Cáritas de Lisboa tem almofada de 2,4 milhões
A filiação lisboeta da Cáritas Portuguesa mantém 2,4 milhões de euros em contas bancárias há mais de dez anos, "acautelando-se necessidades futuras". O Ministério Público já teria aberto inquérito.
A Cáritas Diocesana de Lisboa conta, há mais de dez anos, com uma almofada financeira de mais 2,4 milhões de euros em depósitos bancários, da qual faz parte 320 mil euros em obrigações do Banco Espírito Santo. Esta é a conclusão de uma investigação levada a cabo pelo jornal Público, que analisou as contas da instituição referentes ao ano de 2014. Esta instituição católica de apoio social , que tem também cerca de 1,4 milhões de euros em bens imobiliários, apresentou lucros de 119 mil euros (valores de 2014).
O jornal viu-se obrigado a entrar pela via judicial para ter acesso às Demonstrações Financeiras completas, visto que as contas apresentadas no site oficial da instituição apenas apresenta o Balanço e a Demonstração dos Resultados por Natureza. Nestes dados pode-se perceber que, nesse ano, foram recebidos 361.557 euros através das doações de benfeitores e destes, apenas 147.439 euros foram canalizados para ajudar os mais pobres.
Ainda assim, nem todos os números coincidem. No relatório de atividades, também disponível no site oficial, totalizam-se 11.374 euros canalizados para o apoio direto dos pobres da diocese e 89.983 em apoio indireto. Somando estes valores, o apoio terá sido de 101.292 euros, que não coincide com os mais de 147 mil que vigoram no documento das Demonstrações Financeiras.
Questionada acerca da questão dos mais de dois milhões em depósitos, a instituição afirmou que estes são uma garantia para o futuro. “A atual direção tem procurado, enquanto fiel depositária destes bens, que se encontram ao serviço da Igreja Diocesana, recorrer à sua utilização sempre que necessário, procurando para os restantes valores, cautelarmente, que não se desatualizem em termos de valor, acautelando-se necessidades futuras“, respondeu a direção da instituição.
Sabe-se ainda que o Ministério Público já teria aberto um inquérito aos dirigentes da instituição por prática de burla qualificada. Isto vem do seguimento de uma denúncia subscrita por dois advogados e um notário reformado, que entregaram em conjunto com isto vários documentos que provam tais acusações.
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