para participar na reunião da Rede da Lusofonia de Combate à Corrupção (RedGov). “O senhor Malavindele (diretor executivo da Omunga) ficou esperando ser contactado pela embaixada e nós não podemos contactar milhares de cidadãos (…) no caso dele, felizmente, atendemos o agendamento e ele não pagou nada”, afirma o diplomata, sugerindo uma falha de comunicação.

Brasil investe 20 mil milhões em Angola nas duas últimas décadas

O Brasil investiu quase 20 mil milhões de dólares (18 mil milhões de euros) em Angola nas duas últimas décadas e promoveu mais de 75 projetos de cooperação, disse à Lusa o embaixador daquele país em Luanda. Em entrevista à Lusa, Rafael Vidal focou a construção conjunta e “irmandade” entre os dois países, ambos ex-colónias portuguesas, e a parceria diplomática “muito intensa” desde a independência de Angola, em 1975, que o Brasil foi o primeiro país a reconhecer.

O Brasil tem uma parceria estratégica com Angola – a segunda em África, além da África do Sul – e o país lusófono foi o que mais recebeu fundos do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) num total de 3,5 mil milhões de dólares (3,22 mil milhões de euros, ao câmbio atual), já reembolsados, “para ajudar na reconstrução de Angola”, após o final da guerra civil, em 2002.

O Brasil tem uma parceria estratégica com Angola – a segunda em África, além da África do Sul – e o país lusófono foi o que mais recebeu fundos do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) num total de 3,5 mil milhões de dólares (3,22 mil milhões de euros, ao câmbio atual), já reembolsados, “para ajudar na reconstrução de Angola”, após o final da guerra civil, em 2002.

“As grandes empresas de engenharia e construção vieram, instalaram-se e muitas seguem por cá, investiram, essas obras são visíveis”, disse o diplomata, salientando a importância da diplomacia presidencial retomada no terceiro mandato de Lula da Silva, que escolheu Angola para a sua primeira visita. “[O Presidente Lula] desde o seu primeiro mandato sempre teve essa atuação importante, sobretudo nas nossas parcerias mais importantes no eixo sul-sul”, notou Rafael Vidal, acrescentando que “todas as parcerias internacionais são bem vindas”.

“Não estamos em Angola para deslocar ou alienar outros parceiros, não entramos nessa corrida (…). Acreditamos no princípio da cooperação à medida do Estado que recebe a cooperação e no princípio da responsabilidade internacional, não nos desenvolvemos se os nossos vizinhos não se desenvolverem”, declarou o embaixador à Lusa, reforçando: “o Brasil não está aqui porque outros países estão, estaria aqui mesmo se nenhum deles estivesse”.

Rafael Vidal adiantou que o Brasil já estabeleceu mais de 75 projetos de cooperação e já investiu mais de 20 mil milhões de dólares (18,4 mil milhões de euros) em Angola em duas décadas. “Temos a maior comunidade brasileira de África, uma comunidade empresarial, dinâmica, somos 27 mil brasileiros”, realçou.

Também o nível de comércio regressou aos níveis pré-pandemia, atingindo cerca de 1,5 mil milhões de dólares (1,38 mil milhões de euros), com uma balança comercial equilibrada entre 2022 e 2023. “Angola exporta hoje muito mais petróleo, por exemplo”, salientou o embaixador brasileiro, destacando o “momento muito especial” da relação entre os dois países graças à retoma da diplomacia presidencial de Lula da Silva.

Como frutos dessa diplomacia, apontou realizações concretizadas esta semana, como o primeiro congresso do banco de leite humano, “com base na experiência angolana” e a primeira participação de startups brasileiras na Angola Startup Summit.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Von der Leyen à procura de maioria de apoio no Parlamento

Apontada como favorita à presidência da Comissão Europeia, Von der Leyen enfrenta um trajeto difícil até à sua eventual (re)eleição pelo Parlamento Europeu. Uma maioria está longe de estar assegurada.

Apontada como favorita à corrida à presidência da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen enfrenta um trajeto difícil até à sua eventual (re)eleição pelo Parlamento Europeu, onde precisa de garantir uma maioria longe de estar assegurada.

A menos de um mês das eleições europeias, que decorrerão nos 27 Estados-membros da União entre 6 e 9 de junho, a “candidata principal» oficial (‘spitzenkandidat’) do Partido Popular Europeu (PPE), tem condições para conseguir um segundo mandato.

Todas as sondagens apontam para nova vitória da família de centro-direita à escala europeia, à frente dos Socialistas europeus, cujo candidato é o luxemburguês Nicolas Schmit. No entanto, mesmo confirmando-se a anunciada vitória do PPE, Von der Leyen terá de assegurar uma maioria (simples) no ‘novo’ Parlamento Europeu que resultar das eleições, que se antecipa muito mais fragmentado e com uma presença reforçada da extrema-direita.

A recente ‘abertura’ manifestada pela dirigente política alemã a uma eventual colaboração com o Grupo dos Conservadores e Reformistas (ECR) — que inclui partidos radicais como o Vox (Espanha), o Lei e Justiça (PiS, Polónia), o Reconquista (França) e os Irmãos de Itália — fez soar os alarmes nas famílias políticas europeias de centro-esquerda

Os Socialistas, Liberais, Verdes e Esquerda Europeia já avisaram que não apoiarão a sua recandidatura se houver qualquer tipo de aliança com a direita radical, o que inviabilizaria a sua eleição.

Em julho de 2019, Ursula von der Leyen, mesmo com o apoio das três maiores bancadas do Parlamento Europeu saído das eleições de maio desse ano — PPE, Socialistas e Liberais -, só conseguiu a eleição por uma margem de nove votos entre 733 expressos, ao receber 383 votos a favor, 327 contra, 22 abstenções e um voto nulo.

Ironicamente, Von der Leyen só conseguiu ser eleita graças aos votos a favor de muitos deputados do partido polaco PiS (então no poder) e do Fidesz, do primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán, algo que certamente não voltará a suceder, depois de, no último mandato, a Comissão ter avançado com procedimentos de infração por violações do Estado de direito em ambos os países.

Este ano, e caso seja designada pelo Conselho Europeu, Ursula von der Leyen enfrenta uma missão aparentemente ainda mais exigente para assegurar a maioria necessária no Parlamento, ou seja, metade mais um dos votos expressos (361). Descartou qualquer cooperação com o grupo Identidade e Democracia (ID), que inclui, entre outras, forças de extrema-direita como a Alternativa para a Alemanha (AfD), a Liga, de Matteo Salvini (Itália), e o Reunião Nacional de Marine Le Pen (França). Mas num debate entre os ‘spitzenkandidaten’ realizado no final de abril, não rejeitou, no entanto, trabalhar com o ERC, respondendo que “depende muito da composição do Parlamento e de quem está em que grupo”.

De acordo com os Tratados da UE, na eventualidade de o nome proposto pelo Conselho para presidente da Comissão não alcançar a maioria necessária no Parlamento Europeu — algo que nunca sucedeu até hoje -, os chefes de Estado e de Governo dos 27 têm o prazo de um mês para apresentar novo candidato.

Com a sessão constitutiva da nova assembleia agendada para 16 a 19 de julho, a eleição do presidente da Comissão Europeia deverá ocorrer na primeira sessão plenária do Parlamento Europeu após as férias de verão, entre 16 e 19 de setembro.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Polestar 2: A beleza está nos detalhes<span class='tag--premium'>premium</span>

Com um design moderno e com rasgos de um desportivo, a coqueluche da Polestar oferece uma condução divertida sem comprometer a autonomia.

Este artigo integra a quarta edição do ECO magazine, que pode comprar aqui.O mercado de carros elétricos está ao rubro em Portugal. Em 2023, segundodados da Associação Automóvel de Portugal (ACAP), foram vendidos quase 39 mil veículos ligeiros de passageiros movidos a eletricidade, cerca de 17% de todos os carros vendidos no mercado no ano passado. A Polestar está longe de ser das marcas que mais vende no país: apenas 295 unidades em 2023. Apesar de ter sido um aumento de 132% face a 2022, representa apenas 3% das vendas da Tesla, a marca que mais elétricos vende em Portugal. No entanto, a Polestar tem no seu portefólio um dos carros elétricos mais bem conseguidos atualmente à venda no mercado nacional, destacando-se pelo seu desempenho e autonomia, mas particularmente pela qualidade

Assine para ler este artigo

Aceda às notícias premium do ECO. Torne-se assinante.
A partir de
5€
Veja todos os planos

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Altri. Princípio do fim de uma união acionista ou novo ciclo de investimentos?

As empresas controladas por Paulo Fernandes, João e Pedro Borges de Oliveira, Domingos Vieira de Matos e Ana Mendonça, filha do falecido Pedro Mendonça, têm vindo a perder ativos.

A Ramada Investimentos acordou, esta semana, a venda da Ramada Aços e das suas subsidiárias a Pedro Borges de Oliveira por 70 milhões de euros. O empresário, que integra o núcleo de acionistas da Ramada e de outros negócios na bolsa portuguesa, passa a controlar sozinho este segmento de negócio. Esta operação surge apenas alguns meses após a venda dos ativos da Cofina à Expressão Livre e dos mesmos acionistas terem aceitado vender as suas posições na OPA da Greenvolt lançada pela KKR.

Dos quatro negócios – Altri, Ramada, Greenvolt e Cofina – que Paulo Fernandes, João e Pedro Borges de Oliveira, Domingos Vieira de Matos e Ana Mendonça, filha do falecido Pedro Mendonça, controlam juntos, apenas um segue sem alterações: a Altri. Estes ramos empresariais formam um núcleo acionista histórico num conjunto de importantes empresas da bolsa portuguesa, com a papeleira à cabeça. No entanto, com exceção da Altri, todas as outras empresas controladas por esta união empresarial, formada nos anos 80, têm vindo a perder ativos.

A última cotada a perder ativos foi a Ramada. Pedro Borges de Oliveira, através da sociedade que controla as suas participações, a 1 Thing Investments, e que em janeiro superou a fasquia dos 10% na Greenvolt, comprou a Ramada Aços e as subsidiárias que esta controla direta e indiretamente: Universal – Afir, Planfuro Global, Ramada Solar e Blau Stahl. A sociedade 1 Thing detinha uma participação qualificada de 10,004% do capital social e dos direitos de voto da Ramada Investimentos. O presidente do Conselho de Administração, Pedro Borges de Oliveira, é simultaneamente administrador da Ramada Investimentos e da Ramada Aços.

Pedro Borges de Oliveira é, aliás, dos cinco empresários que formam esta união, o que detém a participação mais baixa na Ramada Investimento. Domingos Vieira de Matos, através da Livrefluxo, controla 12,162%, a Promendo Investimentos, de Ana Mendonça, filha de Pedro Mendonça), tem 18,9% do capital, a Actium Capital (Paulo Fernandes), detém 15,64%, e a Caderno Azul (João Borges de Oliveira), surge com 20,67%, segundo a informação disponibilizada no site da empresa.

A Ramada Investimentos controla um conjunto de empresas que, no seu conjunto, exploram dois segmentos de negócio distintos: o segmento Indústria, que inclui as atividades aços especiais e Trefilaria [Socitrel], assim como a atividade relacionada com a gestão de investimentos financeiros relativos a participações em que o Grupo é minoritário; o segmento imobiliário, vocacionado para a gestão de ativos imobiliários.

Além da Ramada, que fica sem uma parte dos ativos, estes acionistas já tinham vendido, no ano passado, os ativos da Cofina à Expressão Livre. Domingos Vieira de Matos, Paulo Fernandes e João Borges de Oliveira, os três acionistas da Cofina SGPS, também seguiram para a nova fase da Cofina Media, entretanto nomeada Medialivre e que foi comprada por quadros do grupo (MBO).

No caso da Greenvolt, todos os acionistas de referência da empresa concordaram vender as suas posições à norte-americana Kohlberg Kravis Roberts (KKR), num total de 60,86% do capital da empresa liderada por João Manso Neto. Destas quatro empresas, apenas a Altri mantém a sua estrutura de negócios inalterada.

“As alterações nas estruturas de acionistas são comuns em grupos empresariais de grande escala e podem ser motivadas por diversas razões estratégicas ou até mesmo pessoais”, refere Henrique Tomé. Para o analista da XTB, “no caso da Altri e a venda da participação na Ramada a Pedro Borges de Oliveira, tais movimentos podem refletir uma reorientação nas estratégias de investimento, necessidades de liquidez, ou mudanças nas relações internas entre os acionistas”, o que não significa o fim de uma parceria acionista, “mas antes uma adaptação às necessidades e oportunidades do mercado”.

O analista reconhece, porém, que “após as vendas recentes de participações na Cofina, Greenvolt e Ramada, podemos presenciar uma nova reconfiguração acionista também na Altri. Mudanças significativas como estas em um grupo de empresas frequentemente sinalizam ajustes estratégicos mais amplos dentro dos núcleos acionistas.”

Aquele núcleo [de empresários] tem apresentado uma história de sucessos muito baseados em expertise, visão de negócio e liderança, quando numa perspetiva de especialização e de competências os seus acionistas optam por assumir o controlo maioritário de um ou conjunto de ativos detidos, algo que é muito comum em grupos de empresas, sobretudo, nas economias mais dinâmicas.

João Queiroz

Head of trading do Banco Carregosa

Para João Queiroz, head of trading do Banco Carregosa, “aquele núcleo [de empresários] tem apresentado uma história de sucessos muito baseados em expertise, visão de negócio e liderança”, notando que, “numa perspetiva de especialização e de competências os seus acionistas optam por assumir o controlo maioritário de um ou conjunto de ativos detidos, algo que é muito comum em grupos de empresas, sobretudo, nas economias mais dinâmicas”. “É prematuro afirmar que a alienação daquelas cotadas representa o fim definitivo do núcleo acionista da Altri na realização de parcerias, quando poderão estar a iniciar um novo ciclo de diversificação, de novos investimentos ou de adicionar novas competências que acrescentem valor ao atual mix de ativos ao núcleo atual”, aponta.

Uma história de investimentos e desinvestimentos

Esta parceria de negócios começou a ser desenhada nos anos 80, quando Paulo Fernandes e João Borges de Oliveira, parceiros de negócios, se juntaram a Vieira de Matos na Cortal, uma empresa de mobiliário.

Já Pedro Mendonça, pai de Ana Mendonça, entrou neste núcleo aquando da fusão com a Seldex, empresa de móveis criada por Ernesto Mendonça e posteriormente assumida pelo filho Pedro, em 1976. Com a criação da Cortal-Seldex, entretanto vendida à Haworth, Pedro Mendonça e Paulo Fernandes ficaram a partilhar a administração.

Através da Cofina – sociedade que se mantém, mas agora com a liquidez gerada pela venda dos ativos de media – , os cinco sócios realizaram muitos negócios ao longo dos últimos anos, passando por várias áreas de negócio. Fundada em 1990, a Cofina detinha participações em empresas de media, pasta de papel, aços, entre outros. Foi apenas em 2005 que foi realizado o spin off das participações fora do setor de media (Altri), ficando a Cofina, exclusivamente, com os ativos de imprensa.

Até aos dias de hoje foram muitas as empresas por onde este grupo de empresários, todos oriundos da região de Águeda/Aveiro, passou, desde a Lusomundo, passando pelo capital da SIC e TVI, até à Base Holdings, uma empresa ligada à saúde, vendida à Unilabs, em 2017. Passou ainda pelo capital da Crisal e da Vista Alegre. Além das vendas foram acumulando-se as aquisições: Celtejo, EDP Bioeléctrica, Celbi, Celulose do Caima.

Também a presença nas empresas foi mudando, com os empresários a retirarem-se gradualmente de funções executivos nas cotadas, colocando José Pina na liderança da Altri e Manso Neto na Greenvolt. Mudanças que, segundo os analistas, não implicam o fim desta união de empresários. “Nada indicia que o núcleo de acionistas se desagregue e possa adicionar volatilidade àquelas cotadas”, conclui João Queiroz.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Villas-Boas critica gestão da anterior direção FC Porto face às sanções da UEFA

  • Lusa
  • 18 Maio 2024

O novo presidente do FC Porto criticou a gestão da anterior direção perante o risco de ausência das competições europeias de futebolpor incumprimento do 'fair play' financeiro da UEFA.

O novo presidente do FC Porto, André Villas-Boas, criticou a gestão da anterior direção, de Pinto da Costa, perante o risco de ausência das competições europeias de futebol, por incumprimento do ‘fair play’ financeiro da UEFA. “A sanção confirmada advém de atos de gestão imprudentes e inoperantes, que são da inteira responsabilidade dos membros da anterior direção do clube e da sua sociedade desportiva e resultaram no incumprimento das regras de ‘fair play’ financeiro da UEFA, nomeadamente incumprimentos nos controlos de pagamentos relativos a funcionários, autoridade tributária/segurança social e clubes de futebol“, reiterou a recém-empossada direção do ex-treinador ‘azul e branco’, em comunicado publicado nos meios do clube.

Na sexta-feira, a UEFA tinha anunciado que o FC Porto foi punido com uma multa de 1,5 milhões de euros e a exclusão das competições continentais por uma época, sendo que essa pena fica suspensa por um período probatório de dois anos e apenas será aplicada caso o clube não cumpra os requisitos de solvência nas temporadas 2024/25 e 2025/26.

Cumpre salientar que esta sanção aplicada se revelou especialmente gravosa, devido à reincidência no incumprimento destas regras, bem como à comunicação de informação incorreta e incompleta à UEFA no âmbito do procedimento“, prosseguiram os ‘dragões’.

A nova direção avisa que a punição “já havia sido formalmente notificada ao clube em 19 de abril”, oito dias antes das eleições mais concorridas da história do FC Porto, nas quais André Villas-Boas bateu Pinto da Costa, presidente há 42 anos e 15 mandatos seguidos. “Não obstante estas dificuldades existentes, a nova direção eleita tudo vai fazer para que todas as regras e regulamentos a que o clube está sujeito, incluindo aquelas que dizem respeito ao ‘fair play’ da UEFA, sejam sempre rigorosamente cumpridas“, reconheceram.

A tomada da posse dos novos órgãos sociais do clube ocorreu há quase duas semanas, mas a transição de poderes na SAD só será consumada em 28 de maio, dois dias depois da decisão da Taça de Portugal, na qual o FC Porto, vencedor nas últimas duas épocas, medirá forças com o recém-campeão nacional Sporting, no Estádio Nacional, em Oeiras.

O encontro com os ‘leões’ vai finalizar a época dos ‘dragões’ e assinalará a despedida de Pinto da Costa da presidência da SAD, cargo que ocupa desde 1997, ano da constituição daquela sociedade, que é responsável pela gestão do futebol profissional ‘azul e branco’.

A direção vai investigar, interna e externamente, as razões pelas quais o clube incorreu nesta sanção e apurará as devidas responsabilidades das pessoas envolvidas, tanto nos incumprimentos reiterados como na omissão dos factos“, avisou a gestão de Villas-Boas.

O FC Porto segue na terceira posição da I Liga, com 69 pontos, e pode hoje assegurar a entrada direta na fase de grupos da edição 2024/25 da Liga Europa, caso não perca na visita ao Sporting de Braga, quarto, com 68, da 34.ª e última jornada, que está aprazada para as 20:30, no Estádio Municipal de Braga, e vai encerrar a edição 2023/24 da prova.

Além dos ‘dragões’, a UEFA sancionou os ‘arsenalistas’ com 40.000 euros e o Vitória de Guimarães com 200.000 euros e exclusão das provas europeias, que fica suspensa em regime probatório por uma temporada, face a infrações no ‘fair play’ financeiro da UEFA.

FC Porto, Vitória de Guimarães e Sporting de Braga foram três dos 11 clubes castigados pelo regulador do futebol continental que não recorreram dessas decisões disciplinares, resultantes de três fases de avaliação, em julho e outubro de 2023 e em janeiro de 2024.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

+M

Desinformação “está muito presente no ambiente ‘online'”

  • Lusa
  • 18 Maio 2024

A responsável pelas políticas públicas e assuntos governamentais do TikTok Portugal e Espanha afirma, em entrevista à Lusa, que a desinformação "está muito presente no ambiente 'online'".

A responsável pelas políticas públicas e assuntos governamentais do TikTok Portugal e Espanha afirma, em entrevista à Lusa, que a desinformação “está muito presente no ambiente ‘online'” e, por isso, a rede social tem de investir no seu combate. “A desinformação está muito presente no ambiente ‘online‘, achamos que é algo que temos de investir e é por isso que confiamos nos ‘fact-checkers’ com parceiros locais”, diz Yasmina Laraudogoitia, que esteve em Portugal para participar no 33.º Congresso da APDC.

Em Portugal, atualmente, a rede social conta com “3,3 milhões de utilizadores mensalmente ativos”. Em Portugal, a rede social trabalha com o Polígrafo, considerando esta parceria “imensamente útil”. “Temos colaborado com eles, digamos, de forma consistente e constantemente“, prossegue, apontando que no caso das eleições portuguesas, decorridas em 10 de março, trabalharam este evento específico com o Polígrafo. “Temos um fluxo de trabalho específico com o Polígrafo e agora com as eleições europeias também“, acrescenta Yasmina Laraudogoitia. “É muito importante recolhermos informações de especialistas“, sublinha a responsável.

Yasmina Laraudogoitia explica também como o TikTok usa o sistema de moderação. “Treinamos o nosso sistema de moderadores, as nossas equipas de moderação são treinadas especificamente em desinformação graças a esta parceria e desta forma podemos saber que tipo de informação é mais popular e, assim por diante”, e depois é utilizada também a inteligência artificial (IA).

Nos conteúdos gerados por IA pode haver informação enganosa e prejudicial e daí advir desinformação. “Na verdade somos a primeira plataforma que inclui uma ferramenta para que os criadores de conteúdo possam rotular” se houve manipulação. Ou seja, “se eles fizerem um vídeo que é manipulado com IA, que é gerado com IA, eles podem ser capacitados e informar a comunidade. E isso está a ser feito com inteligência artificial”, explica. E agora “estamos a colaborar com a Coalition for Provenance and Authenticity”, acrescenta.

O que é que isso quer dizer? “O nosso sistema de moderação será mais eficiente na deteção de conteúdo gerado por IA e, desta forma, poderemos moderar melhor e poderemos ser mais eficientes em termos de também combater a desinformação”, explica.

O TikTok usa a IA para o sistema de recomendação para fornecer a melhor experiência, o melhor conteúdo para cada utilizador e para a moderação também. “Implementámos os protocolos de conteúdos e com isso somos mais capazes de identificar conteúdos gerados”, diz.

Com os conteúdos gerados por IA, a TikTok pretende fornecer mais transparência aos utilizadores e também ser mais eficiente em termos de moderação de conteúdo, como também capacitar a comunidade. Em suma, “transparência e empoderamento”, remata.

Em termos de fornecimento de contexto, “temos 40.000 profissionais em todo o mundo” no combate à desinformação, diz, e 173 moderadores para conteúdo específico. Mas este número vai se alterando conforme o conteúdo evolui.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Dia Internacional e Noite dos Museus com centenas atividades hoje em todo o país

  • Lusa
  • 18 Maio 2024

Mais de 300 atividades, na maioria de acesso gratuito, assinalam o Dia Internacional e a Noite dos Museus, com concertos e visitas orientadas em dezenas de entidades pelo país.

Mais de 300 atividades, na maioria de acesso gratuito, vão assinalar este sábado o Dia Internacional e a Noite dos Museus, com concertos e visitas orientadas em dezenas de entidades pelo país, segundo a Museus e Monumentos de Portugal. Celebrado tradicionalmente a 18 de maio desde 1997 para reforçar os laços dos museus com a sociedade, através de várias atividades culturais, o dia internacional terá este ano como lema “Museus, Educação e Investigação”, segundo o ‘site’ do Conselho Internacional de Museus (ICOM, na sigla em inglês), promotor do evento a nível mundial.

Com base neste tema, a empresa pública Museus e Monumentos de Portugal (MMP) lançou o desafio aos 38 museus e monumentos nacionais, e aos 169 espaços museológicos que integram a Rede Portuguesa de Museus para se associarem a estas comemorações, promovendo dezenas de atividades em todo o país, incluindo várias atividades dedicadas a famílias.

Visitas guiadas e temáticas a exposições, às reservas de alguns museus, espetáculos de teatro, dança, circo e música, oficinas, palestras, entre outras iniciativas, na maioria gratuitas, para todos os públicos, compõem um programa geral que somava 334 atividades registadas, envolvendo mais de sete dezenas de museus e monumentos de todo o território nacional, segundo um comunicado da MMP divulgado na quarta-feira.

Este ano, o Dia Internacional dos Museus coincide com a Noite Europeia dos Museus, criada em 2005, que permite aos visitantes usufruir destes espaços em período noturno, e participarem nas múltiplas atividades programadas, que podem ser consultadas em https://dim.museusemonumentospt.pt/, em permanente atualização.

De acordo com a MMP, a entrada nos 38 museus, monumentos e palácios nacionais da sua tutela é gratuita.

Neste dia, a ministra da Cultura, Dalila Rodrigues, vai assinalar os 20 anos da reabertura do Museu Nacional Grão Vasco, em Viseu, que dirigiu, e onde vai fazer uma intervenção de “apresentação de novas políticas culturais: classificação, aquisição e circulação de obras de arte; autonomia dos museus e democratização do acesso à cultura; estudo, classificação e reabilitação do Fontelo”, segundo a agenda da governante.

No Norte, no Mosteiro de Leça do Balio, sede da Fundação Livraria Lello, será exposta, pela primeira vez ao público, a obra “Descida da Cruz”, do pintor português Domingos Sequeira (1768-1837), que seguirá para o Museu Nacional de Soares dos Reis, para exposição a partir de 01 de junho.

Em Guimarães, o Centro Internacional das Artes José de Guimarães vai inaugurar a exposição “Problemas do Primitivismo — A Partir de Portugal”, com curadoria de Marta Mestre e Mariana Pinto dos Santos, seguindo-se, noite dentro, o programa “antimuseu”, a cargo da Revolve, com Croatian Amor, DJ Lynce, DJ Veludo, Miguel Pedro, oqbqbo e Vanity Productions.

Gerardo Rodrigues ao piano marcará o Dia Internacional dos Museus e a Noite Europeia dos Museus no Museu José Malhoa, nas Caldas da Rainha, e no Museu Nacional de Conímbriga decorrerá uma apresentação de comunicações no âmbito de trabalhos de mestrado e doutoramento desenvolvidos naquele museu.

Em Coimbra, o museu municipal organiza a visita guiada dramatizada “O Guarda chaves sobe à Torre de Almedina”, às 11:00, destinada ao público em geral e a crianças com mais de 6 anos, mediante inscrição prévia, segundo o programa geral.

No distrito de Leiria, o Mosteiro de Alcobaça irá apresentar um ateliê intitulado “Uma viagem pelo tempo: como é ser monge?”, pelas 10:30, para dar a conhecer uma parte importante do monumento – o Scriptorium – onde os monges copistas produziam códices, os livros medievais.

Em Lisboa, o Museu Nacional de Arte Antiga vai organizar, especialmente para famílias, uma visita-jogo relativa ao “Retrato de um artista: a arte de Domingos Sequeira”, enquanto durante a Noite Europeia de Museus, às 21:30, no antigo ateliê do pintor José Malhoa, na Casa-Museu Anastácio Gonçalves, decorrerá “Uma soirée musical e literária do início do século XX”, pelo Movimento Patrimonial para a Música Portuguesa.

Em Lisboa, o Museu Nacional de Arte Antiga vai organizar, especialmente para famílias, uma visita-jogo relativa ao “Retrato de um artista: a arte de Domingos Sequeira”, enquanto durante a Noite Europeia de Museus, às 21:30, no antigo ateliê do pintor José Malhoa, na Casa-Museu Anastácio Gonçalves, decorrerá “Uma soirée musical e literária do início do século XX”, pelo Movimento Patrimonial para a Música Portuguesa.

Ainda na capital, o Museu Nacional de Etnologia vai organizar visitas guiadas às “Galerias da Amazónia”, entre as 19:00 e as 20:00, em cujas reservas visitáveis, o público em geral tem acesso às coleções relativas às culturas amazónicas com mais de 1.700 objetos que as constituem, representando um total de 37 povos indígenas.

Por seu turno, o Museu Rainha D. Leonor, em Beja, organizará o “Museu na Rua” através de oficinas e, no Funchal, no Museu Quinta das Cruzes, terá lugar um baile oitocentista.

Anualmente, mais de 40 mil museus de todo o mundo participaram no Dia Internacional dos Museus, segundo o ICOM, organizando programações que envolvem, entre outras, visitas guiadas, lançamento de livros, recriações históricas e conferências.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.