Afinal, Theresa May diz que tem apoio da sua equipa

  • ECO
  • 6 Outubro 2017

May desfaz teoria de iminente demissão com a confirmação de que tem apoio dos seus. Teto para despesas energéticas proposto por primeira-ministra não deve avançar para já. Goldman Sachs muda de casa.

Trinta deputados querem a demissão de Theresa May? A chefe do Governo britânico nega essa teoria e adianta que tem “apoio total da sua equipa“.

Segundo o antigo chairman do partido conservador, Grant Shapps, quase três dezenas de parlamentares desejavam a demissão da primeira-ministra. “O que o país precisa é de uma liderança calma e é isso que eu lhe estou a dar com o apoio total da minha equipa“, já esclareceu May, de acordo com a BBC.

A popularidade de chefe de Governo tem andado enfraquecida, no seio do seu próprio partido, desde que decidiu convocar eleições antecipadas, o que acabou por significar a perda da maioria conservadora.

A conferência anual do partido, que terminou, esta quarta-feira, era apontada como sítio ideal para May voltar às boas graças dos seus pares, mas um discurso atribulado — marcado por tosse, piadas e alguma confusão com os cartões — acabou por não ajudar o seu caso.

Setor energético contra-ataca

Esta quarta-feira, em Manchester, Theresa May prometeu criar um teto para as despesas com a energia, levando as energéticas a mínimos de 14 anos, no mercado de ações. Algumas das principais figuras dessa indústria já reagiram, considerando praticamente impossível concretizar o plano da primeira-ministra ainda este inverno.

Segundo o The Guardian, fontes do setor garantem que aplicar para já o teto em todas as tarifas variáveis seria “extremamente desafiante“.

“Os consumidores estão a ter prejuízos…e poderiam ser aliviados antecipadamente”, adiantou, por outro lado, o secretário dos Negócios, Energia e Estratégia Industrial. Uma primeira versão da proposta de May — que afetará 12 milhões de lares, no Reino Unido — será publicada já na próxima semana. Segue-se o escrutínio do comité dos Negócios, Energia e Estratégia Industrial (o que pode demorar 8 a 12 semanas), bem como a aprovação parlamentar. No total, o processo deverá prolongar-se por, pelo menos, seis meses. Só no final de 2018 devem, assim, os britânicos sentir os frutos dessa medida.

Ainda que este teto não entre em vigor para já, um limite menos abrangente — que deverá abarcar dois milhões de cidadãos — entrará em vigor, em janeiro. As ações da Centrica, empresa que integra a British Gas, continuam a afundar, desde que, esta quarta-feira, recuaram para níveis de 2003. Os títulos da energética estão agora a desvalorizar 1,73%.

Brexit empura Goldman Sachs para Frankfurt

O Brexit continua a agitar o mundo dos negócios, com a Goldman Sachs agora a mudar de casa. O grupo financeiro sediado em Nova Iorque acabou de arrendar mais escritórios em Frankfurt, Alemanha, com capacidade para mil colaboradores. Segundo a multinacional, o crescimento dará espaço “para executar o plano de contingência relativo ao Brexit“.

Atualmente, a Goldman Sachs tem 200 colaboradores em Frankfurt e cerca de 6.000 no Reino Unido. Faz parte dos seus planos, investir no recrutamento nos países da Zona Euro para gerir o volume de trabalho extra que passará a ser gerido no continente e já não em Londres.

De acordo com o The Guardian, o grupo já deixou claro que, na ausência de um acordo para a saída, isto é, na eventualidade de um “hard Brexit”, seriam tomadas medidas imediatas para esta transição. Theresa May confirmou, esta quarta-feira, em Manchester, que “com ou sem acordo” o Reino Unido sairá da União Europeia e que está preparado para tal.

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Bruxelas: Governo avalia mudanças nos contratos a prazo

  • Cristina Oliveira da Silva
  • 6 Outubro 2017

A medida foi assumida mas nunca se concretizou. Agora, a CE diz que o Executivo pondera eliminar a norma que permite contratar a prazo, sem justificação, jovens e desempregados. TSU também na mira.

Com a descida do desemprego, o Governo está a ponderar a possibilidade de revogar do Código do Trabalho a norma que permite a contratação a prazo, sem qualquer justificação adicional, de jovens à procura do primeiro emprego e desempregados de longa duração.

A medida já tinha sido encarada pelo Governo como uma prioridade em 2016 e em 2017 mas nunca chegou ao terreno. Na mesa está também a diferenciação da TSU em função do tipo de contrato.

De acordo com o Código do Trabalho, os contratos a termo certo só podem ser celebrados para satisfazer necessidades temporárias das empresas. Mas a lei também admite este tipo de vínculo quando está em causa o lançamento de uma nova atividade de duração incerta (ou início de laboração de empresa com menos de 750 trabalhadores) e, ainda, em caso de recrutamento de trabalhador à procura de primeiro emprego ou desempregado de longa duração. Estas pessoas podem então ser contratadas a prazo para postos de trabalho permanentes, ainda que a duração máxima do contrato seja inferior ao da generalidade dos casos.

No documento entregue pelo Ministério do Trabalho ao Parlamento no final do ano passado, no âmbito da discussão do Orçamento do Estado para 2017, o Governo já dizia que iria revogar a norma “que permite a contratação a prazo para postos de trabalho permanentes de jovens à procura do primeiro emprego e desempregados de longa duração”. Isso ainda não aconteceu. Mas no documento da sétima avaliação pós-programa, a Comissão Europeia diz que o Governo “está a olhar para a possibilidade de revogar a norma do Código do Trabalho que permite contratar desempregados de longa duração e pessoas à procura do primeiro emprego com contratos a termo certo sem mais justificações”.

Além disso, o Governo também pondera diferenciar as contribuições das empresas em função do tipo de contrato, tornando os “contratos temporários relativamente mais caros”. O Código Contributivo prevê há muitos anos uma medida nesse sentido mas nunca foi implementada. E o ministro Vieira da Silva já admitiu revisitar a norma. No entanto, mexidas neste sentido podem ser mal recebidas pelos patrões. Em entrevista ao ECO, o presidente da CIP – Confederação Empresarial já disse que não está disponível para reabrir o dossier do Código do Trabalho e também se mostrou contra a diferenciação da TSU.

Segmentação continua a ser problema

Ainda que o mercado de trabalho esteja a recuperar e que o emprego esteja a crescer mais do lado dos contratos permanentes, a segmentação continua a ser um problema, diz Bruxelas. E são os jovens os mais afetados, pondo em causa as suas perspetivas de carreira, adianta ainda a Comissão, salientando que entre as pessoas que emigraram de forma permanente em 2015, dois terços eram jovens.

Além disso, Bruxelas insiste na necessidade de enfrentar a rigidez ligada ao despedimento individual. Aqui aborda a “incerteza” no que toca a custos de despedimento ou a “falta de clareza” relativamente às condições em que as empresas podem despedir por motivos económicos.

O salário mínimo também faz parte da análise de Bruxelas, que diz que a decisão relativamente ao aumento a aplicar em 2018 — 580 euros, de acordo com o programa do Governo — tem de ter em conta o eventual impacto no emprego dos trabalhadores menos qualificados e na competitividade. Isto tendo em conta que o salário mínimo cresceu 15% desde 2015 mas os aumentos negociados em contratação coletiva têm sido moderados (largamente abaixo de 1% em termos reais em 206 e no início de 2017).

A contratação coletiva também tem vindo a sofrer alterações e Bruxelas dá conta disso mesmo. Os parceiros sociais já assumiram o compromisso de transmitir às suas estruturas uma política de não denúncia das convenções coletivas durante 18 meses, medida que expira em julho de 2018, nota o relatório. Através da denúncia, os acordos podem caducar se as partes não chegarem a acordo durante o período de negociação. Para Bruxelas, esta suspensão temporária põe em causa o futuro daquela norma que introduziria maior rigidez na fixação de salários.

A Comissão nota ainda que as portarias de extensão são agora mais comuns, e podem gerar a imposição de mínimos salariais que não representam necessariamente a realidade económica das empresas que não subscreveram os acordos coletivos. O impacto das novas regras das portarias de extensão serão monitorizados nos próximos trimestres, diz o relatório.

Notícia atualizada às 15:31

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Banca nacional está no bom caminho, mas ainda pouco capitalizada

Níveis de malparado elevados, fraca rentabilidade e uma capitalização mais baixa do que os pares europeus deixa a banca nacional ainda muito vulnerável, avalia a Comissão Europeia.

A banca portuguesa está a acompanhar o bom desempenho da economia e as perspetivas para a sua recuperação são hoje mais otimistas. Contudo, o setor financeiro nacional mantém-se vulnerável a vários fatores: os níveis de malparado são demasiado elevados, a rentabilidade é fraca e os bancos portugueses continuam bem menos capitalizados do que os pares europeus. A conclusão é da Comissão Europeia e consta do relatório sobre a sexta avaliação pós-programa, publicado esta sexta-feira.

“O desempenho económico mais forte, conjugado com alterações legislativas, traduz-se numa perspetiva mais confiante para os bancos portugueses”, começa por referir o capítulo do relatório dedicado ao setor financeiro. “Os credores portugueses também estão a beneficiar de uma melhoria na capitalização, facilitada pela recuperação económica”, acrescenta.

"Os bancos portugueses continuam a ser penalizados por elevados níveis de crédito malparado, uma rentabilidade relativamente fraca e almofadas de capital ainda baixas quando comparadas com as dos pares europeu.”

Comissão Europeia

Relatório da sexta avaliação pós-programa de ajustamento

Mas há “vulnerabilidades significativas” que permanecem. “Sem ignorar a heterogeneidade do setor, os bancos portugueses continuam a ser penalizados por elevados níveis de crédito malparado, uma rentabilidade relativamente fraca e almofadas de capital ainda baixas quando comparadas com as dos pares europeu”. Assim, a banca continua a ter de se “ajustar a um ambiente de baixas taxas de juro através do aumento das receitas”. Esse ajustamento deve ser feito, por exemplo, com a subida de comissões e com a redução de custos, aponta Bruxelas.

A contribuir para os progressos sentidos na banca estão também a plataforma para a gestão do malparado, criada no final do mês passado pelo BCP, Caixa Geral de Depósitos (CGD) e Novo Banco, e a nova legislação que veio facilitar a reestruturação de dívidas das empresas. Estas são “iniciativas importantes”, reconhece a Comissão Europeia.

Mas volta a deixar um aviso: “a identificação das empresas que são viáveis e das que devem ser liquidadas é crucial“, até porque as empresas “de maior risco” são as que respondem pela maioria do stock de dívida aos bancos, diz a Comissão Europeia. “Um terço do malparado das pequenas e médias empresas venceu há mais de três anos, enquanto, entre as empresas dos setores da construção e imobiliário, esta percentagem sobe para metade”, aponta o relatório.

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‘Lisbon Beer District’ nasce em Marvila para promover cerveja artesanal

  • Lusa
  • 6 Outubro 2017

Iniciativa de três fábricas de cerveja artesanal pretende organizar eventos a cada três meses. O primeiro é o Oktober Festa, a 14 de outubro, inspirado no britânico “London Beer Mile".

Três fábricas de cervejas artesanais juntaram-se no ‘Lisbon Beer District’ e promovem, no dia 14, o “Oktober Festa”, com o objetivo de rejuvenescer uma zona de Marvila e aprofundar as relações entre os lisboetas e aquela bebida.

Esta iniciativa é desenvolvida por três marcas da indústria cervejeira – ‘MUSA’, ‘Dois Corvos’ e ‘Lince’ – que se situam no mesmo quarteirão em Marvila Velha, a uma “distância máxima de 100 metros” entre elas, anunciou o responsável do projeto pela marca MUSA, Bruno Carrilho.

Em declarações à Lusa, Bruno Carrilho referiu que “em Portugal é a primeira vez que existe uma associação geográfica de cervejeiras que pretende apresentar-se ao mundo de uma forma conjunta”.

Neste primeiro evento do projeto vão ser lançadas três cervejas feitas em colaboração, com as três marcas envolvidas, sendo que cada cerveja será desenvolvida em cada uma das três fábricas. De acordo com a responsável do projeto pela marca Dois Corvos, Susana Cascais, as cervejas – que são todas artesanais – criadas por estas três marcas nacionais são de “inspiração alemã”, tal como este evento, que é inspirado no ‘Oktoberfest’ – festival de cerveja em Munique.

Este projeto visa recriar um ambiente como o “London Beer Mile” – que conta com um conjunto de cervejeiras no espaço de uma milha. As fábricas das três marcas de cerveja envolvidas no projeto vão estar abertas para o “Oktober Festa” e poderão ser visitadas naquele dia.

Segundo o responsável do projeto pela marca Lince, António Carriço, as galerias de arte e alguns restaurantes situados na mesma zona também estarão abertos.

Um dos objetivos desta iniciativa é criar “uma vila unida” com um dia de portas abertas para as fábricas, com concertos, visitas guiadas, ‘street food’ e cervejas colaborativas especiais, reforçou o responsável. “Integrar a comunidade em volta, os restaurantes, os bares, as galerias” é uma das expectativas de Susana Cascais, que reforçou o objetivo de “aprofundar as relações entre os lisboetas e a cerveja artesanal”.

Esta é uma indústria que agora se une no ‘Lisbon Beer District’ – projeto resultante da congregação das três empresas cervejeiras -, espaço para o diálogo entre os diferentes atores do setor e motor de criação para sinergias entre as cervejeiras e a comunidade local.

A ideia é realizar eventos trimestrais, facto que ocorrerá se houver adesão por parte dos visitantes a este primeiro evento. Os responsáveis querem convidar os cidadãos a conhecer estas zonas e promover Marvila Velha para se tornar num roteiro de fim de semana. O “Oktober Festa” realiza-se no dia 14 deste mês, entre as 12:00 e o fim da noite.

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Banco de Portugal aperta regras de incentivos na remuneração a bancários

  • Lusa
  • 6 Outubro 2017

Remuneração não pode pôr em causa o cumprimento de deveres de conduta, considera o regulador.

O pagamento de incentivos aos bancários na venda de produtos financeiros aos clientes foi esta sexta-feira regulamentado pelo Banco de Portugal, em aviso publicado, determinando que esta remuneração não pode pôr em causa o cumprimento de deveres de conduta.

O aviso, que entra em vigor no primeiro dia do próximo ano, precisa como deverão ser as políticas de remuneração, a adotar por quem concede empréstimos, quanto aos trabalhadores afetos à prestação de serviços de consultoria de contratos de crédito à habitação e dos intermediários de crédito que têm contrato de vinculação.

A remuneração dos bancários que vendem contratos de crédito não pode pôr em causa o cumprimento dos deveres de conduta previstos (…) no regime jurídico dos intermediários de crédito”, lê-se no aviso.

O Banco de Portugal, numa nota publicada hoje no seu site, explica que este aviso pretende garantir que as políticas de remuneração não favoreçam os interesses da instituição, do intermediário ou dos trabalhadores, em detrimento dos consumidores, e que previnam conflitos de interesses.

O aviso estabelece que as políticas de remuneração devem assegurar um equilíbrio entre a parte fixa e a parte variável da remuneração, não podendo a componente variável da remuneração depender exclusivamente de critérios quantitativos, devendo contemplar também critérios qualitativos.

O aviso publicado regulamenta ainda a autorização e registo dos interessados em exercer a atividade de intermediação de crédito, passando a ter de apresentar o pedido de autorização através de formulário eletrónico no site do regulador e no Portal do Cliente Bancário.

Mas até 31 de dezembro de 2018, o Banco de Portugal ainda permite a apresentação de pedidos de autorização em papel, nos seus balcões de atendimento, ou por via postal.

O aviso identifica os documentos que acompanham o pedido de autorização e esclarece que os interessados que não estavam constituídos aquando da apresentação do pedido de autorização devem, depois de obtida essa autorização, solicitar o seu registo por formulário eletrónico.

O diploma prevê ainda que os intermediários de crédito autorizados em Portugal que pretendam desenvolver atividade relativamente a contratos de crédito à habitação noutro Estado-membro da União Europeia, notifiquem o Banco de Portugal dessa intenção.

O aviso determina ainda que as instituições de crédito, sociedades financeiras, instituições de pagamento e instituições de moeda eletrónica que prestam serviços de intermediação de crédito ou de consultoria de contratos de crédito em que não atuam como mutuantes, devem remeter as informações ao Banco de Portugal.

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Lesados do Banif avançam para a Justiça em Portugal e na UE

  • Lusa
  • 6 Outubro 2017

Alboa, associação dos lesados do Banif, instaurou uma providência cautelar no Tribunal Administrativo de Lisboa e uma ação no Tribunal de Justiça da UE.

A Alboa, associação dos lesados do Banif, instaurou esta sexta-feira uma providência cautelar no Tribunal Administrativo de Lisboa e uma ação no Tribunal de Justiça da UE para evitar que os bens detidos pela Oitante sejam geridos por privados.

“A Alboa acaba de instaurar uma providência cautelar [no Tribunal Administrativo de Círculo de Lisboa] para evitar que os bens daquele antigo banco, atualmente detidos pela Oitante, venham a ser geridos por entidades privadas, como é intenção já anunciada”, afirma a associação numa nota enviada à agência Lusa.

Simultaneamente, a Alboa procedeu ao ‘Reenvio Prejudicial’ para o Tribunal de Justiça da União Europeia, “para que o tribunal português não possa decidir sem que o direito da União esteja a ser cumprido”, acrescenta.

Em meados de setembro, a Autoridade da Concorrência (AdC) foi notificada da intenção da gestora de créditos Proteus de controlar o negócio de gestão de créditos e ativos imobiliários da Oitante, entidade que ficou a gerir os ativos tóxicos do Banif.

Para a Alboa, essa decisão, “além de violar flagrantemente a lei, põe em causa os direitos dos seus associados, uma vez que todos os bens que a Oitante tem na sua gestão são essenciais para o ressarcimento dos lesados não qualificados que representa”.

Os lesados do Banif defendem que a entrega da gestão desses ativos a privados “pode perigosamente conflituar” com os seus interesses, continuando a aguardar “ser ressarcidos das vendas enganosas de obrigações do banco, numa altura em que o mesmo já era detido maioritariamente pelo Estado”.

A associação considera que este é um “processo nebuloso e sem vontade da defesa do bem público”, criticando a forma como o banco foi vendido ao Santander Totta. A associação de lesados “estranha ainda que a intenção de entregar a gestão dos bens a privados se faça sem ainda sequer o Banco de Portugal ter feito a avaliação ‘No Creditor Worse Off’, obrigatória por lei”.

Desta forma, resumem os lesados, a providência cautelar “pretende suspender a decisão do Fundo de Resolução de entrega da gestão dos ativos do ex-BANIF a privados”.

“Mais entende a Alboa que, sendo a Resolução do BANIF fundamentada numa Diretiva Comunitária, deve ser o Tribunal de Justiça da União Europeia a responder às questões essenciais acerca do cumprimento integral e escrupuloso da lei”, afirma.

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Bruxelas diz que Governo desistiu de cortar gastos com função pública

  • Margarida Peixoto
  • 6 Outubro 2017

No relatório sobre a sexta avaliação pós-programa da Comissão Europeia, Bruxelas sublinha que o Executivo português desistiu de aplicar reformas para conter despesas salariais do setor público.

“O aumento dos gastos com pessoal sinaliza que as reformas para o emprego do setor público já não se destinam à redução de custos” — a frase é da Comissão Europeia e consta do sexto relatório de avaliação pós-programa de ajustamento português. Os peritos notam que os custos com pessoal e o número de funcionários públicos continuam a subir e avisam que são precisas medidas para manter o atual bom momento de recuperação económica.

O aviso da Comissão Europeia chega numa altura em que o Governo está em negociações com os partidos da esquerda — BE e PCP — para chegar a acordo sobre o Orçamento do Estado para 2018. Os dois parceiros do Executivo socialista querem o descongelamento das progressões na função pública, bem como a admissão nos quadros de pessoal dos precários que trabalham no setor público, já no próximo ano.

O documento agora publicado pela Comissão, que reúne as conclusões da visita a Lisboa ocorrida entre 26 de junho e 4 de julho, dá conta de um aumento de 2,8%, em termos nominais, nos custos com pessoal em 2016. A justificar esta subida — que ficou “significativamente acima do orçamento de 2016 e das estimativas do Programa de Estabilidade,” frisa o relatório — esteve o regresso ao horário de trabalho semanal de 35 horas e a reversão completa dos cortes salariais a partir de outubro do ano passado, identifica a Comissão.

Além disso, o número de funcionários públicos aumentou 0,9% em 2016, “apesar da regra de admissões ‘dois por um'”, que previa que por cada duas saídas, fosse admitido apenas um novo trabalhador, explica a Comissão.

Esta tendência de aumento dos números de funcionários públicos parece ser confirmada pela evolução do primeiro e do segundo trimestres de 2017 (…).

Comissão Europeia

Relatório da sexta avaliação pós-programa de ajustamento

E vai mais longe: “Esta tendência de aumento dos números de funcionários públicos parece ser confirmada pela evolução do primeiro e do segundo trimestres de 2017, que registaram novas subidas de 1% e 1,3% em termos homólogos, particularmente devido a elevados aumentos nas áreas da saúde e educação.”

Ao mesmo tempo, somam os analistas europeus, “o Governo lançou um programa de largo espetro para converter os contratos de trabalho temporários para tarefas permanentes no setor público em contratos permanentes (abrangendo uma estimativa de 20 mil pessoas).”

E para 2018, “o Governo planeia descongelar gradualmente as progressões nas carreiras — que têm estado congeladas desde 2010 — com um custo projetado de 250 milhões de euros por ano, entre 2018 e 2021,” lê-se no documento.

Reformas estruturais para consolidar estão lentas

O aumento dos gastos com pessoal da função pública e a forma como as reformas neste setor estão a ser implementadas é apenas um dos motivos que justifica que a Comissão considere que o Governo está a agir demasiado devagar. “As reformas estruturais orçamentais estão a prosseguir ainda assim lentamente,” sublinha o relatório.

Além da questão da função pública, Bruxelas nota mais seis pontos que revelam atrasos na consolidação orçamental de forma estrutural:

  1. A implementação da Lei de Enquadramento Orçamental, que devia estar completa até 2018, está atrasada, apesar de haver agora mais controlos da despesa;
  2. O atual exercício de revisão da despesa beneficiaria se tivesse um âmbito mais alargado e se fossem definidos objetivos de poupança;
  3. Não são só as poupanças com os gastos salariais da função pública que faltam. São necessárias “outras reformas para ganhos de eficiência”;
  4. A sustentabilidade do sistema de pensões no curto a médio prazo arrisca deteriorar-se se o impacto orçamental das novas regras de pensões antecipadas não forem totalmente compensadas;
  5. O stock de pagamentos em atraso aos hospitais continua a aumentar;
  6. A viabilidade financeira do Setor Empresarial do Estado continua frágil devido a um elevado peso da dívida, embora o Governo esteja a avançar com medidas para melhorar a sua sustentabilidade.

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Este é a gigante em que os internautas menos confiam

  • ECO
  • 6 Outubro 2017

Tendência de desconfiança no Facebook não é recente. Escrutínio do modo como esta rede social usa os dados pessoais dos seus utilizadores tem, no entanto, aumentado. UE já tem nova regulação.

Qual a gigante da tecnologia em que os internautas menos confiam no que respeita ao tratamento e uso dos seus dados pessoais? Quase 80% dos inquiridos pela Quartz aponta o Facebook como resposta a essa questão.

De uma lista de 25 marcas selecionadas pelo site, os 1.600 participantes escolheram a rede social fundada por Zuckerberg como a menos confiável. Os resultados são particularmente relevantes, numa altura em que o modo como o Facebook trata a privacidade, a publicidade e a propaganda está sob a lupa atenta do mundo — sobretudo depois de a rede social ter admitido difundir anúncios russos relevantes para o desenrolar das eleições norte-americanas.

O cenário descrito pela sondagem realizada em julho, com uma amostra representativa, segue a tendência já revelada por pesquisas anteriores. No ano passado, por exemplo, num trabalho feito pela Prophet citado pelo ADWEEK, o Facebook ocupava o lugar 200 no ranking de empresas confiáveis.

Em junho de 2017, o Facebook atingiu a marca dos dois mil milhões de utilizadores. Este serviço sobrevive e melhora, é sabido, à base dos dados pessoais dos seus utilizadores, o que tem permitido avanços no campo da inteligência artificial e levantado questões no campo legislativo.

Nesse sentido, no próximo ano, na União Europeia, tornar-se-á ilegal usar “termos vagos e não específicos”, como “melhorar a experiência do utilizador”, “marketing” ou “pesquisa”, para explicar o propósito da recolha desses dados. A regulação europeia quer, assim, limitar a ação de empresas como a de Zuckerberg.

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Globalização e protecionismo vão ao Congresso de Economistas

  • ECO
  • 6 Outubro 2017

O evento, que ocorre de dois em dois anos, terá lugar na Fundação Calouste Gulbenkian, nos dias 12 e 13 de outubro.

“Globalização, Protecionismo e o Futuro da Europa” é o mote de discussão para o 7º Congresso Nacional dos Economistas.

Nos dias 12 e 13 de outubro, a Fundação Calouste Gulbenkian recebe um evento onde “serão debatidos quer o enquadramento político e institucional, quer económico bem como temas ligados à empresa, à evolução tecnológica, à inovação e ao financiamento” afirma Rui Martinho, bastonário da Ordem dos Economistas. “Os novos horizontes serão também devidamente discutidos tendo em conta a economia digital, o salto tecnológico e a disrupção da economia”, continua.

O evento contará com a abertura do primeiro-ministro, António Costa, e o encerramento será feito pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

Serão organizadas seis conferências, com oradores como, Jaime Nogueira Pinto, Paulo Sande, Vital Moreira, Álvaro Santos Pereira, Félix Ribeiro e Pedro Braz Teixeira. Os painéis serão moderados por jornalistas, entre os quais António Costa e Pedro Sousa Carvalho do ECO, Helena Garrido e Rui Peres Jorge.

Para além das conversas com os painéis convidados, o evento terá também a entrega do prémio FEP-OE, numa parceria entre a Ordem dos Economistas e a Faculdade de Economia da Universidade do Porto, no primeiro dia. Antes da sessão de encerramento, “a Ordem aproveitará também a ocasião para atribuir os Prémios Carreira e da melhor tese de doutoramento em 2016”, refere Rui Martinho.

Clique aqui para ver o programa completo do 7.º Congresso Nacional dos Economistas.

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Portugal volta ao mercado de dívida na próxima semana

O IGCP pretende colocar até 1.250 milhões de euros em Obrigações do Tesouro, com maturidade a cinco e a dez anos.

Portugal vai voltar ao mercado de dívida na próxima quarta-feira, dia 11 de outubro. A agência que faz a gestão da dívida pública portuguesa anunciou, esta sexta-feira, que pretende colocar até 1.250 milhões de euros, num duplo leilão de Obrigações do Tesouro, com maturidade a cinco e a dez anos.

“O IGCP vai realizar, no próximo dia 11 de outubro, pelas 10:30 horas, dois leilões das linhas de OT, com maturidade em outubro de 2022 (OT 2.2% 17out2022) e em abril de 2027 (OT 4.125% 14abr2027), com um montante indicativo global entre 1.000 milhões de euros e 1.250 milhões de euros”, refere a instituição liderada por Cristina Casalinho, em comunicado emitido esta tarde.

No conjunto deste quarto trimestre, anunciou já o IGCP, a agência pretende, além de realizar os leilões de Obrigações do Tesouro, emitir até 2,75 mil milhões de euros em Bilhetes do Tesouro. A primeira emissão de BT realiza-se a 18 de outubro e e a segunda a 15 de novembro, envolvendo um montante de colocação entre 2.250 milhões e um máximo de 2.750 milhões de euros.

No último leilão de dívida a dez anos que realizou, em setembro, o Tesouro conseguiu colocar 850 milhões de euros, com um juro de 2,785%, um valor mais baixo do que aquele que tinha sido exigido pelos investidores no leilão anterior. Já na emissão de dívida a curto prazo, Portugal está a conseguir juros negativos recorde, a beneficiar da decisão da Standard & Poor’s de elevar o rating da dívida soberana.

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Rangel não se candidata à liderança do PSD

  • Lusa e ECO
  • 6 Outubro 2017

O candidato não avança com a candidatura por "razões familiares".

Depois da “nega” de Montenegro, agora é Paulo Rangel que afasta a possibilidade de liderar o partido dos social-democratas.

“Infelizmente, e independentemente das condições políticas subsistentes, por razões de ordem familiar, que tentei solucionar ao longo dos últimos dois dias, nas atuais circunstâncias, afigura-se inviável a apresentação dessa candidatura“, avançou o eurodeputado numa nota enviada à agência Lusa.

Paulo Rangel agradece o apoio apesar de não ter existido “qualquer manifestação de disponibilidade nesse sentido”.

Quanto ao futuro do partido, Rangel diz que manterá “naturalmente uma neutralidade relativamente a essas eventuais candidaturas“. Afirma ainda que acredita na qualidade dos quadros de que dispõe o PSD, esses “podem assegurar uma pluralidade de opções para o seu futuro”.

Paulo Rangel descreve o anúncio de Pedro Passos Coelho de não se recandidatar como “inesperado”. O antigo primeiro-ministro decidiu afastar-se da liderança após os resultados das autárquicas. Também o ex-líder parlamentar do partido, Luís Montenegro, já se apressou a informar que não apresentaria nova candidatura.

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Fitch: Rating das empresas espanholas “sem qualquer ameaça”

A agência de notação financeira diz que não vê "qualquer ameaça aos ratings" das empresas espanholas desde que a situação política não se continue a deteriorar.

A Fitch pode “despromover” a dívida soberana espanhola para o nível lixo, mas os movimentos independentistas não terão o mesmo efeito nas empresas, prevê a agência. Para estas, os “riscos são limitados” a não ser que haja uma “significativa deterioração da situação política”. A Fitch conta com mais autonomia para a Catalunha mas não uma cisão completa.

A Fitch não está apreensiva quanto ao futuro das empresas espanholas. “A diversificação geográfica da maioria das cotadas espanholas, a par com uma provável vontade política de manter os serviços chave, irá limitar os riscos do pouco provável evento da Catalunha de separar completamente de Espanha”, assume a Fitch Ratings.

A diversificação geográfica da maioria das cotadas espanholas, a par com uma provável vontade política de manter os serviços chave, irá limitar os riscos.

Fitch Ratings

As empresas baseadas na Catalunha ou com ativos significativos na região “podem enfrentar disrupções” mas “não vemos nenhuma ameaça aos ratings a não ser que exista uma significante deterioração futura da situação política“, acrescenta a agência de notação financeira.

Apesar do clima de confrontos no qual se tem desenrolado o processo de voto pela independência, a Fitch acredita que o movimento será para “uma maior autonomia da região”. Contudo, caso a cisão completa ocorra, o impacto nas empresas dependerá de vários fatores, desde os acordos cambiais, o nível de cooperação entre as novas nações e os regimes regulatórios. O maior risco seria o abandono da zona euro, que poderia pressionar os resultados.

Independentemente destas previsões otimistas, algumas empresas já estão a jogar pelo seguro. O banco espanhol Sabadell deverá mudar a sede da Catalunha para Alicante enquanto o CaixaBank deverá parar em Palma de Maiorca, embora Madrid seja uma hipótese. O Governo espanhol estará a tentar facilitar estas deslocações com um novo decreto de lei. Pretende que as empresas possam realocar a sede sem a obrigação de consulta dos acionistas.

Para Espanha, a perspetiva é negativa

Ainda assim, logo que o referendo foi oficialmente agendado, a agência enviou um comunicado aos investidores no qual avançou a possibilidade de cortar o rating da dívida soberana espanhola nos próximos três a seis meses, noticiou o Negócios, pelo que atualmente a perspetiva é negativa.

A agência nomeia agora empresas como a Telefonica, Iberdrola, OHL e Aldesa and Ferrovial como exemplos de cotadas que ajudariam absorver o impacto na economia espanhola. A Catalunha é responsável por uma fatia de 20% do PIB espanhol e casa para 16% da população.

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