Operação Marquês: “Ricardo Salgado não cometeu qualquer crime”
Defesa de ex líder do BES não poupa críticas à Procuradoria-Geral da República. Ricardo Salgado e advogados não prestaram qualquer declaração na conferência de imprensa desta quinta-feira.
“Ricardo Salgado não cometeu qualquer tipo de crime e levaremos até às últimas consequências a sua defesa”. As palavras são de Francisco Proença de Carvalho, advogado de Ricardo Salgado, numa conferência de imprensa realizada hoje, em Lisboa. Uma conferência sem direito a questões. “Esperemos que seja garantido à defesa um prazo razoável”, disse o mesmo advogado. Ricardo Salgado não prestou qualquer declaração, mesmo perante a insistência dos jornalistas.
Estas declarações surgem no dia seguinte à acusação do Ministério Público da denominada Operação Marquês.
O antigo líder do Banco Espírito Santo (BES), Ricardo Salgado, terá ordenado o pagamento de luvas ao ex-primeiro-ministro José Sócrates que, entre 2006 e 2009, terá acumulado 24 milhões de euros na Suíça, segundo o Ministério Público (MP). Além de Sócrates, Salgado terá ordenado pagamentos a Zeinal Bava e Henrique Granadeiro que, à data dos factos, exerciam funções na administração da Portugal Telecom (PT). Nessa mesma acusação, o ex-líder do José Sócrates foi também acusado de 31 crimes.
“Ricardo Salgado confirma que foi notificado ainda que irregularmente. O meu cliente tem colaborado para o esclarecimento da verdade. Esse respeito institucional, que sempre foi matriz da vida do Ricardo Salgado, tem-se mantido apesar das constantes violações por parte do MP”, explicou Francisco Proença de Carvalho.
Ricardo não praticou qualquer tipo de crime e esta acusação é infundada. O processo não tem nem pode ter provas desses crimes. Só muito recentemente é que o nome do meu cliente saiu na imprensa, a partir de notícias plantadas.
“Neste, como em outros processos, o MP tem o conforto de saber que o juiz de instrução, em regra, limita-se a aderir ou aceitar tudo o que é requerido ou ir até mais longe que o Ministério Público. Mesmo antes de qualquer acusação, quem conduz as investigações tem tentado pressionado o meu cliente. Com arrestos indeterminados e pomposamente divulgados pela PGR”, concluiu a defesa de Ricardo Salgado.
Francisco Proença de Carvalho admitiu que, ao longo deste processo, testemunhou “a força, firmeza, coragem e dignidade do meu cliente no período bastante complicado nesta fase da sua vida”.
E justificou ainda que “os factos, as provas e o direito numa democracia só devem ser discutidos em tribunal, esse é o local próprio. Por isso não respondemos a questões”.
A defesa do ex-líder do BES espera ainda que “as estratégias de contaminação da opinião pública não impeçam que verdadeiros Juízes possam um dia fazer o juízo que se impõe: sereno, objetivo e no estrito respeito pela legalidade. Só assim se pode fazer Justiça num país democrático e livre”, numa crítica implícita ao juiz de instrução de Carlos Alexandre, que até aqui foi o juiz de instrução responsável pelo processo.
Francisco Proença de Carvalho disse ainda que “o processo não tem, nem pode ter, factos e provas de qualquer crime. Repare-se que tendo o inquérito durado mais de quatro anos, só muito recentemente é que o nome do Dr. Ricardo Salgado surgiu no processo, a partir de notícias plantadas na imprensa, numa tentativa de o envolver num caso a que é absolutamente alheio”.
A conferência contou ainda com a presença do advogado Adriano Squilacce.
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