Investidores para o malparado? Há, mas a plataforma quer outros
Grandes fundos que procuram comprar crédito de má qualidade há muitos. A plataforma não lhes fecha a porta, mas o foco está noutros investidores. E, claro, no banco do fomento.
A plataforma que vai gerir os créditos malparados da Caixa Geral de Depósitos (CGD), BCP e Novo Banco ainda agora está a ser criada, mas já há investidores interessados nos ativos que serão resolvidos por este mecanismo. O ECO sabe que há demonstrações de interesse, sendo que o objetivo não é de entregar estes créditos a fundos especuladores. A porta não está fechada para estes, mas o foco está em investidores que queiram ajudar na viabilidade das empresas cuja dívida for reestruturada.
Os bancos portugueses têm um nível de crédito malparado muito elevado. Esse “fardo” tem pesado nas contas, sendo alvo de vários alertas nomeadamente por parte das agências de rating. Perante empréstimos de má qualidade tão avultados, as instituições financeiras têm procurado desfazer-se dessas carteiras. O caso mais recente foi a CGD que entregou créditos avaliados em quase 500 milhões de euros à Bain Capital, um fundo norte-americano.
Estes fundos procuram carteiras de crédito em incumprimento a valores deprimidos, tentando, depois, ganhar com a valorização desses ativos. São investidores como estes que, sabe o ECO, já começaram a procurar a plataforma. Mas não só. Há também outro tipo de investidores: os que querem injetar capital fresco nas empresas reestruturadas para alavancarem esses mesmos negócios.
As atenções dos responsáveis pela plataforma está virada, essencialmente, para estes. É que o objetivo da plataforma é procurar a viabilização das empresas, tentando salvaguardar os empregos. Há um cariz social desta plataforma que irá gerir créditos individuais acima de cinco milhões, ou seja, de muitas pequenas e médias empresas (PME).
De olho no banco do fomento
Há fundos especuladores, há investidores, mas há também a Instituição Financeira de Desenvolvimento (IFD), vulgo banco de fomento. O ECO sabe que a plataforma tem muito interesse em que este banco colabore, procurando dar continuidade ao processo após a reestruturação das empresas. Mas, até agora, há apenas contactos.
O banco de fomento ficará de fora desta plataforma, como o ECO já tinha avançado. A entrar, será depois, quando se colocar a venda destes créditos, em concorrência ou em alinhamento com os fundos de private equity privados, e apenas para as empresas consideradas viáveis, sendo que isto acontece porque não pode haver dinheiros públicos — uma garantia, aliás, dada pelo próprio Governo — nesta plataforma.
O banco de fomento poderá ser envolvido depois, com recurso aos reembolsos dos empréstimos que faz de fundos comunitários e a linhas de financiamento de instituições como o BEI. Como? Com a criação de uma sociedade gestora — que pode ter várias subunidades em função do tipo de NPL (non performing loan), isto é, imobiliário ou dívida empresarial, por exemplo — que permitirá criar um mercado secundário destes ativos problemáticos.
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