Elisa Ferreira: Não há condições para criar veículo contra malparado
Legislação europeia impede criação de veículo que permita resolver o problema do malparado, acredita a administradora do Banco de Portugal.
Elisa Ferreira diz que não há condições atualmente para criar um veículo que permita resolver o problema do crédito malparado. Em entrevista à RTP, esta quarta-feira, a administradora do Banco de Portugal revelou que 34% da riqueza dos países da Zona Euro foi usada para financiar e “segurar” a banca e que as instituições devem libertar-se do malparado à medida que a economia permita. No entanto, segundo Elisa Ferreira, a falta de condições prende-se com a “legislação europeia”.
“Acho que é um assunto crítico para toda a Europa. Acontece que, neste processo, alguns países limparam esse crédito malparado”, afirmou, sublinhando as “intervenções brutais” feitas na banca de países como a Irlanda ou até o Reino Unido, onde cinco bancos foram nacionalizados. “Isto não quer dizer que o dinheiro que foi usado, foi perdido”.
“Já não é possível tirar os ativos do balanço do banco para serem comercializados [ao valor do mercado]. É preciso que o banco tenha esse capital para compensar a essa diferença (…) precisamente porque a regra mudou”, disse, acrescentando que a “fragilidade” de Portugal é não ter “os meios de Itália”, por exemplo, “para tornar a meter dinheiro nos bancos”.
Na Grande Entrevista desta semana, Elisa Ferreira falou ainda da situação da banca em Portugal, sublinhando que “nenhum banco está em situação crítica”. “A maior parte dos problemas têm sido geríveis, e isto não significa que não se façam recomendações, remédios, intervenções”, disse, acrescentando que, o caso do Montepio “é um processo normal e gradual”.
“Há uma enorme partilha [entre os supervisores] e sente-se que a banca portuguesa está, cada vez mais, a estabilizar”, afirmou Elisa Ferreira.
Há uma progressiva estabilização [da banca portuguesa] e neste momento temos uma situação muito mais estável.
“Houve um progresso ao nível de como os bancos são geridos (…) face ao que se fazia até 2008”, explicou a responsável do BdP. “A banca era um grupo de gente muito conhecedora do negócio que se autorregulava”, acrescentou, elogiando as “mudanças internacionais” no setor, depois da crise, altura em que “os bancos ficam totalmente fragilizados”.
“Houve necessidade de intervir fortemente para suportar os bancos”, acrescentou.
Sobre o Novo Banco, Elisa Ferreira disse estar convencida de que tudo vai correr “muito bem”. “Pode acontecer um percalço mas não estamos a antecipá-lo”. De acordo com Elisa Ferreira, os prazos do processo estão a ser cumpridos como previsto. “Acredito completamente que a assinatura vai ser cumprida”, afirmou.
(Notícia atualizada às 23h40)
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