Estatísticas negras dos fogos em Portugal: 2003, 2005 e 2017
2017 pode ser já o ano mais fatal dos incêndios em Portugal. O pior registo em área ardida continua a ser 2003. Em número de incêndios e perdas económicas, 2005 tem a pior contabilização.
“Esta é seguramente a maior tragédia que temos vivido”. As palavras são do primeiro-ministro António Costa, em declarações esta madrugada na Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC).
Na altura, o balanço dos incêndios no país, e em particular do que deflagrou este sábado em Pedrógão Grande, no distrito de Leiria, era de 19 mortos. Às 13 horas deste domingo, o secretário de Estado da Administração Interna, Jorge Gomes, fez uma nova contabilização e o número de vítimas mortais já era de 62.
Pedrógão Grande, o mais fatídico
É o pior de sempre. A agência Lusa fez o balanço das fatalidades dos anos anteriores e, desde que há registos, nada se compara ao que se passou em Pedrógão Grande.
Na memória de muitos portugueses ainda estão os grandes incêndios de 2003, que assolaram o país de norte a sul e provocaram 18 mortos.
Há mais de 50 anos, em setembro de 1966, um fogo na serra de Sintra foi notícia em todo o mundo, devido à morte de 25 militares do Regimento de Artilharia Anti-Aérea Fixa de Queluz, enquanto tentavam combater as chamas.
Já em agosto de 2013, quando se registaram mais de 7.000 incêndios, morreram nove pessoas — oito bombeiros e um civil — com 120 mil hectares de floresta ardida.
No ano 2012, centenas de incêndios provocaram seis mortos, quatro deles bombeiros.
No ano passado, os incêndios na Madeira provocaram três mortos e destruíram 37 habitações, uma situação que levou o Governo a fazer um pedido de ajuda à União Europeia para combater o sinistro.
A maior tragédia de vidas humanas que temos conhecimento nos últimos anos em Portugal.
Em 1985, em Armamar, foram 14 bombeiros apanhados pelas chamas e que não resistiram, enquanto em 1986, em Águeda, um fogo provocou 13 mortos.
Em junho de 2006, no distrito da Guarda, cinco bombeiros chilenos morreram ao combaterem um incêndio.
2003 e os mais de 400 mil hectares de área ardida
Todos os anos, o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) faz aqui o balanço dos incêndios florestais e os números mostram claramente que 2003 continua a sobressair no mapa por ter o pior registo em termos de área ardida: 425.839 hectares, dos quais 286.055 referentes a povoamentos florestais e 139.784 a mato.
Em 2003, o país foi afetado por uma das maiores vagas de calor de sempre: morreram 18 pessoas, tendo a zona centro sido a mais afetada pelos fogos. Ardeu um quarto da área florestal do Pinhal de Leiria. O Governo declarou na altura, no início de agosto de 2003, o estado de calamidade pública.
Nesse ano, também terá sido registado o maior incêndio de sempre em Portugal, na região de Ulme, no distrito de Santarém.
Fogos de 2005 trouxeram fatura de 757 milhões de euros
Dois anos depois, uma parte significativa do país voltou a arder e em 2005 foram contabilizados 339.089 hectares de área ardida. Não foi um recorde em aérea queimada, mas foi de longe o pior registo, quer em número de ocorrências (mais de 35 mil), quer em termos de perdas económicas e materiais.
Depois da astronómica fatura de 611 milhões de euros com os fogos de 2003, as perdas materiais chegaram aos 757 milhões de euros nos incêndios de 2005 o que, segundo os dados recolhidos pelo ICNF, continua a ser o maior prejuízo anual económico causado pelos incêndios florestais.
Perdas em euros resultantes dos incêndios florestais
2005 foi um ano de seca. Mas segundo os dados da Direção-Geral dos Recursos Florestais, publicados em 2006, em 2005 “cerca de metade da área ardida em grandes incêndios florestais deveu-se a fogos postos”. Nesse ano foram detidos 147 suspeitos de fogo posto, quase o dobro do ano anterior.
As últimas estatísticas disponíveis
Os números mais recentes do ICNF ainda são relativos ao período de 1 de janeiro a 15 de outubro de 2016. Foram contabilizadas neste período 13.079 ocorrências (2.677 incêndios florestais e 10.402 fogachos) que resultaram em 160.490 hectares de área ardida, entre povoamentos (85.785 ha) e matos (74.705 ha).
“Comparando os valores do ano de 2016 com o histórico dos últimos 10 anos destaca-se que se registaram menos 25% de ocorrências relativamente à média verificada no decénio 2006-2015 e que ardeu mais do dobro da média da área ardida nesse período. O ano de 2016 apresenta, desde 2006 (até ao dia 15 de outubro), o segundo valor mais baixo em número de ocorrências e o valor mais elevado de área ardida”, diz o balanço provisório do ICNF.
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