Limitar turismo é “um disparate absoluto”, diz Governo
O ministro dos Negócios Estrangeiros rejeita que haja turistas a mais e defende que é preciso "contrariar o discurso contra o turismo".
A Câmara Municipal de Lisboa prepara-se para impor alguns limites ao turismo, através da definição de quotas para o alojamento local e de uma capacidade máxima de unidades hoteleiras na cidade. Esta estratégia, diz Augusto Santos Silva, é “um disparate absoluto”. O ministro dos Negócios Estrangeiros alinha-se no discurso que tem vindo a ser feito pelo Governo e rejeita que haja turistas a mais, mesmo nos centros históricos das maiores cidades. O importante, garante, é “contrariar o discurso contra o turismo”.
“O turismo vale 7% do Produto Interno Bruto [PIB] e 8% do nosso emprego. Representa mais de um terço do conjunto das exportações e mais de metade das exportações de serviços. Todos os indicadores representam um crescimento sólido e sustentável“, começou por dizer o ministro, um dos convidados do congresso anual da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), que este ano decorre em Coimbra.
É falso que o país tenha turistas a mais, é falso que Lisboa tenha turistas a mais, é falso que o centro de Lisboa tenha turistas a mais, é falso que o turismo seja uma ameaça seja para que dimensão for.
Para Augusto Santos Silva, “é falso que o país tenha turistas a mais, é falso que Lisboa tenha turistas a mais, é falso que o centro de Lisboa tenha turistas a mais, é falso que o turismo seja uma ameaça seja para que dimensão for”. Pelo contrário: “Temos uma margem de crescimento que é nossa obrigação explorar. Precisamos do turismo para que o crescimento do emprego continue e se expanda, para que os programas em curso de reabilitação urbana nas nossas cidades prossigam, para que a restauração, os serviços e o tecido de comércio e serviços não regresse à astenia que viveu há poucos anos”.
Assim, defende, é preciso “contrariar o discurso contra o turismo” e trabalhar para o seu crescimento. “Seria um disparate absoluto parar com o crescimento do turismo”, argumenta. Recorde-se que na quinta-feira passada (9 de novembro), a presidente do Conselho das Finanças Públicas, Teodora Cardoso, lançou um alerta para os riscos relacionados com a volatilidade da atividade e pediu “grande prudência”, não só por ser “um dos componentes mais voláteis da procura externa” mas especialmente por estar a levar a um aumento dos preços do imobiliário, que historicamente provocou, em parte, a crise de 2011.
A estratégia deverá passar pela articulação da economia, cultura e política externa. “A boa conjuntura que o turismo atravessa não é apenas uma conjuntura. É preciso investir nas forças estruturais que podem fazer disto mais do que uma conjuntura. Se articularmos melhor o que uns fazem na economia, outros na cultura e outros na política externa, esse potencial multiplica-se”, concluiu.
Também presente neste congresso, a secretária de Estado do Turismo, Ana Mendes Godinho, também rejeita que haja um problema de sobrecarga. “Estamos longíssimo da sobrecarga. Temos situações pontuais que devem ser resolvidas, não devemos enfiar a cabeça na areia”, disse a governante.
Estamos longíssimo da sobrecarga. Temos situações pontuais que devem ser resolvidas, não devemos enfiar a cabeça na areia.
Para isso, lembrou, o Governo já avançou com um Programa de Sustentabilidade do Turismo, que visa, sobretudo, a sustentabilidade social. “Queremos que o turismo seja um agente para garantir que pelo menos 90% das populações estão satisfeitas com o turismo nos seus territórios. Queremos agir na prevenção e implementar projetos, pedindo à sociedade civil que também os desenvolva, no sentido de identificar problemas que existam e agir sobre eles”, explicou.
A jornalista viajou a Coimbra a convite da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP).
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