S&P baixa classificação de Angola para B-
Deterioração das perspetivas económicas e gradual aumento do peso da dívida pública justificam corte da classificação.
A Standard and Poor’s (S&P) baixou para B- a classificação de Angola, argumentando que o país está a enfrentar a deterioração das perspetivas económicas e um gradual aumento do peso da dívida pública.
A agência de notação financeira já havia advertido para o risco da descida por causa dos preços mais baixos do petróleo e os seus efeitos sobre a economia do país. Agora, a S&P decidiu baixar para B- com perspetiva estável a classificação do país, apesar de Angola permanecer com liquidez financeira superior a países em situação semelhante, referem os analistas.
“A perspetiva estável reflete a nossa visão de que o défice continuará a ser elevado, mas pode ser financiado sem afetar significativamente as reservas cambiais do país“, consideram os analistas da S&P, de acordo com o relatório a que a Lusa teve acesso.
“Reduzimos nossas expectativas sobre o ritmo de crescimento económico de Angola. O desempenho das receitas fiscais do país está abaixo das nossas expectativas anteriores e os custos do serviço da dívida estão a aumentar”, refere ainda a agência, salientando que o setor bancário permanece fraco. “Alguns bancos estaduais importantes estão a passar por processos de reestruturação, colocando riscos adicionais ao governo”, pode ler-se no relatório da agência.
Os analistas admitem baixar ainda mais a nota se verificarem “potenciais riscos para os compromissos financeiros” com o exterior, causados por falta de receita fiscal ou pelo “enfraquecimento do ambiente político e institucional depois das eleições” gerais de 23 de agosto.
Para uma subida do rating, a S&P considera relevante que o futuro governo aprove “reformas económicas que permitam um crescimento económico mais rápido”.
A classificação atual reflete, segundo os analistas, o aumento rápido dos custos da dívida pública, para o qual contribuiu o “maior endividamento do governo no mercado interno para financiar o défice fiscal”, num contexto em que “as receitas do petróleo ainda são fracas”.
Para a agência, o pagamento da dívida custará mais de 15% das receitas fiscais do país, quando esse valor era de apenas sete por cento em 2015.
As restrições da oferta em moeda estrangeira diminuíram o dinamismo do setor não-petrolífero, que representa 60% do Produto Interno Bruto de Angola, nomeadamente na área do retalho e da construção, alerta ainda a agência de notação.
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