Caldeira Cabral: Perguntas sobre Portugal mudaram radicalmente
O ministro da Economia revelou a "curiosidade que alguns investidores" revelaram em Davos em relação a Portugal e "uma visão mais positiva das perspetivas de crescimento" do país.
O ministro da Economia afirmou hoje que, entre a edição de 2016 e a de este ano do Fórum Económico Mundial, em Davos, a visão externa sobre Portugal mudou radicalmente e agora é “completamente positiva”, havendo confiança dos investidores.
“Estive aqui [em Davos] o ano passado e estive aqui este ano e as perguntas mudaram radicalmente. Enquanto no ano passado havia dúvidas, apreensão e algumas questões sobre estar a haver um arrefecimento económico, este ano de facto há uma visão completamente positiva sobre Portugal”, disse Manuel Caldeira Cabral em entrevista à agência Lusa, no balanço da participação portuguesa no Fórum Económico Mundial, que termina hoje na cidade suíça de Davos.
Enquanto no ano passado havia dúvidas, apreensão e algumas questões sobre estar a haver um arrefecimento económico, este ano de facto há uma visão completamente positiva sobre Portugal.
De acordo com o ministro da Economia “há uma confiança grande no trabalho que foi feito nas contas públicas, mas há também uma visão mais positiva das perspetivas de crescimento do país com os dados que temos das exportações, do turismo, do emprego”.
Caldeira Cabral destacou ainda a mudança de clima em Davos com questões mundiais como o Brexit, Donald Trump como Presidente dos Estados Unidos e as várias eleições que vão ocorrer na Europa, sendo evidente a visão que Portugal “apresenta uma solução governativa estável e é um país aberto”.
“Essa foi a mensagem que passámos, mas que aparecia no tipo de perguntas que era feito, na curiosidade que alguns investidores demonstravam e isso de facto é muito diferente do clima que encontrámos o ano passado, que ainda era um clima em que de Portugal falava-se principalmente ainda do ajustamento, da crise”, recordou.
Na opinião do ministro, Portugal veio “a Davos num momento muito bom” e “numa altura muito positiva para a economia portuguesa”, tendo estado o Governo representado nesta cimeira ainda pelo primeiro-ministro, António Costa, e pelo secretário de Estado da Indústria, João Vasconcelos.
Na quinta-feira, em entrevista à agência Lusa, António Costa tinha revelado que na reunião bilateral que manteve com a diretora-geral do FMI, o Governo recebeu uma mensagem de congratulação pelos resultados obtidos e trabalho desenvolvido.
Tweet from @antoniocostapm
Caldeira Cabral explicou que ao longo dos dias que esteve neste fórum — que começou na terça-feira e termina hoje — manteve “encontros muito interessantes”, que agora terão consequências práticas.
“Alguns convidámos a vir a Portugal, outros ficámos de enviar dossiês com informação e a outros despertámos o interesse em investir em áreas tão diferentes como o turismo, as empresas de tecnologia ou a área de biotecnologia farmacêutica. Alguns destes encontros que tivemos aqui vão ter já ‘follow up’ marcado com encontros em Lisboa com investidores que vêm ao nosso país”, revelou.
Alguns convidámos a vir a Portugal, outros ficámos de enviar dossiês com informação e a outros despertámos o interesse em investir em áreas tão diferentes como o turismo, as empresas de tecnologia ou a área de biotecnologia farmacêutica. Alguns destes encontros que tivemos aqui vão ter já ‘follow up’ marcado com encontros em Lisboa com investidores que vêm ao nosso país.
No entanto, para Caldeira Cabral “há uma outra parte, mais ampla, dos investidores que investem em dívida, no capital das empresas portuguesas”, sendo importante ter visibilidade com uma imagem positiva.
Já na entrevista que deu esta quarta-feira à Bloomberg, o ministro sublinhou, precisamente, os números positivos que a economia portuguesa registou: “O défice mais baixo dos últimos 40 anos, o crescimento do último trimestre [terceiro trimestre] de que temos dados foi o mais elevado da União Europeia, devemos focar-nos nos números positivos”.
Questionado sobre se Portugal vai cumprir a exigência de Donald Trump para que todos os países membros da NATO gastem 2% do PIB em defesa., Caldeira Cabral fugiu à questão lembrando que Portugal tem “de trabalhar com a nova Administração, tal como trabalhou com a anterior” — uma mensagem repetida depois pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Augustos Santos Silva. “Somos aliados dos Estados Unidos há muito tempo“, acrescentou o ministro da Economia. “Portugal colaborou muito com os estados Unidos na NATO, mas também no comércio e no investimento”.
“Estamos apenas a começar. Vamos esperara para ver”, rematou Caldeira Cabral.
Estamos apenas a começar. Vamos esperara para ver [sobre Donald Trump]
Grande parte da entrevista foi dedicada aos efeitos do Brexit e às declarações de Theresa May, que clarificou a posição do Reino Unido a favor de um hard brexit. Caldeira Cabral explicou que “a posição de Portugal está a ser negociada e depende da posição do Reino Unido”. “A liberdade de circulação de bens tem de estar ligada à liberdade de circulação de pessoas. As liberdades do mercado comum são parte de um todo e não podem ser separadas: quero isto não quero aquilo”, alerta o responsável português.
Caldeira Cabral defende que “é positivo para o Reino Unido que, mesmo fora da UE, se mantenha dentro do mercado comum”.
Confrontado com o aumento do populismo na Europa, Caldeira Cabral defendeu que “a UE tem de ter um papel importante no mundo, tem de ser uma força estabilizadora”, “uma base para a luta pela liberalização comercial”.
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
Caldeira Cabral: Perguntas sobre Portugal mudaram radicalmente
{{ noCommentsLabel }}