Imposto sobre o açúcar leva a quebra de 6% no consumo de refrigerantes
Os mais afetados foram no volume de vendas foram os sumos sem gás diluídos com uma quebra de 15,7% e as colas com uma diminuição de 13,6%.
A introdução de uma fat tax foi uma das medidas mais emblemáticas do Orçamento do Estado para 2017. O imposto sobre os açúcares foi efetivamente introduzido em fevereiro de 2017 e os resultados foram imediatos: os preços dos refrigerantes subiram e o consumo desceu, revelam os dados da Nielsen divulgados esta terça-feira.
No primeiro semestre de 2017 houve uma quebra homóloga de 6% no volume de vendas de refrigerantes e um aumento de preços de 14% — uma contabilização que não tem em conta as promoções — e, consequentemente, um aumento de 13% no valor das vendas.
Vendas caem 6% no primeiro semestre
Recorde-se que as empresas produtoras de refrigerantes se manifestaram duramente contra esta medida. A Federação das Indústrias Portuguesas Agro-Alimentares (FIPA) considerou a medida “discriminatória e populista” e sem “qualquer efeito comprovado ao nível da saúde pública”. A Coca-Cola travou mesmo a expansão da unidade de produção de Azeitão, um projeto avaliado em 40 milhões de euros. A Coca-Cola considerava que este novo imposto sobre os refrigerantes era inconstitucional.
A preocupação da multinacional era justificada. Segundo os dados da Nielsen, o consumo de colas foi dos mais afetados com uma quebra no volume de vendas de 13,6%. Pior só mesmo a quebra homóloga nos seis primeiros meses do ano de 15,7% dos sumos sem gás diluídos. Já em termos de aumento de preços também foram os mais significativos: 21,3% e 31,2%, respetivamente.
Margarida Baptista, client consultant senior na Nielsen, lembra que o efeito mais drástico foi a primeira semana de implementação da medida. Nas quatro semanas a seguir à criação do imposto registou-se um aumento de dez cêntimos no preço médio das soft drinks — refrigerantes (com ou sem gás), néctares e 100%, sumos refrigerados, bebidas energéticas e isotónicas, bebidas mixing e sumos de fruta com leite — e uma quebra em volume de 13,1%.
“A clara quebra de volumes, especialmente na primeira semana, comprova que o preço é um fator importante para o consumidor português”, diz Margarida Baptista. “Os segmentos não afetados por este imposto (como os Néctares 100%) apresentam aumentos de preço menos significativos e, consequentemente, crescimentos de volume que contrariam a tendência negativa dos soft drinks“, acrescenta. “De salientar ainda que também a crescente preocupação dos consumidores pela saúde e a procura por produtos saudáveis vêm potenciar os decréscimos registados nos refrigerantes e os crescimentos dos néctares e 100%”, explica a responsável.
"Os segmentos não afetados por este imposto (como os Néctares 100%) apresentam aumentos de preço menos significativos e, consequentemente, crescimentos de volume que contrariam a tendência negativa dos soft drinks.”
Segundo um inquérito online da Nielsen, metade dos consumidores portugueses admitem que o tipo de açúcar/adoçante utilizado pode influenciar a sua decisão de compra e que as preocupações começam mesmo antes da compra — 60% dos consumidores admitiram que estão atentos aos valores de açúcar presentes na tabela nutricional deste tipo de produtos e 50% que sabem a quantidade de açúcar ingerido em cada bebida.
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