Nuno Amado: “Temos o dever de defender os interesses dos acionistas”
O presidente do BCP diz que o banco tem o deve de "criar valor para os acionistas" e clarificar o processo de venda do Novo Banco. "Tomámos uma decisão muito equilibrada", defende Nuno Amado.
O presidente do BCP diz que a decisão de avançar com um processo para travar a garantia de 3,9 mil milhões de euros concedida pelo Fundo de Resolução na venda do Novo Banco aos americanos do Lone Star é “equilibrada”. Nuno Amado refere que é a obrigação do banco “criar valor para os acionistas” e “clarificar os aspetos legais” em torno da alienação do banco de transição ao fundo norte-americano.
“Tomámos uma decisão muito equilibrada”, defende Nuno Amado na sessão que assinala o 30.º aniversário da admissão do BCP na bolsa portuguesa, referindo-se ao facto de o banco ter decidido ir para tribunal contestar a garantia concedida pelo Fundo de Resolução na venda do Novo Banco. “Temos de rentabilizar o nosso negócio, a nossa atividade e, com isso, criar o valor que os acionistas merecem”, afirma. “Temos a obrigação de defender os interesses do banco.” E isto sem suspender a venda do Novo Banco.
“Como sabem, não existe informação suficiente”, por isso “não tivemos alternativa a não ser colocar uma ação para clarificar a decisão tomada”, refere. As declarações são feitas depois de o BCP ter avançado com um processo para travar a garantia de 3,9 mil milhões de euros concedida pelo Fundo de Resolução na venda do Novo Banco aos americanos do Lone Star, como apurou o ECO junto de fontes de mercado. O processo terá sido contra o Banco de Portugal na qualidade de autoridade de resolução, mas não foi possível confirmar oficialmente esta informação.
"Temos de rentabilizar o nosso negócio, a nossa atividade e, com isso, criar o valor que os acionistas merecem. Temos a obrigação de defender os interesses do banco.”
É uma posição de força do banco liderado por Nuno Amado, que já tinha demonstrado publicamente o seu desagrado pelo envolvimento do Fundo, que integra o universo do Estado, mas é financiado pelos bancos do sistema. Nuno Amado entende que esta garantia deve ser prestada por outra entidade do Estado diretamente e não pelo Fundo de Resolução.
A ação administrativa do BCP tem como objetivo contestar o “mecanismo de capital contingente” que o Estado dá ao Lone Star no âmbito do acordo de venda do Novo Banco e que será acionada em função de perdas a registar no chamado side bank daquela instituição.
Apesar do processo, a instituição liderada por Carlos Costa garantiu que o processo de venda do Novo Banco prossegue sem alterações. O Banco de Portugal assinala que a venda decorrerá no calendário acordado uma vez que o BCP não pretende travar a venda, mas sim a garantia dada pelo Fundo de Resolução de 3,9 mil milhões de euros.
Ações em queda. É para continuar?
Sobre o desempenho das ações, que têm estado em queda nas últimas sessões, Nuno Amado refere que a “única forma de ter uma sustentabilidade a longo prazo é apresentado resultados e uma evolução favorável”. “É para isso que estamos a trabalhar”, refere o presidente do BCP.
No mesmo evento comemorativo, a presidente da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários afirmou que o regulador tem consciência “de que o mercado atravessa um período particularmente difícil. E o BCP insere-se nesse contexto“. Gabriela Figueiredo Dias refere, contudo, que se deve “desdramatizar”. “Todos sabemos que o mercado tem comportamentos cíclicos”, por isso “este não é certamente o fim da história”.
O banco liderado por Nuno Amado não para de cair — recuou 1,55% para 22,30 cêntimos, tendo acumulado uma queda de mais de 10% no último mês. Descidas expressivas que devem refletir um movimento de correção, mas também os receios dos investidores quanto ao impacto financeiro que a eventual compra da unidade polaca do Deutsche Bank possa ter nas contas.
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