DBRS já não teme juros acima dos 4%
“A nossa principal preocupação é o fraco crescimento económico”, afirma Fergus McCormick, economista-chefe da DBRS para Portugal, ao ECO.
A recente subida dos juros portugueses não preocupa a DBRS. Mas só por enquanto. Depois de ter assumido como “desconfortável” uma taxa de 4%, a agência canadiana frisa que a sua principal preocupação é o “fraco crescimento económico” de Portugal. Ainda assim, se a atual tendência de agravamento do risco se mantiver por longo tempo, o nível de alerta poderá subir.
Os juros portugueses estão em escalada contínua desde a passada semana. A taxa implícita nas obrigações a dez anos, a referência nos mercados, já atingiu os 3,6%, perto da barreira além da qual a DBRS assumiu ao Observador estar “desconfortável”.
“Se o crescimento dos spreads for persistente, estaremos mais preocupados”, afirmou Fergus McCormick, economista-chefe da DBRS para Portugal, ao ECO. O prémio de risco da dívida portuguesa face às bunds da Alemanha agravou-se, mas não muito já que a subida dos juros da dívida está a ser generalizada. Ainda assim, está em 317 pontos base, um máximo de um mês.
Juros da dívida a subir
“Mas a nossa principal preocupação é o crescimento lento da economia. Temos uma visão de longo prazo e os nossos ratings refletem a nossa opinião acerca dos fundamentais no longo prazo”, acrescentou.
"Se o crescimento dos spreads for persistente, estaremos mais preocupados. Mas a nossa principal preocupação é o crescimento lento da economia.”
A DBRS manteve o rating em outubro o rating de Portugal, em BBB (low), bem como o outlook estável para o risco de crédito da República, uma decisão importante porque permitiu que as obrigações nacionais continuasse no radar das compras do Banco Central Europeu (BCE).
McCormick adianta que, em face a recente volatilidade no mercado de obrigações, a DBRS não está “atualmente a contemplar qualquer decisão de levar Portugal para o comité de rating”, que decide antecipar ou não qualquer ação que não está prevista. Mas não deixou de alertar para as consequências da recente instabilidade nos mercados de dívida que está a afetar não só Portugal como os restantes mercados mundiais.
“Há, atualmente, alguma incerteza em relação às políticas dos EUA e isso irá traduzir-se em maior volatilidade de mercado. Esperamos que esta incerteza possa durar muito tempo”, frisa o responsável da agência canadiana, contextualizando o alargamento das yields na periferia da Zona Euro face à Alemanha com o facto de as expectativas de inflação nesses países estarem abaixo das expectativas de inflação nos EUA.
Em todo o caso, sublinha McCormick, “se esta tendência persistir, os investidores vão ficar mais preocupados com a sustentabilidade da dívida pública” portuguesa, algo para o qual vários especialistas têm vindo a alertar.
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