Ataques violentos marcam último debate entre Le Pen e Macron
Após dez dias de uma campanha agressiva entre as duas voltas das presidenciais, Le Pen e Macron enfrentam-se num debate decisivo para o resultado das eleições do próximo domingo.
Violentos ataques marcaram o último debate televisivo, emitido esta quarta-feira à noite, entre os dois candidatos à segunda volta das eleições presidenciais francesas, Marine Le Pen, da extrema-direita, e o centrista pró-europeu Emmanuel Macron, a quatro dias do escrutínio.
“O senhor Macron é o candidato da globalização selvagem, da ‘uberização’, da precariedade, da brutalidade social, da guerra de todos contra todos, da pilhagem económica dos nossos grandes grupos, do desmembramento da França pelos grandes interesses económicos, do comunitarismo”, acusou Le Pen. Macron respondeu-lhe à letra, dizendo: “A sua estratégia é dizer muitas mentiras”.
“A senhora é herdeira de um sistema que prospera com a ira dos franceses há décadas”, frisou o candidato do movimento “Em Marcha”, no debate seguido por milhões de telespetadores. São quatro os grandes temas em discussão ao longo de pouco mais de duas horas, num formato em que dois jornalistas colocam as questões: economia, terrorismo, educação e Europa.
A sua estratégia é dizer muitas mentiras.
Após dez dias de uma campanha agressiva entre as duas voltas das presidenciais, Emmanuel Macron, que obteve o melhor resultado na primeira volta, é ainda apontado pelas sondagens como o vencedor a 7 de maio, com cerca de 60% das intenções de voto, mas a margem de avanço em relação a Le Pen está a diminuir.
Num escrutínio muito atentamente observado internacionalmente, os dois candidatos devem convencer os muitos eleitores indecisos a dar-lhes o seu apoio, enquanto se prevê que a taxa de abstenção possa ultrapassar os 22% no próximo domingo. Os seus programas eleitorais estão nos antípodas: Emmanuel Macron é liberal e pró-europeu, Marine Le Pen é anti-imigração, anti-Europa e antissistema.
O primeiro agrada sobretudo aos jovens urbanos, à classe média e ao meio empresarial; a segunda seduz as classes populares, a população rural e uma fatia do eleitorado francês vítima de desemprego endémico. “Não são apenas duas personalidades, dois projetos, mas duas conceções da França, da Europa e do mundo” que estão em confronto, comentou o Presidente francês cessante, François Hollande.
Um ritual da vida política francesa desde 1974, o debate televisivo entre duas voltas eleitorais constitui tradicionalmente um momento forte e por vezes decisivo das campanhas presidenciais. As imagens do debate desta quarta-feira mostram que Emmanuel Macron não levou papéis para o debate enquanto a candidata da Frente Nacional tem vários documentos à sua frente.
A economia nas palavras de Macron e Le Pen
Ambos os candidatos aproveitaram o debate para vincarem as posições diferentes que defendem em termos económicos, nomeadamente no que toca à União Europeia e à Zona Euro. Emmanuel Macron classificou o euro como “a única moeda” que França tem, mas Le Pen ripostou: “O euro é o dinheiro dos bancos, não o dinheiro das pessoas”.
A ideia da candidata é usar nacionalmente o franco, utilizando o euro apenas em transações internacionais. “O que diz não tem sentido nenhum [nonsense]“, contra-argumenta o candidato do movimento “Em Marcha”. Macron argumenta que as importações seriam mais caras, o que colocaria em causa os negócios e o poder de compra dos franceses. O candidato considera que a desindustrialização em França ocorreu “por não se ter feito reformas, não por causa do euro”.
Se eleita, Marine Le Pen já anunciou que irá referendar a permanência da França na União Europeia, logo em setembro deste ano. A candidata da Frente Nacional tentou colar Macron ao status quo vigente por este ter sido ministro da Economia do atual presidente francês. Uma coisa Emmanuel Macron tem em comum com Hollande: quer manter-se na União Europeia, mas pretende reformá-la por dentro.
Existem ainda as questões mais sensíveis para o eleitorado, como a questão da idade de reforma. O candidato pretende manter a idade de reforma nos 62 anos, mas a candidata que reduzi-la para os 60 anos em alguns casos.
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