Queda de árvore faz 13 vítimas mortais no Funchal
Árvore centenária caiu sobre multidão no Funchal, nas festas da Senhora do Monte. Há 13 vítimas mortais, incluindo uma criança, e 49 feridos, alguns com gravidade. Há estrangeiros entre os mortos.
Uma árvore de grande porte caiu esta terça-feira no Largo da Fonte, na freguesia do Monte, na Madeira, num local onde decorria a festa da padroeira da ilha. Está oficialmente confirmado que houve 13 mortos e 49 feridos.
Um carvalho com cerca de 200 anos, matou no local dez pessoas, incluindo uma criança, três vieram a falecer mais tarde. “Vitimas mortais: 13 pessoas. Dez faleceram no local, uma criança entrou cadáver e dois adultos faleceram no serviço de urgência”, na sequência dos graves ferimentos, disse, citado pela Lusa, Miguel Reis, adjunto da direção clínica do Serviço Regional de Saúde da Madeira (SESARAM), em conferência de imprensa, cerca das 19h00, para atualizar o estado das vítimas que recorreram àquela unidade hospitalar do Funchal.
Estas festas da Nossa Senhora do Monte são sempre muito concorridas, mesmo a nível de turistas, por isso, entre os mortos e feridos há não só portugueses, mas também turistas alemães, húngaros e franceses. Miguel Reis referiu que, “relativamente às vítimas estrangeiras, estiveram envolvidas cinco vítimas, quatro das quais graves”, acrescentando que uma de nacionalidade francesa faleceu no local e outra húngara veio a morrer já no hospital. O adjunto da direção clínica do SESARAM disse que estão ainda hospitalizados dois outros cidadãos estrangeiros — um francês e outro alemão –, tendo sido registado o caso de um holandês que já teve alta.
Estes dados vêm esclarecer alguma confusão gerada quando foi transmitida a informação sobre o número de vítimas desta tragédia numa conferência em que participaram o presidente do Governo Regional, o secretário da Saúde da Madeira e o presidente do Serviço de Proteção Civil do arquipélago, pelas 16h30.
“Às 19:00, o ponto da situação era o seguinte: permanecem 16 doentes internados no Serviço de Urgência [do hospital do Funchal], todos eles estáveis, dois no serviço de observação de adultos e dois no serviço de observação pediátrica”, enunciou. Miguel Reis indicou que “uma vítima foi intervencionada no bloco operatório” e outras duas estavam a ser submetidas a intervenções cirúrgicas no momento da conferência de imprensa.
O primeiro anúncio oficial foi feito pelo secretário Regional da Saúde, que tutela a Proteção Civil da Madeira, Pedro Ramos, que estava acompanhado pelo presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, num encontro com a imprensa. Nessa altura foi dito que havia 12 mortos e 50 feridos. Na manhã de quarta-feira, às 9h00, será feita uma nova comunicação sobre o estado das vítimas.
Perante a gravidade da tragédia foi aprovada pelo Conselho do Governo uma resolução a decretar três dias de luto nacional: “Considerando os trágicos acontecimentos ocorridos hoje na freguesia do Monte, no concelho do Funchal”, o Conselho do Governo, reunido em plenário, deliberou “decretar luto regional nos dias 16, 17 e 18 de agosto”. Uma decisão que Miguel Albuquerque já tinha avançado na conferência de imprensa das 16h30.
Entretanto, “o Ministério Público decidiu instaurar inquérito”, disse fonte da PGR, em resposta escrita enviada à Lusa. E o Instituto Nacional de Medicina Legal vai reforçar o Gabinete Médico-legal da Madeira com meios humanos e materiais para acelerar a entrega das vítimas mortais.
A tragédia obrigou a acionar o plano de emergência e reforçar as equipas de urgência, tendo sido também aberto um gabinete com psiquiatras e psicólogos para apoiar as famílias. Além disso, foram criadas duas linhas de apoio — 291 705 678 e 291 705 779.
O presidente do Governo Regional da Madeira também já indicou, nessa conferência de imprensa, que a prioridade é apoiar as vítimas e não apurar as responsabilidades. “Não estamos focados nesta prioridade”, declarou, admitindo que “se for caso disso será aberto um inquérito”. Neste tipo de ocasiões surgem muitas acusações, disse, porque são episódios que têm “emocionalmente uma grande carga”. “Sempre assumi as minhas responsabilidades à frente da Câmara Municipal”, sublinhou, adiantando que adota a mesma postura como chefe do executivo madeirense.
A árvore tombou na zona onde estava um ponto onde são vendidas velas. Segundo uma testemunha ouvida pela RTP, a árvore em causa estava rachada e carcomida no seu interior e era usado um cabo de aço para suster a árvore, sendo que as autoridades já estavam alertadas para a situação, havendo mesmo uma ordem judicial para cortar a árvore em causa assim como uma outra que ainda se encontra no Largo, refere a mesma testemunha.
Mas o presidente da Câmara do Funchal, Paulo Cafôfo, desmentiu esta informação em conferência de imprensa. “A árvore que caiu não estava amarrada a qualquer cabo” e “nunca esteve sinalizada como em perigo de queda e nunca deu entrada qualquer queixa com vista à sua limpeza ou abate”, disse sublinhando que a copa da árvore se encontrava verdejante. Além disso, disse o responsável “a árvore que caiu encontrava-se em terreno privado”. Segundo Paulo Pereira, adjunto da presidência, o terreno pertence à paróquia da Nossa Senhora do Monte. Ainda assim, Paulo Cafôfo garante que “a câmara municipal do Funchal assumirá todas aquelas que forem as suas responsabilidades”, disse citado pelo Público (acesso condicionado).
Entretanto vão ser feitas peritagens para avaliar o que esteve na origem da queda da árvore centenária, avança o repórter da RTP logo nas primeiras horas após a tragédia. Paulo Cafôfo confirmou que uma empresa especializada fará a peritagem, a partir de segunda-feira, para esclarecer o que originou a queda da árvore. A operação vai ser feita em parceria com o Instituto Superior de Agronomia.
Entretanto, o Presidente da República já chegou Funchal, onde tinha chegada previstas para as 19h30, num voo proveniente de Faro. O objetivo do Chefe de Estado é “testemunhar conforto, solidariedade e apoio” ao povo madeirense num “momento de dor”. “Trata-se de uma realidade que chocou, senti isso, todos os portugueses”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, em declarações aos jornalistas à chegada ao arquipélago da Madeira, citado pela Lusa.
“Era preciso testemunhar imediatamente esse conforto, essa solidariedade, esse apoio ao povo madeirense”, prosseguiu Marcelo, ao lado do presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, indicando que irá deslocar-se ao local do incidente, ao hospital e às instalações da Proteção Civil local. Questionado sobre o apuramento das responsabilidades, Marcelo Rebelo de Sousa disse que “neste momento de dor” o importante agora “é testemunhar a solidariedade, é testemunhar o conforto e estar junto daqueles que sofrem”. “Isso é que é importante”, concluiu.
O Presidente da República já tinha expresso as “mais sentidas condolências” aos familiares das vítimas. “Ao tomar conhecimento da tragédia ocorrida na Madeira, apresento às famílias enlutadas as minhas mais sentidas condolências”, lê-se numa mensagem do Chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, divulgada na página da Internet da Presidência da República.
Entretanto, o primeiro-ministro, António Costa, expressou as “condolências pelas vítimas do acidente na Madeira”, adiantando que o Governo “disponibilizou apoio médico face ao elevado número de vítimas”.
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O arraial do Monte é considerado a maior festa da Madeira, contando com a presença das entidades regionais, incluindo o presidente do Governo Regional, Miguel Albuquerque, nas celebridades religiosas. A mesma fonte adiantou que a tradicional procissão foi cancelada. No ano passado as festividades de caráter mais profano deste arraial foram canceladas devido aos incêndios que afetaram o Funchal na segunda semana de agosto.
Atualizada às 22h30
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