O Novo Banco nasceu no berço da complexa resolução aplicada ao histórico BES e já celebra quatro anos de vida. Ao ECO, António Ramalho assume que os próximos quatro anos serão de "reconstrução".
Quando nasceu foi uma espécie de “rei morto, rei posto”, como diz o ditado popular. A 3 de agosto de 2014, surgia o Novo Banco depois de o Banco de Portugal ter liquidado do Banco Espírito Santo (BES). Quatro anos depois, o ECO não resistiu a provocar António Ramalho, presidente da instituição: O que nasce torto, tarde ou nunca se endireita? A resposta veio com outro ditado: “O que não nos mata, torna-nos mais fortes”.
Como é gerir um banco que nasceu num berço complicado, após a resolução de um banco histórico? “O maior desafio foi assegurar equilíbrio entre o envolvimento emocional necessário e a competência profissional”, confessa António Ramalho, que assumiu os destinos da instituição em agosto de 2016. Às perguntas colocadas por e-mail pelo ECO, o gestor olha para os próximos quatro anos como a fase da “reconstrução” após quatro anos marcados pela “resiliência”.
Que balanço faz destes quatro anos de existência do Novo Banco e, mais concretamente, dos últimos dois anos em que esteve à frente do banco?
Do ponto de vista profissional estes quatro anos representam um dos maiores desafios que um coletivo empresarial pode passar. Um esforço tremendo, uma noção clara de prioridades, um foco nas soluções. Mas do ponto de vista emocional estes anos representaram um ainda maior desafio de resistência, de relacionamento com os clientes, de crença no futuro, mesmo nos momentos mais exigentes.
Qual é a parte mais exigente e desafiante do trabalho de gerir um banco que nasceu de um contexto de uma resolução?
A parte mais interessante deste desafio foi assegurar o equilíbrio entre o envolvimento emocional necessário e a competência profissional existente. O mais difícil foi fixar as prioridades do sucesso nos escombros das dificuldades. Foi necessário que cada um acreditasse em si para que todos acreditassem no Novo Banco. Foi a altura de preferir quem faz a quem sabe.
"A parte mais interessante deste desafio foi assegurar o equilíbrio entre o envolvimento emocional necessário e a competência profissional existente.”
“O que nasce torto, tarde ou nunca se endireita”. Concorda com o ditado popular?
Esse é um ditado sensato que não resiste porém ao princípio de que toda regra tem exceção. Mas o ditado que mais se aplica ao Novo Banco é “o que não nos mata, torna-nos mais fortes”.
Uma das questões mais sensíveis do Novo Banco será esta: é um banco privado com capitais parcialmente públicos. Como esta circunstância de ser um banco privado e público ao mesmo tempo muda/define aquilo que é a sua gestão à frente do banco?
O Novo Banco é um banco privado com dois acionistas e o apoio do Estado (state aid). Isto coloca-nos exigências adicionais em termos de compromissos e sacrifícios. Mas o interesse geral já domina boa parte da gestão de todo o sistema financeiro regulado.
Desde o nascimento, o Novo Banco conheceu um novo dono: o Lone Star. Como é a relação com o acionista?
A relação com ambos os acionistas é ótima e dominada por três “Es”: exigente, envolvente e equilibrada.
O Novo Banco completa agora quatro anos. O que espera nos próximos quatro?
Os quatro primeiros anos foram dominados pela resiliência. Os próximos serão focados na reconstrução. Durante estes oito anos fomos e sempre seremos o banco das empresas e dos profissionais, centrados nos clientes e totalmente envolvidos com o desenvolvimento da economia portuguesa. Os nossos clientes mais que merecem.
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António Ramalho: “O que não nos mata, torna-nos mais fortes”
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