Jerónimo sobre polémica da TSU: “Há males que vêm por bem”
O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, acusou o PSD de dar "uma cambalhota" para chumbar descida da TSU. Mas frisou: "Há males que vêm por bem."
“Como diz o nosso povo, há males que vêm por bem”, disse este sábado o secretário-geral do PCP, referindo-se àquilo a que apelidou de “cambalhota” do PSD, ao prometer chumbar a descida da taxa social única paga pelos patrões.
Na arruada do PCP desta manhã, em Sacavém, Jerónimo de Sousa rejeitou que haja colisão com o PS a propósito da questão da redução da Taxa Social Única (TSU), tratando-se apenas de uma “divergência”, que não é a primeira vez que acontece desde que os partidos assinaram a posição conjunta em novembro de 2015.
"[O PSD] está a desagradar à sua base social de apoio, aos seus mandantes, mas esse é um problema do PSD que continua a querer fazer ajuste de contas com a solução política que foi encontrada. Mas às vezes, como diz o nosso povo, há males que vêm por bem.”
“Parece agora que as coisas se encanzinaram por banda do PSD que afirmou que vai também votar contra esse privilégio. É uma posição contraditória, está a desagradar à sua base social de apoio, aos seus mandantes, mas esse é um problema do PSD que continua a querer fazer ajuste de contas com a solução política que foi encontrada. Mas às vezes, como diz o nosso povo, há males que vêm por bem”, enfatizou, citado pela Lusa.
Para o secretário-geral do PCP, a posição do PSD “é uma posição estranha, contraditória na medida em que sempre, mas sempre, esteve de acordo com a redução da TSU”, considerando que o partido liderado por Passos Coelho quer “fazer agora uma cambalhota”.
Jerónimo de Sousa desafiou os sociais-democratas: “Pois que o PSD também vote contra essa redução que, com certeza, beneficiará os trabalhadores e a nossa economia”.
Ontem à noite, Passos Coelho garantiu que o PS não pode contar com o PSD para o ajudar a ultrapassar a divergência sobre esta questão com os partidos da esquerda, que dão apoio parlamentar ao Governo. Mas a pressão contra o líder dos sociais-democratas chega de todo o lado: patrões e sindicatos avisam que essa posição vai desvalorizar a concertação social.
Jerónimo criticou “cedência” do Governo ao patronato
“O Governo mais uma vez, nesse processo de negociação na concertação social, cedeu claramente aos interesses e aos privilégios dos patrões baixando a TSU, ou seja, pondo de certa forma o Estado a pagar o aumento do salário mínimo nacional, e nós estamos em desacordo”, explicou.
Na opinião dos comunistas, “devem ser as empresas a assumir esse compromisso”, considerando que a oposição comunista a esta redução da TSU “está em coerência com o que sempre afirmou o PCP”.
“Com o decreto do salário mínimo nacional já aprovado e já em vigor – não é isso que vai estar em causa -, quando for publicado o decreto sobre a redução da TSU, o PCP vai chamá-lo à reapreciação parlamentar e vai fazer uma proposta de eliminação desse privilégio que foi negociado”, reiterou.
Ainda assim, desvalorizou os danos que o desentendimento com os socialistas pode ter no acordo parlamentar que sustenta o Governo. Jerónimo de Sousa explicou que aquilo que compromete os comunistas com os socialistas “é a posição conjunta” e que ficou “claro que cada partido mantém independência e autonomia para decidir de acordo com as situações em concreto”.
"Não há aqui nenhuma dramatização, há uma divergência que pode resultar, designadamente na TSU na eliminação do princípio da redução.”
“Não há aqui nenhuma dramatização, há uma divergência que pode resultar, designadamente na TSU na eliminação do princípio da redução”, enfatizou.
O acordo obtido pelo Governo socialista e parceiros em dezembro na concertação social, à exceção da CGTP, prevê uma subida do Salário Mínimo Nacional para 557 euros e a descida da Taxa Social Única em 1,25 pontos percentuais.
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