Contrato-Emprego: conheça o novo apoio à contratação

  • Cristina Oliveira da Silva
  • 2 Fevereiro 2017

O primeiro período de candidaturas ao Contrato-Emprego decorre até 10 de março mas as empresas têm de registar a oferta de emprego antes. Conheça as regras.

As empresas que contratem desempregados podem candidatar-se a um novo apoio financeiro, que vem substituir o anterior Estímulo-Emprego, suspenso desde julho do ano passado.

O período de candidatura decorre até 10 de março mas as empresas têm de registar as ofertas de emprego mais cedo. Já estão previstos mais dois períodos de candidatura, em maio e outubro. Conhece as regras do Contrato-Emprego? O ECO ajuda.

Quem são os destinatários da medida?

O novo apoio destina-se a empresas que contratem desempregados inscritos no Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), numa das seguintes condições:

  • Inscrito há seis meses consecutivos
  • Inscrito há, pelo menos, dois meses consecutivos, com menos de 29 anos de idade ou mais de 45
  • Inscrito há, pelo menos, dois meses consecutivos, sem registos de contribuições na Segurança Social nos 12 meses anteriores
  • Beneficiário de prestações de desemprego ou Rendimento Social de Inserção (RSI)
  • Pessoa com deficiência ou incapacidade
  • Pessoa que integre família monoparental ou cujo cônjuge se encontre também em situação de desemprego (inscrito no IEFP)
  • Vítima de violência doméstica
  • Refugiado
  • Ex-recluso e aquele que cumpra ou tenha cumprido penas não privativas de liberdade em condições de se inserir na vida ativa
  • Toxicodependente em recuperação
  • Pessoa que tenha concluído há menos de um ano estágio financiado pelo IEFP no âmbito de projetos reconhecidos como de interesse estratégico
  • Outro público específico a definir por despacho

O contrato não pode ser celebrado com a empresa (ou entidade do mesmo grupo) em que o trabalhador exerceu funções antes do desemprego, a não ser que o desemprego tenha ocorrido há mais de dois anos.

Também ficam de fora os contratos celebrados com um desempregado que tenha frequentado estágio financiado pelo IEFP na mesma entidade nos 24 meses anteriores (exceto quando concluiu há menos de 12 meses estágio financiado no âmbito de projetos reconhecidos como de interesse estratégico). Estão ainda excluídos contratos celebrados entre cônjuges.

Contratos a prazo estão abrangidos?

Além de contratos sem termo, o apoio pode chegar a contratos a prazo desde que estes tenham duração igual ou superior a 12 meses e abranjam uma das seguintes situações:

  • Beneficiário do rendimento social de inserção
  • Pessoa com deficiência e incapacidade
  • Refugiado
  • Ex-recluso e aquele que cumpra ou tenha cumprido penas não privativas de liberdade em condições de se inserir na vida ativa
  • Toxicodependente em recuperação
  • Desempregado com idade superior a 45 anos
  • Desempregado inscrito há 25 ou mais meses

Na medida agora revogada — o Estímulo Emprego –, o apoio era mais abrangente e chegava a contratos a termo com duração superior a seis meses.

A empresa tem de manter o contrato durante quanto tempo?

Pelo menos durante 24 meses, no caso de contratos sem termo. Os contratos a termo devem manter-se, no mínimo, pelo período inicial do contrato.

Quais os requisitos da empresa?

Além de preencher os requisitos legais para o exercício da atividade, a entidade empregadora não pode ter dívidas ao fisco ou à Segurança Social. Também deve ter a situação regularizada no que diz respeito a apoios financeiros do IEFP e a restituições no âmbito do financiamento do Fundo Social Europeu.

As entidades empregadoras devem dispor de contabilidade organizada e ter os salários em dia, exceto no caso de empresas em recuperação por via extrajudicial ou em processo especial de revitalização.

Excluídas do apoio estão as empresas condenadas em processo-crime ou contraordenacional por violação de legislação de trabalho nos últimos três anos (se a sanção aplicada resultar num prazo superior é este que se aplica).

Além disto, as empresas vão ter de cumprir outro tipo de requisitos para terem direito ao apoio. As entidades beneficiadas devem registar criação líquida de emprego e, depois, terão de manter este nível enquanto durarem as suas obrigações (dois anos, no caso de contratos sem termo, ou o equivalente à duração inicial do contrato, no caso de vínculo a prazo).

Além disso, os salários mínimos (previstos na lei ou em contratação coletiva) têm de ser cumpridos e o trabalhador deve ter formação profissional durante o período do apoio.

Quando é que se verifica a criação líquida de emprego?

Quando no mês em que é registada a oferta de emprego, a entidade empregadora alcança, através do apoio, um total de trabalhadores superior à média registada nos 12 meses anteriores.

São contabilizados os trabalhadores de todos os estabelecimentos da entidade empregadora, independentemente do tipo de contrato. Porém, ficam de fora os estagiários, os que estão em regime de prestação de serviços, os sócios de capital que não sejam trabalhadores nem sócios gerentes e os membros de órgãos estatutários (MOE).

Embora os MOE não sejam elegíveis no âmbito desta medida, considera-se que existe criação de emprego quando um MOE deixa de ter esta qualificação e celebra contrato com a mesma entidade empregadora.

A empresa também é obrigada a manter o nível de emprego posteriormente. No caso de contratos sem termo, esta verificação é feita semestralmente durante dois anos. Já nos contratos a prazo, a verificação é feita semestralmente e no final do período de duração do contrato. Não são contabilizados os trabalhadores que tenham saído da empresa por sua iniciativa, bem como por motivo de invalidez, falecimento, reforma por velhice, despedimento com justa causa ou caducidade de contratos a termo celebrados para substituir temporariamente um trabalhador. Mas estes casos têm de ser comunicados ao IEFP no prazo de cinco dias úteis.

Em que consiste a formação?

Em troca do apoio, a empresa tem de garantir formação profissional ao trabalhador abrangido. Esta pode ser dada em contexto de trabalho, por um período mínimo de 12 meses e mediante acompanhamento de um tutor.

Em alternativa, a formação pode ter lugar em entidade formadora certificada, com uma carga horária mínima de 50 horas. Deve ser realizada, preferencialmente, durante o período normal de trabalho. Se decorrer fora deste período, o trabalhador tem direito à redução equivalente do horário.

Quanto recebe a empresa?

No caso de contratos sem termo, a empresa tem direito a um apoio de 3.791,88 euros, o equivalente a 9 Indexantes dos Apoios Sociais (IAS). Mas se o contrato for a prazo, a empresa recebe 1.263,96 euros (3 IAS). O apoio será reduzido proporcionalmente em caso de contrato a tempo parcial.

Os apoios são majorados em 10% nos seguintes casos:

  • Beneficiário do rendimento social de inserção
  • Pessoa com deficiência e incapacidade
  • Pessoa que integre família monoparental ou cujo cônjuge se encontre também em situação de desemprego (inscrito no IEFP)
  • Vítima de violência doméstica
  • Refugiado
  • Ex-recluso e aquele que cumpra ou tenha cumprido penas não privativas de liberdade em condições de se inserir na vida ativa
  • Toxicodependente em recuperação
  • Outro público específico a definir por despacho

Os postos de trabalho localizados em território economicamente desfavorecido também têm direito a uma majoração de 10%, cumulativa. O IEFP identifica estes territórios no regulamento da medida. Aqui constam mais de centena e meia de concelhos, como Alcoutim, Espinho ou Barreiro.

A título de exemplo, a contratação de um beneficiário de RSI num território desfavorecido acumula uma majoração de 20%: se for um vínculo permanente, a empresa ganha 4.550,26 euros; se for a prazo, recebe 1.516,75 euros.

Estão igualmente previstas majorações, em 20 ou 30%, quando é celebrado contrato com desempregados do sexo sub-representado (menos de 33,3%) em determinada profissão.

No antigo Estímulo Emprego, os apoios eram mais generosos. O incentivo à contratação permanente, por exemplo, correspondia a 1,1 IAS multiplicado por 12 (ou seja, 5.561 euros considerando o atual valor do IAS). Os contratos a prazo só têm agora direito a incentivo se durarem 12 ou mais meses (contra os anteriores seis) e, neste caso, o valor também cai.

Há prémios para as empresas que convertam contratos a prazo em permanentes?

Sim, se estiver em causa um contrato a prazo apoiado pelo Estímulo Emprego ou pelo Contrato-Emprego. Neste caso, a empresa recebe o valor equivalente a duas vezes a retribuição base mensal prevista no contrato, até 2.106,6 euros. O apoio só é pago (no 13º mês após a conversão) se existir manutenção do nível de emprego desde o início de vigência do contrato e se a empresa cumprir os requisitos previstos.

A empresa tem de pedir este apoio durante o período de candidatura em curso (ou no seguinte) e o IEFP deve decidir em 20 dias úteis.

Quando são pagos os apoios?

No caso de contrato sem termo, o pagamento é distribuído em três prestações. A primeira, de 20%, é paga depois de iniciados todos os contratos de trabalho, no prazo de 20 dias úteis após a receção do termo de aceitação. A segunda prestação corresponde a 30% do apoio e é paga no 13º mês do contrato. E a última prestação, que equivale a 50% do apoio, chega no 25º mês (exceto nos casos em que o contrato é suspenso por motivo de doença ou parentalidade).

Já no caso de contratos a termo, há duas fases a ter em conta. No prazo de 20 dias úteis após receção do termo de aceitação é paga uma prestação no valor de 30% do apoio. O resto chegará, em regra, no mês seguinte ao contrato completar 12 meses.

Já o apoio dirigido a empresas que convertam contrato a termo em permanente é pago de uma vez, no 13º mês após a conversão.

Como é que a empresa se candidata ao incentivo?

A empresa deve registar a oferta de emprego e candidatar-se no portal do IEFP. E pode identificar a pessoa que pretende contratar, que terá de reunir as condições necessárias.

Mas atenção: embora o primeiro período de candidatura decorra até às 18 horas de dia 10 de março (nova data definida pelo IEFP, depois de estendido o prazo inicial que terminava a 25 de fevereiro), só são elegíveis as ofertas de emprego registadas até cinco dias úteis antes. E também só contam as que foram registadas depois de terminado o período de candidatura anterior a este (ao abrigo do Estímulo Emprego). Trocado por miúdos, podem ser submetidas a candidatura todas as ofertas de emprego registadas entre o dia 25 de julho de 2016 e o dia 3 de março de 2017 (nova data), inclusive.

A empresa terá de declarar que reúne os requisitos necessários para aceder ao apoio. Além disso, tem de comprometer-se a dar autorização ao IEFP para consultar online a sua situação contributiva (ou, em alternativa, disponibilizar a declaração atualizada). E tem ainda de autorizar a Segurança Social a comunicar ao IEFP informação relevante.

A entidade empregadora não tem de esperar pela aprovação do IEFP para celebrar o contrato de trabalho — pode fazê-lo logo depois de registar a oferta mas, neste caso, tem de assumir o risco de não ver o apoio aprovado.

As candidaturas que não tenham luz verde agora podem ser aceites nos períodos seguintes. Serão abertos novos prazos de candidatura entre 1 e 31 de maio e 1 e 31 de outubro.

Quais os critérios de análise das candidaturas?

Uma vez que cada um dos três prazos de candidatura dispõe de uma dotação orçamental de 20 milhões de euros, há empresas que poderão ficar fora do apoio. Para fazer a seleção, o IEFP hierarquiza as candidaturas através de uma matriz de análise que atribui um valor a determinados critérios.

O IEFP deve decidir e notificar a entidade empregadora no prazo de 30 dias úteis após encerramento das candidaturas. E esta tem 10 dias úteis, a contar da data de notificação, para devolver aos serviços do IEFP o termo de aceitação da aprovação. Sem isto, a decisão do IEFP caduca. O prazo pode ser estendido para 20 dias úteis em casos excecionais e autorizados.

A empresa tem ainda de cumprir outras obrigações, nomeadamente anexar na área pessoal do NetEmprego, no prazo de 20 dias úteis após a notificação da decisão, cópia de, pelo menos, um dos contratos apoiados.

O que acontece em caso de incumprimento?

O apoio termina e as empresas têm de devolver, no todo ou em parte, os montantes já recebidos. Isto “sem prejuízo do exercício do direito de queixa por eventuais indícios da prática do crime de fraude na obtenção de subsídio de natureza pública”, diz a portaria que regula a medida.

É isto que acontece se o incumprimento se verificar durante o período em que as empresas são obrigadas a manter o contrato e o nível de emprego: 24 meses, no caso de contrato sem termo, ou o período de duração inicial do contrato, no caso de vínculo a prazo. Já se o apoio for à conversão de contrato, são consideradas as situações de incumprimento que ocorram nos 12 meses seguintes.

A empresa deve restituir proporcionalmente o apoio se o trabalhador denunciar o contrato de trabalho ou caso este cesse por acordo. O mesmo acontece em caso de despedimento por facto imputável ao trabalhador. Porém, a empresa pode evitar a devolução do apoio se substituir o trabalhador por desempregado nas mesmas condições, no prazo de 20 dias úteis.

Outros tipos de incumprimento — nomeadamente no que toca à manutenção do nível de emprego — também obrigam a empresa a devolver parcialmente o apoio. Porém, o incentivo terá de ser restituído por inteiro caso o trabalhador abrangido seja alvo de despedimento coletivo, por extinção de posto ou inadaptação. O mesmo acontece em caso de despedimento por facto imputável ao trabalhador que seja declarado ilícito.

A empresa também tem de devolver todo o apoio se, por exemplo, cessar o contrato durante o período experimental, não cumprir a obrigação de prestar formação profissional ou pagar abaixo do previsto na lei ou no contrato coletivo aplicável.

Além disto, o empregador também pode ficar impedido de beneficiar, durante dois anos, de qualquer apoio do Estado com a mesma natureza e finalidade.

Se o contrato terminar ao fim de um mês, a empresa não tem direito a receber qualquer apoio, independentemente da causa.

Esta medida acumula com outras?

A portaria especifica que este apoio não acumula com medidas de dispensa ou isenção de contribuições nem com outros apoios diretos ao emprego.

O que acontece ao Estímulo Emprego?

A medida Estímulo Emprego já estava suspensa desde julho do ano passado, mas as candidaturas apresentadas ao abrigo daquele programa continuam a reger-se pelas regras anteriores.

Já as ofertas de emprego que tenham sido registadas a partir de 25 de julho (quando foi suspenso o programa anterior) são abrangidas pelo período de candidatura que vigora atualmente.

Os contratos a prazo apoiados pelo Estímulo Emprego que venham agora a ser convertidos em contratos permanentes só podem beneficiar do prémio de conversão previsto atualmente na medida Contrato-Emprego.

(notícia atualizada no dia 20 de fevereiro, com os novos prazos de registo de oferta de emprego e de candidatura, prorrogados pelo IEFP)

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Snap Inc. formaliza entrada em bolsa. Resultados da empresa já são conhecidos

A empresa dona do Snapchat já submeteu a documentação necessária para entrar em bolsa. Foi a primeira vez que a Snap Inc. apresentou números: tanto os das receitas como os dos... prejuízos.

A Snap Inc., a empresa responsável pela rede social Snapchat, já submeteu a documentação necessária para entrar em bolsa este ano, avançou o The Wall Street Journal (acesso pago). É o principal passo para o lançamento da oferta pública inicial mas, acima de tudo, um movimento que permite, pela primeira vez, olhar para as contas e resultados desta que é uma das empresas mais secretas do mundo.

De acordo com a Bloomberg, a empresa avançou com uma avaliação inicial de três mil milhões de dólares, mas o número poderá ainda variar. O plano, agora, passa por angariar quatro mil milhões de dólares na entrada em bolsa, cuja data ainda não está confirmada, mas que tem sido apontada para março. Além disso, fica confirmado que as ações não terão direito de voto.

"Os nossos produtos permitem que as pessoas se expressem, vivam o momento, aprendam sobre o mundo e se divirtam em conjunto.”

Snap Inc.

A empresa integrará o Nasdaq com o ticker “SNAP” e tem na mira uma capitalização bolsista que poderá situar-se entre os 20 mil milhões e os 25 mil milhões de dólares. Espera-se que seja uma das grandes entradas em bolsa deste ano de 2017.

Entre outras coisas, os documentos submetidos revelam uma empresa de dimensão significativa, mas muito longe de gigantes como o Facebook ou a Google. A rede social, dirigida pelo jovem Evan Spiegel, obteve receitas de 404,5 milhões de dólares em 2016, contra 58,66 milhões de dólares no ano anterior.

A par disso, a Snap Inc. regista elevados prejuízos: 372,89 milhões de dólares em 2015 e 514,64 milhões de dólares em 2016. Foi também revelado que a empresa assenta na Google Cloud a esmagadora maioria das operações. Deverá ainda investir dois mil milhões de dólares neste serviço da Alphabet, a empresa-mãe da Google, ao longo dos próximos cinco anos.

Outro dado relevante é o número de utilizadores ativos da aplicação que, de acordo com os documentos, se situa nos 158 milhões. Em média, são criados 2,5 mil milhões de snaps diariamente, isto é, as típicas mensagens em vídeo ou imagem que se apagam automaticamente ao fim de um dia.

O modelo de negócio da Snap Inc. baseia-se, sobretudo, em receitas oriundas da publicidade que integra no serviço, assim como na venda dos Spectacles, uns óculos de sol com uma câmara e que funcionam a par com a aplicação. Sim, o principal público-alvo do Snapchat são os jovens.

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CGD: Esquerda chumba audição de Armando Vara

  • Lusa
  • 2 Fevereiro 2017

Novas audições a Mário Centeno, ao governador do Banco de Portugal ou ao antigo presidente da Caixa, António Domingues, foram chumbadas. PS, BE e PCP negam a ida à comissão de Armando Vara.

A comissão parlamentar de inquérito à gestão da Caixa Geral de Depósitos (CGD) viveu hoje uma reunião acesa, com PSD e CDS-PP cada vez mais distantes da esquerda parlamentar e com críticas políticas para todos os gostos.

O debate em sede de comissão, que arrancou pelas 18h00, serviria para definir a “calendarização dos trabalhos” a concretizar no futuro mais imediato, mas logo antes, em declarações à imprensa, o deputado do PCP Miguel Tiago havia referido que, pela parte dos comunistas, o momento é não de ouvir mais personalidades, mas sim de começar a preparar as conclusões dos trabalhos.

Dentro da sala 1 das comissões parlamentares, o debate foi duro: o deputado do PSD Hugo Soares, acusou o PS de quer “fechar abruptamente a comissão”, tendo no BE e no PCP apoio para tal. A direita, ao invés, quer ouvir mais personalidades, aguardar mais documentação e, eventualmente, parar os trabalhos por um período de tempo para que estes fossem retomados no futuro com mais informações.

“Desde o início, que PSD e CDS querem forçar o alargamento do objeto da comissão. A Assembleia da República tem alternativas ao escrutínio do processo de recapitalização da CGD”, diria depois o coordenador do PS na comissão, João Paulo Correia, frisando que o ministro das Finanças ou responsáveis da Caixa podem ser chamados, por exemplo, à comissão de Orçamento e Finanças.

Na reunião, foram votados vários nomes que o PSD e o CDS-PP queriam ainda chamar à comissão de inquérito, em requerimentos que os partidos desejariam não ver obstaculizados por outros partidos: novas audições ao ministro Mário Centeno, ao governador do Banco de Portugal ou ao antigo presidente da Caixa António Domingues foram chumbadas, para além de terem sido negadas – por PS, BE e PCP – a vinda de auditoras ou, por exemplo, de Armando Vara.

Ora, apesar destes chumbos, o PSD tem ainda direito a oito pedidos potestativos de audição e o CDS-PP a dois outros, pelo que ainda é de esperar que nomes como Francisco Bandeira, Armando Vara e os auditores da CGD nos últimos anos venham prestar esclarecimentos na comissão de inquérito – o social-democrata Hugo Soares confirmaria no final do encontro aos jornalistas que Vara será um dos convocados pelo partido.

“PSD e CDS, com a ausência de factos (…) tentam criar factos novos, fragilizando o próprio banco”, disse o socialista João Paulo Correia, no final da reunião que durou mais de duas horas.

Esta comissão de inquérito tem de começar a produzir conclusões”, declarou depois, mesmo lembrando que há ainda audições por fazer e documentação que pode ou não chegar.

Esta comissão de inquérito tem de começar a produzir conclusões.

João Paulo Correia

Deputado socialista

No mesmo tom, o BE, pelo deputado Moisés Ferreira, apresentou um documento com as conclusões que o partido tira dos trabalhos já desenvolvidos – fala-se nas operações entre o banco público e a CGD e na recapitalização de 2012, com PSD e CDS-PP no Executivo da Caixa, por muitos dos chamados a prestar o seu depoimento no parlamento definida como insuficiente.

Hugo Soares, do PSD, disse que este texto do BE – aliado a conclusões tiradas oralmente por PCP e PS dentro e fora da sala onde decorreu o debate – representa uma “vergonha” para os trabalhos parlamentares.

“O BE, o PCP e o PS construíram um novo muro”, disse Hugo Soares, salientando: “De um lado desse muro estão os que procuram a verdade e a transparência” e do outro estão “aqueles que querem impedir os trabalhos parlamentares de se desenvolverem e querem terminar a comissão de inquérito de forma abrupta”.

O BE, o PCP e o PS construíram um novo muro. De um lado desse muro estão os que procuram a verdade e a transparência [e do outro estão] aqueles que querem impedir os trabalhos parlamentares de se desenvolverem e querem terminar a comissão de inquérito de forma abrupta.

Hugo Soares

Deputado do PSD

No mesmo registo, João Almeida, deputado do CDS-PP na comissão, criticou a esquerda por “boicotar o inquérito” com “momentos surreais”, como o chumbo de audições ou a apresentação de “conclusões próprias antes de ouvir pessoas que os próprios grupos parlamentares chamaram”, numa referência ao PS que ainda tem dois nomes escalados para ir à comissão, António Nogueira Leite e Álvaro Nascimento.

“É um momento triste. As comissões de inquérito já serviram para valorizar o trabalho do parlamento”, prosseguiu o centrista, dando como exemplo os trabalhos do BES.

A comissão de inquérito à CGD tomou posse a 5 de julho na Assembleia da República e debruça-se, por exemplo, sobre a gestão do banco público desde o ano 2000, abordando ainda os factos que levaram ao processo de recapitalização do banco, que foi aprovado por Bruxelas – o objetivo recente de PSD e CDS era incluir os novos dados da recapitalização no âmbito dos trabalhos, o que foi chumbado.

O deputado relator da comissão de inquérito é o socialista Carlos Pereira.

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Volatilidade em Nova Iorque reflete dia de incerteza

Numa sessão de extrema volatilidade, o principal índice norte-americano ainda conseguiu avançar ligeiramente. Deutsche Bank penalizado pelos prejuízos graves apresentados esta quinta-feira.

Wall Street divagou entre perdas e ganhos esta quinta-feira, numa sessão de grande volatilidade que, ainda assim, encerrou com o principal índice a avançar timidamente. Mas já lá vamos, até porque, uma vez mais, a incerteza pairou sobre os investidores depois de a Reserva Federal norte-americana ter decido manter os juros na quarta-feira, sem deixar pistas sobre como se irá comportar daqui para a frente.

Foi neste contexto que o S&P 500 registou ganhos de 0,06% para 2.280,85. O industrial Dow Jones perdeu 0,03% para 19.884,84 pontos e o Nasdaq, que integra as principais empresas tecnológicas, encerrou a perder 0,11% para 5.636,2 pontos. Quanto a matérias-primas, o petróleo segue a desvalorizar 0,3% para 53,72 dólares por barril.

Nesta sessão, destaque para o Facebook que, apesar dos resultados acima das expectativas, e que valeram à empresa uma escalada de 2,23% na penúltima sessão, viu os títulos derraparem 1,8%. Já os títulos da Mead Johnson Nutrition, que produz alimentos para bebés, dispararam 21% nesta sessão, depois das notícias de que o grupo Reckitt Benckiser está em conversações avançadas para adquirir a empresa por 16,7 mil milhões de dólares.

Na banca, soube-se esta quinta-feira dos prejuízos mais graves do que o esperado no Deutsche Bank. A informação atravessou o Atlântico e acertou em cheio nas ações da empresa em Nova Iorque, que derraparam 5,2% na sessão desta quinta-feira.

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Quatro acionistas do BPI pedem impugnação da venda de 2% do BFA

  • Lusa
  • 2 Fevereiro 2017

Quatro pequenos acionistas do BPI apresentaram uma ação de impugnação da venda de 2% do banco angolano à Unitel. O banco liderado por Fernando Ulrich já anunciou que vai contestar.

A venda de 2% do Banco de Fomento Angola (BFA) pelo Banco BPI à operadora de telecomunicações angolana Unitel levou quatro pequenos acionistas a apresentar uma ação de impugnação, que o banco vai contestar.

“O Banco BPI foi, no passado dia 30 de janeiro, citado no âmbito de uma ação de impugnação de deliberações sociais”, informou a entidade liderada por Fernando Ulrich.

A ação impugna a validade da deliberação tomada a 13 de dezembro na assembleia-geral de acionistas do BPI que conduziu à venda de 2% do capital do BFA à Unitel.

“O Banco BPI entende que os fundamentos invocados para sustentar a invalidade da deliberação em causa não procedem e irá apresentar, no prazo de que dispõe para o efeito, a competente contestação”, anunciou a instituição.

O banco sublinhou que “a interposição da ação em apreço e a citação do Banco BPI no âmbito da mesma não suspendem os efeitos da deliberação impugnada”.

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GitLab e o empregado que apagou o site sem querer

  • Juliana Nogueira Santos
  • 2 Fevereiro 2017

Podia ser o nome de uma fábula, mas é só a história de uma startup que viu o seu site em baixo depois de se enganar a apagar ficheiros. Ainda assim há uma moral.

“Confirmar antes de carregar no enter”, foi esta a lição que a GitLab, uma startup americana, aprendeu depois de um empregado apagar sem querer os dados errados e deixar toda a plataforma fora de serviço.

O incidente aconteceu quando um ficheiro deixou de funcionar, depois de terem sido feitos alguns ajustes à plataforma, devido a visitas de alguns spammers que a estavam a deixar lenta. Um funcionário, identificado no blog da plataforma como “team-member-1” confundiu o nome dos diretórios e procedeu à limpeza daquele que continha os relatórios de problemas e os comentários feitos a todos os projetos.

Quando o “team-member-1” se apercebeu do que estava na realidade a apagar, tentou parar o processo, que já ia bastante adiantado. Ficaram a sobrar 4,5 GB dos 300 GB que ocupavam o diretório. A tentativa de restauro começou nesse momento, com a equipa a utilizar a última cópia de segurança feita, que tinha sido há seis horas.

Após várias tentativas, conseguiram reaver a maioria dos ficheiros, sendo que todos os que tivessem sido criados nas seis horas depois da cópia de segurança foram totalmente perdidos. Em declarações ao Business Insider, o vice-presidente interino de marketing da empresa, Tim Anglade, afirmou que apenas 1% dos utilizadores da plataforma vão dar pela falta de alguma coisa.

Este afirmou também que o diretório apagado não continha qualquer linha de código dos seus utilizadores. A plataforma já é utilizada por grandes empresas como a IBM, a NASA ou a Nasdaq, mas segundo a Anglade os dados destas ou de outros utilizadores não ficaram comprometidos, visto que estes utilizam servidores próprios.

A GitLab é uma plataforma de programação que cria um ambiente de trabalho coletivo, para que vários programadores possam trabalhar no mesmo código ao mesmo tempo. Foi fundada em 2011 e já conseguiu investimentos na ordem dos 25 milhões de dólares.

E a pergunta que se impõe: alguém vai ser despedido? “Foi um erro, ninguém vai ser despedido”, afirmou a empresa.

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Euronext: Empresas familiares vão “subir de divisão”

O programa da Euronext para atrair empresas familiares para a bolsa vai contar com pelo menos cinco participantes por edição. Uma iniciativa que promove uma alternativa de financiamento às empresas.

A Euronext quer atrair mais empresas familiares para a bolsa. Mas como? Através do programa FamilyShare, hoje apresentado nas instalações da dona da bolsa de Lisboa. Depois de constituída a equipa, a Euronext e os seus parceiros vão agora passar à seleção das empresas, que serão no mínimo dez nas duas edições que estão agendadas para abril e setembro.

“As empresas vão subir de divisão, vão jogar noutro campeonato.” É assim que o presidente da Associação das Empresas Familiares, Peter Villax, se refere à iniciativa da Euronext. Se tem uma empresa familiar, a partir deste mês poderá recorrer ao mercado de capitais para se financiar. Uma alternativa de financiamento que, segundo a dona da bolsa da Lisboa, não é “suficientemente aproveitada”.

"As empresas vão subir de divisão, vão jogar noutro campeonato (…) Temos de desafiar os empresários”

Peter Villax

presidente da Associação das Empresas Familiares

A operadora da bolsa vai prestar apoio e assistência aos pequenos empresários que pretendam colocar os seus negócios no mercado de capitais. A iniciativa inclui roadshows em toda a Europa para encontros com os investidores, cobertura financeira através de um programa da Morninstar e uma secção exclusiva no site da Euronext.

A ainda presidente da Euronext, Maria João Carioca — que vai para a Caixa Geral de Depósitos em março — refere que as “empresas familiares são uma parte muito importante do tecido empresarial”. Estamos a falar de cerca de 60%. Mas apenas 20% está cotado em bolsa. E este programa — com a duração de um ano — terá como objetivo atrair as empresas familiares para o mercado de capitais. A primeira edição arranca já em abril e a segunda começa apenas alguns meses depois, em setembro. E cada “turma” contará com cinco a oito empresas. Mas o número é “indicativo”, realça Pedro Wilton, da Euronext Lisbon.

Uma lista que está agora a ser reduzida até se chegar aos escolhidos. Critério? Ser uma empresa familiar, independentemente da dimensão. Este trabalho está a ser feito pelos parceiros, que já são conhecidos: Caixa Banco de Investimento; Cuatrecasas, Gonçalves Pereira; E&Y; JLM & Associados e Nova School of Business & Economics. Um grupo que também inclui a associação liderada por Peter Villax.

No dia 21 de fevereiro, serão conhecidos os nomes das empresas escolhidas. Mas também será lançado, como já tinha sido anunciado, um índice bolsista dedicado às pequenas e médias empresas, o Euronext Family Business Index. O índice terá 90 empresas familiares, desde grandes empresas a pequenas e médias empresas nos quatro países cobertos pela Euronext.

Interessados? “Há 30 empresas”

O presidente da Associação das Empresas Familiares diz que entre os seus associados, há 30 que podem preencher o critério e que estão interessados em entrar na bolsa. Mas Pedro Wilton, da Euronext Lisbon, deixa claro que não há objetivos fixados, “quantas mais melhor, se tivermos uma ou duas empresas na bolsa ao fim de um ano ficaríamos muito felizes”.

Atualmente, são 201 os negócios familiares que estão listados no mercado da Euronext, dona da gestora do português PSI-20. Mas quer mais pequenas e médias atividades de âmbito familiar na bolsa. Portugal é o segundo país a lançar este programa, acompanhando França, onde o projeto arrancou na semana passada, e também a Bélgica e a Holanda, apesar de a iniciativa estar mais atrasada nestes dois países.

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ACP acusa Governo de proteger privados no porto do Barreiro

A Associação Comercial do Porto volta a criticar a construção do terminal do Barreiro considerando que a "infraestrutura é desnecessária, redundante e ruinosa".

A Associação Comercial do Porto (ACP) acusa o Governo de estar a querer proteger investidores privados na construção do terminal do Barreiro. As críticas da entidade presidida por Nuno Botelho surgem na sequência de uma entrevista da ministra do Mar, Ana Paulo Vitorino, ao jornal Público de dia 29 de Janeiro.

A ACP acusa a ministra do Mar de estar a usar “argumentos desfasados da realidade Portuária Nacional” para garantir uma infraestrutura “desnecessária, redundante e ruinosa”.

A entidade gerida por Nuno Botelho adianta estar perplexa “pelo facto do Governo vir agora anunciar a intenção de construir no Barreiro um novo terminal portuário, como o que existe a funcionar em Alcântara, se houver privados interessados”.

A associação nortenha revela ainda que o facto de haver empresas privadas interessadas nesse investimento “é um argumento falacioso, tendo em conta que interesses desta natureza dependerão, sempre das condições oferecidas pelo Estado”.

De resto, acrescenta o comunicado “é difícil perceber que interesse terão empresas privadas em investir no Barreiro, a não ser que o Estado lhe venha assegurar os riscos do negócio, que vão certamente ser elevados”.

"É difícil perceber que interesse terão empresas privadas em investir no Barreiro, a não ser que o Estado lhe venha assegurar os riscos do negócio, que vão certamente ser elevados.”

Associação Comercial do Porto

“A construção de um terminal de contentores no Barreiro, seja qual for a sua configuração, não só não vai preparar o país para as perspetivas de crescimento de tráfego antecipadas pela senhora ministra, como também não irá contribuir para fazer face às alterações das frotas de navios que se avizinham à escala global e que, precisamente reclamam a reconversão dos portos para terminais de águas profundas”, lê-se no comunicado.

A ACP acusa ainda Ana Paula Vitorino de não ter lido o estudo “Terminais portuários e infraestruturas logísticas em Portugal”, o que considera “lamentável e preocupante”. O estudo foi promovido pela associação e enviado para o ministério no passado dia 29 de junho, defendendo-se que a construção do terminal do Barreiro não é viável. Aliás, o comunicado da ACP tem como título “Porto do Barreiro: A OTA do mar?”, numa clara alusão ao estudo que a mesma entidade levou a cabo há cerca de dez anos e em que se opunha à construção de um novo aeroporto para Lisboa, defendendo a solução Portela +1, sendo o mais um o Montijo.

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Mota-Engil vence contrato multimilionário na Tanzânia

A construtora portuguesa terá ganhado um concurso para construção de uma linha de caminho-de-ferro com cerca de 400 quilómetros. A notícia está a ser avançada pela Bloomberg.

Um consórcio, composto pelas construtoras Mota-Engil e Yapi Merkezi, terá vencido um concurso na Tanzânia para construção de uma linha de caminho-de-ferro. O contrato tem o valor de 1,1 mil milhões de dólares, ou cerca de 1,02 mil milhões de euros, de acordo com informações avançadas pela agência Bloomberg, que cita pessoas familiarizadas com o assunto.

Em causa, a construção de um percurso com cerca de 400 quilómetros para ligar o leste africano a regiões interiores e mais remotas do Burundi e do Ruanda. A construtora turca Yapi Merkezi, que detém o consórcio a par com a portuguesa Mota-Engil, já terá pedido garantias de financiamento ao Governo tanzaniano.

A Bloomberg recorda que Recep Erdogan, Presidente da Turquia, visitou a Tanzânia em janeiro. Um dos objetivos da visita terá sido o de estreitar as ligações com os dois países. No entanto, para já, não é certo que haja uma relação entre a visita e o contrato agora adjudicado à empresa turca e à Mota-Engil.

Atualizado às 19h35 com mais informação.

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Ex-Qimonda vendida a grupo norte-americano

Em tempos foi uma empresa alemã. Depois faliu e foi em Portugal que ganhou nova vida. Agora a continuação do desenvolvimento da empresa é nos EUA com o grupo Amkor Technology.

Os acionistas da empresa portuguesa chegaram a acordo para que a venda à Amkor Technology aconteça. Em comunicado, a Nanium (ex-Qimonda) explica que a AICEP, o Novo Banco e o Millennium BCP vão vender as participações à empresa norte-americana. Esta transação “permite escalar o volume de produção para a melhor solução existente no mercado de encapsulamento de semicondutores em Wafer-Level Fan-Out”, adianta a empresa.

A empresa nortenha escreve que “a aquisição da Nanium vai fortalecer a posição da Amkor no mercado de rápido crescimento do encapsulamento de semicondutores em Wafer-Level para smartphones, tablets e outras aplicações”. É essa a perspetiva do presidente executivo da Amkor que quer aproveitar o know how da empresa de Vila do Conde. “Partindo das tecnologias da NANIUM já provadas em volume, podemos expandir a escala de produção e alargar a base de clientes para esta tecnologia”, considerou Steve Kelley.

Segundo avança o Expresso, a equipa de gestão vai manter-se. “O Estado (18%, através da AICEP), Millennium BCP (41%) e Novo Banco (41%) vendem as suas participações à Amkor, que passa a ser o único acionista, mas a Nanium continua o seu caminho, tal como até agora, e deverá reforçar significativamente os investimentos em equipamento e tecnologia”, esclareceu o presidente executivo da empresa de Vila do Conde, Armando Tavares, ao semanário. A transação deverá estar completa ainda no primeiro trimestre do ano.

A Nanium renasceu das cinzas da alemã Qimonda, em 2009, dada a falência desta multinacional. Neste momento a empresa está sediada em Vila do Conde, em Mindelo, e emprega cerca de 550 pessoas, segundo o comunicado de imprensa. As vendas anuais atingiram os 35 milhões de euros no ano fiscal que terminou a 30 de setembro de 2016. Além disso, a tecnologia da Nanium “exportou até hoje cerca de mil milhões de componentes WLFO”, refere a empresa que agora passa para as mãos de capitais norte-americanos.

Já a Amkor Technology “é um dos maiores fornecedores mundiais de serviços subcontratados de packaging e teste de semicondutores”, contando com unidades de fabrico espalhadas pela Ásia, Europa e Estados Unidos da América. “Fundada em 1968, a Amkor foi pioneira na subcontratação de serviços de packaging e teste de circuitos integrados, e é hoje um parceiro estratégico de produção para mais de 250 empresas líderes mundiais de semicondutores, foundries e OEMs de produtos eletrónicos”, esclarece o comunicado.

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“Clausulas suelo”, Trump… Ah! E o BPI

Parecia uma sala de cinema que se enchia para ver o “La La Land”, mas não era. O filme era o das contas do CaixaBank, o banco que está a comprar o BPI. Mas as “clausulas suelo” foram as protagonistas.

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Uma sala bem composta, com uma assistência de fazer inveja a muitas salas de cinema. O filme? Não havia. Ninguém pagou bilhete para ver o “La La Land”, antes para ficar a conhecer as contas do maior banco em Espanha que quer ser o maior da Península Ibérica assim que conclua a OPA ao BPI. Com a OPA a decorrer, ficaram as notas de confiança, o otimismo com o crescimento, mas também os elogios à gestão numa conferência de imprensa em que a oferta em curso quase passou despercebida numa altura em que as “clausulas selo”, e até Trump, assumem o papel de protagonistas.

Jornalistas de toda a Espanha rumaram a Barcelona, mas pela primeira vez também houve lugar para um comitiva portuguesa, mini autocarros iam chegando ao 621 da famosa Avinguda Diagonal onde a imponente sede do CaixaBank se ergue. À entrada das duas torres, uma do La Caixa, outra do CaixaBank, com os logos a girarem em torno dos respetivos edifícios, um “check-in” tipo aeroporto – apinhado de jornalistas. Uma pequena receção para fazer tempo até à hora de anunciar as contas, permitindo à imprensa instalar-se para presenciar a chegada de Jordi Gual, o presidente, e o Gonzalo Gortázar, o presidente executivo. Gual toma o leme da apresentação. “Hoje apresentamos uns resultados muito positivos para o CaixaBank”: 1.047 milhões de euros, um regresso acima da fasquia dos mil milhões de euros.

Menos imparidades com o crédito malparado, um mal que assolou o sistema financeiro espanhol e continua a ser um fardo no português. Mas, ao mesmo tempo, mais receitas. A margem financeira continua a ser a luta. Apesar da quebra ligeira no ano, o banco conseguiu inverter a tendência a meio do ano numa altura em que os juros, em mínimos históricos, patrocinados por Mario Draghi, continuam a deixar os banqueiros de nervos à flor da pele. Um drama que Donald Trump poderia vir resolver com a sua política para tornar a “América grande outra vez”, mas que Gortázar não acredita será capaz de antecipar o fim dos juros negativos. “Há outros fatores”, lembra.

Esperamos passar os 50%, que tenhamos esse ganho e controlo do banco. Mas temos de esperar pela próxima semana.

Gonzalo Gortázar

Presidente executivo do CaixaBank

A juntar a estes juros mínimos, que afetam a margem – além do malparado, que carrega nas provisões – o CaixaBank, tal como outros bancos espanhóis estão a braços com a decisão judicial sobre as clausulas abusivas introduzidas nos contratos de crédito à habitação ao longo dos últimos anos. As “clausulas suelo” vão custar milhares de milhões de euros aos bancos. Qual é a fatura do CaixaBank? Já têm esse dinheiro provisionado? Como é que vão pagar? Depois das taxas baixas, foram estas as questões que mais despertaram a atenção dos muitos jornalistas espanhóis. E as respostas? O banco, que só tem destes casos devido aos bancos que foi adquirindo, .

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E o BPI? Não se ouviu questão, em espanhol ou catalão. Foi em português. Na primeira vez em que o banco convidou uma comitiva portuguesa para a apresentação das contas – facto salientado por Gual logo no arranque da apresentação – coube à imprensa nacional tocar numa fatura potencialmente bem mais avultada para os acionistas do banco, a OPA. Uma oferta que “vai permitir-nos ser o maior banco ibérico”, ou seja, ser o banco com maior quota nestes dois países, maior que os gigantes BBVA e Santander, Mas que também vai pesar nos rácio do banco: poderá levar o CET1 “fully loaded” para entre 11% a 11,6%, ainda assim acima do exigido pelo BCE.

“Estamos perto de encerrar a OPA e de iniciar um projeto que acreditarmos terá sucesso”, atirou Gual, uma confiança partilhada por Gortázar. “Esperamos que a OPA se conclua de forma satisfatória”, começou por dizer. A insistência levou a uma resposta um pouco mais convicta: “Esperamos passar os 50%, que tenhamos esse ganho e controlo do banco. Mas temos de esperar pela próxima semana” para saber o resultado de uma oferta de 1,134 euros por ação que não é do agradado de todos. Os pequenos investidores pedem mais, ameaçando com processos judiciais. E até a administração do BPI, liderada por Fernando Ulrich, falava num valor superior. Então e Ulrich, fica?

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O CaixaBank aponta o BPI como sendo uma rede “atrativa” que conta com uma “equipa excelente”. “O BPI fez um trabalho magnífico perante uma crise muito complicada, mais complicada que em Espanha. Trabalhamos com eles mais de 20 anos e confiamos neles”, afirmou Gortázar. Um sinal de que o mandato poderá ser estendido, deixado já depois de ter afirmado que deixava “para a semana avaliar a continuidade da administração do BPI”. A OPA ao BPI chega ao fim a 7 de fevereiro.

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Pharol brilha em Lisboa, mas não é a única

  • Ana Luísa Alves
  • 2 Fevereiro 2017

Esta quinta-feira a bolsa nacional registou a primeira subida da semana. A Pharol brilhou em Lisboa, mas não foi a única cotada: EDP, EDP Renováveis e CTT ajudaram na valorização do índice português.

O mês de fevereiro não começou bem para a bolsa nacional, mas no fecho da sessão de hoje o índice registou a primeira valorização da semana. A dar gás ao PSI-20 esteve a Pharol, mas não só.

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