É preciso acelerar a limpeza do malparado. Solução europeia? Não
Andrea Enria diz que "se houver vontade, há forma" de resolver o malparado. Mas dificilmente haverá uma solução europeia. Terá de ser implementada a nível nacional. E os Estados têm de participar.
A banca está muito melhor do que no passado. Está mais sólida, mas continua a enfrentar um grave problema: o malparado. Os alertas têm sido constantes, defendo-se a necessidade de encontrar uma solução, mas não é um processo fácil. Andrea Enria diz que “se houver vontade, há forma” de resolver o problema, mas admite que não será possível implementar uma fórmula comum nos vários países europeus. Cada país vai ter de avançar por si.
“Ao ritmo atual [de redução do malparado] não iremos conseguir atingir os níveis de empréstimos em incumprimento registados no período pré-crise nos próximos anos”, alertou o presidente da Autoridade Bancária Europeia (EBA), que participa na Conferência Internacional Anual do CIRSF – Centro de Investigação em Regulação e Supervisão do Setor Financeiro, em Lisboa. É preciso, por isso, acelerar o ritmo. São precisas soluções.
“Soluções de âmbito europeu não me parecem viáveis politicamente”, nota Enria. No entanto, defende que o desenvolvimento de orientações comuns para a gestão a nível nacional dos empréstimos em incumprimento poderá ser importante para facilitar a limpeza do balanço dos bancos.
Neste sentido, defende que é preciso garantir, em primeiro lugar, a melhoria da qualidade e a consistência dos dados sobre o malparado, algo no qual a EBA já está a delinear a pedido da Comissão Europeia. Este ponto, salientou, é muito importante no sentido em que servirá de base para o bom funcionamento de um mercado onde se possa transacionar estes créditos malparados.
Soluções de âmbito europeu não me parecem viáveis politicamente.
“Com estas orientações, as metas ambiciosas [de redução de malparado] definidas pelos reguladores podem ser mais facilmente atingidas, num período de tempo mais curto”, notou o presidente da EBA, salientando, contudo, que para o fazer será sempre preciso o envolvimento dos Estados. É que nem todos os bancos têm situações de capital sólidas.
“Os bancos bem capitalizados serão capazes de concluir o processo sem necessitarem de contar com qualquer apoio dos Governos. Mas os bancos mais fracos, e os bancos mais pequenos, apesar de estarem solventes, poderão sentir dificuldades em acelerar o processo de reconhecimento de perdas com o malparado”, alerta.
Estes bancos mais pequenos “beneficiariam de um programa de apoio que lhes permitisse resolverem os problemas com os ativos de má qualidade de uma forma direta, reestruturarem-se e regressarem à rentabilidade”, diz, salientando que defende “o apoio público” que, por sua vez, iria fazer aumentar o apetite dos privados por estes ativos.
Resolver o malparado é, diz Enria, devido à dimensão que este problema assumiu na Europa, mas também devido ao “impacto que tem na recuperação da economia” da região, uma vez que “os bancos ficam com capital preso em créditos em incumprimento em vez de o utilizarem para concederem financiamento à economia”. Além disso, castigam a rentabilidade e aumentam os receios dos investidores.
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