Porta-giratória: entra público, sai privado

  • Margarida Peixoto
  • 6 Fevereiro 2017

A contratação de Carlos Albuquerque, ex-diretor de Supervisão do Banco de Portugal, para a Caixa Geral de Depósitos é só a última polémica sobre a troca do terreno público pelo privado. Mas há mais.

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Entra ministro, sai empresário. Entra supervisor, sai banqueiro. Ou entra banqueiro e sai supervisor. A vida de quem exerce cargos de topo no setor público é agitada. E por isso não faltam casos de contratações polémicas entre público e privado. A mais recente é a saída de Carlos Albuquerque da direção do departamento de Supervisão Prudencial do Banco de Portugal, para a administração da Caixa Geral de Depósitos. Mas está longe de ser a única. O ECO recorda-lhe mais dez casos que deram que falar.

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Carlos Albuquerque: da supervisão para a Caixa

Carlos Albuquerque deixou as funções de diretor do Departamento de Supervisão do Banco de Portugal a 31 de janeiro. Porquê? Porque foi convidado por Paulo Macedo — ex-ministro da Saúde, ex-diretor-geral dos Impostos, ex-vice-presidente do BCP e atual presidente da Caixa Geral de Depósitos — para a administração da CGD.

O regulador aceitou a saída de Albuquerque, mas exigiu o cumprimento de um período de nojo, com duração de pelo menos seis meses, antes de o gestor iniciar funções no banco público. A ideia é que a informação confidencial a que teve acesso nas suas funções de vigilância da saúde financeira dos bancos (e, portanto, de toda a concorrência da Caixa) perca atualidade.

Durante este período de “cooling off”, conforme lhe chamou Paulo Macedo, Carlos Albuquerque vai trabalhar “num projeto externo de solidariedade social, ligado ao tema do sobre-endividamento”, adiantou o Banco de Portugal. O nome do gestor tem ainda de ser aprovado pelo BCE.

Esta não é a primeira vez que Albuquerque troca de campo: antes de entrar no Banco de Portugal, o gestor estava no BCP, onde foi responsável pelo sistema de controlo interno. Foi aqui que conheceu Paulo Macedo.

Luís Costa Ferreira: da consultoria para a supervisão

É um efeito colateral da saída de Carlos Albuquerque. E que é, ele próprio, polémico. Luís Costa Ferreira já tinha sido diretor do Departamento de Supervisão Prudencial do Banco de Portugal. Abandonou o cargo em 2014, para ir para a PwC. Já nesta altura a sua contratação pela consultora gerou polémica, porque a PwC foi escolhida pelo regulador para auditar o Novo Banco, na sequência da medida de resolução do BES.

Costa Ferreira foi acompanhado por Pedro Machado, então diretor-adjunto do mesmo departamento no banco central. Enquanto esteve na consultora, liderou a equipa que trabalhou, por exemplo, com a Caixa Geral de Depósitos, o Montepio, o BPI ou o Haitong Bank, foi revelando a imprensa.

Agora, regressa ao cargo de diretor do Departamento de Supervisão do Banco de Portugal e volta a supervisionar instituições que esteve a auditar.

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José de Matos: da supervisão para a banca

Entra na lista não por ter gerado grande polémica, mas por ser outro exemplo da passagem do Banco de Portugal para a banca. José de Matos era vice-governador do banco central quando foi escolhido por Pedro Passos Coelho e Vítor Gaspar — primeiro-ministro e ministro das Finanças do Governo PSD/CDS-PP — para presidir à Caixa Geral de Depósitos.

Conforme mostra o seu perfil do Linkedin, José de Matos saiu do BdP em julho de 2011 e entrou direto na Caixa Geral de Depósitos. Contudo, importa sublinhar que José de Matos não tinha o pelouro da supervisão enquanto esteve no BdP. Na Caixa, a sua missão era liderar o banco público durante a aplicação do programa de resgate da troika. Esteve no cargo até agosto de 2016. E em setembro do ano passado regressou ao Banco de Portugal, como consultor.

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Maria Luís Albuquerque: do Governo para os negócios

Maria Luís Albuquerque assumiu a pasta das Finanças em 2013, na sequência da demissão de Vítor Gaspar. Enquanto fez parte do Executivo de Passos Coelho, a ex-ministra teve a tutela, por exemplo, do dossier do Banif. Cerca de dois anos depois, no final de 2015, saiu do Governo — e passados três meses já estava na calha para assumir funções na Arrow Global, uma empresa que gere crédito malparado.

A contratação de Maria Luís Albuquerque também gerou polémica polémica porque a ex-ministra tinha sido eleita como deputada da Assembleia da República — funções que queria manter. O caso foi avaliado pela comissão parlamentar de Ética, mas não foram identificadas incompatibilidades. O parecer da comissão foi aprovado pelo PSD e CDS (os dois partidos que se tinham coligado na legislatura anterior para suportar o Governo de que Maria Luís fez parte). O PS absteve-se e o PCP e o BE votaram contra.

Um dos pontos em análise foram os benefícios fiscais concedidos a três empresas do grupo da Arrow Global: a Whitestar, Redrock e Gesphone. Contudo, ficou demonstrado que os benefícios foram todos automáticos e regulares. Outro foi o facto de o Banif ter feito negócios com a gestora de crédito malparado durante o período em que Albuquerque tutelava a pasta das Finanças. A ex-ministra garante que só conheceu a Arrow em dezembro de 2015, já depois de ter saído do Governo.

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Ferreira Leite: das Finanças para o Santander de Negócios

Assumiu as funções de administradora não executiva do Banco Santander de Negócios, em 2006, dois anos depois de ter saído do cargo de ministra das Finanças. Foi coordenar a área de research macroeconómico do banco.

As novas funções geraram polémica porque o Governo tinha concedido ao Santander, pouco tempo antes de Ferreira Leite sair de funções, um regime de neutralidade fiscal à reestruturação do grupo Totta. Esteve no banco durante um ano e depois saiu para liderar o PSD.

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Carlos César: de governante a consultor

Quando a polémica da contratação de Maria Luís Albuquerque para a Arrow estalou, o caso foi comparado à situação de Carlos César e das suas relações com a Globestar, como contou o Observador. O ex-presidente do governo regional dos Açores saiu do cargo em outubro de 2012. Cerca de 14 meses depois, em janeiro de 2014, foi contratado como consultor da Globestar Systems Unipessoal. Esta empresa tinha fechado seis contratos com o governo regional dos Açores, por ajuste direto, dois dos quais durante a liderança de Carlos César. Mais tarde, já com Carlos César como consultor, a Globestar voltou a conseguir contratos com o governo regional dos Açores.

Perante a comparação deste caso ao de Maria Luís Albuquerque, o gabinete de imprensa do PS frisou que as funções de Carlos César não incluíam negócios com os Açores e notou que a Globestar Systems Unipessoal é detida pela Globestar System Inc, detida por um açoriano, David Tavares.

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Jorge Coelho: de ministro a empresário

O antigo ministro de Estado e do Equipamento Social de António Guterres foi muito criticado por ter assumido a presidência executiva da Mota-Engil, uma construtora que tinha celebrado vários contratos com o Governo de que Jorge Coelho fez parte. Jorge Coelho demitiu-se do Governo em 2001, na sequência da tragédia de Entre-os-Rios. Coordenou a campanha eleitoral do PS às legislativas de 2005 e assumiu a presidência da Mota-Engil em 2008.

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Vítor Gaspar: de vigiado a controlador

Foi o ministro das Finanças que marcou os primeiros anos do resgate da troika em Portugal — negociou com a Comissão Europeia, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional a aplicação do memorando à economia nacional. No verão de 2013, demitiu-se de funções. Menos de um ano depois foi para o FMI, para diretor do departamento de Assuntos Orçamentais. O caso gerou polémica.

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Joaquim Pina Moura: do governo para uma energética

Joaquim Pina Moura foi ministro da Economia e das Finanças no Governo de António Guterres. Enquanto ministro, reestruturou o setor energético, tendo promovido a entrada da empresa espanhola Iberdrola no capital da Galp. Depois de o Executivo de Guterres ter caído, Pina Moura assumiu a presidência da Iberdrola em Portugal.

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Ferreira do Amaral: de ministro a gestor

Enquanto ministro das Obras Públicas, nos governos de Cavaco Silva, Ferreira do Amaral negociou com a Lusoponte a concessão da Ponte Vasco da Gama. Depois, foi liderar a Lusoponte. Já tinham passado doze anos desde que Ferreira do Amaral tinha assumido funções públicas, mas mesmo assim o ex-governante não se escapou da polémica.

“Quanto tempo se devia esperar: 20, 25 anos? Penso que se trataria de um caso em que era negado o direito ao trabalho”, disse, quando confrontado com o assunto, em 2013, numa audição da comissão parlamentar de inquérito às parcerias público-privadas.

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Durão Barroso: da Comissão para o Goldman Sachs

Ao fim de dez anos, Durão Barroso saiu da presidência da Comissão Europeia para presidente não executivo do conselho de administração do Goldman Sachs International, o ramo que opera fora dos Estados Unidos. Além disso, também presta consultoria ao banco de investimento para o mercado norte-americano e acompanha os impactos do Brexit.

A contratação de Durão Barroso foi feita depois de o período de nojo ter sido cumprido (o mínimo são 18 meses) mas gerou muita polémica. O caso foi avaliado pela Comissão Europeia e o presidente Jean-Claude Juncker decidiu deixar de receber Barroso como ex-presidente e passar a considerá-lo como lobista.

Conforme foi revelado pelo Público, há emails que demonstram a proximidade do presidente do Goldman Sachs a Durão Barroso, desde os tempos em que liderava a cena política de Bruxelas. Os documentos mostram que o banco internacional fazia sugestões de alterações às políticas da União Europeia.

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BCP tem até dia 17 mas paga já ao Estado

O banco vai fazer já o último reembolso da ajuda estatal depois do sucesso com o aumento de capital em que obteve 1.330 milhões de euros.

Faltava devolver 700 milhões de euros dos três mil milhões que recebeu. Com o sucesso do aumento de capital, o BCP já tem o dinheiro para reembolsar o Estado. As regras dão tempo ao banco para pagar, mas Nuno Amado quer despachar já este último reembolso de uma ajuda que teve uma fatura pesada: cerca de mil milhões de euros.

A operação de aumento de capital ficou fechada a 3 de fevereiro, com o banco a conseguir os 1.330 milhões de euros que pretendia numa emissão de novas ações bastante concorrida. A procura superou em quase 23% o número total de novos títulos disponibilizados pela instituição liderada por Nuno Amado.

As novas ações entram em bolsa no dia 9, o último passo da operação cuja liquidação financeira acontece a 7 de fevereiro. Uma vez que o dinheiro dê entrada nos “cofres” do banco, o BCP tem dez dias para pagar ao Estado, ou seja, até 17, mas o ECO sabe que o banco vai fazê-lo já. Se não o comunicar antes, deverá anunciar no evento que decorrerá na Euronext Lisboa no dia de estreia dos novos títulos.

Última tranche

O BCP pagou 50 milhões de euros de CoCos no final do ano passado, ficando apenas a faltar estes 700 milhões. Ao pagar esta última tranche dos CoCos ao Estado, o BCP vai livrar-se finalmente destes instrumentos que permitiram a capitalização do banco em plena crise. Resolveu um problema, mas com um custo elevado.

Os CoCos tinham uma taxa crescente de ano para ano. Neste último ano, a taxa era em torno de 10%, mas o custo médio para o BCP foi de cerca de 6%, o que tendo em conta o valor total dos CoCos levou o banco a pagar nestes últimos anos uma fatura de mil milhões de euros.

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Marques Mendes: “Governo está paralisado”

O Executivo de António Costa “está a perder gás desde novembro, desde a aprovação do Orçamento do Estado”. A análise é de Marques Mendes na SIC.

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No seu comentário semanal na SIC, Luís Marques Mendes encontra três sintomas para diagnosticar uma “paralisia” ao Governo.

  1. “Tirando a Concertação Social, não houve nenhuma medida relevante. Quem for ver o Diário da República, é uma miséria”.
  2. Desarticulação. Não parece o Governo que era no início”. E exemplifica com os casos da TSU, da Carris e do estatuto das polícias, “em que a ministra foi obrigada a recuar”.
  3. “Nos últimos três debates no Parlamento, António Costa não esteve bem. Estava sem iniciativa, sem instinto matador”.

E porquê esta paralisia?

Luís Marques Mendes diz que “o Governo está sem agenda, porque os acordos [à esquerda] que existiam estão esgotados”, acrescentando que “o Governo tem que ter uma nova agenda no domínio da economia.”

“Além disso, há um defeito de fabrico no Governo. Falta um número dois. Um vice-primeiro-ministro que substitua António Costa. Este é um governo unipessoal”, diagnostica Marque Mendes.

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8 ideias fora da caixa para gastar três milhões de euros do Orçamento

  • Margarida Peixoto
  • 5 Fevereiro 2017

Se tivesse 200 mil euros para melhorar o país, o que fazia? Jardins de borboletas? Bioreatores em miniatura? Pintava poemas nas ruas? Conheça oito propostas inscritas no Orçamento Participativo.

A caravana do Orçamento Participativo anda a viajar pelo país. Já promoveu dez encontros e tem previstos, pelo menos, outros 50. A ideia é recolher propostas dos cidadãos para aplicar uma verba total de três milhões de euros, que está disponível no Orçamento do Estado deste ano. No final, serão selecionadas sugestões das diferentes regiões.

As regras são simples. Cada ideia não pode ultrapassar um orçamento de 200 mil euros e tem de se enquadrar numa das áreas pré-escolhidas pelo Governo. No caso de Portugal continental, as áreas são cultura, ciência, educação, formação de adultos e agricultura. Nas regiões autónomas, os temas são justiça e administração interna. As propostas têm de ser regionais — Norte, Centro, Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo, Algarve e Regiões autónomas — ou nacionais. O que quer dizer que não valem ideias espetaculares, mas cujo alcance não vai além do seu bairro.

A partir daqui, é dar largas à imaginação, fazer uma apresentação presencial da proposta e conquistar os votos dos cidadãos. O ECO conta-lhe oito sugestões fora da caixa, já registadas.

1 – Programa passeios limpos

A ideia é de Manuel Faustino e foi apresentada em Lisboa. O primeiro slide do powerpoint provocou o riso na plateia de cerca de 120 pessoas: um cão a fazer cocó. A sugestão deste cidadão é criar um sistema de incentivos que leve os donos a apanhar os dejetos dos seus cães, quando os levam a passear. E, desta forma, ter “passeios limpos” em Portugal. Manuel Faustino propõe criar uma plataforma digital onde os donos dos cães se poderiam registar, para ganhar um código. De seguida, de cada vez que depositassem um cocó do seu cão num recetáculo criado para o efeito, registariam o ato na sua conta digital. Com isto, acumulariam pontos para obter descontos em bilhetes, serviços públicos ou taxas municipais.

2 – Competições de carros solares

Já imaginou uma corrida de carrinhos feitos com pacotes de leite, movidos a energia solar? Pode ser só uma questão de tempo até a ideia estar espalhada por todas as escolas do país. Por enquanto, é uma iniciativa de Vítor Palminha, um professor numa escola da Amadora, desenvolvida para motivar os alunos a gostar de estudar ciência e tecnologia. Alunos e professores constroem os carros, aproveitam a experiência para desenvolver conhecimentos, e fazem competições. O programa chama-se “Fotão a fotão, tenho a ciência na mão”.

3 – Bioreatores em miniatura

Rui Albergaria quer investir 200 mil euros na construção e produção de bioreatores em miniatura, que podem ser distribuídos por pequenas indústrias agroalimentares, quintas, ou até habitações. O objetivo é transformar os resíduos vegetais (tudo o que resulte da produção de refeições, como por exemplo, cascas de batata ou de fruta) gerados nestas unidades de pequena escala, em gás natural e fertilizantes.

Orçamento participativo - Lisboa
Rui Albergaria apresenta a sua ideia sobre bioreatores miniatura, no encontro de Orçamento Participativo em Lisboa.26 janeiro, 2017

4 – Jardins de borboletas

“As borboletas são dos poucos insetos de que as pessoas geralmente gostam”, diz Adriana Galveias. E qual é a ideia? É atrair as borboletas para os jardins públicos ou os parques que já existem nas cidades, explica ao ECO. Esta cidadã quer adaptar as espécies botânicas plantadas nestes espaços recreativos de tal forma que as borboletas passem a ser uma constante.

5 – Rotas do Contrabando

A proposta é de Filipe Fernandes e foi apresentada em Caminha, mas quer envolver dez distritos e 40 municípios. A ideia é recuperar a história do contrabando de produtos e fuga de pessoas através das fronteiras portuguesas, evitando que estas “aventuras” se percam “para sempre”, frisa o cidadão. Filipe Fernandes sugere que esta informação seja reunida, disponibilizada para todos e trabalhada para fins turísticos, com a criação de percursos pelo interior do país.

6 – Alfabetizar em itinerância

É uma ideia para os municípios de Beja e Mértola, dirigida a famílias abrangidas pelo rendimento social de inserção e com adultos analfabetos. Maria de Fátima Guerra Chaveiro quer colocar duas carrinhas, cada uma com um motorista, um professor e um animador, a circular pelas autarquias. Estas equipas levariam consigo os recursos necessários para dar uma aula onde se ensina adultos a ler e a escrever, bem como para entreter as crianças que não frequentam a escola. Em articulação com as Juntas de Freguesia, seria selecionado um espaço para dar uma aula por semana. O programa teria a duração de dois anos e o objetivo é alfabetizar e facilitar a integração.

7 – Nadar no rio

José Romano foi parar ao encontro do Orçamento Participativo de Lisboa em busca de dados para a sua tese de doutoramento, sobre a participação democrática em Portugal. Mas acabou por se decidir a apresentar também uma ideia: “Quantos de nós já nadámos no rio Tejo”, perguntou. Dali até ao episódio do atual Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, foi só um saltinho. A proposta de José Romano passa por utilizar o rio Tejo para efeitos recreativos, construindo represas de águas ou piscinas na zona ribeirinha.

8 – Ruas da poesia

E se pintássemos poemas pelas ruas fora? A ideia é de Paulo Louro e visa promover um sentido de pertença e identidade local. O objetivo é envolver 30 municípios numa ação com a duração de um ano. Cada comunidade poderia escolher excertos de poemas, de autores locais, para pintar nas fachadas dos edifícios de uma rua selecionada pelo município. Em cada rua participante seria colocado um dispensador físico e QR-Code (uma espécie de código de barras que pode ser lido com o telemóvel) com os poemas completos. Todas as ruas da poesia dos vários municípios utilizariam imagens e uma sinalética comum, construindo desta forma um percurso turístico pelas autarquias da região.

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Trump usará “todos os meios” para reativar decreto anti-imigração

  • Lusa
  • 5 Fevereiro 2017

“Vamos ganhar essa batalha” judicial, afirmou o vice-presidente, Mike Pence.

A administração de Donald Trump usará “todos os meios legais” para reativar a proibição de entrada nos Estados Unidos a cidadãos de sete países muçulmanos, suspensa por um juiz federal, disse hoje o vice-Presidente, Mike Pence.

“Vamos ganhar essa batalha” judicial, disse Pence, numa entrevista à televisão Fox News.

Segundo Pence, a administração vai continuar a “usar todos os meios legais para reverter a ordem” de suspensão do decreto decidida na sexta-feira por um juiz federal e “dar todos os passos necessários para proteger o país”.

O Presidente norte-americano, Donald Trump, lançou este sábado o processo para recorrer da decisão do juiz James Robart, que na sexta-feira determinou a suspensão do decreto assinado que vigorava há uma semana e impedia a entrada no país de cidadãos do Iémen, Irão, Iraque, Líbia, Síria, Somália e Sudão.

A administração Trump pediu ao Tribunal de Recurso do 9.º Distrito, com sede em São Francisco, que restaure o decreto com efeitos imediatos.

O Tribunal recusou decidir sem conhecer a posição das partes e pediu à administração Trump e aos estados de Washington e do Minesota, que contestaram legalmente a ordem presidencial, que apresentam o mais rapidamente possível os respetivos argumentos.

“O juiz [Robart] tomou uma decisão incorreta”, afirmou Pence, que considerou “frustrante” um juiz interferir com “a autoridade” do Presidente “tomando decisões relativas à segurança nacional”.

Numa outra entrevista, à televisão ABC, Pence reconheceu contudo que o juiz tinha “certamente” autoridade para decidir, dada a separação de poderes.

Trump pareceu questionar essa autoridade quando, no sábado, reagiu à decisão referindo-se ao magistrado como “suposto juiz” e acusando-o de “tirar ao país a capacidade de aplicar a lei”, numa mensagem publicada na sua conta no Twitter.

“Penso que os norte-americanos estão muito habituados a que o Presidente diga o que pensa muito diretamente”, respondeu Pence a uma pergunta sobre a mensagem de Trump.

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Presidente do Irão quer reforçar laços com Portugal

  • Lusa
  • 5 Fevereiro 2017

Hassan Rouhani entende que Irão e Portugal têm potencial para estimular a cooperação a nível político e económico, mas também nas vertentes cultural, científica, tecnológica e académica.

O Presidente iraniano, Hassan Rouhani, destacou hoje a importância de melhorar a cooperação do país com os Estados-membros da União Europeia, durante uma reunião com o novo embaixador português em Teerão, manifestando interesse em reforçar os laços com Portugal.

“Não há nenhum obstáculo para reforçar e desenvolver mais as relações entre Teerão e Lisboa”, afirmou hoje Rouhani, durante um encontro com João Côrte Real, o novo embaixador português na capital do Irão, citado pela Press TV, estação televisiva iraniana que transmite notícias em inglês e que está ligada ao canal estatal IRIB.

Segundo Rouhani, Irão e Portugal têm um grande potencial para estimular a cooperação, não só a nível político e económico, mas também nas vertentes cultural, científica, tecnológica e académica.

Por seu turno, o embaixador português, que foi apresentar as suas credenciais a Rouhani, expressou a firme determinação de Portugal aprofundar as relações com o Irão em todos os níveis.

O chefe do Governo iraniano desafiou Portugal a melhorar a sua cooperação com a República Islâmica nos setores da banca e dos seguros, aproveitando as oportunidades criadas com o acordo nuclear assinado com os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas (Estados Unidos, França, Reino Unido, China e Rússia) e com a Alemanha, em julho de 2015.

O Plano de Ação Global Conjunto (JCPOA, na sigla em inglês) começou a ser implementado a partir do dia 16 de janeiro de 2016 e, desde então, todas as sanções ao Irão relacionadas com o tema nuclear foram levantadas, sob o compromisso do executivo iraniano de aplicar determinados limites ao seu programa nuclear e permitir o acesso de peritos internacionais às suas instalações nucleares.

Neste âmbito, Côrte Real destacou as enormes oportunidades que se criaram com a aprovação do JCPOA, apelando a Teerão e a Lisboa para que aproveitem o novo ambiente.

Paralelamente, Rouhani alertou para os perigos que o terrorismo acarreta para todos os países do mundo.

“As campanhas contra o terrorismo e o extremismo, bem como as ameaças [que estes representam] para o mundo, exigem uma cooperação coletiva entre os países e o Irão está preparado para expandir a sua cooperação com a União Europeia nesta matéria”, realçou o líder do Governo iraniano.

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Le Pen apresenta-se como “a candidata do povo” face aos partidos “do dinheiro”

  • Lusa
  • 5 Fevereiro 2017

Se for eleita, Le Pen promete “revitalizar o sentimento nacional”, tirar França do euro e da União Europeia, sair da NATO, conter a imigração, especialmente de muçulmanos, e “erradicar o terrorismo”.

A candidata da extrema-direita às presidenciais francesas, Marine Le Pen, apresentou-se hoje como a “candidata do povo”, que vai “pôr a França primeiro”, num discurso em Lyon (centro-leste) de lançamento da sua campanha.

França está ameaçada por “dois totalitarismos”, disse, evocando a globalização económica e o fundamentalismo islâmico, e ela quer “uma França que não deva nada a ninguém”.

Se for eleita, prometeu, vai “revitalizar o sentimento nacional”, tirar França do euro e da União Europeia, sair da NATO, conter a imigração, especialmente de muçulmanos, “erradicar o terrorismo”, ter “tolerância zero” com a delinquência e acabar com as segundas oportunidades para os “potenciais terroristas” estrangeiros, que serão expulsos.

A líder da Frente Nacional está em boa posição na corrida presidencial quando faltam menos de três meses para a primeira volta, sobretudo desde que o seu principal adversário, o candidato da direita, François Fillon, enfrenta acusações de ter criado empregos fictícios para a mulher e dois filhos, caindo nas sondagens em benefício de Le Pen e do candidato socialista Emmanuel Macron.

Le Pen foi alvo de acusações semelhantes, relativamente ao desvio de fundos destinados ao pagamento de assessores enquanto eurodeputada que terá usado para pagar a membros do seu partido, que nega.

“Vocês compreenderam, a atualidade recente trouxe uma demonstração cabal. Contra a direita do dinheiro, a esquerda do dinheiro, eu sou a candidata da França do povo”, disse às cerca de 3.000 pessoas que assistiram ao comício, um dia depois de ter apresentado o seu manifesto, de 144 páginas.

“Depois de décadas de erros e de cobardia, falsas alternâncias, de negação, de deixar andar, estamos numa encruzilhada”, prosseguiu.

“Eu defendo os limites estruturais da nossa sociedade” face a outros “dirigentes que escolheram a globalização desregulada” e a “imigração em massa”, disse.

O seu “número dois” no partido, Florian Philippot, aludiu numa intervenção anterior ao voto britânico pelo ‘Brexit’ e à eleição de Donald Trump nos Estados Unidos como “um acordar dos povos”: “As pessoas veem o ‘Brexit’, veem Trump, e dizem a si próprias: vale a pena votar”, disse.

Marine Le Pen, 48 anos, está à frente nas sondagens para a primeira volta, a 23 de abril, mas surge derrotada na segunda, a 7 de maio.

Le Pen lidera a Frente Nacional desde 2011 e nas eleições presidenciais de 2012 ficou em terceiro lugar, com 17,9% dos votos.

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Trump sobre Putin: “Há muitos assassinos. Acha que o nosso país é assim tão inocente?”

  • ECO
  • 5 Fevereiro 2017

Entrevista à Fox News vai ser transmitida hoje, dia de Super Bowl.

O Presidente dos Estados Unidos diz que respeita Vladimir Putin mas frisa que não sabe se os dois se vão dar bem. Numa entrevista que será transmitida hoje na Fox News, e confrontado com a afirmação “Putin é um assassino”, Trump respondeu: “há muitos assassinos. Acha que o nosso país é assim tão inocente?”

A entrevista, conduzida por Bill O’Reilly, será transmitida hoje antes da final da liga de futebol americana (Super Bowl). Questionado sobre se respeita Vladimir Putin, o presidente dos Estados Unidos respondeu afirmativamente. “Mas isso não quer dizer que me vá dar bem com ele”, acrescentou.

Para Donald Trump, é melhor ter boas relações com a Rússia do que o contrário, e se o país ajudar na luta e contra “o terrorismo islâmico”, issoé uma coisa boa”. “Se me vou dar bem com ele? Não faço ideia”, reiterou depois.

Foi então que O’Reilly retorquiu: “Putin é um assassino”. E a resposta de Trump não se faz esperar: “há muitos assassinos. Acha que o nosso país é assim tão inocente?”

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Super Bowl: quando uma final não vale tudo

  • Juliana Nogueira Santos
  • 5 Fevereiro 2017

A final da liga de futebol americana é este domingo, mas com anúncios a custarem cinco milhões e apostas nos tweets de Donald Trump, o resultado final será o número que menos importa.

Super Bowl é sinónimo de espetáculo do desporto, do apogeu do futebol americano profissional. É a final de muitas vidas, em que duas equipas lutam pelo título maior da National Football League. Além disso, Super Bowl é também sinónimo de milhões de dólares.

A edição de 2017 terá lugar este domingo, no estádio NRG em Houston, estado do Texas e vai pôr frente a frente os New England Patriots e os Atlanta Falcons. Ainda assim, e como acontece todos os anos, as atenções não vão estar totalmente centradas nos homens dos capacetes, mas em todo o espetáculo que está à volta do jogo, como os anúncios de publicidade e o espetáculo do intervalo, com 17,7% dos adultos a dizerem que os anúncios são a parte mais importante deste todo.

O dinheiro não para de fluir: das empresas para os media, dos media para a NFL e vice-versa, dos fãs para a NFL e para as casas de apostas. Mas qual é o segredo?

O espaço publicitário mais cobiçado de sempre

Os spots da Super Bowl já se estabeleceram como um clássico no mundo da publicidade. As empresas que conseguem um espaço investem tempo e recursos para que este fique para a história. Que mais se deveria fazer quando se tem a oportunidade de ter mais de 100 milhões de pessoas a terem acesso ao produto?

Mas como é que isto se traduz em números? A cadeia de televisão que vai transmitir o jogo, a FOX, começou a vender os espaços quando ainda nem se sabia quem se iria defrontar nessa noite. Com uma estratégica matadora, conseguiu vender 90% das slots antes de dezembro a um preço médio de cinco milhões de dólares por 30 segundos.

Custo médio de um spot de 30 segundos

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Valores em milhares de dólares. Fonte: statista.com

Este valor tem crescido de ano para ano, com as emissoras a aperceberem-se da pedra preciosa que têm em sua posse. Na edição de 2002, disputada entre os New England Patriots e os St. Louis Rams, 30 segundos custavam apenas 2,3 milhões de dólares.

Mas o investimento das empresas não se fica pela compra. Os conceitos são pensados ao pormenor, muitos meses antes de estrear. São envolvidas as melhores agências, os melhores produtores e os melhores intérpretes. Este ano os exemplos são bastante claros: a gigante automóvel alemã Mercedes Benz contratou os irmãos Cohen para realizarem o “Easy Driver”.

A coreana Kia apostou na personalidade divertida de Melissa McCarthy.

A tecnológica Squarespace chamou John Malkovich para este continuar a questionar a sua identidade.

Esta edição vai trazer também algumas novidades: o spot da Snickers será emitido em direto de um estúdio, onde o ator Adam Driver vai, provavelmente, protagonizar um filme de cowboys. A Hyundai vai mais além e só vai gravar o spot durante o jogo e transmitir quando este acabar.

Gastos totais das empresas com publicidade

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Valores em milhões de dólares. Fonte: statista.com

Os gastos das empresas mais que duplicaram em 15 anos, posicionando-se nos 130,1 milhões em 2003 e escalando até à previsão de 385 milhões para este ano. Estima-se que cada empresa gaste cerca de 1,25 milhões só em marketing.

Tendo em conta que 30 segundos no intervalo da emissão dos Óscares custam cerca de 2 milhões de dólares, o que leva estas empresas a gastarem tanto dinheiro? Com o aparecimento das redes sociais, já não se pode pensar só no impacto da ideia no momento em que é emitida, mas sim no seu valor viral. A publicidade só terá sucesso quando for massivamente partilhada. É também por isso que cada vez mais marcas se antecipam e lançam teasers.

Os únicos valores que não são conhecidos são os do espetáculo de intervalo, que este ano vai contar com a presença de Lady Gaga. Estes 12 minutos são considerados, no mundo do espetáculo, uma honra para qualquer artista. Ainda assim, podemos afirmar que a NFL não terá prejuízo com este, visto que conta com o patrocínio da Pepsi Zero.

A FOX também tem direito a uma fatia do bolo

Os números também não são nada mal para a FOX, a televisão escolhida este ano para emitir o jogo final — são quatro as emissoras que compraram os direitos dos jogos, mas a final vai alternando de morada a cada ano. No ano passado, a emissão da CBS contou com 114 milhões de espetadores.

Além do dinheiro que vai receber das marcas por ter vendido os espaços publicitários — negócio que poderá render 24,75 milhões de dólares –, a emissora americana terá também oportunidade de promover os seus próprios programas.

Não sobra nada para quem vê?

Como é habitual num evento destas dimensões, os bilhetes não estão ao alcance de todos. No revendedor oficial da NFL, o preço mais baixo que se encontra é de 2.400 dólares, bilhete este que só dá acesso ao jogo.

Em relação ao máximo, quase podemos dizer que o céu é o limite: existem vários packs exclusivos que incluem lugares privilegiados, estacionamento VIP, festas antes e depois do jogo e até alguns momentos com os jogadores que podem atingir os 17.500 dólares. Ainda assim, milhares de pessoas de cerca de 16 países distintos já asseguraram o seu lugar, entre eles a Austrália, o Japão e a África do Sul.

Mas o desporto não é só despesas. No oddsmaker.ag, um dos sites de apostas desportivas americano, é possível ganhar dinheiro com os aspetos mais formais do jogo, como o resultado ou o número de touchdowns, mas também com os pormenores mais inimagináveis.

Na secção de “Prop Bets” pode-se apostar em coisas como “Irá Donald Trump (@realdonaldtrump) tweetar três ou mais vezes durante o jogo?” ou “Quantos segundos irá Luke Bryan demorar a cantar o hino nacional?” Existem no total 464 “prop bets”, com os americanos a poderem faturar até se Lady Gaga tiver um problema de guarda-roupa — tal como Janet Jackson teve na edição de 2004.

Assim, este domingo às 1h30, não se esqueça de prestar alguma atenção a este grande espetáculo, mesmo que não goste de futebol americano. Poderá aprender uma coisa ou outra de marketing e publicidade.

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Justiça dos EUA rejeita recurso de Trump para repor decreto que impede entrada de imigrantes

  • Lusa
  • 5 Fevereiro 2017

Mantém-se a decisão do juiz federal James Robart, que bloqueou na sexta-feira a aplicação do decreto de Trump com efeito imediato em todo o país, o que obrigou o Governo a revalidar milhares de vistos

Um tribunal de recurso norte-americano rejeitou hoje o pedido da administração do Presidente Donald Trump para restabelecer imediatamente a aplicação do decreto que impede a entrada nos Estados Unidos de cidadãos de sete países muçulmanos.

O Departamento de Justiça tinha recorrido no sábado à noite da decisão do juiz federal que bloqueou a aplicação do decreto, assinado há oito dias por Donald Trump, para impedir cidadãos de sete países muçulmanos e refugiados de entrarem nos Estados Unidos.

O Governo do Presidente dos Estados Unidos iniciara no sábado o processo de recurso da decisão de um juiz federal.

Num documento apresentado no Tribunal de Recurso do Nono Circuito, com sede em São Francisco (Califórnia), Trump e o seu gabinete recorreram formalmente da decisão judicial que bloqueou temporariamente a polémica ordem executiva e já abriu as portas do país a imigrantes e refugiados.

A notificação do recurso foi apresentada em nome de Trump, do secretário de Segurança Nacional, John Kelly, do secretário de Estado, Rex Tillerson, e dos Estados Unidos.

As partes recorrem “da decisão de 03 de fevereiro” que “restringe a aplicação de parte da ordem executiva de 27 de janeiro para proteger o país da entrada de terroristas estrangeiros”, segundo a notificação apresentada no tribunal.

O documento dá início a um processo de recurso que, segundo especialistas legais, vai seguir-se de um pedido de suspensão da decisão judicial que bloqueou o veto migratório, e de um relatório que expõe os motivos por que, do ponto de vista do Governo, o tribunal de recurso deve aceder ao pedido.

Atualmente, mantém-se a decisão do juiz federal James Robart, que bloqueou na sexta-feira a aplicação do decreto de Trump com efeito imediato em todo o país, o que obrigou o Governo a revalidar milhares de vistos e a alterar os seus protocolos de atuação em relação aos imigrantes anteriormente vetados.

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CGTP quer saber se há “acordos secretos” para travar mudanças na lei laboral

  • Cristina Oliveira da Silva
  • 5 Fevereiro 2017

Arménio Carlos pede esclarecimentos ao Governo e diz que se houve um "acordo de cavalheiros" para não mexer na legislação laboral, a "conversa passa a ser outra".

A CGTP quer saber se o Governo firmou algum “acordo de cavalheiros” com as confederações patronais para travar alterações à legislação laboral este ano.

“Se houve algum acordo com as confederações patronais para não se mexer na legislação laboral, eu acho que isso é inaceitável e bom será que o Governo rapidamente clarifique a sua posição publicamente”, afirmou Arménio Carlos em entrevista ao Negócios e à Antena 1.

O secretário-geral da Intersindical exige saber se há “acordos secretos” e pede ao Governo e aos parceiros patronais que respondam. Caso exista “um acordo de cavalheiros que não mexe na legislação laboral”, a “conversa passa a ser outra“, avisa o secretário-geral da Inter.

Arménio Carlos reagia assim às declarações de João Vieira Lopes, presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP) que, também em entrevista, já disse ter a expectativa de que o ano de 2017 não traga “grandes novidades” nesta área, embora frisando que o Governo não deixou qualquer “garantia formal”. Porém, no sábado o Expresso noticiou [acesso pago] que o Governo garantiu aos patrões que não haverá mudanças na legislação laboral este ano, para salvar o acordo de concertação social após o chumbo do corte da TSU para empresas com salários mínimos. Na altura, os patrões fizeram saber que não queriam alterações ao Código do Trabalho. Mas esta já era uma matéria assumida antes, quando estava em discussão o aumento do salário mínimo.

Arménio Carlos também entende que o Governo deve “procurar encontrar soluções na Assembleia da República” no que toca à contratação coletiva. “Na concertação social já percebemos que as confederações patronais vão procurar evitar ao máximo que haja qualquer alteração”, indicou o líder da CGTP. “O que vamos ter é a necessidade de o Governo perceber que esta situação não se pode manter e procurar encontrar soluções na Assembleia da República e reforçar um pouco mais a sua intervenção na concertação social para que não se deixe ficar refém, neste caso em concreto, das confederações patronais”, acrescentou.

O acordo tripartido, que não foi assinado pela CGTP, diz que o Governo deve apresentar, até final de março e na sequência da apresentação do Livro Verde das Relações Laborais, “uma avaliação integrada e partilhada do quadro laboral, com vista à celebração de um acordo subsequente em sede de concertação social”. Entretanto, algumas mexidas no Código do Trabalho ficaram pelo caminho, nomadamente o aumento de dias de férias proposto pelos partidos mais à esquerda.

Durante a entrevista, Arménio Carlos também criticou a intervenção do Presidente da República no acordo tripartido. “Creio que o senhor Presidente da República intrometeu-se nesta área de uma forma muita exposta e que poderia ter outro tipo de intervenção mais cautelosa, mais contida”, disse o líder da CGTP. Porque “a partir do momento em que anunciou que estava empenhado num acordo de médio prazo que fosse para além da legislatura, desde logo estava a comprometer até o processo que se estava a iniciar, porque aquilo que estava previsto inicialmente é que íamos discutir o salário mínimo nacional, porque estávamos no mês de dezembro”, indicou ainda.

De acordo com Arménio Carlos, a CGTP propôs que a discussão do salário mínimo avançasse primeiro e depois, já no início de 2017, fosse iniciada a negociação de outras matérias. E o Governo parecia disposto a aceitar essa proposta, adianta. Mas “depois da intervenção do senhor Presidente da República, digamos que se misturou tudo, meteu-se tudo dentro do mesmo saco”, notou Arménio Carlos, concluindo: “há determinado tipo de intervenções que podiam ser evitadas”.

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Energias renováveis: Governo anuncia arranque de projetos num investimento de 800 milhões de euros

  • Lusa
  • 5 Fevereiro 2017

De acordo com o Ministério da Economia, vão arrancar novos projetos com uma capacidade instalada de 750 megawatts.

O Governo avançou hoje que vão arrancar novos projetos em energias renováveis com uma capacidade instalada de cerca de 750 megawatts e um investimento potencial superior a 800 milhões de euros.

Segundo o Ministério da Economia, “a par dos 380 megawatts de licenças para centrais solares, sem tarifas subsidiadas pelos consumidores e com cauções já entregues pelos promotores, o Governo aprovou 41 megawatts relativos a três centrais de biomassa”.

A este conjunto de investimento junta-se “o projeto de energias das ondas Windfloat que representa um investimento de cerca de 125 milhões de euros, a realizar nos próximos anos e cuja ligação a terra será feita sem onerar os consumidores (ao contrário do programado), adianta o gabinete do secretário de Estado da Energia, Jorge Seguro Sanches.

O executivo adianta que a EDP Renováveis anunciou, no quadro de um acordo com o fabricante de aerogeradores Senvion, a instalação de mais 216 megawatts em parques eólicos.

Indica ainda que, “no âmbito do grupo de trabalho criado pelo Governo para fazer a reforma da floresta, serão brevemente lançados cerca de 60 megawatts de licenças, destinadas a centrais de biomassa”.

Portugal teve, em 2015, uma quota de 27% de energias renováveis no mix energético nacional, a sétima maior da União Europeia que, no seu conjunto, chegou aos 16,4%, divulgou, já este mês, a Comissão Europeia.

A União da Energia confirma assim um aumento constante na quota de energia proveniente de fontes renováveis desde 2013 (25,7% do consumo final bruto de energia), ano em que estava já ultrapassada a meta de pelo menos 20% até 2020.

“Com exceção de autorizações resultantes de pedidos anteriores, a nova orientação política do Governo passa pela autorização de centrais sem tarifas ‘feed-in’ (ou seja sem subsídios pagos pelos consumidores)”, de acordo com o Ministério da Economia.

O gabinete de Jorge Seguro Sanches recorda que “a subsidiação da atual potência instalada custa aos consumidores portugueses um sobrecusto de cerca de 600 milhões de euros por ano, responsável, em boa parte, pela divida tarifária que, no início de funções deste Governo era de cerca de 5 mil milhões de euros”.

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