O lugar do incumbente nas Fintech? Para o BCP, é na frente
O painel sobre o negócio das Fintech centrou-se na fronteira: qual o papel da rivalidade entre os incumbentes deste setor e as startups que trazem novas propostas e estratégias? Os players respondem.
Miguel Maya, vice-presidente do BCP, não tem dúvidas: não é na rivalidade que os incumbentes do setor financeiro devem focar a sua relação com as startups fintech, empresas que se dedicam à tecnologia para a área financeira. O objetivo, sim, deve ser estar na linha da frente destes avanços tecnológicos. “Acho que um incumbente, se fizer bem as coisas, parte da frente e não de trás”, referiu, no primeiro painel da conferência NEW Money, organizada esta segunda-feira pelo ECO no Museu do Dinheiro, em Lisboa.
A partilhar o painel estavam três das figuras mais marcantes no campo da fintech portuguesa, que também se pronunciaram para esta rivalidade. Pedro Fonseca, CEO da CrowdProcess, que se dedica à área do crédito malparado, foi o que mais se procurou aproximar à perspetiva de Miguel Maya, referindo que na área das fintech “as startups que têm um grande sucesso” não são tanto as mais disruptivas, mas sim “as que ajudam os incumbentes” a enfrentar o novo mundo digital em que têm de fazer negócio.
Também a Feedzai, representada no painel pelo seu diretor financeiro Filipe Neves, trabalha diretamente com esses incumbentes, ajudando a detetar fraudes financeiras com a ajuda de um algoritmo de inteligência artificial. “O nosso único cliente em Portugal é o Novo Banco”, referiu, dizendo que 90% do volume de negócio da startup com sede em Coimbra vem do estrangeiro.
Carlos Silva, da Seedrs, está numa posição diferente por não colaborar nem competir diretamente com os bancos, mas sim com outros players financeiros. “Neste momento somos o investidor mais ativo do Reino Unido em empresas não cotadas em bolsa”, assinala o cofundador desta startup dedicada ao investimento através do financiamento coletivo, ou equity crowdfunding. Mas a Seedrs também está preocupada com uma regulação que permita uma concorrência leal e uma garantia da segurança do consumidor. O desafio é tirar partido das vantagens para fazer melhor: “Os players tradicionais fazem assim, será que conseguimos atingir os mesmos objetivos fazendo as coisas de maneira ligeiramente diferente?”.
Qual o papel de Portugal no panorama internacional?
Para Carlos Silva, Portugal posiciona-se agora de forma muito positiva para ser líder no campo das fintech. O país está “numa posição extremamente interessante para se colocar nessa linha da frente”, reconhece o cofundador da Seedrs, e sublinha: o Brexit é uma oportunidade fundamental para Portugal, ao deixar espaço para que o país se afirme na Europa na área das fintech.
O CEO da CrowdProcess, Pedro Fonseca, acrescenta uma área específica onde Portugal deve apostar: “Temos o país perfeito para ser o backend da fintech“, afirma. Para se tornar sinónimo de fintech, Portugal não deve tentar ser como grandes países mas sim como Israel. “Portugal compara bem com Israel, e temos a possibilidade de ser o Israel da fintech“, disse Pedro Fonseca, sublinhando que esse país, como Portugal, é pequeno e esgota rapidamente o seu mercado inteiro, pelo que se volta rapidamente para o exterior.
Para Miguel Maya, do BCP, a pergunta deve ser colocada de outra forma. Não nos perguntamos se Portugal é líder na área das fintech, mas sim se o deve ser. “Nesse caso, a resposta é sim”, afirma. “O incumbente, ou neste caso o BCP, está totalmente a favor disso”.
Continue a acompanhar os restantes painéis da conferência NEW Money no liveblog do ECO, aqui.
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