Novo Banco vende dez edifícios em Lisboa por 50 milhões

  • Rita Atalaia
  • 4 Setembro 2017

O Novo Banco continua a vender ativos. Desta vez, o banco liderado por António Ramalho concluiu a alienação de dez edifícios na capital portuguesa. Vai encaixar 50 milhões.

O Novo Banco concluiu a venda de uma dezena de edifícios, na sua maioria imóveis localizados na capital, como o Castilho 50, num negócio avaliado em mais de 50 milhões de euros. Estes imóveis, cuja venda foi assessorada pela Aguirre Newman, foram adquiridos pela Finangeste.

“A consultora imobiliária Aguirre Newman assessorou o Novo Banco, através do GNB – Gestão de Ativos, na venda de um portefólio de ativos imobiliários, cujo comprador foi a Finangeste, associada a um conjunto de Investidores Internacionais, especialmente selecionados, atendendo à vocação especializada para este tipo de ativos“, refere a consultora em comunicado.

“Esta carteira de imóveis, transacionada por um valor acima dos 50 milhões de euros, conta com uma área total de 35.000 metros quadrados nos quais estão integrados dez edifícios e cinco frações autónomas localizados em vários pontos do país: Lisboa, Oeiras, Sintra, Almada, Tomar, Caldas da Rainha, Matosinhos e Funchal”. Entre os imóveis encontra-se o edifício Castilho 50.

O Novo Banco está a reduzir o seu portefólio. Foi no início de agosto que o banco de transição, que resultou da resolução do Banco Espírito Santo, iniciou o processo de venda dos ativos da área dos seguros. Em causa está a alienação do negócio dos seguros do ramo vida que ainda está nas mãos do banco liderado por António Ramalho. Os ativos geridos estão avaliados em mais de cinco mil milhões de euros.

O banco também se prepara para vender o Banco Internacional de Cabo Verde. A instituição financeira celebrou um contrato de compra e venda de 90% do capital da instituição financeira de Cabo Verde à sociedade IIBG Holdings, do Bahrein. Esta operação que ainda está dependente da aprovação dos reguladores dos dois países.

A decisão de avançar com estas alienações acontece numa altura em que o Novo Banco está a levar a cabo uma oferta de aquisição de dívida sénior, em troca de dinheiro, com o objetivo de reforçar os seus rácios em 500 milhões de euros — condição essencial para a venda ao Lone Star. Os cerca de 2,7 mil milhões de euros necessários para pagar aos investidores que aceitem a oferta serão financiados, em parte, através da venda de ativos.

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Coreia do Norte fez tremer a terra. E também as bolsas

Regime norte-coreano estará a preparar-se para lançar mais um míssil intercontinental. Tensões com os EUA aumentam e passam fatura às bolsas internacionais, Lisboa incluída.

A Coreia do Norte não dá o braço a torcer. Este domingo, o regime de Kim Jong-Un garantiu ter testado com sucesso uma bomba de hidrogénio, um perigoso engenho nuclear que, nas mãos erradas, poderá dizimar cidades inteiras — ou até países. O alvo das ameaças é sempre o mesmo: os Estados Unidos, que também já estão a perder a paciência.

Esta segunda-feira, os mercados estão a reagir negativamente a mais um passo no sentido de uma Coreia do Norte com armamento nuclear viável. A pressão vendedora é transversal, com o Stoxx 600, o índice de referência europeu, a cair 0,50%. Nem mesmo Lisboa escapa à tendência: o PSI-20 abriu a derrapar e, a meio da manhã, caía já 0,72%. Entre as cotadas nacionais, só a Ibersol e a EDP estavam a valorizar. Tudo o resto eram perdas, que chegavam, em alguns casos, aos 2%.

Uma das cotadas com maiores perdas é o BCP. No dia em que a instituição liderada por Nuno Amado assinala os 30 anos da entrada na bolsa, o banco caía 1,77%, com as ações a valerem cerca de 22,3 cêntimos. Ao mesmo tempo, ganhavam os ativos de refúgio. O ouro, o refúgio de excelência, chegou a registar ganhos de 1% e, a meio da manhã de segunda-feira, avançava 0,70% para 1.334,48 dólares a onça.

Torna-se evidente que as manobras militares da Coreia do Norte, apesar de ainda não terem feito estragos concretos, estão a passar a fatura aos mercados. Na semana passada, quando se soube do lançamento de mais um míssil pelo regime norte-coreano, um projétil que chegou mesmo a sobrevoar território japonês, as bolsas também se retraíram. Só o trágico furacão Harvey, que passou a tempestade tropical e atingiu fortemente os Estados Unidos, conseguiu roubar o protagonismo à escalada de tensões entre os dois países — pelos piores motivos.

É também tido como certo Pyongyang não se vai ficar por aqui. Segundo avança a Bloomberg, logo após o teste da bomba de hidrogénio, que terá sido efetuado em túneis subterrâneos a norte do país, foram detetados indícios de que Kim Jong-Un se estará a preparar para mais uma manobra. Desta vez, refere a Coreia do Sul, poderá tratar-se de mais um ICMB — isto é, um míssil balístico intercontinental. Se o fizer — e, acima de tudo, se o fizer durante o rescaldo dos testes da bomba de hidrogénio –, as tensões geopolíticas alcançarão um novo patamar.

Kim Jong-Un com aquilo que aparenta ser uma ogiva termonuclear. Não se sabe se é real ou apenas um protótipoEPA/KCNA

A Coreia do Sul prepara-se agora para receber um sistema de defesa antimíssil cedido pelos Estados Unidos, e foram conduzidos testes virtuais de bombardeamento tendo o campo de testes da Coreia do Norte como alvo. Já antes tinham surgido ameaças de parte a parte, com o líder norte-coreano a ameaçar um alvo concreto: a ilha norte-americana de Guam.

No que estará a pensar Donald Trump? O Presidente dos EUA já afirmou anteriormente ter “todas as hipóteses em cima da mesa”. Agora, decidiu reforçar as sanções económicas à Coreia do Norte, alargando-as a qualquer país que mantenha relações com aquele regime. A medida está a ser vista, sobretudo, como um rosnar à China, a quem Trump cedo colocou o ónus da resolução do problema — não fosse a China um dos poucos países que ainda se dá com a Coreia do Norte.

Para já, e apesar de todo este cenário, parece pouco provável que os Estados Unidos avancem com qualquer manobra contra a Coreia do Norte sem um ataque ou ameaça mais concreta. À Bloomberg, Chang Jaechul, economista chefe da KB Securities Co., assumiu que “a possibilidade de um incidente militar é baixa”. Mas alertou que “se a Coreia do Norte aumenta as provocações para protestar contra as sanções e a pressão da comunidade internacional, as tensões na Península da Coreia poderão escalar para um nível diferente dos anteriores”.

Estará o mundo à beira de uma guerra nuclear? Talvez não. Desde logo porque há muito a perder para ambas as partes: um ataque da Coreia do Norte mereceria grande retaliação por parte dos EUA, enquanto um ataque dos EUA à Coreia do Norte poria em grave risco os aliados da Coreia do Sul e os soldados norte-americanos que lá se encontram estacionados. Além do mais, não está confirmado que a Coreia do Norte seja capaz de produzir ogivas nucleares capazes de serem transportadas num míssil balístico.

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Quatro destinos inspiradores para visitar antes do fim do ano

  • Bloomberg
  • 4 Setembro 2017

Se ainda não fez check-in no hotel The Silo nem tirou uma foto para o Instagram debaixo do tubarão-martelo exposto no novo Museu de Ciência Frost, em Miami, tem trabalho de casa pendente. E rápido.

No início deste ano, a Bloomberg fez uma lista com os 20 destinos mais empolgantes para 2017. Como dois terços do ano já passaram, este parece um bom momento para fazer um balanço de suas aventuras — e decidir como usar os dias que lhe sobram de férias.

Por onde começar? Use as recomendações seguintes como um guia.

Miami

O novo Museu Frost de Ciência tem uma exposição dedicada à ciência do olhar. Isso vai fazer com que pense duas vezes sobre sua perspetiva, tanto de forma metafórica quanto literal.

Cidade do Cabo

Depois de me hospedar no The Silo no mês passado, fico feliz em informar que uma das inaugurações hoteleiras mais aguardadas do ano conseguiu superar as minhas expectativas. As janelas geodésicas, tipo cúpula! Os decantadores de cristal com conhaque de cortesia! As tortas em camadas na hora do chá! Mesmo que o tempo feche na deslumbrante piscina do último andar, ninguém vai querer sair de lá. E não tem problema, porque em setembro o piso térreo vai transformar-se no primeiro museu de arte africana contemporânea do continente, o Zeitz MoCAA.

Vai abrigar a maior coleção do mundo deste tipo, com nove andares de espaço de exposição que incluirão obras de artistas inovadores, como Nandipha Mntambo, da Suazilândia, e Wim Botha, da África do Sul. Ir à Cidade do Cabo e não realizar as épicas aventuras ao ar livre de repente tornou-se uma proposta atraente.

Finlândia

A Aurora Boreal está em um ciclo de escurecimento, o que significa que ela aparece progressivamente com menos frequência desde 2015 e continuará a diminuir por mais oito anos ou mais (essa tendência, que dura uma década, é parte dos ciclos solares normais). Mesmo assim, ainda é fácil encontrar lugares onde vê-la na Lapônia, no norte da Finlândia, na temporada entre setembro e março.

Se ficou com frio só de pensar, vá aquecer-se na Löyly, uma sauna recém-inaugurada no litoral de Helsinque que tem recuperado o glamour de uma tradição que antigamente imperava: casas de banhos abertas para o público.

Sri Lanka

Quer andar num balão aerostático sobre desfiles de elefantes e grupos de baleias-azuis na parte da manhã e fazer um passeio para ver leopardos pela tarde? Este é o tipo de safari que você pode fazer no Parque Nacional de Yala, no sudeste do Sri Lanka — e é a premissa central por trás do Wild Coast Tented Lodge, que abriu em outubro deste ano com 36 luxuosas barracas. Vá por três dias para obter uma boa dose de animais terrestres e marinhos, e depois inclua na viagem alguns dias de praia felizes nas Maldivas.

O hotel de nossa preferência lá é o Soneva Fushi, que tem alguns daqueles bangalôs sobre a água com escorregas que caem diretamente em piscinas privativas.

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Blockchain: Da carne estragada ao setor automóvel

A tecnologia que faz funcionar a bitcoin tem muitas outras aplicações para além da moeda. Está quase a chegar aos carros e até há quem a use para detetar... comida estragada.

Retirar do mercado produtos em circulação é uma tarefa complicada. Tipicamente, acontece quando algo não está como deveria estar. Em 2015, a Volkswagen viu-se obrigada a fazê-lo com 11 milhões de carros, depois do escândalo das emissões poluentes. Este ano, em março, foram notícia as 500 toneladas de carne suspeita que Portugal importou do Brasil. Nos dois casos, falamos de grandes quantidades, cujas unidades em concreto é difícil identificar.

Mas não seria assim se se usasse a blockchain. O sistema que faz a bitcoin funcionar não é mais do que um livro de registos, uma espécie de corrente que regista, de forma inviolável, todas as transações feitas desde que a moeda surgiu em 2007. Facto é que está cada vez mais popular: não só porque a divisa já valorizou na ordem dos três dígitos desde o início do ano, como porque alguns especialistas têm vindo a alertar para o potencial desta tecnologia. Ora, o setor do retalho e o setor automóvel são dois fortes candidatos a verem estes benefícios.

Com um sistema baseado em blockchain, torna-se mais fácil e rápido detetar um lote de produtos que não esteja nas mais perfeitas condiçõesDR

Aliás, o uso da blockchain para detetar comida estragada está muito próximo de ser uma realidade. No final de agosto, a gigante IBM anunciou uma parceria com dez grandes empresas dos setores alimentar e de retalho, no sentido de usar o sistema para isso mesmo: registar o percurso dos alimentos em complexas cadeias de distribuição. Entre elas, companhias como a Nestlé, a Unilever e a Walmart, segundo a Reuters.

A ideia da IBM é ajudar estas empresas a mais facilmente poderem detetar e retirar do mercado algum tipo de produto contaminado ou estragado. A Quartz explica que esta é uma ciência bastante imprecisa. Quando é encontrado um problema, pode levar semanas até se perceber quais os artigos afetados e que têm de ser retirados do mercado. Por um lado, quanto mais tempo demorar o processo, mais provável é a hipótese de estes produtos acabarem à mesa dos consumidores. Por outro, uma decisão de retirar todos os lotes das prateleiras pode representar um custo muito avultado, com outros lotes não afetados a irem, na mesma, parar ao lixo.

Recorrendo a um sistema assente na blockchain, a IBM permitirá que os inspetores da segurança alimentar possam digitalizar o código de barras de um lote que se suspeita estar contaminado e descobrir, exatamente, de onde veio e para onde foi. Ou seja, fica mais fácil perceber a origem dos produtos e em que lojas foram entregues. Por exemplo, a Walmart já experimentou o sistema no âmbito do programa piloto, e foi capaz de descobrir a origem de um lote de mangas em apenas 2,2 segundos, segundo a Forbes. Numa situação normal, poderia demorar uma semana.

Detetando o produto contaminado, é possível recolher só as unidades afetadas, ao invés de todos os lotesPixabay

A lógica é sempre a mesma: acelerar-se o processo, poupando tempo e dinheiro, como explicou ao ECO Louis de Bruin, o responsável da IBM Europa para o segmento de blockchain. Na altura, não deixou margem para dúvidas: “Todos deveriam começar agora mesmo a obter conhecimentos e experiência e a pensar em casos práticos onde a blockchain pode facilitar e simplificar negócios”, disse, numa entrevista por email.

Louis de Bruin também contou ao ECO que a blockchain já é usada internamente, pela empresa e pelos parceiros com quem trabalha. Isso evita erros e oportunidade para fraudes, disse: “Se todos os parceiros tiverem um registo comum, que é a essência da blockchain, todos eles têm acesso imediato aos mesmos dados quando ficam disponíveis”, sublinhou. Mas há outra área onde a tecnológica vê a blockchain a melhorar e facilitar processos. Essa área, como vimos, é o setor automóvel.

Quando há defeitos em automóveis, as marcas recolhem todo o modelo com base no ano. Com a blockchain, podem recolher apenas as unidades afetadasPixabay

Carros? Melhor registar, para não chatear

O cenário é traçado por Mathew Jones, autor de um blogue de tecnologia associado à IBM. Imagine-se que uma fabricante suspeita que algumas oficinas em certos mercados estão a instalar componentes contrafeitos nos carros dos clientes. Como essas componentes normalmente são de qualidade inferior às originais, isso poderá provocar acidentes ou problemas nos automóveis, manchando a credibilidade e a imagem da marca.

“Um sistema baseado na blockchain, conectado a sensores da internet das coisas e a dispositivos inteligentes, permitirá à central de serviço, à fabricante e ao cliente seguir o rasto à origem dos componentes de substituição e ao longo de todos os passos na cadeia de distribuição, até à data de fabrico e localização”, explica Mathew Jones num artigo sobre o tema.

Alguns fabricantes não têm registos de cada componente presente num automóvelPixabay

Este é apenas um dos cenários. Um sistema parecido com aquele que a Walmart experimentou poderá ser usado pelas fabricantes quando têm de recolher carros defeituosos já em circulação. Foi o que aconteceu com a Volkswagen e os 11 milhões de automóveis. No entanto, segundo Mathew Jones, “a maioria das fabricantes não têm uma identificação única de todas as partes de um veículo vendido”. Por isso, quando surgem casos como o da Volkswagen, estas empresas têm de emitir notas de recolha com base “no modelo e ano específico”. E não podem contactar diretamente um cliente a informá-lo de que é um dos visados.

“Um sistema de blockchain que permita às fabricantes identificar todas as componentes irá poupar uma grande quantidade de dinheiro no caso de uma recolha ser necessária no futuro”, continua Mathew Jones. Sem ele, “milhares de clientes” vão continuar a ser importunados desnecessariamente quando acontecem estas situações. E tempo também é dinheiro.

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Revista de imprensa internacional

  • Marta Santos Silva
  • 4 Setembro 2017

O poder nuclear da Coreia do Norte cresce e assusta os especialistas, a independência da Catalunha poderia ter um impacto maior que o Brexit, e outras três manchetes que marcam a atualidade.

A Coreia do Norte continua a mostrar poderes cada vez maiores, Trump escolhe esquecer os imigrantes que entraram no país sem documentos quando eram ainda crianças, e a independência catalã, a verificar-se, poderia ter um impacto muito maior do que o Brexit. Leia aqui as cinco manchetes que marcam a atualidade mundial.

The Washington Post

Coreia do Norte mostra capacidades nucleares ainda maiores

O teste realizado pela Coreia do Norte este domingo foi descrito como um salto inacreditável por peritos em desenvolvimento de armas nucleares, já que a explosão foi cinco vezes maior do que as operadas anteriormente pelo país e poderia destruir uma grande cidade. A Coreia do Norte garante que se tratava de uma arma termonuclear — a ser verdade, isso significaria que o regime autocrático atingiu esse ponto de desenvolvimento muito antes do que previam os especialistas, e que é uma ameaça ainda maior. Leia a notícia completa no Washington Post. (Conteúdo em inglês / Acesso condicionado)

Valor Económico

Gigante chinesa adquire portos brasileiros por 775 milhões de euros

A gigante chinesa China Merchants Port Holdings, que detém portos por todo o mundo, entrou este domingo no Brasil com a assinatura de um contrato para adquirir 90% da empresa do terminal de contentores no Paraná, por 775 milhões de euros. A empresa, a TCP, foi avaliada em mil milhões de euros — o que torna isto “um negócio excelente para os vendedores”, diz o Valor Económico. Leia a notícia completa no Valor Económico. (Conteúdo em português / Acesso gratuito)

El Confidencial

A independência da Catalunha pode ter maior impacto que o Brexit

O banco holandês ING considera que uma potencial independência da região espanhola da Catalunha pode ter um impacto que “proporcionalmente excederia” a saída do Reino Unido da União Europeia. A chamada “Catalexit” traria um período de grande incerteza a nível político, económico e financeiro, especialmente num país que tem liderado a recuperação económica europeia. Leia a notícia completa no El Confidencial. (Conteúdo em espanhol / Acesso gratuito)

Financial Times

Em debate com Schulz, Merkel defende exclusão da Turquia da UE

Num debate que pôs frente a frente os dois principais candidatos à presidência alemã, e em que ambos mostraram ter várias perspetivas em comum, Angela Merkel defendeu que a Turquia não deveria poder aceder à União Europeia. Estas palavras vão certamente aumentar a tensão que já existe entre o presidente turco e Berlim. Schulz atacou Merkel nas questões dos refugiados e da Turquia, mas uma sondagem dos eleitores feita pela televisão ARD deu a vitória a Merkel. Leia a notícia completa no Financial Times. (Conteúdo em inglês / Acesso condicionado)

Politico

Trump vai pôr de parte a amnistia para imigrantes jovens

Um programa que protegia pessoas que foram trazidas para os Estados Unidos enquanto jovens sem documentação ou autorização oficial, conhecido como DACA, vai ser substituído, escreve o Politico, por ordem do presidente Donald Trump, e a ideia de vir a dar amnistia àqueles que já estão abrangidos pelo programa não terão acesso a amnistia. Leia a notícia completa no Politico. (Conteúdo em inglês / Acesso gratuito)

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Moody’s atira juros de Portugal para nova queda

  • ECO
  • 4 Setembro 2017

Os juros da dívida portuguesa a dez anos estão cair para os 2,812%, depois de na sexta-feira a agência Moody's ter melhorado a perspetiva da dívida.

É uma queda transversal a quase todos os prazos. Os juros da dívida estão a corrigir em quase todas as maturidades, sendo as quedas mais expressivas nos prazos mais longos, nomeadamente a dez anos, depois do sinal positivo dado pela agência mais mal disposta, a Moody’s, relativamente à dívida de Portugal.

A yield da dívida a dez anos seguia esta manhã nos 2,812%, ligeiramente abaixo dos 2,841% de fecho de sexta-feira. Regista uma descida de quase três pontos base, sendo que só no prazo a 15 anos se verifica um alívio mais expressivo. Nos prazos mais curtos as quedas são ligeiras.

Foi no final da semana, já após o fecho dos mercados, que a agência Moody’s anunciou que reviu em alta o outlook da dívida portuguesa, de “estável” para “positivo”. Isto quer dizer que nos próximos 12 a 18 meses, a agência poderá melhorar o rating português, que continua em “Ba1”, ainda dentro da categoria de lixo (“junk”).

Para que isso aconteça, o PIB e o défice têm de continuar na mesma trajetória, mas há outro fator que vai pesar na decisão: “o peso muito elevado de dívida” tem de se encaminhar para uma “firme tendência de descida”, avisam os analistas da agência de notação financeira.

A Moody’s seguiu o exemplo da Fitch, que tem também o outlook em positivo desde junho, permitindo assim um alívio nas taxas exigidas pelos investidores no mercado secundário. Isto num dia que está a ser de fuga dos investidores ao risco tendo em conta as crescentes tensões geopolíticas fruto do novo teste nuclear da Coreia do Norte.

Perante a incerteza, os investidores estão a afastar-se das ações, levando à queda dos mercados acionistas europeus, procurando refúgio em dívida de países mais seguros e, claro, do ouro. Os juros da dívida da Alemanha estão também a ceder, mas muito menos do que os de Portugal. Neste sentido, o diferencial de juros entre Portugal e a Alemanha está em 239,91 pontos base.

(Notícia atualizada às 10h50 com mais informação)

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Carlos Costa apela a condições para Portugal acelerar

  • ECO
  • 4 Setembro 2017

Lições aprendidas em Sintra e Jackson Hole, o governador do Banco de Portugal voltou com quatro condições e duas características que podem ajudar a empurrar um país para a frente.

O governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, quer que Portugal seja capaz de “reverter a tendência de desaceleração da produtividade” que se faz sentir em muitos países desenvolvidos.

Num artigo publicado no Público desta segunda-feira [acesso pago], o banqueiro reflete sobre como as condições e as características necessárias para ultrapassar este problema poderiam ser aplicadas no país, após as reuniões com especialistas, académicos e banqueiros centrais, em Sintra, no ECB Forum on Central Banking, e no Jackson Hole Economic Symposium, estado do Wyoming nos EUA.

Por um lado, é necessário que um país seja capaz de inovar tecnologicamente. Para tal, escreve Carlos Costa no Público, uma economia inovadora depende de quatro traços que lhe devem ser inerentes:

  1. Ser altamente competitiva, já que a concorrência obriga as empresas a inovar;
  2. Ter uma população altamente qualificada, numa “cultura de mérito e empreendedorismo”;
  3. Ter um mercado de trabalho com maior flexibilidade;
  4. E ter sistemas financeiros adequados aos mercados de capitais e ao financiamento das empresas.

Além disto, o banqueiro central acrescenta duas condições que significam que as economias que têm as características propícias à inovação retêm os seus benefícios: por um lado, devem ter acesso a um grande mercado, e por outro devem ter uma sociedade que aprenda com os seus insucessos.

“Em Portugal, o reduzido crescimento da produtividade observado nas últimas décadas constitui uma limitação à capacidade de sustentar maiores níveis de consumo sem incorrer em desequilíbrios externos”, argumentou Carlos Costa no Público. “Para termos controlo sobre o nosso futuro temos de ser capazes de aumentar a margem de manobra de gestão das nossas interdependências tanto comerciais como financeiras. (…) Só isso nos permitirá ganhar margem de manobra necessária para agarrar o futuro, libertando-nos das amarras do passado”. E termina: “O futuro está nas nossas mãos!”.

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Grupo sueco compra distribuidora da Toshiba no Porto

A empresa portuguesa de ar condicionados DX Por, que é a maior distribuidora da Toshiba em Portugal, foi adquirida pelo grupo sueco Beijer Ref. Montante do negócio não foi revelado.

A Beijer Ref comprou a empresa portuguesa DX Por, a principal distribuidora de equipamentos da Toshiba em Portugal. A DX Por tem sede no Porto, assenta a atividade no segmento da ventilação e ar condicionado e passa agora a fazer parte do grupo sueco.

O anúncio da compra foi feito pela Beijer Ref num comunicado, sem divulgar o montante pago pelos ativos da DX Por. Segundo a nota, a empresa portuguesa, fundada em 2005, reportou vendas na ordem dos 4.215.849 euros. O mercado estará avaliado em quase 95 milhões de euros.

Na nota, Per Bertland, presidente executivo da Beijer Ref, indica: “Esta aquisição complementa a nossa pegada na Península Ibérica com uma empresa em Portugal e reforça a distribuição dos sistemas de ar condicionado da Toshiba neste país. Está completamente em linha com a nossa estratégia.”

Segundo a Beijer Ref, a compra não deverá afetar “significativamente” os resultados da empresa. A gestão da empresa portuguesa “continuará a ter um papel ativo na companhia”, acrescenta a nota.

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China faz afundar moedas virtuais. Perdas chegam aos 15%

O banco central da China decidiu proibir as ofertas públicas iniciais de moeda (ICO), a operação financeira que dá origem a novas moedas virtuais. Bitcoin derrapa 7%, Ethereum afunda 15%.

Sabe o que é uma ICO? É uma oferta pública inicial de moeda, a operação que faz nascer uma moeda virtual, um método usado por muitas empresas para angariarem capital. O mecanismo tem ganhado popularidade, suportado na valorização estratosférica da maior moeda deste género, a bitcoin. Agora, o banco central da China decidiu declarar a operação ilegal.

Estima-se que o montante aplicado nestas ofertas já tenha alcançado 1,6 milhões de dólares, com os investidores expectantes de recuperar o valor com ganhos muito expressivos. No entanto, o regulador chinês da banca, um dos grandes mercados para as moedas virtuais, solicitou o fim de todas as ICO em curso, uma decisão bastante desfavorável a este mercado em ascensão.

Segundo a Bloomberg, o banco central refere que levou a cabo investigações a organizações e pessoas ligadas a estas operações e concluiu que este tipo de atividades financeiras provocam distúrbios na ordem financeira. Por isso, na ótica do regulador, a atividade deve ser banida.

O banco central da China é o primeiro regulador a pronunciar-se sobre as ICO, numa altura em que se espera que outros países façam o mesmo. No entanto, a decisão está a condicionar o valor das moedas virtuais esta segunda-feira: face à notícia, a bitcoin desvalorizou 7,2% para 4.530,73 dólares, a maior queda desde julho. Já o Ethereum, outra das moedas mais populares, estava a fundar 15,74% para 296,74 dólares a moeda.

Numa ICO, uma empresa ou entidade propõe-se a vender a moeda virtual com base num preço inicial. Quem estiver disposto a pagar esse preço ficará com o valor correspondente nessa nova divisa. As oscilações deste mercado, caracterizado pela sua grande volatilidade, ditarão se o valor investido, ao fim de algum tempo, terá engordado ou emagrecido.

É a lei da oferta e da procura a funcionar, numa operação que muitas empresas estão a usar como forma de angariarem capital. Muitas vezes, estas divisas são apenas válidas nas empresas que as emitem, pelo que a valorização está também dependente da saúde e dos resultados da empresa.

As moedas virtuais assentam numa tecnologia chamada blockchain. Acredita-se que a tecnologia poderá revolucionar o setor financeiro (e não só), mas face às grandes valorizações que estas moedas têm vindo a registas, há também alertas de que as criptomoedas, como também são chamadas, poderão ser uma bolha prestes a rebentar.

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China investe 64 milhões de euros em plano de cooperação com países do BRICS

  • Lusa
  • 4 Setembro 2017

Plano visa reforçar a cooperação económica e tecnológica com os países do bloco de economias emergentes BRICS, anunciou esta segunda-feira o Presidente chinês.

A China vai destinar 500 milhões de yuan (64 milhões de euros) para um plano de cooperação económica com os BRICS. Durante a inauguração da nona cimeira dos BRICS, que reúne os líderes do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, Xi Jinping afirmou que aquele plano visa facilitar os intercâmbios comerciais e de tecnologia entre os países emergentes.

Xi revelou ainda que a China contribuirá com quatro milhões de dólares para a construção das instalações do novo banco de desenvolvimento fundado pelos cinco países do BRICS, cujas obras arrancaram este sábado, em Xangai, a “capital” económica da China.

O Presidente chinês disse que o bloco “tem que explorar o potencial para cooperação”, lembrando que de todo o investimento feito no ano de 2016, pelos cinco países, apenas 5,7% foi entre os respetivos mercados.

“Necessitámos de explorar novas áreas e modelos para garantir um progresso sustentável e estável do mecanismo de cooperação”, disse Xi Jinping.

O bloco BRICS ganhou expressão pela primeira vez em 2001, quando o economista Jim O’Neill, da Goldman Sachs, publicou um estudo intitulado “Building Better Global Economic BRICs”, sobre as grandes economias emergentes.

O grupo reuniu-se pela primeira vez em 2009 — na altura ainda sem a África do Sul — e logo estabeleceu uma agenda focada na reforma da ordem internacional, visando maior protagonismo dos países emergentes em organizações como as Nações Unidas, o Banco Mundial ou o Fundo Monetário Internacional.

Na cimeira em Xiamen participam ainda os líderes do Egito, Guiné, México, Tajiquistão e Tailândia, a convite da China, país anfitrião.

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A nova indústria do Norte celebra com vinho verde

  • Filipe S. Fernandes
  • 4 Setembro 2017

O noroeste português constitui, a par da região metropolitana de Lisboa, um dos grandes motores regionais de desenvolvimento do país.

A região de Entre Douro e Minho tem 31% da população portuguesa, cerca de 3,2 milhões, concentra a população mais jovem do país. Constitui ainda hoje a maior concentração de emprego industrial do país, e o peso relativo da população formalmente empregada no setor primário é bastante reduzido.

O Entre Douro e Minho tem como símbolo o vinho verde, coincide geograficamente com a Região Demarcada dos Vinhos Verdes e estende-se pelo noroeste de Portugal, do rio Minho — que estabelece parte da fronteira com a Espanha –, a sul o rio Douro e as serras da Freita, Arada e Montemuro, a Este as serras da Peneda, Gerês, Cabreira e Marão e a Oeste o Oceano Atlântico. Em termos de área geográfica, é a maior região demarcada portuguesa, e uma das maiores da Europa. Conta-se que os vinhos verdes foram os primeiros vinhos portugueses a ser exportados durante os séculos XVI e XVII. Seguiam dos Vales do Minho e do Lima para o norte da Europa nos barcos que traziam o bacalhau e produtos manufaturados.

Mito ou facto, a história revela a abertura ao exterior desta região, na qual hoje as exportações dos vinhos verdes representam 50% do volume de negócios no setor. Como referiu Manuel Pinheiro, presidente da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV) em 2000, as exportações de vinho Verde representavam apenas 15% das vendas mas fecharam 2016 “como o nosso ano recorde de exportação”, que tem como principais mercados os Estados Unidos da América e a Alemanha. Segundo a CVRVV, que tem 63 aderentes, o vinho Verde é já o segundo vinho mais vendido em Portugal, com 16,8% da quota de mercado, sendo 86% das vendas em vinhos verdes brancos.

A principal empresa portuguesa de vinhos, a Sogrape, foi fundada por Fernando Van Zeller Guedes que estava nos negócios dos vinhos verdes originários da quinta da família Aveleda e dos negócios do vinho do Porto que conhecia. Lançou-se com o vinho rosé Mateus que se tornou um best-seller através das rotas abertas pelo vinho do Porto, “o mais antigo cluster exportador do noroeste” como lhe chamou Felix Ribeiro, que se organizou em torno da produção, envelhecimento e exportação do Vinho do Porto, mais tarde alargando a sua atividade à produção e exportação de vinhos de mesa e que ainda conta com a presença grupos empresariais ingleses como Symington Family Estates, Fladgate, e franceses como a Gran Cruz Porto, Quinta do Noval.

As cepas de vinha subsistem tal como o milho e a indústria que no século XIX colonizaram a paisagem do Entre Douro e Minho, que assim se manteve até aos anos 70/80 do século XX. “A hegemonia da agricultura como principal atividade ocupadora do território dá então lugar a uma nova paisagem marcada por três fenómenos: edificabilidade associada à urbanização dos campos e do litoral; introdução da rede de autoestradas; e apropriação pelas plantações de eucalipto das áreas mais acidentadas e ocupadas por matos, bouças ou pinhais” refere José Manuel Félix Ribeiro e João Ferrão, na obra “Noroeste Global”, uma edição da Fundação Calouste Gulbenkian 2014.

As fileiras agrícolas da região

A agricultura da região de Entre Douro e Minho caracteriza-se, para além da viticultura, pela especialização produtiva em “leite e bovinos de carne”, a horticultura intensiva combinada com extensiva, e a floresta de produção. Como se refere em Noroeste Global, “a consolidação das fileiras de matriz produtivista, que jogam em mercado aberto e competitivo e que, para sobreviverem, mantêm baixos custos unitários de produção (…) Territorialmente cada vez mais circunscritas, apresentam grande concentração produtiva, elevados índices de motorização e recurso às TIC e a serviços de apoio à produção”.

No leite, a progressão tem sido assente na Agros, cooperativa de leite dominante e um dos pilares da empresa Lactogal, a empresa líder de mercado em Portugal no setor dos produtos lácteos. Nesta bacia leiteira de Entre Douro e Minho existiam em 1998 mais de 37 mil produtores, sendo hoje menos de 3.000. Além de pequenas queijarias, a Nestlé — que já tinha em Avanca uma fábrica de farinhas lácteas –, comprou nos anos 1980 a fábrica de iogurtes Longa Vida. Mais recentemente surgiu uma empresa especializada no fabrico de componentes para iogurtes – a Frulact.

A fileira hortícola tem expressão sobretudo na faixa arenosa litoral ao longo das dunas secundárias entre o Mindelo (Vila do Conde) e a Apúlia (foz do Cávado, Esposende). São as chamadas terras de areia por contraste com a terra “preta”, a nascente. Abrange uma área de cerca de 15.000 hectares e expandiu-se em finais do século XIX. Uma boa parte do processo produtivo é endógena e vai desde os viveiros à logística de distribuição (transporte e armazenamento) como refere a obra Noroeste Global.

O livro acrescenta que está também a surgir “a rendibilização de práticas agro-florestais mais brandas, filiadas no pós produtivismo e em modelos eco rurais (agricultura biológica, multifuncionalidade no interior das explorações agrícolas, práticas produtivas mais brandas, ditas agroecológicas, recurso a um maior valor acrescentado pelas IGP – Indicação Geográfica Protegida, DOP – Denominação de Origem Protegida ou ETG – Especialidade Tradicional Garantida), valorizando e rendibilizando componentes imateriais – paisagem e memória do período de saber fazer e viver camponês – da ruralidade ou processos de renaturalização, que procuram compatibilizar produção material e proteção ambiental, reorientando a nossa relação com a natureza e recreando uma nova forma de olhar o campo”.

Com vários centros piscatórios na costa de Viana do Castelo a Espinho-Ovar, a região tem em Matosinhos, Vila do Conde e Póvoa do Varzim, as principais exportadoras de conservas de peixe, como a Ramirez, a Conserveira Poveira, a Gencoal e o Grupo de Conservas Portugal Norte. A região deu ainda origem à indústria de cordoaria para as pescas e a agricultura, em que pontifica a Cotesi do Grupo Violas, o maior produtor mundial de fio agrícola. Do fabrico de cordas, cabos e redes de fibras naturais evoluiu para a cordoaria em materiais sintéticos e, mais recentemente, para a cordoaria metálica para a exploração petrolífera offshore, em que se destacam empresas como a Lankhorst Euronete Portugal, a Cordex, a Sicor ou ainda a Cordenet.

Um motor de desenvolvimento de Portugal

O noroeste português constitui, a par da região metropolitana de Lisboa, um dos grandes motores regionais de desenvolvimento do país. A região de Entre Douro e Minho tem quase 1/3 da população portuguesa, concentra a população mais jovem do país, embora esteja a diminuir o peso quando comparado com Lisboa, e tem um elevada percentagem de população ativa.

Em termos de regiões metropolitanas, o Porto tem 1,7 milhões de habitantes e Lisboa 2,8 milhões, segundo dados do INE de 2015. Em termos de PIB, a região representa 26,6%, com a área metropolitana do Porto a deter uma fatia de 24%. A área metropolitana de Lisboa, onde se situa a capital e se concentram grande parte da administração pública, representa 36,4% do PIB.

Esta região de Entre Douro e Minho constitui ainda hoje a maior concentração de emprego industrial do país, e o peso relativo da população formalmente empregada no setor primário é bastante reduzido. O emprego terciário é importante nos municípios da área metropolitana do Porto, em Braga e, em menor escala, Guimarães e Viana do Castelo.

A região conta hoje também com marcas poderosas e com capacidade de atração e que tem tido impacto no turismo: a região do Douro e os seus cruzeiros e a cidade do Porto que foi eleito o melhor destino europeu de 2017, depois de o ter sido também em 2012 e 2014 pela European Best Destinations. Foi escolhida por 135 mil viajantes (44 mil dos quais em Portugal) num total de mais de 420 mil pessoas de 174 países.

“A visibilidade que este prémio traz é especialmente útil para o setor do turismo, mas é também uma forma de chamar a atenção do Porto como oportunidade de investimento e de empreendedorismo”, refere Rui Moreira, presidente da Câmara Municipal do Porto e da Associação de Turismo do Porto e norte de Portugal.

O povoamento desta região apresenta-se disperso, fragmentado, descontínuo e, de baixa densidade em certas regiões, e é compacto em algumas áreas e disperso noutras. Mas está a sofrer processos de urbanização profundos com um crescimento urbano por extensão-agregação a partir do Grande Porto e de outros núcleos tradicionais (Braga, Aveiro, Guimarães, Santo Tirso, Vila Nova Famalicão, Barcelos, Penafiel-Paredes, Espinho, Viana do Castelo, etc.) da região metropolitana. Por outro lado, crescimento urbano por dispersão, isto é, desenvolvimento de urbanizações autónomas em relação aos tecidos urbanos existentes e localizadas sobretudo em áreas de transição entre o urbano e o rural: numa primeira fase, preferencialmente junto de estações ferroviárias e associadas a habitação secundária (por exemplo, entre Vila do Conde e Póvoa do Varzim ou entre Francelos e Granja); numa segunda fase, dinamizadas pela proliferação de infraestruturas viárias, localizando-se sobretudo ao longo das vias ou em torno dos nós de maior acessibilidade; mais recentemente, baseadas na infraestruturação dos meios rurais.

É uma região densamente povoada com a coroa de concelhos mais interiores a sofrerem com a perda de população e a registar alguns níveis altos de envelhecimento. Se a área metropolitana do Porto apresenta uma evolução positiva no domínio das qualificações, nas outras regiões verifica-se um aumento mas o peso das baixas qualificações não deixa de afetar a produtividade do trabalho e o crescimento.

Portos, auto-estradas e aeroportos

O Terminal de Cruzeiros do Porto de Leixões foi considerado o Edifício do Ano 2017 na categoria de Arquitetura Pública pelo website ArchDaily. O projeto de Luís Pedro Silva foi inaugurado em julho de 2015. O Terminal de Cruzeiros do Porto de Leixões alberga o Parque de Ciência e Tecnologias do Mar da Universidade do Porto e várias unidades de investigação com vocação marítima (da Biologia à Robótica), e ainda o CIIMAR – Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha da Universidade do Porto, uma das mais relevantes unidades de investigação nacionais na área das Ciências Marinhas, integrado num dos únicos 25 Laboratórios Associados ao Estado do país. Em 2016, recebeu 84 navios e 71.799 passageiros, um pouco menos do que em 2015, em que registou 85 navios e quase 80 mil passageiros.

Este terminal faz parte do Porto de Leixões, um dos maiores do país, e é a maior infraestrutura portuária do Norte de Portugal, contando com 5 Km de cais, 55 ha de terraplenos e 120 ha de área molhada e tem terminais de granéis sólidos e líquidos, granéis sólidos agroalimentares, terminais petroleiro e oceânico, cimenteiro, contentores norte e sul (com capacidade conjunta de 600 mil TEU’s), Ro-Ro, Polivalentes. E ainda, conta com o porto de Viana do Castelo como apoio.

Este novo edifício é um símbolo da modernidade da malha de acessibilidades que recobre o Entre Douro e Minho. Há uma rede apertada de autoestradas como a A1 que vai do Porto a Lisboa, a A28 do Porto a Valença pelo litoral, a A4 que liga o Porto a Quintanilha passando por Penafiel e Vila Real.

A rede mais densa do noroeste é composta pelas estradas secundárias (EN, ER e EM) que organizam os interstícios dos eixos de alta capacidade no território metropolitano. Por exemplo, no Ave, muitas vezes esta rede em que se mistura a estrada e a rua, com densidade e contiguidade do edificado com usos mistos (habitação indústria, armazéns, edifícios-montra, etc.), congestionadas, misturando tráfegos de passageiros e mercadorias com locais de atravessamento geram alguma confusão viária e urbana. O Alto Minho ou o Vale do Cávado têm acessibilidades rodoviárias, quer inter, quer intra-regionais com fortes ligações de Braga, Barcelos e Esposende ao Vale do Ave e área metropolitana do Porto, a sul, e ao Minho-Lima e Espanha, a norte.

Em termos de eixos ferroviários tem a linha do Norte, a linha do Douro e as urbanas para Espinho, Aveiro, Caíde e Braga. Braga e Guimarães destacam-se, sendo esta última a única sede de concelho que se encontra integrada nos serviços Alfa Pendular até Faro (passando por Porto e Lisboa) e Inter-Cidades. A Linha do Minho, que faz a ligação da Galiza à Área Metropolitana do Porto. Merecem ainda referência as ligações à Galiza permitidas pelo atravessamento do rio Minho através de ferry boat (a partir de Caminha e de Vila Nova de Cerveira), da nova Ponte Internacional Cerveira/Goian e também da ponte rodoferroviária de Valença (conhecida por Ponte de Valença ou Ponte Internacional de Tuy).

O aeroporto do Porto foi considerado o melhor aeroporto da Europa para estruturas com dimensão entre cinco e 15 milhões de passageiros, distinção atribuída pelo ACI no âmbito do estudo ‘Airport Service Quality’ (ASQ) e baseada em inquéritos de satisfação dos passageiros, tendo registado em 2016 9,4 milhões de passageiros, uma subida de 16% face ao ano anterior). Já o Centro Logístico de Carga Aérea do Aeroporto Francisco Sá Carneiro, construído pela ANA – Aeroportos de Portugal e com capacidade instalada de 60 mil toneladas/ano, destina-se, no essencial, aos grandes operadores de carga, nomeadamente os Integrators. Além do fomento do turismo com as ligações low cost, permite ligações diretas a Lisboa e às maiores capitais económicas europeias (Madrid, Barcelona, Paris, Londres, Roma, Bruxelas, Frankfurt, Munique, Milão, Dublin).

As plataformas logísticas (Maia/Trofa, Leixões e Valença) localizadas nas proximidades de nós de autoestradas dependem da existência de uma rede integrada de transportes de mercadorias. É relevante ainda a articulação com os portos galegos de Ferrol, Corunha e Vigo e outras infraestruturas de transporte, como revela o facto de a fronteira de Tui-Valença ser, a seguir a Vilar Formoso, a segunda com maior tráfego médio de veículos pesados.

O noroeste português detém uma rede de infraestruturas e equipamentos de elevada qualidade, com plataformas logísticas em rotas estratégicas de distribuição, uma boa cobertura por redes de telecomunicações, o aproveitamento das quotas mais elevadas a leste para a exploração da energia eólica e, ainda, o saber e conhecimento acumulados nas várias universidades sediadas na região nestes domínios.

O contexto de acessibilidades inter-regionais reforça o posicionamento do Cávado no noroeste português, ou na “Região urbano-metropolitana do Noroeste”, favorecendo, simultaneamente, o acesso a infraestruturas logísticas de grande escala, designadamente a plataforma urbana do Porto, a plataforma portuária de Leixões, o aeroporto internacional do Porto, a plataforma transfronteiriça de Valença e ainda os portos de Viana do Castelo e Vigo, o aeroporto de Vigo e a plataforma logística de Salvaterra do Miño (Galiza).

A região de Entre Douro e Minho

Considerou-se para análise a região de Entre Douro e Minho como formada pelas seguintes comunidades intermunicipais: Alto Minho (Arcos de Valdevez, Caminha, Melgaço, Monção, Paredes de Coura, Ponte da Barca, Ponte de Lima, Valença, Viana do Castelo. Vila Nova de Cerveira), Cávado (Amares, Barcelos, Braga, Esposende, Terras de Bouro e Vila Verde), Ave (Cabeceiras de Basto, Fafe, Guimarães, Mondim de Basto, Póvoa de Lanhoso, Vieira do Minho, Vila Nova de Famalicão e Vizela), Área Metropolitana do Porto (Arouca, Espinho, Gondomar, Maia, Matosinhos, Oliveira de Azeméis, Paredes, Porto, Póvoa de Varzim, Santa Maria da Feira, Santo Tirso, São João da Madeira, Trofa, Vale de Cambra, Valongo, Vila do Conde e Vila Nova de Gaia) e do Tâmega e Sousa (Amarante, Baião, Castelo de Paiva, Celorico de Basto, Cinfães, Felgueiras, Lousada, Marco de Canaveses, Paços de Ferreira, Penafiel e Resende).

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Ameaça coreana pinta Lisboa de vermelho. BCP cai 1,55%

A bolsa de Lisboa está a derrapar na sequência de mais um teste balístico da Coreia do Norte, o mais poderoso desde que há registo. BCP derrapa e Europa não vê ganhos esta segunda-feira.

As ondas de choque de mais um teste balístico da Coreia do Norte chegaram esta segunda-feira às bolsas. Terá sido o maior teste do regime de Kim Jong-Un, cujo tremor de terra que provocou foi mesmo sentido na vizinha Coreia do Sul. Um tremor que também estará a abalar os mercados.

Enquanto o Stoxx 600 caía 0,59%, a bolsa de Lisboa recuava 0,48% com esta notícia. A pressionar a bolsa estava, sobretudo, o BCP, com uma queda de 1,55% para 0,2230 euros por ação. Destaque negativo também para a Galp Energia, EDP, EDP Renováveis e Jerónimo Martins e CTT, todas perdas entre 0,15% e 0,71%.

De todas as cotadas, apenas a Ibersol registava ganhos de 3,91%, depois de ter reportado, na semana passada, um lucro de 9,7 milhões de euros no primeiro semestre deste ano.

A ameaça da Coreia do Norte, que garante ter testado uma bomba termonuclear (bem mais poderosa do que as bombas de Hiroxima e Nagasaki), foi recebida com estrondo na Casa Branca. O Presidente Donald Trump ameaçou com novas sanções económicas, que se poderão estender a qualquer país que mantenha relações com o regime e Kim Jong-Un.

A escalada das tensões geopolíticas é um tema que deverá voltar a condicionar os mercados bolsitas esta semana, face às preocupações de que uma eventual guerra nuclear poderá estar iminente. O ouro, o ativo de refúgio por excelência, subia quase 1% para mais de 1.338 dólares a onça.

“Se a Coreia do Norte aumenta as provocações para protestar contra as sanções e a pressão da comunidade internacional, as tensões na Península da Coreia poderão escalar para um nível diferente dos anteriores. Ainda assim, a possibilidade de um incidente militar é baixa”, disse Chang Jaechul, economista chefe da KB Securities Co.

(Notícia atualizada às 9h com mais informações)

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