Lucros caem mas a culpa é das eleições nos EUA
Mais de 80 empresas norte-americanas fazem referência às eleições para justificar as suas declarações trimestrais de lucros - desde as máquinas de lavar roupa aos pequenos-almoços.
Que as eleições nos Estados Unidos estavam a afetar o setor financeiro já se sabia, mas uma análise feita pela agência Reuters mostra agora que as próprias empresas também se estão a ressentir, ou pelo menos é o que elas dizem.
Executivos de mais de 80 empresas norte-americanas culparam as eleições para a Casa Branca ou referiram-se a elas de alguma forma nas suas chamadas com investidores e analistas acerca dos seus resultados trimestrais. Foi o que concluiu a Reuters após uma análise de uma quantidade massiva de transcrições de conversas telefónicas.
Nalguns casos, eram os participantes na chamada que perguntavam aos executivos pelos impactos das eleições nos resultados — mas muitas vezes eram os próprios gestores das empresas que diziam logo: “Acreditamos que [a quebra nas vendas] se deve ao enfraquecimento da confiança dos consumidores, principalmente por causa das eleições nos EUA”. Foram as palavras do CEO da Whirlpool, cujas vendas caíram 0,5% no terceiro trimestre de 2016 relativamente ao período homólogo.
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A Whirlpool não está sozinha. A cadeia de cafetarias Dunkin’ Brands disse que os operadores do seu franchise estavam relutantes em abrir novas lojas antes de saber o resultado das eleições — devido ao seu potencial impacto no salário mínimo, devido às posições divergentes dos dois candidatos — e os hotéis Hilton e as lojas de mobília Ethan Allen também sublinharam a importância das eleições como ponto de pressão no clima económico.
"Acho que as empresas com resultados dececionantes estão à procura de desculpas convenientes.”
“Este ciclo de eleições… acho que tem sido invulgar, e uma consequência disso tem sido o abrandamento da economia, provavelmente de forma mais dramática do que eu vi na minha vida adulta”, disse o CEO da cadeia de hotéis Hilton, Christopher Nassetta, numa chamada com stakeholders. A cadeia reviu em baixa as suas previsões de lucro.
Analistas consultados pela Reuters, porém, veem esta justificação com ceticismo. “Acho que as empresas com resultados dececionantes estão à procura de desculpas convenientes”, disse Michael James, da Wedbush Securities. “Se é ou não verdade, já é discutível. Eu levo estas explicações com alguma desconfiança”.
E mesmo nas chamadas analisadas pela Reuters houve casos em que os diretores-executivos de empresas punham totalmente de parte o impacto das eleições nos seus lucros. O CEO da Graco, fabricante de equipamento para bombas de gasolina, disse mesmo: “Se ouvisse alguém na Graco a dizer-me que iam fazer um investimento nalguma coisa mas tinham mudado de ideias porque queriam ver o que ia acontecer com a eleição, acho que os despedia”.
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