Remunerações dos gestores da banca aumentam 20% em 2022

Quem foi o CEO mais bem pago na banca portuguesa? Prémios atribuídos aos conselhos de administração dos bancos quase duplicaram no ano passado após proibição na pandemia.

Num ano marcado por resultados históricos, as remunerações dos gestores das principais instituições financeiras em Portugal atingiram os 27,7 milhões de euros. Trata-se de um aumento de quase 20% em relação ao ano anterior, e que se deveu sobretudo à subida dos prémios atribuídos aos conselhos de administração dos bancos, que quase duplicaram, depois da proibição durante a pandemia.

Os administradores da Caixa Geral de Depósitos (CGD), BCP, Santander, BPI e Novobanco receberam 19,3 milhões em salários fixos, o que corresponde a uma subida de 1,7% em comparação com 2021, de acordo com os dados compilados pelo ECO com base nos relatórios e contas dos bancos.

Enquanto isso, os bónus (atribuídos) dispararam 93% para cerca de 8,4 milhões de euros, correspondendo a cerca de 30% do total das remunerações que os gestores da banca tiveram direito no ano passado.

O aumento dos bónus surge depois de quase dois anos em que a remuneração variável esteve suspensa pelos reguladores, que recomendaram prudência aos bancos devido à crise da pandemia de Covid-19. A proibição do Banco Central Europeu (BCE) – que se estendeu aos dividendos – só foi levantada em outubro de 2021.

Entre os cinco principais bancos em Portugal, o BCP foi quem teve mais encargos com as remunerações do conselho de administração no ano passado: totalizaram os 7,5 milhões de euros entre componente fixa e variável, um aumento de 30% devido ao incremento dos prémios atribuídos em numerário e ações – num ano em que a remuneração média anual dos trabalhadores teve um aumento de 5,7%, de acordo com o banco liderado por Miguel Maya.

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Seguem-se os “espanhóis” Santander Totta e BPI, onde as remunerações fixas e variáveis dos administradores atingiram 5,7 milhões (+10,2%) e 5,6 milhões (+22%), respetivamente, também à boleia dos prémios. A título de comparação, no Totta, por exemplo, o aumento da massa salarial foi de 3%.

No Novobanco, o aumento das remunerações da comissão executiva e conselho geral e supervisão foi de 1% para 4,8 milhões – 2,8 milhões em remuneração fixa e 1,9 milhões em remuneração variável que continuou congelada devido ao processo de reestruturação.

Já os administradores da Caixa tiveram remunerações de 4,2 milhões de euros, mais 36,8% – a componente fixa aumentou 12,5% e a componente variável também pois o banco não revelou valores de 2021. A massa salarial do conjunto dos trabalhadores do banco público aumentou 2,42% no ano passado, com a remuneração média a situar-se nos 2.501 euros.

De fora desta análise ficaram os montantes atribuídos em forma de complemento de reforma e ainda outras remunerações como subsídio de expatriação (no Novobanco, Mark Bourke recebeu 102 mil euros), prémios de assinatura ou indemnizações (António Ramalho e outro gestor do Novobanco tiveram uma compensação de 460 mil euros pela rescisão antecipada do contrato).

Qual o CEO mais bem pago?

Do total das remunerações fixas e variáveis atribuídas às administrações no ano passado, cerca de 15% serviram para remunerar os presidentes executivos dos bancos, num total de 4,18 milhões de euros – um aumento de 20% em relação a 2021.

Os CEO do BCP e do Santander foram os mais bem pagos. Miguel Maya teve uma remuneração de 1,2 milhões de euros, dividida entre a componente fixa de 650 mil euros e a variável de 556 mil euros. Já Pedro Castro e Almeida auferiu um salário anual fixo de 850 mil euros, não sendo discriminado o prémio atribuído em 2022 – no ano anterior atingiu os 540 mil euros.

João Pedro Oliveira e Costa, presidente executivo do BPI, atingiu quase o milhão de euros de remunerações: 725 mil euros de salário fixo e um bónus de 240 mil.

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Quanto a Paulo Macedo, o quarto mais bem pago, obteve remunerações de 666 mil euros na Caixa, com o salário fixo a manter-se nos 423 mil euros, enquanto o prémio atribuído (e a pagar nos próximos anos) atingiu os 243,4 mil euros.

Dos banqueiros dos cinco principais bancos, o irlandês Mark Bourke teve a remuneração mais baixa, quase meio milhão de euros. A componente fixa foi de 387 mil euros e a variável de 107,8 mil. Bourke apenas assumiu a liderança do Novobanco em agosto, substituindo António Ramalho, pelo que a remuneração do irlandês no ano passado diz respeito a sete meses enquanto administrador financeiro e cinco meses enquanto CEO.

Os cinco bancos tiveram lucros de 2,5 mil milhões de euros em 2022, um aumento de 70% face a 2021.

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BCP sem dividendos e com dez milhões para os trabalhadores

Banco liderado Miguel Maya decidiu “congelar” dividendos por uma questão de prudência face à incerteza. Já trabalhadores terão direito a um cheque de 9,97 milhões. BCE "reforça" rácios.

O BCP BCP 0,26% não vai pagar dividendos aos acionistas, apesar do lucro de mais de 200 milhões de euros no ano passado. O banco liderado por Miguel Maya justifica essa opção – que vai ser levada a assembleia geral em maio – com “os potenciais impactos e incertezas associados ao atual contexto económico-financeiro e geopolítico”, que recomendam “especial prudência” e a “consolidação” da robustez financeira.

Por outro lado, os trabalhadores terão direito a um cheque de 9,97 milhões de euros, conforme se lê no relatório e contas de 2022 acabado de publicar pela instituição. Mas também esta proposta vai ter de ser aprovada pelos acionistas. O conselho de administração propõe que, “com a aprovação da distribuição da verba global de 9,972 milhões de euros, se delibere que a determinação concreta do montante concreto a atribuir a cada colaborador seja fixado pela comissão executiva, sendo liquidado juntamente com a remuneração correspondente a junho de 2023”.

Em relação aos dividendos, o CEO Miguel Maya já tinha manifestado algumas reservas quanto à distribuição de resultados pelos acionistas. “Num enquadramento marcado pela elevada incerteza na Polónia e a guerra, a prioridade é a proteção de capital e reforço dos rácios de capital”, afirmou na conferência de apresentação dos resultados há um mês.

Por incerteza na Polónia, Miguel Maya referia-se ao tema dos créditos hipotecários em moeda estrangeira que já levou a sua subsidiária polaca — o Bank Millennium — a colocar de lado mais de 1.000 milhões de euros para fazer face a eventuais decisões desfavoráveis dos tribunais.

No ano passado, o banco distribuiu dividendos de 13,6 milhões de euros, o que corresponde a 0,09 cêntimos por ação.

Na apresentação dos resultados, o chairman do BCP, Nuno Amado, adiantou que o objetivo passa por “reabrir logo que possível uma política de dividendos intensiva”.

Boa notícia do BCE “reforça” rácios

O banco recebeu na semana passada uma boa notícia da autoridade bancária europeia: pode excluir do cálculo dos ativos ponderados para risco de mercado determinadas posições cambiais estruturais para imunização dos rácios regulamentares face a variações das taxas de câmbio.

Esta decisão favorável tem um impacto positivo nos rácios do banco: o rácio CET1 fully implemented dá um salto de 50 pontos base (sobe para 13%) e o rácio de capital total aumenta 70 pontos base (para 17,5%) com esta alteração, segundo estima o BCP.

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BCP aprova aumentos salariais de 3%, abaixo dos rivais

Banco decidiu avançar com aumentos de 3% para trabalhadores e reformados com efeitos retroativos a janeiro, apesar de manter negociações com os sindicatos. Salário mínimo aumenta 10%.

O BCP decidiu avançar com aumentos 3% com efeitos retroativos a janeiro, apesar de manter negociações com os sindicatos subscritores do ACT do grupo, com quem espera chegar a um acordo “com a brevidade possível”. Esta atualização fica abaixo dos 4% de aumentos promovidos nos outros bancos.

Por outro lado, o subsídio de almoço aumenta em 9,5%, enquanto a remuneração mínima mensal, com efeitos a março, se fixará em 1.100 euros, o que representa um acréscimo de 10% face ao valor atual. A bolsa de estágio, atribuída aos estagiários profissionais, sobe para 850 euros, acrescida de subsídio de almoço.

Numa comunicação interna a que o ECO teve acesso, o banco justifica esta opção com a necessidade de uma “partilha equilibrada” entre todos os stakeholders. Refere mesmo que, depois de “um período muito difícil”, que envolveu ajudas do Estado, a instituição registou uma evolução “francamente positiva”. Porém, o esforço de recuperação “tem sido muito suportado também pelos acionistas, aos quais na última década apenas por duas vezes foram pagos dividendos, tendo em ambas as vezes o payout sido de 10%, o que é manifestamente insuficiente”.

Aos trabalhadores, a comissão executiva liderada por Miguel Maya indica que 2023 será um ano de transição e que, prevendo-se que sejam alcançados os objetivos do plano estratégico, o BCP iniciará uma “nova fase com capacidades reforçadas para gerar e partilhar mais valor” com trabalhadores e acionistas.

A gestão do banco sublinha ainda que esta decisão “não colide com, nem condiciona, o processo negocial com os sindicatos subscritores dos ACT do grupo BCP, mantendo-se empenhada em fechar esse acordo com a brevidade possível”. Os sindicatos pretendem aumentos de 8%. A última proposta do BCP foi de 2,5%, tendo evoluído agora para os 3%.

Antes do BCP, Santander, BPI e Novobanco decidiram aumentar os salários em 4% perante a situação de impasse nas negociações com os sindicatos. A Caixa decidiu esta semana dar aumentos de 76 euros em todos os níveis.

(Notícia atualizada às 16h14)

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Melhor oferta pelas ações da Bacalhôa ficou a metade do valor mínimo em leilão

Melhor proposta pelo lote de ações da empresa de vinhos de Berardo foi de apenas 687 mil euros, metade do valor mínimo que estava a ser pedido. Leilão surge na sequência da ação de execução do BCP.

O leilão de um lote de ações da Bacalhôa, a empresa de vinhos de Joe Berardo, terminou esta quarta-feira sem grande sucesso, com a última oferta a rondar apenas os 687 mil euros, cerca de metade do valor mínimo de 1,12 milhões de euros. Não deverá haver negócio.

Esta participação, correspondente a quase 2% do capital da Bacalhôa, estava em leilão desde o passado dia 23 de fevereiro, depois de o BCP ter avançado para a execução de duas empresas ligadas ao empresário madeirense, a Associação de Coleções e a Metalgest, por conta de uma dívida de dois milhões de euros.

Os interessados tinham até às 10h30 desta quarta-feira para apresentarem propostas. Agora, com os prazos encerrados, terá lugar a cerimónia de encerramento do leilão que está marcada para as 14h30, no Palácio da Justiça, em Lisboa. O banco não comenta o resultado do leilão.

A página do portal E-Leilões, onde a operação estava a decorrer, já alertava os interessados para o facto de existirem embargos pendentes relacionados com este processo que coloca frente-a-frente o BCP e Joe Berardo. Por outro lado, também avisava que era “da exclusiva responsabilidade dos interessados proponentes, a análise e interpretação da documentação disponibilizada, sem prejuízo das diligências que entendam efetuar na avaliação do bem a adquirir, assegurando-se que corresponde às expectativas”.

Como o ECO escreveu em janeiro, o BCP avançou para a penhora de bens das duas sociedades do universo de Joe Berardo, por via de uma ação de execução no valor de dois milhões de euros. Com a ação, o banco pode proceder de imediato à penhora de bens de ambas as sociedades sem precisar da autorização do juiz do processo, pois já há uma sentença em julgado. E só depois da penhora é que os executados são citados para se oporem, se quiserem.

Nos últimos anos, não só o BCP como também a Caixa Geral de Depósitos (CGD) e o Novobanco têm avançado com várias ações contra empresas ligadas ao comendador por dívidas passadas. Na ação mais relevante, os três bancos tentam, em conjunto, executar a principal coleção de obras de arte de Joe Berardo – detida pela Associação Coleção Berardo – por conta de uma dívida de cerca de mil milhões de euros. Segundo a última avaliação pedida pelo comendador, a coleção encontra-se avaliada 1,8 mil milhões de euros.

Em maio do ano passado, Joe Berardo contra-atacou os bancos, reclamando em tribunal 900 milhões de euros, dos quais 800 milhões se destinam a compensar a fundação por se ter visto “despojada” do seu património para cobrir as dívidas contraídas junto dos bancos, enquanto outros 100 milhões visam para ressarcir o comendador por danos morais.

Com 300 trabalhadores, a empresa que tem explorações vitivinícolas nas principais regiões do país, incluindo o Douro, Dão, Bairrada, Azeitão e Alentejo, fechou 2021 com vendas de quase 50 milhões de euros, um acréscimo de 17% face ao ano anterior, de acordo com os documentos consultados pelo ECO.

Os lucros ascenderam a 2,1 milhões de euros, mais 25% em relação a 2020. A sociedade explica a melhoria das contas com a reabertura da economia após as restrições impostas pelas autoridades por conta da pandemia. A dívida líquida caiu quase 10% para 30,8 milhões de euros.

Liderada por Renato Berardo, filho de Joe Berardo, a Bacalhôa apostou em 2022 no crescimento nos mercados externos, nomeadamente na Europa, América e Ásia, do desenvolvimento do enoturismo e, no plano financeiro, na racionalização de custos, reforço dos capitais próprios e diminuição e diversificação da dívida.

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BCP encaixa 41 milhões com Campo Pequeno, mas ainda tem 45 milhões por recuperar

Mais de duas dezenas de credores da sociedade que reabilitou o Campo Pequeno nos anos 2000 vão receber 43 milhões da liquidação. BCP recebe a maior fatia, mas fica com 45 milhões ainda por recuperar.

Campo Pequeno, em Lisboa.MIGUEL A. LOPES/LUSA 30 julho, 2020

O BCP deverá encaixar mais de 40 milhões de euros com o Campo Pequeno, em Lisboa, mas ainda tem outros 45 milhões por recuperar no âmbito do processo de liquidação da sociedade que reabilitou aquele espaço no início dos anos 2000. Desde 2019 que o Campo Pequeno está nas mãos do empresário Álvaro Covões.

O banco liderado por Miguel Maya é o maior credor da Sociedade de Renovação Urbana do Campo Pequeno (SRUCP), que entrou em insolvência há quase uma década, em 2014, depois de ter sucumbido ao peso de uma dívida de quase 100 milhões de euros. O processo de liquidação tem-se arrastado até aos dias de hoje com quase três dezenas de credores, onde se destaca o banco com dívidas por recuperar de 86 milhões – correspondendo a cerca de 90% do total dos créditos em incumprimento.

No final de 2019, a insolvência da SRUCP conheceu um desenvolvimento importante, quando o Campo Pequeno – o principal ativo da sociedade — foi vendido ao empresário Álvaro Covões, promotor de espetáculos da Everything Is New, através da empresa Plateia Colossal, por cerca de 37 milhões de euros, de acordo com os valores reportados pela imprensa na altura.

Em 2021, numa primeira proposta de rateio parcial, a administrador de insolvência Paula Mattamouros Resendes propôs a distribuição de 29,7 milhões ao BCP, sendo o único credor que então ia receber dinheiro por conta de um crédito garantido, conforme revelou o ECO na altura. Agora, apresentou uma nova proposta junto do tribunal da Comarca de Lisboa, onde corre o processo de insolvência do Campo Pequeno, em que reforça os fundos a atribuir ao banco e juntando na lista de recebimentos mais de duas dezenas de credores da sociedade, incluindo a Opway Engenharia, que recuperará mais de um milhão de um crédito reconhecido de quase seis milhões.

No caso do BCP, a proposta vai no sentido de distribuir cerca de 41,5 milhões de euros: quase 32,2 milhões por conta da venda do Campo Pequeno e outros 9,3 milhões de euros por conta de um saldo de mais de 11 milhões que resultou da venda dos bens mobiliários. Contas feitas, o banco ficará ainda com 44,7 milhões de valor em dívida – cerca de metade do crédito por recuperar. Questionada pelo ECO sobre as expectativas de recuperação do valor remanescente, a instituição liderada por Miguel Maya não quis fazer qualquer comentário.

Para as contas da insolvência da SRUCP, este rateio faz com que fique a dever 50 milhões aos credores, cerca de metade do que devia no início do processo de insolvência.

Atualmente, o Campo Pequeno funciona como uma sala de espetáculos (na arena) e tem ainda um centro comercial e um parque de estacionamento subterrâneos, no seguimento das obras profundas que tiveram lugar nos anos 2000. O financiamento desta intervenção – que durou anos — acabou por ser demasiado pesado para as condições de exploração do espaço que reabriu em 2006, arrastando a SRUCP para a insolvência.

Antes da pandemia, a arena do Campo Pequeno contava com cerca de 3,5 milhões de visitantes por ano, de acordo com dados oficiais da própria sociedade.

(Notícia corrigida às 11h37 para referir que o Campo Pequeno é detido pelo empresário Álvaro Covões e não pelo fundo Horizon, como referido inicialmente)

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Fitch sobe rating do BCP e fica a um passo de sair do “lixo”

A Fitch subiu o rating do BCP em um nível de “BB” para “BB+”, ficando às portas de ser considerado “investimento de qualidade”.

No meio da turbulência da banca, a Fitch aumentou o rating do BCP em um nível, passando de “BB” para “BB+”, com o banco a ficar às portas de ser considerado “investimento de qualidade”.

Na base desta decisão, a agência de notação de risco aponta a redução “significativa” dos ativos problemáticos que a instituição liderada por Miguel Maya vem fazendo desde o final de 2019, apesar dos desafios colocados pela pandemia. “Esperamos que esta redução dos ativos problemáticos continue no futuro próximo, embora a um ritmo mais lento”, sublinham os analistas, notando que o rácio de malparado continua ligeiramente acima da média dos pares europeus.

Por outro lado, acrescenta a Fitch, a subida das taxas de juro melhorou as perspetivas dos resultados. Fator que conjugado com a “forte eficiência de custos e um balanço com riscos significativamente reduzidos” permitiu ao banco aumentar os rácios de capital para “níveis mais adequados”.

A agência de rating refere ainda que a capitalização do grupo melhorou, mas o banco continua exposto a custos relacionados com potenciais litígios na sua subsidiária polaca por causa da questão de longa data relativa aos créditos em francos suíços — que levou o Bank Millennium a colocar de lado mais de mil milhões de euros para fazer face a eventuais contratempos.

Apesar da boa notícia, que surge num momento de tensão no setor financeiro europeu, as ações do BCP cedem esta sexta-feira mais de 4% para 0,1834 euros, pressionado pelo ambiente de nervosismo em torno do Credit Suisse.

O BCP registou lucros de 207,5 milhões de euros em 2022, uma subida de 50% em relação ao ano anterior.

(Notícia atualizada às 16h21)

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Pássaro? Avião? São os lucros da banca a voarem: mais de 2.000 milhões em 2022

Caixa, BCP, Santander e BPI tiveram lucros acima de dois mil milhões de euros no ano passado. Foram 5,5 milhões por dia. Receitas com juros renderam cinco mil milhões com a ajuda do banco central.

É um pássaro? É um avião? Não, são os lucros da banca a voarem. As principais instituições financeiras portuguesas tiveram um “super ano” em 2022, com resultados líquidos acima dos 2.000 milhões de euros, o que representa uma subida expressiva de 52% em relação ao ano transato. Muitos fatores ajudaram a construir aquele que foi o melhor ano para o setor em muito tempo. Mas há um ponto em comum em todos eles: a subida das taxas de juro, que fez a margem financeira disparar 30%.

Isto significa que quatro dos cinco principais bancos portugueses – o Novobanco só apresenta contas no dia 9, mas já se sabe que vão ser lucros recorde, possivelmente os melhores da banca privada – lucraram mais 5,5 milhões de euros por dia. Porém, nem todos estão, ainda assim, no mesmo patamar de rentabilidade.

Enquanto Caixa Geral de Depósitos (CGD) e Santander Totta já apresentam ROE (rentabilidade dos capitais próprios) na casa dos 10%, um indicador de referência para atrair investidores para um setor particularmente intensivo em capital, o BCP tem um longo caminho das pedras a percorrer, sobretudo por causa dos problemas com o seu banco na Polónia. O banco liderado por Miguel Maya teve o lucro mais baixo em relação aos pares, ligeiramente acima dos 200 milhões de euros, subindo 50% em relação a 2021, e não abre o jogo se vai distribuir dividendos.

No banco público, os lucros (quase recorde) de 843 milhões permitem a Paulo Macedo entregar ao Estado o maior dividendo da sua história: 352 milhões de euros em cash mais o edifício-sede, avaliado em mais de 300 milhões, a título de dividendo em espécie. “É um dividendo fantástico”, destacou o líder da instituição esta quinta-feira.

Quanto ao Santander Totta, o resultado duplicou no ano passado para mais de 600 milhões de euros e Pedro Castro e Almeida também não quis adiantar que parte irá para a casa-mãe em Espanha. No BPI, essas contas estão feitas e já foram divulgadas: do lucro de 365 milhões obtido em 2022, 285 milhões seguem para o também espanhol CaixaBank.

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Margem financeira dispara 30%

O que ajudou nos resultados? Há muitos fatores. Por exemplo, o negócio internacional (sobretudo Angola) alavancou os resultados do BPI e da Caixa – no banco do Estado, a atividade internacional teve mesmo um ano recorde. No Santander e no BCP, a subida dos resultados também deve ser entendida à luz dos processos de reestruturação que fizeram em 2021 e cujos efeitos extraordinários deixaram de se fazer sentir este ano.

Há, contudo, um ponto em comum aos quatro bancos: a subida das receitas com juros, que é o core do negócio da banca. A margem financeira disparou 30% para perto de 4,9 mil milhões de euros, num ano marcado pela inversão abrupta das taxas de juro dos bancos centrais para controlar a escalada da inflação. Isto é o resultado dos juros mais altos que receberam pelos empréstimos concedidos a famílias e empresas, enquanto os juros pagos nos depósitos se mantiveram perto de 0%, comportamento este que mereceu a reprovação do governador do Banco de Portugal.

Caixa e BCP tiveram as maiores subidas da margem financeira. No banco público aumentou 40%, tirando partido da maior carteira de crédito no mercado português. No banco liderado por Miguel Maya subiu 35%, mas devido sobretudo ao negócio que tem na Polónia, onde o banco central foi mais expedito a normalizar a política monetária.

A expectativa é que a margem se reforce ao longo deste ano, à medida que as taxas de juro continuam a subir e esses se vão refletindo por toda a carteira de crédito dos bancos.

Ainda do lado das receitas, há muito que os bancos descobriram outra fonte de ganhar dinheiro: as comissões. Subiram 7% para 2,1 mil milhões de euros à boleia de mais transações na economia (2021 ainda foi afetado pela pandemia) e também do aumento do preçário que os bancos fizeram nos últimos anos – há várias iniciativas legislativas em curso para travar algumas comissões.

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Depósitos aumentam em 2022, mas já perdem em 2023

O crescimento das receitas também se deveu ao aumento do volume de ativos, mas os bancos sentiram já um abrandamento do crescimento do crédito no ano passado. A carteira de empréstimos aumentou apenas 1,4% para perto de 180 mil milhões de euros. No BCP e Santander até encolheu, já sentindo os efeitos da incerteza da guerra, inflação e alta dos juros.

Em relação aos depósitos, é verdade que terminaram o ano a gerirem poupanças recorde das famílias, com um total de 228 mil milhões de euros, um crescimento de 6% face a 2021.

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Contudo, arrancaram o novo ano com uma fuga de 2,5 mil milhões de euros, com as famílias a tirarem o dinheiro do banco para investirem nos atrativos Certificados de Aforro e também para amortizarem o crédito da casa (e, com isso, atenuar a subida da prestação da casa).

A perda de poupanças estará na base da recente mudança de comportamento dos bancos em relação aos juros dos depósitos a prazo que, em alguns casos, já rendem até 3%, mas há muitas condições no acesso.

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Dividendos? BCP diz que prioridade é proteger capital

Banco não abre o jogo em relação aos dividendos, apenas diz que a prioridade é “proteger o capital” tendo em conta a incerteza na Polónia e a guerra. Miguel Maya vê "com apreço" valorização na bolsa.

Sem abrir o jogo em relação à distribuição de dividendos, o BCP apenas diz que a prioridade é “proteger o capital e reforçar os rácios” do banco, isto para enfrentar com maior segurança a incerteza relacionada com o banco polaco e com a guerra na Ucrânia.

“Para a comissão executiva, num enquadramento marcado pela elevada incerteza na Polónia e a guerra, a prioridade é a proteção de capital e reforço dos rácios de capital”, referiu o CEO Miguel Maya, na apresentação dos resultados do banco. O BCP aumentou os lucros em 50% para 207,5 milhões de euros em 2022.

Em tempos de incerteza devemos adotar prudência”, destacou Maya.

A seu lado, o chairman do BCP, Nuno Amado, também quis comentar o tema. Adiantou que “é uma decisão da assembleia geral” e que há diálogo com os acionistas sobre este tema, mas avançou que o conselho de administração que lidera apoia a posição da comissão executiva

“O nosso objetivo é reabrir logo que possível uma política de dividendos intensiva”, acrescentou Nuno Amado.

No ano passado, o banco distribuiu dividendos de 13,6 milhões de euros, o que corresponde a 0,09 cêntimos por ação.

“Mercado reconhece melhoria do banco”

Questionado sobre a valorização de 2.000 milhões de euros do BCP em bolsa desde o início do ano, Miguel Maya diz que é o mercado a reconhecer a evolução da qualidade do banco, dos modelos de negócio e relacionamento com os clientes”.

“Está a corrigir a perceção que tinha e está confiante na capacidade de geração de capital orgânicos, o que tem reflexo na valorização do banco”, explicou, vendo “com apreço” a recuperação do valor em bolsa.

(Notícia atualizada às 19h06)

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Lucro do BCP sobe 50% para 207,5 milhões apesar da Polónia

Banco liderado por Miguel Maya continua a ser penalizado pelos problemas com a subsidiária polaca. Ainda assim, consegue melhorar lucro em 50% para 207,5 milhões em 2022.

O BCP alcançou lucros de 207,5 milhões de euros em 2022, o que representa uma subida de 50% em relação ao ano anterior, apesar de o resultado ter sido novamente penalizado pelos problemas na Polónia, designadamente com o caso dos créditos em francos suíços.

Em Portugal, o resultado disparou para 353,6 milhões de euros, “um crescimento expressivo” de 100% em relação aos 172,8 milhões obtidos em 2021.

No plano internacional, os prejuízos situaram-se nos 146,1 milhões de euros, muito por conta do polaco Bank Millennium, detido em 50,1% pelo BCP e que registou prejuízos de mais de 200 milhões no ano passado. Moçambique deu um lucro de mais de 100 milhões.

No mercado polaco, apesar do regresso aos resultados positivos no último trimestre do ano passado, o grupo bancário português somou vários impactos negativos:

  • 102,3 milhões de euros de imparidade respeitante à totalidade do goodwill associado à participação no Bank Millennium;
  • 282,8 milhões de euros de reconhecimento antecipado dos potenciais custos com o programa de moratórias;
  • 120,9 milhões de euros de contribuições obrigatórias;
  • 525,6 milhões de euros de custos associados à carteira de créditos hipotecários em moeda estrangeira — o banco enfrenta mais de 16 mil processos por causa deste caso, com as provisões já a superarem os mil milhões de euros, representando quase 47% da carteira de créditos hipotecários em francos suíços;

Na conferência de apresentação das contas, o CEO Miguel Maya deu conta “das pedras no caminho” que o BCP continua a encontrar no mercado polaco. Descartou qualquer cenário de venda da operação porque é importante, mas também sublinhou que “nunca deixará contaminar a operação portuguesa”.

O BCP destaca, ainda assim, que “o impacto dos efeitos extraordinários acima referidos foi mitigado pelo aumento expressivo registado nos proveitos core da atividade internacional, que evoluíram de 970,7 milhões de euros em 2021 para 1.410,1 milhões de euros em 2022″.

Neste ponto, o banco enfatiza o aumento da margem financeira na Polónia, à boleia da subida das taxas de juro do banco central polaco, que foi mais rápido do que o Banco Central Europeu a subir os juros de referência no país.

Ao nível do grupo, a margem financeira subiu 35,3% para a 2.149,8 milhões de euros em 2022, com o banco a referir que “a evolução favorável da margem financeira foi transversal à generalidade das geografias em que opera, assumindo maior expressão o crescimento obtido pela subsidiária polaca, quase a alcançar os 70%”.

Em relação às comissões líquidas, tiveram um crescimento de 6,1% para 771,9 milhões, graças sobretudo à “progressiva normalização da atividade económica, decorrente da evolução favorável da pandemia associada à Covid-19”.

Contabilizando todas as rubricas, o BCP registou um produto bancário de 2.867,5 milhões de euros, uma subida de quase 23%.

4.000 clientes em renegociação

Ao nível do balanço, enquanto a carteira de crédito praticamente estabilizou nos 56,2 mil milhões de euros, os depósitos subiram 9% para 75,9 mil milhões de euros – o BCP acabou de melhorar os juros dos depósitos a prazo para 3%.

Questionado sobre o número de renegociações de créditos por conta da subida expressiva dos juros, Miguel Maya adiantou que há 4.000 casos em situação de PARI, notando, ainda assim, que muitas decisões ainda estão nas mãos dos clientes e, portanto, não são processos ainda fechados.

“ROE ainda não adequado”

Com o resultado de 207,5 milhões, o banco melhora o rácio de rentabilidade dos capitais próprios (ROE) de 2,4% em 2021 para 4% em 2022, um nível que “ainda não é adequado para o BCP”, sublinhou Miguel Maya, apontando que a Polónia é neste momento o “maior constrangimento” à melhoria do ROE. A instituição visa ter um ROE de 10% até ao final do próximo ano.

O banco não abriu o jogo dos dividendos. “Num enquadramento marcado pela elevada incerteza na Polónia e a guerra, a prioridade é a proteção de capital e reforço dos rácios de capital”, afirmou Miguel Maya.

(Notícia atualizada às 19h16)

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Ações da Bacalhôa à venda em leilão por mais de um milhão após BCP executar Berardo

Banco avançou no mês passado com a execução de duas sociedades de Berardo, a Associação de Coleções e a Metalgest. Agora as ações da Bacalhôa vão a leilão, pedindo-se mais de um milhão de euros.

Mais de 1,3 milhões de ações da Bacalhôa, empresa de vinhos de Joe Berardo, estão em leilão por mais de um milhão de euros, após o BCP ter avançado para a execução, no mês passado, de duas sociedades ligadas ao empresário madeirense, a Associação de Coleções e a Metalgest, por conta de uma dívida de dois milhões. Nem o banco nem Berardo comentam.

Em causa está uma participação que corresponde a menos de 2% do capital da Bacalhôa, com sede na região de Setúbal. Os títulos, com um valor base de 1,32 milhões de euros, estão na posse da Associação de Coleções, de acordo com o portal E-Leilões, onde está a ter lugar o leilão. Ainda não há licitações. O fim do leilão está previsto para o dia 22 de março.

Há um aviso aos potenciais interessados para um risco judicial: as ações em leilão estão relacionadas com um processo em que “se encontram pendentes embargos”.

Como o ECO escreveu em janeiro, o BCP avançou para a penhora de bens das duas sociedades do universo de Joe Berardo, por via de uma ação de execução no valor de dois milhões de euros. Com a ação, o banco pode proceder de imediato à penhora de bens de ambas as sociedades sem precisar da autorização do juiz do processo, pois já há uma sentença em julgado. E só depois da penhora é que os executados são citados para se oporem, se quiserem.

Nos últimos anos, não só o BCP como também a Caixa Geral de Depósitos (CGD) e o Novobanco têm avançado com várias ações contra empresas ligadas ao comendador por dívidas passadas.

Na ação mais relevante, os três bancos tentam, em conjunto, executar a principal coleção de obras de arte de Joe Berardo – detida pela Associação Coleção Berardo – por conta de uma dívida de cerca de mil milhões de euros. Segundo a última avaliação pedida pelo comendador, a coleção encontra-se avaliada 1,8 mil milhões de euros.

Em maio do ano passado, Joe Berardo contra-atacou os bancos, reclamando em tribunal 900 milhões de euros, dos quais 800 milhões se destinam a compensar a fundação por se ter visto “despojada” do seu património para cobrir as dívidas contraídas junto dos bancos, enquanto outros 100 milhões visam para ressarcir o comendador por danos morais.

Bacalhôa com vendas de quase 50 milhões em 2021

Os interessados naquela participação de quase 2% da Bacalhôa poderão consultar no portal de leilões, e já depois de devidamente registados, vários documentos relativos à sociedade, incluindo as contas de 2021, os estatutos e o registo comercial. Há uma nota no portal E-Leilões de que é da “exclusiva responsabilidade dos interessados proponentes, a análise e interpretação da documentação disponibilizada, sem prejuízo das diligências que entendam efectuar na avaliação do bem a adquirir, assegurando-se que corresponde às expectativas”.

Com 300 trabalhadores, a empresa que tem explorações vitivinícolas nas principais regiões do país, incluindo o Douro, Dão, Bairrada, Azeitão e Alentejo, fechou 2021 com vendas de quase 50 milhões de euros, um acréscimo de 17% face ao ano anterior. Os lucros ascenderam a 2,1 milhões de euros, mais 25% em relação a 2021. A sociedade explica a melhoria das contas com a reabertura da economia após as restrições impostas pelas autoridades por conta da pandemia. A dívida líquida caiu quase 10% para 30,8 milhões de euros.

Liderada por Renato Berardo, filho de Joe Berardo, a Bacalhôa apostou em 2022 no crescimento nos mercados externos, nomeadamente na Europa, América e Ásia, do desenvolvimento do enoturismo e, no plano financeiro, na racionalização de custos, reforço dos capitais próprios e diminuição e diversificação da dívida.

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Bancos “culpam” legislador pelo aumento das comissões

Associação que representa setor da banca alerta Parlamento que proibir comissões pode violar a Constituição. E diz aos deputados que estão a desconsiderar o Banco de Portugal.

Contra a interferência do Parlamento, os bancos avisam agora que proibir a cobrança de comissões pelos serviços que prestam pode violar a Constituição portuguesa, alertando ainda para as “consequências indesejáveis” com um novo travão no comissionamento, como o desincentivo à inovação ou a redução da oferta a médio prazo. A associação que representa o setor “passa a culpa” do aumento das comissões para o legislador. E diz aos deputados que estão a “desconsiderar” o papel do Banco de Portugal nesta matéria.

Num longo comentário enviado à comissão de orçamento e finanças (COF), que prepara novas limitações nas comissões bancárias, a Associação Portuguesa de Bancos (APB) considera que os projetos de lei do PS e do PAN – que preveem o fim de algumas comissões relacionadas com o crédito à habitação, além de outras alterações nos preçários dos bancos – “carecem de sustentação nos factos ou no Direito”.

Em relação aos factos, a APB contesta a ideia de que os bancos pratiquem comissões “desproporcionais”, “excessivas” ou “abusivas”, alguns dos adjetivos que encontrou nos projetos de lei que estão em discussão no Parlamento.

“Apesar de ser por todos reconhecido, desde logo pelo setor, que o nível de comissionamento bancário aumentou na última década, parece-nos claro reconhecer que tal aumento nunca permitirá, por si só, levar à conclusão de que se assistiu a um aumento desproporcional ou abusivo, ou que o atual nível de comissionamento não se encontrará alinhado com o real custo dos serviços que visa remunerar, ou com o nível de comissionamento bancário nos demais Estados europeus”, argumenta a associação liderada por Vítor Bento.

Lembrando um relatório do Banco de Portugal sobre este tema, que concluiu que as comissões praticadas pelos bancos em Portugal não se desviam de forma significativa do que se pratica lá fora, a APB justifica o aumento das comissões com o aumento “considerável” dos custos indiretos, como a regulação.

E aqui atira ao próprio legislador, responsabilizando-o pelo aumento das comissões:

“Sempre que o legislador aumenta o nível dos deveres de informação a prestar aos clientes, sempre que obriga a que os trabalhadores bancários cumpram requisitos mais exigentes de conhecimento e competências, sempre que obriga a que os bancos tenham um papel mais preponderante no combate ao terrorismo e ao branqueamento de capitais, sempre que obriga a que os bancos cumpram requisitos mais exigentes ao nível da cibersegurança dos seus sistemas ou sempre que aumenta a responsabilidade objetiva dos bancos pela prestação de serviços bancários, o legislador está, clara e consequentemente, a determinar um incremento do custo, e, consequentemente, do preço dos serviços bancários e, concomitante e consequentemente, a determinar um aumento dos custos indiretos associado à respetiva prestação”.

Sobre este ponto, a APB salienta como o aumento da regulação se traduziu num reforço dos trabalhadores afetos a áreas de controlo, risco, compliance e reporte a supervisores: subiu de 5% do total de colaboradores dos serviços centrais dos bancos em 2009 para 15% em 2019.

"Sempre que o legislador aumenta o nível dos deveres de informação a prestar aos clientes, sempre que obriga a que os trabalhadores bancários cumpram requisitos mais exigentes de conhecimento e competências, (…) o legislador está, clara e consequentemente, a determinar um incremento do custo, e, consequentemente, do preço dos serviços bancários e, concomitante e consequentemente, a determinar um aumento dos custos indiretos associado à respetiva prestação.”

Associação Portuguesa de Bancos

Viola a Constituição?

A APB aborda ainda a questão da “função social da banca”, outro dos argumentos dos deputados para acabar com algumas comissões a fim de assegurar “um acesso adequado da população aos serviços financeiros”.

Segundo a associação, limitar os bancos nas comissões acaba por ter um efeito contraproducente. “Para cumprir a sua função social e conseguir atrair o capital privado necessário para o desenvolvimento da atividade que sustenta essa função social, a banca tem de conseguir remunerar o seu capital em valor superior ao seu custo económico, sob pena de a desejada função social se tornar inviabilizada”, contrapõe a APB.

Assim, acrescenta, se não se atende à função social da banca, impor proibições na cobrança de comissões será antes uma “verdadeira restrição à livre iniciativa económica dos bancos, suscetível de violar as normas estruturantes do quadro constitucional nacional”.

Quais normas? O direito à iniciativa económica privada e ao princípio da concorrência, o direito à propriedade privada, o direito à igualdade, liberdade de gestão, organização e funcionamento que rege a atividade exercida pelas instituições bancárias, alega.

"Impor proibições de cobrança de comissões por serviços prestados pelos bancos a um vasto leque de clientes bancários (sem ficarem demonstradas quaisquer especiais necessidades de apoio a tais clientes), não será, afinal, justificável atenta a função social da banca. Será, antes, uma verdadeira restrição à livre iniciativa económica dos bancos, suscetível de violar normas estruturantes do quadro constitucional nacional.”

Associação Portuguesa de Bancos

“Consequências indesejáveis”

Na carta enviada à COF, a APB termina com um alerta sobre as “consequências indesejadas” pelo legislador caso avance com um travão no comissionamento da banca. Por um lado, cria um desincentivo à inovação e à competitividade do sistema financeiro português, podendo também, “no médio prazo, limitar as ofertas comerciais aos consumidores residentes em Portugal”.

Por outro, não tem em conta os regimes harmonizados a nível europeu que regem a atividade bancária, “adensando, ainda mais, a fragmentação da legislação e o unlevel playing field nacional”.

Por último, com esta intervenção, o Parlamento está a “desconsiderar o entendimento e o papel do supervisor na aplicação das regras de comissionamento”, diz a APB.

“Ao diagnóstico feito pelo supervisor nacional no relatório sobre o comissionamento bancário, os projetos respondem com uma prescrição de novas proibições e limitações do comissionamento bancário. Em vez de se atender aos resultados do relatório, desconsidera-se o seu conteúdo”, aponta a associação, sugerindo aos deputados que tratem destes temas no plano europeu, “aproveitando a representação parlamentar nacional no Parlamento Europeu”, em vez de fomentarem o “goldplating” [adição de imposições nacionais em relação às diretivas europeias].

Pequeno-almoço e debate "The Day After" Legislativas 2022 - 02FEV22

Do processamento do crédito ao distrate, as comissões com fim à vista

Em relação a um dos projetos do PAN, está em causa, por exemplo, alargar a proibição de comissões por processamento do crédito a todos os contratos, incluindo anteriores a janeiro de 2021a lei de 2020 apenas previa o fim desta comissão para contratos realizados após aquela data. Num outro projeto, o PAN quer que as contas de serviços mínimos bancários não tenham limites nas transferências no homebanking, nem nas aplicações de pagamento de terceiros (como MB Way) associadas a essas contas.

Por seu turno, o projeto de lei do PS visa limitar os bancos na cobrança de comissões em mudanças de titularidade das contas, no caso de morte de um dos cônjuges, e ainda as comissões nos processos de habilitação de herdeiros.

No que diz respeito ao crédito à habitação, os socialistas também pretendem eliminar a comissão do distrate (documento que prova que o crédito foi reembolsado na totalidade) e ainda permitir que um cliente que pede empréstimo e já tenha um relatório de avaliação do imóvel com menos de seis meses não tenha de pagar por nova avaliação (o banco pode mandar fazer nova avaliação, mas assume as despesas). Neste último ponto, a Deco pretende que a avaliação do imóvel seja válida durante um ano.

Quanto ao regime transitório que facilita a renegociação de créditos, criado no final do ano passado para ajudar as famílias a fazer face ao aumento das taxas de juro, o PS quer proibir as vendas associadas nos processos de renegociação (tais como seguros, cartões de crédito ou mesmo bens materiais, como cabaz de alimentos).

Em entrevista ao ECO, o deputado e um dos promotores da iniciativa socialista, Miguel Costa Matos, explicou que “nos últimos anos os portugueses ajudaram a banca” e agora, numa altura em que as taxas de juro estão a subir, “seria bom os bancos começarem a ajudar os portugueses”. “Isso implica serem razoáveis e proporcionais nas comissões que cobram”, apontou. Citando dados da Deco, que apontam para uma subida das receitas comissões em 50% na última década, Costa Matos disse ter identificado “exemplos claros de comissões que subiram para lá do razoável e do proporcional”, razão pela qual o Parlamento volta a intervir no mercado bancário, após as medidas tomadas em 2020, relativas ao MB Way e ao crédito da casa.

As propostas do PS e do PAN serão agora discutidas na comissão de orçamento e finanças, em sede da qual a APB deverá ser uma das entidades ouvidas, juntamente com a associação de defesa de consumidores, o Banco de Portugal, entre outras, num processo que deverá ficar concluído antes do verão.

Recentemente, o governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, disse no Parlamento que tem a expectativa de que os bancos desçam as comissões, tendo em conta que as taxas de juro estão agora a aumentar e a engordar a margem financeira do setor.

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BCP faz primeira escritura remota

  • Mariana Marques Tiago
  • 10 Fevereiro 2023

Os documentos foram "assinados digitalmente pelas partes envolvidas", que marcaram presença através de uma videochamada. Depois foram "submetidos em plataforma informática", explica o BCP.

O Millennium BCP concretizou a primeira escritura remota esta sexta-feira. O contrato de crédito à habitação foi feito através de videoconferência, tendo as partes envolvidas assinado digitalmente.

O procedimento “inovador”, diz o banco em comunicado, “foi realizado em parceria com a Plataforma Legal, mediante autenticação dos intervenientes com recurso à Chave Móvel Digital“.

Assim, foi aberta “a possibilidade da realização, através de videoconferência, de atos jurídicos autênticos”. Ao que o ECO apurou, esta modalidade não tem qualquer custo diferente associado.

O BCP explica que, neste novo processo, os documentos foram “assinados digitalmente pelas partes envolvidas”, as quais participaram através de uma videochamada. Depois, os documentos foram “submetidos em plataforma informática, tendo o mesmo valor de prova dos atos realizados presencialmente”.

A partir desta sexta-feira essa forma de escritura remota passa a estar “à disposição dos clientes”, sendo possível iniciar o processo de crédito à habitação através da aplicação do banco, concluindo-o “sem sair de casa”, lê-se no comunicado enviado.

De acordo com o ComparaJá.pt, citado pelo banco português, este é considerado o processo mais rápido do mercado.

(Notícia atualizada às 17h42)

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