Assunção Cristas reafirma disponibilidade para geringonça à direita
No rescaldo das eleições autárquicas, Assunção Cristas reafirma a disponibilidade para criar uma "alternativa centro-direita". A diferença é que agora o CDS "é uma força diferente".
No rescaldo das eleições autárquicas, nas quais o CDS-PP conseguiu reforçar a presença nos municípios e tornar-se a segunda força política em Lisboa, Assunção Cristas continua a não pôr de lado a constituição de uma alternativa de centro-direita, ainda que o PSD esteja mais à direita que o seu partido em alguns “episódios”.
Em entrevista conjunta à TSF e ao Diário de Notícias a líder do CDS-PP afirmou que, a acontecer, “queremos que o CDS seja uma parte mais forte de uma alternativa de centro-direita em Portugal”, considerando que o seu partido partiria agora “com uma força diferente” para essa aliança. Esta “força” virá do facto de o CDS ter mantido as cinco câmaras que detinha e acrescentado ainda outra.
A estabelecer-se como entrave a esta ‘geringonça’ à direita poderá estar o facto de as dinâmicas políticas se terem alterado desde as últimas legislativas: “Pela primeira vez vemos em Portugal um Governo liderado por alguém que ficou em segundo lugar nas eleições, mas que conseguiu juntar uma maioria parlamentar.” Para além disto, a líder dos centristas garante que “há muitos pontos onde o CDS está mais ao centro que o PSD”, dando como exemplo a privatização da RTP ou da Caixa Geral de Depósitos e o caso do candidato André Ventura em Loures.
A crise de liderança do PSD foi outro dos assuntos em cima da mesa, com a centrista a afirmar que, ainda que não “goste de fazer essas leituras”, o apoio do PSD à sua candidatura não foi uma conversa “para esquecer”. O desencontro entre os dois partidos nestas eleições terá sido uma questão de “prioridades” e “urgência”, visto que “Pedro Passos Coelho achava que haveria legislativas antes autárquicas” e a própria estava já focada nas autárquicas.
Riscando as possibilidades de se juntar ao Partido Socialista (PS) tanto na Câmara de Lisboa como na constituição de uma alternativa governativa para as próximas eleições, Assunção Cristas considera que, por um lado, “tirámos a maioria absoluta a Fernando Medina” e por outro o PS “encostou-se à esquerda”, pelo que estará fora dos planos quaisquer alianças com a esquerda
“Olha a Assunção”
Com a passagem da liderança de Paulo Portas para Assunção Cristas, a última garante que esta não foi feita em “rutura”, mas sim em “continuidade”. A evolução do partido e da sua liderança terá sido uma razão para justificar os resultados. Ainda assim, Cristas garante que quer “que as pessoas percebam qual é a nossa posição e qual é a nossa alternativa para todos os temas”.
"Ouvi falar nisso como moeda de troca com propostas das esquerdas e acho uma péssima ideia.”
A própria líder afirma que sentiu que a sua imagem não ficou presa ao passado, na medida em que as pessoas deixaram de a ver como “a ministra”, para a verem como a “Assunção”. “Quando comecei como líder do CDS as pessoas olhavam para mim e diziam, “Olha, a ministra!”, depois passaram a dizer, “Olha, vai ali a Assunção Cristas!”, em Lisboa é “a Assunção”, apontou. E será esta imagem que se quer estabelecer como uma das caras fortes da oposição, tanto em Lisboa como no Parlamento.
Assim, e questionada acerca das medidas que esperava não ver inscritas no Orçamento de Estado para 2018, Cristas prontamente apontou o aumento do IRC como “uma péssima ideia”. “Ouvi falar nisso como moeda de troca com propostas das esquerdas e acho uma péssima ideia”, considerou. “O que eu gostaria era de ver estabilidade política também em matéria de IRC.”
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