Companhias aéreas apoiam plano ambiental que pode custar-lhes 21 mil milhões por ano
Proposta da ONU prevê que a indústria da aviação financie iniciativas ambientais para compensar as emissões de gases poluentes.
A indústria da aviação decidiu apoiar uma proposta da Organização das Nações Unidas (ONU), que tem por objetivo limitar os gases poluentes emitidos pelos aviões em voos internacionais, adianta, esta segunda-feira, a Bloomberg. O plano pode implicar um custo anual de 21,3 mil milhões de euros (24 mil milhões de dólares) para as companhias aéreas.
A proposta, anunciada pela primeira vez em fevereiro pela Organização da Aviação Civil (a agência para a aviação da ONU), está agora a ser apoiada por gigantes da indústria, como a United Continental Holdings e a Boeing. A partir de terça-feira e, ao longo de 11 dias, a proposta vai ser discutida em Montreal e, a ser alcançado um acordo, será o primeiro deste género a ser dirigido a uma única indústria.
A ideia não é que as companhias aéreas reduzam a emissão de gases poluentes, mas que compensem esta emissão através do financiamento de iniciativas ambientais, como o desenvolvimento de energias renováveis ou preservação de florestas, por exemplo. O acordo entraria em vigor em 2020 e prolongar-se-ia até 2035 — ainda que, durante os primeiros seis anos, a participação seja apenas voluntária. Contas feitas, as previsões apontam para que este plano venha a custar, por ano, 23,9 mil milhões de dólares à indústria da aviação, o equivalente a 1,8% das receitas anuais previstas para os próximos 15 anos.
Apesar dos custos, esta é uma solução que, por ser universal, agrada às companhias, que preferem uma alternativa deste género a terem de se sujeitar a regulamentação leis regionais, nacionais e internacionais. “Reconhecemos que, como indústria, temos impacto nas alterações climáticas. A indústria está disposta a pagar a sua parte. Só queremos pagar a nossa parte da forma mais económica possível”, resume Michael Gill, diretor executivo da Air Transport Action Group, que representa companhias aéreas, fabricantes, aeroportos e pilotos, em declarações à Bloomberg.
Aliás, se o acordo falhar, as companhias aéreas arriscam regulação que pode sair ainda mais cara, se cada país decidir avançar com planos regionais.
Os ambientalistas, por seu lado, também estão a fazer pressão para que o acordo seja assinado, defendendo que este será um primeiro passo importante, que poderá ser melhorado a longo prazo. Ainda assim, criticam a vertente voluntária do acordo e os custos para as companhias aéreas, que consideram demasiado baixos. Seja como for, acreditam, o acordo é crucial para evitar desastres ambientais como cheias ou secas.
Entre as cerca de 60 nações que apoiam o plano, encontram-se os Estados Unidos, a China, os Emirados Árabes Unidos, a Coreia do Sul e a maioria dos países europeus. Contudo, o sucesso do acordo estará no número de países que decidirem cumpri-lo já na fase voluntária, e é essa a parte que, para já, gera maior apreensão. É que muitos dos países que estão a emergir no setor da aviação, como o Brasil e a Índia, já fizeram saber que só pretendem cumprir o plano quando este passar a ser obrigatório, em 2027, por considerarem que cumpri-lo antes vai impor um “fardo económico” injusto para países em desenvolvimento.
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