Marcelo vai vender dívida da CGD. Quanto custa?

  • Rita Atalaia
  • 2 Março 2017

Marcelo Rebelo de Sousa prometeu. E vai cumprir. Está hoje no Porto com a CGD para atrair investidores para a dívida subordinada do banco. Mas quanto é que essa dívida vai custar? O preço será alto.

Marcelo Rebelo de Sousa prometeu. E vai cumprir. O Presidente da República vai ajudar a promover a venda de obrigações da Caixa Geral de Depósitos (CGD). Ponto de partida? Porto. Em causa está a emissão de títulos de dívida subordinada no valor de 500 milhões, operação que deverá ocorrer no final de março ou início de abril. A ideia é conquistar investidores, mas para isso não basta o apoio do Chefe de Estado. É preciso uma taxa de juro alta. Quanto é que vai custar ao banco público? Muito, a julgar pelas várias emissões realizadas por outros bancos da Zona Euro. Depois, virão os restantes bancos portugueses.

Raquel Sá Martins / ECO
Raquel Sá Martins / ECORaquel Sá Martins

“Estarei aqui no Porto para apoiar essa emissão, dentro de um mês, em encontro com empresários e investidores nacionais e internacionais”, disse Marcelo Rebelo de Sousa em meados de fevereiro. Poucas semanas depois, chega à Invicta onde vai participar no I Encontro Fora da Caixa, em Serralves. Estará com Paulo Macedo, procurando “vender” o país, bem como a respetiva situação económica e financeira a investidores. O secretário de Estado adjunto e das Finanças, Ricardo Mourinho Félix, garante que “existem vários investidores interessados” na dívida da CGD, mas é sempre melhor ter mais para garantir o sucesso da recapitalização da CGD.

Cumprida a primeira, o processo está agora na segunda fase, apesar de ainda faltar a aprovação da Comissão Europeia. Quando Bruxelas der luz verde, o banco estatal poderá avançar para o aumento de capital de 3,7 mil milhões de euros, sendo mil milhões, em duas tranches de 500 milhões cada, obtida através de investidores privados. Não vai vender ações, mas sim dívida com um nível de subordinação (ou seja, risco) tão elevado que é equivalente a capital para o banco. Risco elevado é igual a custos altos para quem os emite.

Estamos a falar de produtos financeiros com um risco muito significativo, mas também com retornos apetecíveis para quem investe — as taxas ficam, normalmente, entre os 8% e os 10%. Olhando para os dados da Bloomberg, nos últimos 12 meses houve 11 emissões de obrigações subordinadas semelhantes às que a CGD vai realizar. Entre as operações, há vários bancos. Desde o Unicredit, que aceitou pagar uma taxa de 9,25%, ao BBVA, que paga 8,875% e aos 8,625% do Bankinter. Menos, só o Intensa Sanpaolo que fez duas emissões com taxas de 7,75% e 7%.

Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da RepúblicaPaula Nunes/ECO

E são estes retornos que mantêm o mercado aberto a este tipo de operações, explica um especialista do setor ao ECO. “Há muito procura por rendimento adicional, mesmo que isso envolva um risco elevado”, nota. Mas quem é o investidor que compra estas obrigações altamente subordinadas? São sobretudo fundos, muitos deles especializados neste tipo de produtos financeiros. Um apetite que tem sido crescente, levando a que a generalidade das obrigações já colocadas pelos bancos europeus estejam a valorizar, levando a que a taxa no mercado recue.

Portugal é um risco? Sim, mas…

Nas operações realizadas por outros bancos europeus, os juros exigidos pelos investidores foram elevados. E, apesar do movimento recente dos juros destas emissões, podem ser ainda mais no caso da Caixa. Porquê? A culpa é do rating. A Standard & Poor’s admite subir a notação da CGD, mas por enquanto mantém a classificação inalterada… em “lixo”. Isto em comparação com o BBVA e o Unicredit, por exemplo, cujas notações são de “BBB+”, ou seja, têm classificação de investimento. Têm menos risco para os investidores. Mas estes receios são acalmados pelo facto de a CGD ser um banco público.

Essa “proteção” pode travar os juros que a CGD irá pagar, isto apesar da perceção de risco sobre o país — as taxas da dívida soberana estão elevados, rondando os 4% a dez anos. Apesar de mais altos, “os juros [da dívida soberana] têm-se mantido estáveis no último mês” e isso não deve provocar grandes alterações nos juros da CGD, refere um especialista do mercado de dívida ao ECO. A não ser que “haja um cataclismo e os juros das obrigações soberanas subam 30 ou 40 pontos base”, explica.

Dar o “corpo às balas”

Mais caro ou menos caro, a CGD irá ao mercado obter estes mil milhões de euros através de obrigações subordinadas de forma a cumprir com os rácios exigidos pela regulação. Será o primeiro banco português a fazê-lo, mas os restantes terão também de avançar com operações idênticas. O banco público dá o “corpo às balas”, ou seja, abrirá o mercado. Para quem? Há um “candidato óbvio”. O especialista refere que “o banco privado com uma situação esclarecida que poderá fazer isto é o BCP“. Mas já se sabe que o banco liderado por Nuno Amado vai aguardar, provavelmente até ao próximo ano.

E o BPI? Pode não fazê-lo já, mas assim que o fizer já tem um comprador garantido: o CaixaBank. Gonzalo Gortázar, o administrador delegado do banco espanhol que controla a instituição financeira portuguesa, afirmou que está disponível para subscrever os títulos de dívida subordinada de que o BPI precisa para reforçar os seus rácios. O banco pretende emitir até 250 milhões de euros e, segundo o CaixaBank, a taxa de juro anual poderá variar entre 8% e 10%.

Gortázar referiu que “o BPI está agora numa situação financeira” mais forte, tendo o CaixaBank como acionista controlador. E o facto de o CaixaBank controlar o banco reforça os ratings da instituição, o que facilita o acesso ao financiamento, explica. “O CaixaBank está disponível para subscrever a dívida subordinada”, se considerar que é a melhor alternativa, salientou o responsável na apresentação dos resultados da OPA.

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Snapchat em bolsa: dez segundos de sucesso?

  • Juliana Nogueira Santos
  • 2 Março 2017

A Snap Inc, entra hoje em bolsa, mas com tantos problemas estruturais, os investidores poderão ter apenas alguns segundos de sucesso. Dez, se o sucesso durar o tempo de um snap.

A partir desta quinta-feira a New York Stock Exchange conta com um novo título que enverga o ticker SNAP e que vem assim quebrar o interregno de entradas em bolsa.

Considerada por muitos uma das maiores ofertas públicas iniciais do setor tecnológico, comparando-se apenas com a da Alibaba em 2014 e a da Facebook em 2012, a Snap Inc. vai por em negociação cerca de 200 milhões de ações, a um preço de 17 dólares por ação. Este unicórnio nascido em 2011, assenta assim a sua avaliação nos 20 mil milhões de dólares.

Se não faz a mínima ideia do que é a Snap Inc., não se assuste, é normal. Os seus produtos têm nos millennials e na Geração Z, ou seja, na faixa etária entre os 18 e os 34, cerca de 63% dos seus utilizadores.

Distribuição dos utilizadores do Snapchat por idade em 2016.Fonte: Statista

Começou por se chamar Snapchat, tendo ido buscar o seu nome à sua aplicação fenómeno, uma rede social que permite a partilha de conteúdos curtos — ou fotografias, ou vídeos com a duração máxima de dez segundos — que têm também eles um limite temporal limitado. No caso de partilhas privadas, ou seja, entre utilizadores, o conteúdo só pode ser visto pelo recetor duas vezes, sendo que na segunda, o remetente é avisado de que a reprodução foi repetida.

No caso das partilhas públicas, estas juntam-se numa cronologia composta por fotografias ou vídeos que perduram durante 24 horas numa secção chamada “A Minha História”. Este novo conceito de efemeridade do conteúdo tornou a aplicação atraente para aqueles que planeiam meticulosamente a sua imagem virtual. A interface, que permite ao utilizador aceder rapidamente à câmara, e as várias ferramentas de edição de imagem, entre as quais os famosos filtros, tornaram-se a cereja no topo do bolo.

Exemplo de um dos filtros do Snapchat, sendo este o mais popular. Transforma qualquer pessoa em cachorro em segundos.

Mais recentemente, e por ter lançado os Spectacles, uns óculos com câmara incorporada que reencaminham as fotografias capturadas diretamente para “A Minha História”, a Snapchat tornou-se Snap Inc. e estabeleceu-se como uma “empresa de câmaras”, enaltecendo o seu interesse pela inovação no campo da fotografia móvel.

Quando surgiram os rumores de uma possível entrada no mercado de valores, falava-se de uma avaliação de 25 mil milhões de dólares, um valor inédito para uma empresa tão nova e com tão poucas provas dadas. O futuro parecia promissor, tanto para os seus donos como para os investidores. À medida que o tempo foi passando, o hype começou a abrandar e a realidade foi começando a tomar conta do processo. A avaliação foi descendo, com muitos a duvidarem se este valor alguma vez iria coincidir com o valor real da empresa.

Uma oferta (ir)recusável

A empresa começou o roadshow para angariar interessados há cerca de duas semanas e desde então Spiegel e a sua equipa passaram por Londres, Boston, Nova Iorque, Los Angeles e São Francisco. Os bancos que estão à frente do processo, o Morgan Stanley, o Goldman Sachs, o Deutsche Bank e o JP Morgan, já fecharam a carteira de investidores, tendo já alocado uma boa porção das ações a grandes investidores.

A estrutura acionista é composta por três classes de ações: as A, que não garantem direito de voto, as B, em que cada ação corresponde a um voto, e as C, em que cada ação corresponde a dez votos. Mas as que vão ser negociadas serão apenas da classe A, não garantindo assim ao investidor qualquer influência no negócio — podendo ainda assim estar presente nas reuniões de administração.

O presidente executivo, Evan Spiegel e o presidente de tecnologia, Bobby Murphy vão manter 89% dos direitos de voto. Ou seja, mandam no futuro da empresa.

Revolucionária mas não lucrativa

O Snapchat estabeleceu-se como um dos pontos de viragem naquilo que era feito nas redes sociais. A instantaneidade, a efemeridade e a versatilidade do conteúdo, que tanto pode ter um caráter privado como um caráter viral, fez com que milhões e milhões se viciassem em snaps. Estima-se que sejam produzidos mais de 2,5 milhões de snaps todos os dias.

E tudo isto se traduz no número de utilizadores. O último trimestre do ano transato, a aplicação contava com 158 milhões de utilizadores ativos diários. Este valor tem sofrido um aumento exponencial desde o primeiro trimestre de 2014, ano em 46 milhões de pessoas utilizavam diariamente o serviço.

Utilizadores ativos diários do Snapchat.Fonte: Statista

A principal dúvida dos investidores prende-se com o modelo de negócio seguido pela empresa. É certo que ter muitos utilizadores é importante para ilustrar o impacto de uma aplicação, mas sendo está grátis e tendo esta fechado a loja de filtros — que permitia aos utilizadores comprarem filtros adicionais para as suas fotografias — os resultados ficam totalmente dependentes da publicidade.

Na aplicação, os conteúdos são monetizados e o espaço atribuído à publicidade é diluído. O conteúdo promovido aparece na aplicação sem o utilizador o entender como tal: os perfis das marcas aparecem como se se tratassem de perfis de contactos, não havendo uma formatação diferente — apenas um separador dedicado. A publicidade pode também ser utilizada pelos próprios utilizadores através dos “geofilters”, filtros propostos pelas entidades que dependem da localização. Também as lentes podem ser promovidas.

Há poucos dias, a Snap Inc. disponibilizou ao público geral os Spectacles, que ainda só estavam acessíveis em máquinas de venda automática espalhadas pelos Estados Unidos. Com cada par a ser vendido online por 129,99 dólares, a empresa espera vir a arrecadar mais lucro com este produto.

Ainda assim, os números não mentem. No passado ano, a empresa gerou 404,5 milhões de dólares de receitas, um valor que se torna ainda mais surpreendente quando posto lado a lado com o de 2015, que foi de 58,66 milhões de dólares. Mas a surpresa maior é quando se percebe que, mesmo assim, a Snap registou um prejuízo de 514,64 milhões de dólares.

Além disto, e como se pode perceber através da análise do gráfico acima, a aplicação tem assistido a uma diminuição no crescimento dos utilizadores ativos. E porquê? Segundo a Snap, têm havido alguns problemas com a aplicação a correr no sistema operativo Android, problemas esses que são alheios a ela.

Rivalidade…

Embora a empresa tenha justificado esta estagnação no número de utilizadores atribuindo a responsabilidade a terceiros, é impossível não falar do “elefante na sala”, como chamou Sean Stiefel, analista da Navy Capital em declarações à Bloomberg: o Instagram.

Mark Zuckerberg, dono do Facebook, do Instagram e do WhatsApp, já anda a “namorar” o Snapchat desde 2013, ano em que Spiegel não aceitou os três mil milhões de dólares que este lhe ofereceu pelo seu recém-criado unicórnio. Nessa altura, a aplicação contava apenas com 26 milhões de utilizadores nos Estados Unidos e ainda não tinha dado quaisquer provas do seu valor, mas faria parte do plano de Zuckerberg para lidar com o decréscimo de jovens a utilizarem a rede social.

Tendo em conta que o dono do Facebook pagou mil milhões de dólares pelo Instagram, ou seja, um terço daquilo que estava disposto a pagar pelo Snapchat, seria de esperar que depois da “tampa”, o enamorado não desistisse. E assim foi. Desde essa altura, já foram incorporadas nas suas aplicações várias das funcionalidades que fizeram da rede social de Spiegel aquilo que ela é hoje, como as mensagens efémeras e os efeitos e máscaras.

O Instagram conta hoje com 150 milhões de utilizadores, e mesmo que nem todos utilizem as “Stories”, ou seja, a ferramenta inspirada no Snapchat, seria de esperar que muitos dos utilizadores migrassem para esta aplicação. A acrescentar a isto, o Instagram já está um passo à frente e disponibilizou as transmissões em direto para todos os utilizadores.

… e dependência

Por outro lado, essa justificação deixa transparecer outro dos grandes problemas que assola a empresa e que se prende com a grande dependência que esta tem em relação a outras grandes marcas.

A Apple e a Google assumem-se como um mediador essencial entre Snap e utilizador, visto que alojam nas suas lojas a aplicação. Além disto, a Snap não tem serviço de armazenamento em nuvem próprio, servindo-se do da Alphabet e da Amazon para tal. Com cada uma delas gastará nos próximos cinco anos dois mil milhões e mil milhões, respetivamente.

Os riscos não ficam por aqui: a aplicação terá de continuar a ser atrativa para as empresas, para que investidores continuem a apostar na publicidade, terá de conseguir ultrapassar quaisquer mudanças a nível de hardware e software e terá de manter uma disciplina financeira muito rígida, para que resultados como os de 2016 não se voltem a repetir.

E planos para o futuro? Alguns, mas não concretos. Tentar atenuar as dependências através da negociação de custos, construir uma base de dados própria e entrar por novos negócios e novos formatos. Mas tudo isto é apenas tentativa — e hipótese.

O que podemos esperar?

Na verdade, não há uma resposta concreta a esta pergunta. A incerteza é o ingrediente central dos mercados, e tal como acontece todos os dias, ninguém sabe concretamente o que esperar. As últimas grandes entradas em bolsa, a Alibaba e o Facebook, tiveram sucesso na entrada em bolsa, mas tinham lucros. A Snap tem prejuízos… mas está avaliada em o dobro face à rede de Zuckerberg.

Ainda assim, e mesmo que não tenham direito de voto numa empresa cujo modelo de negócio é instável e cujos riscos estão constantemente a surgir, muitos investidores vão avançar e ter pelo menos dez segundos de sucesso — nem que seja a fazerem um vídeo com um filtro de cachorrinhos.

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Snapchat: Oito contas que vale a pena seguir

No dia em que a empresa-mãe do Snapchat entrou em bolsa, o ECO preparou uma fotogaleria com oito contas que vale a pena seguir na rede social. Mas despache-se, antes que as mensagens desapareçam.

A partir desta quinta-feira, as ações do Snapchat já circulam de mão em mão. E se a rede social das mensagens que desaparecem já era conhecida, a partir de agora chega a um público ainda maior. Se só agora a está a descobrir, o ECO preparou uma fotogaleria com contas que vale a pena seguir.

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Carlos César defende baixa de impostos

  • ECO
  • 2 Março 2017

Além dos impostos, o líder parlamentar do PS ainda falou sobre a nova comissão à CGD, sobre a relação com o PCP e Marcelo Rebelo de Sousa, e até sobre offshores e eutanásia.

Foram muitos os pontos que Carlos César, o presidente e líder parlamentar dos socialistas, abordou durante a entrevista à Antena 1, nesta quinta-feira. Não só sustentou que é essencial aliviar os impostos assim que a economia o permita, como garantiu que o PS manterá a posição que teve na primeira comissão à Caixa Geral de Depósitos (CGD). Também descartou a hipótese de uma coligação com os comunistas, já que não acredita que “a questão tenha atualidade”, louvou o mérito de Marcelo Rebelo de Sousa e disse nem querer ouvir falar de eutanásia.

Comecemos pelo segundo inquérito parlamentar sobre a CGD. Sobre a contratação e a saída de António Domingues, César garantiu que o comportamento do PS se manterá o mesmo da primeira comissão: “Vamos manter a posição que tivemos até agora”, declarou. No entanto, recordou os acórdãos que dão como inconstitucional a divulgação de SMS. E quanto às offshores, afirmou: “Deve ser uma figura de exceção, de uma gravidade extrema”, para defender a continuação das audições em sede de Comissão de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa.

Passemos aos impostos. Carlos César revelou ser “importante, quando houvesse oportunidade” de proceder a um alívio na carga fiscal. A discussão quanto à redefinição dos escalões do IRS — reclamada à esquerda — já está em marcha. “Já falámos sobre isso”, disse César, e frisa que tal só pode ter lugar com o enquadramento orçamental e associando o défice, o crescimento e o investimento. Isto é, considera que ainda não chegou o momento certo para avançar com medidas concretas.

Sobre as relações com Marcelo Rebelo de Sousa, o líder parlamentar do PS reconheceu o mérito do chefe de Estado, afirmando que “há pessoas, no PS, que têm uma menor compreensão do Presidente ou que discordam da posição oficial do PS”, mas que “de um ponto de vista oficial, para o PS, o PR tem tido uma intervenção muito produtiva até no reconhecimento dos sucessos que o Governo tem tido”.

Por último, ainda rejeitou, mesmo depois dos apelos do PSD e do CDS-PP, que se avance com um referendo sobre a eutanásia, tema que será discutido no próximo fim de semana na Comissão Política Nacional do PS, no Porto. Isto embora a agenda desta reunião estar planeada para dominada pelo debate das moções setoriais, oito meses após o Congresso do partido. César revelou à Antena 1 que há moções que já perderam a oportunidade e outras que serão rejeitadas.

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Governo britânico vai procurar anular alteração à lei do “Brexit” sobre os europeus

  • ECO
  • 2 Março 2017

A alteração insta o governo a garantir que os cidadãos do Espaço Económico Europeu e da UE que já residem no Reino Unido, assim como as famílias, serão tratados segundo os seus direitos comunitários.

O governo britânico vai procurar revogar a alteração à lei do “Brexit” para garantir os direitos dos europeus que residem neste país recentemente aprovada na Câmara dos Lordes, segundo fontes governamentais citadas hoje pela imprensa inglesa.

O governo classificou o resultado da votação realizada na quarta-feira, com 358 votos a favor e 256 contra, de “dececionante”, ao mesmo tempo que fontes oficiais próximas da primeira-ministra, Theresa May, confirmaram que vão tentar “dar a volta” a este resultado quando o projeto de lei regressar à Câmara dos Comuns.

O desenlace desta votação representou a primeira derrota para o executivo durante a tramitação do projeto de lei, depois de ter recebido no mês passado a luz verde da Câmara dos Comuns, por maioria e sem quaisquer alterações da oposição.

Em declarações divulgadas esta quinta-feira pelo diário The Guardian, fontes oficiais disseram que embora “levem muito a sério” a situação legal dos europeus que vivem no Reino Unido face ao “Brexit”, a sua intenção é aprovar “uma lei direta e simples”.

“A intenção é procurar a revogação (da alteração) na Câmara dos Comuns”, confirmou a mesma fonte, que explicou que esse projeto de lei deveria simplesmente versar sobre a invocação do Artigo 50.º do Tratado de Lisboa, que ativa a saída da União Europeia.

A decisão dos Lordes (câmara alta britânica) — cujos membros não foram eleitos nas urnas e onde o executivo não dispõe de maioria — poderia atrasar o calendário previsto pela primeira-ministra para começar o processo de negociação com Bruxelas.

A alteração em causa insta o governo a garantir que os cidadãos do Espaço Económico Europeu (EEE) e da União Europeia (UE) que já residem no Reino Unido, assim como “os membros da sua família” serão “tratados da mesma forma em termos dos seus direitos comunitários” depois do “Brexit”.

As alterações introduzidas implicam que a lei deverá regressar à Câmara dos Comuns, onde a maioria ‘tory’ poderá eliminar o anexo aprovado na quarta-feira, embora esse processo impeça que o texto seja aprovado com a urgência esperada por Theresa May.

A dirigente conservadora insistiu nos últimos meses que quer assegurar os direitos adquiridos pelos europeus no Reino Unido – cerca de 3,15 milhões – sempre e quando os outros 27 países-membros europeus adotem medidas recíprocas para os 900.000 britânicos que vivem no bloco europeu.

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Inflação da Zona Euro chega à meta do BCE

  • Rita Atalaia
  • 2 Março 2017

Os preços da Zona Euro aceleraram 2% no mês de fevereiro. É o valor mais elevado desde janeiro de 2013 e deve-se sobretudo à energia. Excluindo esta componente, a inflação acelerou 0,9%.

A inflação da Zona Euro acelerou em fevereiro, alcançando o valor mais elevado desde janeiro de 2013. Tocou nos 2%, o alvo definido pelo Banco Central Europeu. Uma subida que, segundo o Eurostat, se deveu sobretudo à energia. Mas, excluindo esta componente, os preços subiram apenas 0,9%, o que deve convencer Mario Draghi a manter, por agora, a política monetária para impulsionar os preços da Zona Euro.

Os preços na Zona Euro terão crescido 2% em fevereiro, o alvo do BCE para a inflação, de acordo com uma estimativa publicada esta quinta-feira pelo Eurostat, uma evolução que superou a taxa de 1,9% prevista pelos analistas sondados pela Bloomberg. E ficou acima dos 1,8% em janeiro. Isto depois de a Alemanha ter acelerado 2,2% no mês anterior, ficando também acima deste alvo, o que preocupa Draghi, uma vez que os preços alemães pressionam a média europeia.

Mas a inflação foi impulsionada sobretudo pela energia. Os preços energéticos terão tocado a taxa homóloga mais elevada em fevereiro: 9,2% em comparação com 8,1% em janeiro. E isto faz com que a inflação subjacente — que exclui a energia e alimentos — tenha acelerado apenas 0,9%, o que deve fazer com que o BCE continue a injetar estímulos na economia da Zona Euro.

No mês passado, Draghi disse que o regresso da inflação ao alvo de perto, mas abaixo, de 2% deve ser duradouro, sustentável e representativo da Zona Euro como um todo. Com isto em mente, o BCE pode minimizar a recente aceleração dos preços, uma vez que se deve ao efeito da energia.

(Notícia atualizada às 10h22 com mais informação)

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Desemprego na Zona Euro inalterado em janeiro

Ao todo, havia 19,9 milhões de pessoas desempregadas na União Europeia, em janeiro, das quais 15,6 milhões apenas na Zona Euro. Desemprego está no nível mais baixo desde 2009.

A taxa de desemprego da Zona Euro fixou-se nos 9,6% em janeiro, o mesmo valor que foi registado em dezembro. O desemprego mantém-se, assim, no nível mais baixo desde maio de 2009. Portugal mantém a tendência de queda, mas continua a ser o país com a quinta taxa de desemprego mais elevada da Zona Euro.

Enquanto entre os países que partilham a moeda única houve uma estagnação da taxa, no conjunto da União Europeia, a taxa de desemprego caiu para 8,1% em janeiro, depois dos 8,2% registados em dezembro. Recuou, assim, para o nível mais baixo desde janeiro de 2009.

Feitas as contas, segundo os dados divulgados esta quinta-feira pelo Eurostat, havia, em janeiro, 19,9 milhões de pessoas desempregadas na União Europeia, das quais 15,6 milhões apenas na Zona Euro.

Portugal continua com os níveis mais altos

Portugal tem vindo a baixar sucessivamente a taxa de desemprego e, em janeiro, esta deverá fixar-se em 10,2%, o mesmo que em dezembro. Contudo, as melhorias não são suficientes para retirar o país do grupo mais preocupante da Zona Euro, no que toca a emprego.

Em janeiro, Portugal apresentou a quinta taxa de desemprego mais elevada da zona euro. Pior, só Grécia (23%), Espanha (18,2%), Chipre (14,1%) e Itália (11,9%). Do outro lado, o das taxas mais baixas, a Alemanha está à cabeça (com 3,8%), seguida por Malta (4,4%), Países Baixos (5,3%) e Áustria (5,7%).

Desemprego jovem cai

A taxa de desemprego entre os jovens caiu em janeiro, passando de 20,3% para 20% na Zona Euro. Já na União Europeia, a taxa caiu de 18,1% para 17,7%. Ao todo, havia pouco mais de quatro milhões de jovens desempregados na União Europeia, dos quais 2,82 milhões apenas na Zona Euro.

Portugal surge novamente entre os países com uma das taxas mais elevada. Os dados do Eurostat apontam para uma taxa de 25,7%, ou seja, para que um em cada jovens com idades até aos 25 anos esteja desempregado.

(Notícia atualizada às 10h23 com mais informação)

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Bava e Granadeiro: GES pagou mais de 48 milhões

  • ECO
  • 2 Março 2017

A Visão revela o interrogatório a Ricardo Salgado. O ex-presidente do BES tenta justificar as transferências para Bava e Granadeiro. Já sobre as de Sócrates invoca o diabo.

Henrique Granadeiro e Zeinal Bava terão recebido mais de 48 milhões de euros do GES. A informação é avançada pela revista Visão esta quinta-feira. Os dois antigos administradores da Portugal Telecom (PT) chegavam a receber mais do que uma transferência no mesmo dia, sendo o dinheiro depositado em contas na Suíça e em Singapura.

A Visão teve acesso ao interrogatório de Ricardo Salgado, de 18 de janeiro deste ano. No total são mais de quatro horas de interrogatório a que a Visão terá tido acesso e onde Salgado foi questionado sobre os cerca de 90 milhões de euros transferidos para políticos portugueses e brasileiros, administradores da PT e para ele próprio.

Segundo aquela publicação, Ricardo Salgado terá procedido a transferências para os dois homens fortes da PT em julho de 2007. Para Granadeiro, numa conta da suíça, terão sido transferidos pelo GES 6,5 milhões de euros. Para Bava, no final desse mesmo ano foram transferidos, através de Singapura, 6,7 milhões de euros. Estes terão sido os primeiros pagamentos dos tais 48 milhões de euros.

Como justifica Salgado as transferências?

Salgado justifica algumas das transferências. Segundo o ex-presidente do BES e acionista da PT, os pagamentos a Granadeiro são para saldar favores antigos, nomeadamente a intervenção do gestor num negócio da família em cerâmicas e que foi mal sucedido bem como para pagar parte da quinta do gestor da PT. Já o pagamento a Bava de mais de 18 milhões de euros, que teve lugar em 2011, é justificado por Salgado com a necessidade de segurar o gestor e a sua equipa até que a Oi tivesse a casa arrumada. No entanto Salgado não terá conseguido explicar a transferência de 6,7 milhões de euros que teve lugar em 2007.

Mas há mais. A revista avança que também Ricardo Salgado terá sido beneficiado com uma transferência de 7,75 milhões de euros. O dinheiro que terá entrado numa conta offshore de Salgado era oriundo da Espírito Santo Enterprise.

Sócrates e o Diabo

“Já ouvi falar várias vezes no diabo. Isto foi o Diabo”. É desta forma que Ricardo Salgado tenta desmontar a “coincidência” entre a data das transferências para o ex-primeiro-ministro José Sócrates e a data de decisões importantes que beneficiaram o patrão do BES. Salgado nega os subornos e diz mesmo que nunca falou com Sócrates sobre a PT.

O Ministério Público adianta que Sócrates terá recebido cerca de 22 milhões de euros. A primeira transferência aconteceu em abril de 2006.

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Revista de imprensa internacional

O regulador norte-americano revelou que vai analisar a estrutura acionista da Snap, acabada de chegar à bolsa, no mesmo dia em que o governo de May promete retaliar contra os Lordes.

Nos Estados Unidos, a Snap acaba de chegar à bolsa e já está debaixo do olho do regulador, enquanto Trump apazigua os republicanos — resta saber até quando. Na Europa, Fillon tenta o tudo por tudo para salvar a campanha e o governo britânico promete responder aos Lordes. E, no mundo, a banca continua a acumular multas.

Reuters

Regulador vai avaliar transparência da Snap

A Snap entra hoje em bolsa, com estrondo. A empresa que detém a aplicação Snapchat vendeu 200 milhões de ações a 17 dólares cada uma e ficou avaliada em 20 mil milhões de dólares, o dobro do Facebook e quatro vezes mais do que o Twitter. Mas já vai enfrentar o escrutínio do regulador. Isto porque os investidores que agora comparam as ações da tecnológica não terão direitos de voto — estes ficam reservados para os cofundadores Evan Spiegel e Bobby Murphy, que mantêm 89% dos direitos de voto. Esta estrutura não agrada à Comissão dos Valores Mobiliários norte-americana, que, na próxima semana, vai avaliar se a decisão de negar direitos de votos aos acionistas também poderá afetar a transparência no que toca à divulgação de remunerações e outras questões de governance. Leia a notícia completa aqui (acesso gratuito / conteúdo em inglês).

Le Figaro

Um novo dia para Fillon

Não têm sido dias fáceis para François Fillon. O candidato às presidenciais francesas e antigo primeiro-ministro de França foi acusado de ter criado um esquema para remunerar a mulher, com dinheiros públicos, por um emprego que ela não desempenhava no Parlamento. Fillon nega as acusações, mas vai ter de responder aos juízes de instrução a 15 de março. Até lá? Tenta salvar a campanha. Esta quinta-feira, está a reunir-se com a sua equipa de campanha e com alguns pesos pesados do seu partido de centro direita, para definir os próximos passos. O primeiro será já no sábado, dia em que fará um “grande discurso programático”. Leia a notícia completa aqui (acesso gratuito / conteúdo em francês).

The Guardian

Governo britânico promete responder aos Lordes

O país já o antecipava e os Lordes confirmaram a primeira derrota de Theresa May no processo do Brexit. Na quinta-feira, a Câmara Alta propôs uma emenda chave ao projeto de lei que autoriza o início do processo de saída do Reino Unido da União Europeia, para garantir direitos de residência aos mais de três milhões de cidadãos europeus que já viviam no Reino Unido antes do Brexit. Entretanto, o Governo de Theresa May já prometeu contrariar essa medida e garantiu que a sua posição relativamente a este ponto não mudou. Agora, espera-se uma pressão intensa dentro do Partido Conservador, para que a emenda possa ser revertida na Câmara Baixa. Leia a notícia completa aqui (acesso gratuito / conteúdo em inglês).

Bloomberg

Banca já pagou 321 mil milhões em multas desde o início da crise

Os grandes bancos internacionais continuam a ser alvo de coimas pesadas. Desde a manipulação de mercados à falha no controlo da lavagem de dinheiro, os reguladores têm castigado a indústria financeira com multas que, só no ano passado, custaram mais de 40 mil milhões de dólares. A fatura desde a crise financeira chega aos 321 mil milhões de dólares, segundo os dados compilados pela Boston Consulting Group, que antecipa que a fatura continue a agravar-se nos próximos anos. Leia a notícia completa aqui (acesso gratuito / conteúdo em inglês).

Financial Times

Trump está mais “presidencial”. Até quando?

O discurso de Donald Trump perante o Congresso norte-americano, o primeiro desde que tomou posse como presidente dos Estados Unidos, acalmou os republicanos. A preocupação do Partido Republicano para com o comportamento de Trump — que, nas primeiras semanas de mandato, foi em tudo semelhante ao que foi durante a campanha — tinha vindo a crescer, mas diminui depois deste discurso. Foi uma mensagem “unificadora”, classificou Mitch McConnell, líder do senado republicano. “Foi ótimo ver até o meu amigo [Chuck Schumer], líder dos democratas, a aplaudir ocasionalmente o presidente”, disse. Contudo, os republicanos mantêm-se céticos quanto a esta “transição” do candidato Trump para o presidente Trump. “Ele tem a tendência para agarrar estes momentos presidenciais e estar à altura da ocasião por um momento, apenas para voltar para uma abordagem de instinto, que deixa os legisladores frustrados e cria desafios no progresso da sua agenda”, aponta Kevin Madden, antigo porta-voz do candidato presidencial Mitt Romney. Leia a notícia completa aqui (acesso pago / conteúdo em inglês).

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IEFP: Patrões apenas serão pagos se estagiário aprovar

  • ECO
  • 2 Março 2017

O IEFP prepara medidas de combate à fraude. O instituto quer que o pagamento das bolsas referentes aos estágios profissionais seja feito se o estagiário confirmar que o contrato está a ser cumprido.

O Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) está a adotar medidas para combater situações de fraude. A entidade quer que o pagamento das bolsas referentes a estágios profissionais apenas seja feito às entidades empregadoras se o estagiário autorizar. Assim, as empresas apenas recebem o dinheiro se os estagiários considerarem que o contrato está a ser cumprido, evitando situações de fraude.

O Jornal de Notícias (acesso pago) avança que o IEFP está a adotar medidas para que o pagamento das bolsas feito aos empregadores no caso dos estágios profissionais apenas seja feito se os estagiários confirmarem que o contrato está a ser cumprido. Uma confirmação que é feita através de um questionário. A entidade quer, com isto, apertar as regras para evitar situações de fraude, diz o jornal.

Segundo fonte do IEFP citada pelo JN, a medida inclui um maior acompanhamento dos estagiários em todas as fases do processo. O que será feito por técnicos do IEFP, também responsáveis pelo relatório final da avaliação de estágio, sem que seja necessária a intervenção dos empregadores.

Na quarta-feira, a TSF avançou que o Ministério Público está a investigar denúncias de alegadas fraudes nos estágios profissionais, com alguns patrões a obrigarem os estagiários a devolverem parte do salário. A rádio diz que até ao final do ano passado foram contactados nove mil estagiários e que estão a ser analisadas oito denúncias.

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BES: Nova associação de lesados critica solução para papel comercial

  • Lusa
  • 2 Março 2017

A Associação de Lesados do Papel Comercial crítica a solução por implicar um teto máximo e uma menor compensação aos lesados com maiores investimentos.

A Associação de Lesados do Papel Comercial (ALPC) do BES, criada na quarta-feira, critica a solução encontrada para compensar os investidores, por considerar que não há igual tratamento para todos.

“Não achamos correta a solução porque deveria ser igual para todos. Não concordamos com o teto máximo dos 250 mil euros [que cada lesado poderá receber]”, disse Rui Alves, um dos sócio-fundadores e dinamizadores desta associação, à Lusa.

Apesar da crítica à solução por implicar um teto máximo e uma menor compensação aos lesados com maiores investimentos, acima de 500 mil euros, Rui Alves afirmou que a ALPC não tem uma posição conjunta contra a adesão à solução. “A solução é de cada um, cada cliente é que saberá a posição que tomar”, de aderir ou não ao contrato de adesão, disse.

Rui Alves disse ainda que a ALPC tem sócios com vários montantes de investimento em papel comercial vendido pelo BES, desde os 200 mil euros e que aceita sócios de montantes de investimento mais baixos se estes se quiserem juntar à associação.

Questionado sobre se esta associação é feita por dissidentes da mais conhecida Associação de Indignados e Enganados do Papel Comercial (AIEPC), Rui Alves explicou que decidiram formar um grupo independente por consideraram que havia princípios que não eram respeitados. “Temos um lema que é clareza, informação e é transparência e esse lema fez com que nos afastássemos da associação”, disse.

Segundo o registo da conservatória, a ALPC tem como presidente da direção Mário Filipe Simões Lopes, Luís Miguel Ferreira como presidente da mesa da assembleia-geral e Carlos Lourenço como responsável do conselho fiscal.

No final de 2016 foi encontrada uma solução, com o beneplácito do Governo, para compensar os mais de 4.000 clientes que investiram, aos balcões do BES, 434 milhões de euros em papel comercial das empresas Espírito Santo Financial e Rio Forte, do Grupo Espírito Santo (GES), poucos meses antes do colapso

Desde o início de 2017 que o grupo de trabalho dos lesados do papel comercial (constituído por Associação de Indignados e Enganados do Papel Comercial, Comissão do Mercado dos Valores Mobiliários, Banco de Portugal, ‘banco mau’ BES e Governo) se reúne regularmente para operacionalizar a solução.

O contrato de adesão a esta solução deverá ser apresentado a cada lesado até final deste mês, de acordo com o calendário inicial.

Os clientes que aceitem o mecanismo proposto irão recuperar 75% do valor investido, num máximo de 250 mil euros, isto se tiverem aplicações até 500 mil euros. Já acima desse valor, irão recuperar 50% do valor investido.

Por exemplo, para uma aplicação de 400 mil euros serão pagos 250 mil euros, o valor máximo possível para esse montante, ainda que seja abaixo dos 75%. Já para uma aplicação de 600 mil, serão pagos 300 mil euros.

Ou seja, os clientes assumem perdas, mas recebem desde já dinheiro por que teriam de esperar anos, provavelmente, para recuperar em processos em tribunal e de forma incerta.

A intenção é que a primeira parcela (cerca de 30% do total) seja paga já este ano, no momento de assinatura do contrato de adesão por cada lesado, sendo o restante valor reembolsado até 2019. O valor será pago aos clientes lesados por um fundo de indemnizações que está a ser criado.

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Multas aos grandes bancos disparam

Desde a manipulação de mercados à falha no controlo da lavagem de dinheiro, os reguladores têm castigado a indústria financeira. A fatura está a crescer. E vai continuar, diz a BCG.

Os grandes bancos internacionais continuam a ser alvo de coimas pesadas. Desde a manipulação de mercados à falha no controlo da lavagem de dinheiro, os reguladores têm castigado a indústria financeira com multas que só no ano passado custaram mais de 40 mil milhões de dólares. A fatura desde a crise financeira supera a barreira dos 300 mil milhões.

Dados compilados pela Boston Consulting Group (BCG) revelam que no ano passado os bancos internacionais foram alvo de multas que ascenderam a 42 mil milhões de dólares. Foi um aumento de 68% face ao ano anterior, mantendo-se a tendência de crescimento registada desde a crise financeira.

As multas aplicadas aos bancos internacionais desde 2008, altura em que caiu o Lehman Brothers, ascendem, já com o total de 2016, a 321 mil milhões de dólares, de acordo com os cálculos realizados pela BCG que antecipa que a fatura continue a agravar-se nos próximos anos.

“À medida que a regulação à conduta dos bancos evolui, as multas, bem como as despesas legais associadas, continuarão a ser um custo pesado” para o setor, diz Gerold Grasshoff, analista da BCG, citado pela Bloomberg. “Gerir estes custos continuará a ser uma das principais tarefas para os bancos”, remata.

Muitas das multas aplicadas aos grandes bancos a nível internacional estão relacionadas com manipulação de mercados, especialmente de taxas como a Libor. Mas há também coimas resultantes de falhas na prevenção de operações de lavagem de dinheiro e financiamento a terrorismo.

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