Deutsche Bank terá ajudado Monte Dei Paschi a esconder perdas de 367 milhões
Uma operação realizada entre os dois bancos, em 2008, permitiu ao Deutsche Bank lucrar 60 milhões de euros em duas semanas. Já o banco italiano escondeu perdas de 367 milhões de euros.
O Deutsche Bank terá ajudado o Monte dei Paschi a esconder perdas de centenas de milhões de euros, através da manipulação de índices internos relacionados com produtos indexados à taxa Euribor. A hipótese consta de um relatório do Bafin, o regulador financeiro alemão, a que a Bloomberg teve acesso.
Em causa está uma operação de produtos derivados levada a cabo entre os dois bancos, em dezembro de 2008, conhecida como “Santorini”. O negócio permitiu ao banco alemão lucrar cerca de 60 milhões de euros em apenas duas semanas, enquanto o Monte dei Paschi escondeu, através desta operação, perdas de 367 milhões de euros que resultaram de uma outra operação de produtos derivados, feita anteriormente, também com o Deutsche Bank. Esta camuflagem das contas levou a avaliações ilusórios das contas do banco italiano entre 2008 e 2012. Hoje, o Monte dei Paschi está em situação crítica.
O caso, agora reconhecido pelo regulador alemão, já tinha sido denunciado pela Bloomberg em 2013. Na altura, agência financeira explicava que a operação implicou que o Deutsche Bank emprestasse 1,5 mil milhões de euros ao Monte dei Paschi. Em troca, o banco italiano fez uma falsa aposta (uma losing bet, na expressão em inglês) no valor dos títulos de dívida italiana.
No relatório a que a Bloomberg teve agora acesso, foram identificadas “anomalias” nos valores dos ativos utilizados para determinar o preço desta operação. Os inspetores do Bafin não conseguiram relacionar de forma inequívoca essas anomalias com uma eventual manipulação, mas, por outro lado, o Deutsche Bank não tinha quaisquer diretrizes para monitorizar eventuais manipulações dos índices.
Entretanto, o Deutsche Bank e seis antigos administradores de topo do Monte dei Paschi foram indiciados por um tribunal de Milão, que deverá iniciar, no próximo dia 15, um julgamento aos dois bancos, depois de os procuradores italianos já terem concluído que o negócio Santorini permitiu ao Monte dei Paschi falsificar as contas.
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