Depois da Apple, Wall Street abre em queda e aguarda Fed

Os resultados da Apple não corresponderam às expectativas dos mercados e Wall Street retrai-se esta quarta-feira. Os investidores estão a aguardar a decisão da Fed relativa à política monetária.

As bolsas norte-americanas aguardam esta quarta-feira o desfecho da reunião da Reserva Federal dos Estados Unidos. Depois de ontem ter fechado em terreno positivo, Wall Street abriu hoje em queda. Além da decisão da Fed, existem várias empresas que vão apresentar os seus resultados relativos ao primeiro trimestre do ano, inclusive o Facebook e a Tesla.

A puxar para terreno negativo está a Apple, cujos resultados divulgados esta terça-feira não corresponderam às expectativas dos mercados. As ações da gigante tecnológica estão a cair 1,6% para os 145,19 dólares por título. O Nasdaq segue a tendência, estando a desvalorizar 0,40% para os 6.070,51 pontos. O S&P 500 afunda 0,22% para os 2.385,91 pontos e o Dow Jones cai 0,17% para os 20.913,70 pontos.

Os investidores esperam uma manutenção do rumo da política monetária. “Ninguém espera mudanças na política”, referiu Hussein Sayed, estratega da FXTM. “Será que a Fed vai reconhecer o abrandamento económico e reduzir as expectativas para mais subidas em 2017? A Fed deverá deixar as respostas para esta questão e, com base nisso, os investidores vão reagir”, acrescentou. No primeiro trimestre de 2017, a economia dos Estados Unidos abrandou o ritmo de crescimento para valores de há três anos.

Esta quarta-feira o Departamento da Energia dos EUA vai divulgar os dados referentes às reservas de energia, o que irá pressionar a cotação do petróleo. Ultimamente a tendência tem sido de aumento da produção dos Estados Unidos, o que tem contrariado os esforços da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) para reduzir o excesso da matéria-prima no mercado.

Ainda hoje empresas como o Facebook, a Tesla e a Time Warner vão apresentar os resultados financeiros relativos ao primeiro trimestre deste ano.

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Cinco números gordos que engordam as contas da Apple

A Apple prestou contas relativas ao primeiro trimestre. Dos lucros às vendas, passando pela pilha de dinheiro em cofre e pelas dívidas, conheça estes cinco números gordos nas contas da fabricante.

Descubra os cinco números gordos que compõem os últimos resultados trimestrais da Apple.Pixabay

Caía a noite em Lisboa quando, do outro lado do Atlântico, o presidente executivo da Apple, Tim Cook, anunciou que, entre janeiro e março, a fabricante do iPhone gerou 52,9 mil milhões de dólares em receitas. “Estamos muito satisfeitos com estes números”, rematou. Mas, no ECO, decidimos olhar para além das receitas: descubra os cinco números gordos que mais se destacam nas contas trimestrais da Apple — um a um.

 

Mais importante do que o dinheiro que entra, é o dinheiro que fica. No primeiro trimestre do ano, que é o segundo trimestre fiscal para a marca, ficaram na empresa 11,03 mil milhões de dólares de lucro. O valor compara com os 10,52 mil milhões de dólares de lucro registados no período homólogo. Mas, se compararmos o valor com o primeiro trimestre de 2015, o lucro da Apple caiu 18,7% — nesse período, foi de 13,57 mil milhões de dólares.

 

Os cofres da Apple nunca estiveram tão cheios: a 1 de abril, a empresa tinha 256,8 mil milhões de dólares em conta. É quase tanto quanto toda a riqueza económica gerada pela Irlanda e o montante chegava para pagar aproximadamente 97,6% da dívida pública portuguesa. No entanto, deste valor, 240 mil milhões de dólares estão fora dos Estados Unidos, ou cerca de 93,5%. Os investidores especulam que a Apple vá repatriar a totalidade ou parte deste capital, com o apoio das novas medidas fiscais de Donald Trump para as empresas. Por curiosidade, todo este dinheiro chegaria ainda para comprar mais de 395 milhões de iPhones de última geração.

 

O iPhone é o principal produto da Apple, representando quase 63% das receitas da marca. Nos primeiros três meses de 2017, a Apple vendeu 50,76 milhões de unidades, com uma receita associada de 33,25 mil milhões de dólares. As vendas ficaram abaixo das expectativas e mostram uma desaceleração em termos homólogos: no primeiro trimestre de 2016, a marca vendeu 51,19 milhões de telemóveis. O número pode ser explicado, em parte, com o facto de os consumidores estarem a aguardar pelo próximo modelo que a marca deverá lançar no outono. O novo iPhone vai assinalar os dez anos do produto e aguarda-se uma edição premium cheia de novidades, como o ECO já resumiu aqui.

 

A marca da maçã decidiu adicionar mais 50 mil milhões de dólares ao capital que planeia devolver aos acionistas nos próximos tempos, pondo a fasquia nos 300 mil milhões de dólares para os acionistas até março de 2019. Trata-se de um plano ambicioso, dividido em duas partes: recompra de ações no valor de 210 mil milhões de dólares; pagamento de dividendos aos acionistas no valor de 63 cêntimos de dólar por título (um aumento de 10,5% em relação ao dividendo estipulado anteriormente). A empresa de Tim Cook torna-se, assim, a maior pagadora de dividendos do mundo, o que compara com o período de Steve Jobs, altura em que a empresa não distribuía dividendos de todo.

 

Da mesma forma que foi do oito ao 80 no campo dos dividendos, a Apple também o fez no campo da dívida — literalmente. A 1 de abril, acumulava uma dívida de longo prazo no valor de 84,53 mil milhões de dólares enquanto, no início do ano fiscal, em novembro do ano passado, era de 75,4 mil milhões de dólares. Mas este valor era nulo em 2012, com Steve Jobs aos comandos da nave. Lembre-se: a maior pilha de dinheiro está fora do território norte-americano e a empresa não pagava dividendos. Com Tim Cook a liderar, a Apple já paga dividendos. Porém, face aos altos custos que implica trazer dinheiro de fora do país, a Apple tem optado por emitir dívida para ter como pagar aos acionistas.

Infografias por Raquel Sá Martins.

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PSD: Fecho de balcão da CGD em Almeida é “inaceitável”

  • Lusa
  • 3 Maio 2017

O presidente dos Autarcas Social Democratas considera "inaceitável" o encerramento de uma agência na única sede de concelho, em Almeida.

O presidente dos Autarcas Social Democratas solicitou hoje à administração da Caixa Geral de Depósitos que peça desculpa ao presidente da Câmara de Almeida pelo cancelamento de uma reunião após a ocupação da agência, “ato que empobrece a democracia”. O partido considera “inaceitável” que o banco público encerre uma agência na única sede de concelho.

Em conferência de imprensa na sede nacional do PSD, em Lisboa, Álvaro Amaro lamentou a existência de uma “confusão democrática” já que a Caixa Geral de Depósitos (CGD) justificou o cancelamento da reunião de terça-feira com o presidente e o vice-presidente da Câmara de Almeida – que se descolaram a Lisboa e acabaram por ser recebidos pelo diretor-geral – com o facto de a agência ter sido ocupada pela população.

“Ontem [terça-feira] o país assistiu a um ato que empobrece a democracia. Quando uma administração da Caixa, um banco público, se recusa a receber um eleito, um autarca eleito por um povo de Almeida com um argumento de que não podem recebê-lo porque estava o povo concentrado na agência que a CGD quer encerrar, queria pedir à administração da Caixa que peça desculpa ao presidente da Câmara de Almeida e, nele, a todos os autarcas”, disse.

O presidente dos Autarcas Social Democratas manifestou a sua indignação porque “um autarca não é um funcionário” e “não dá ordens ao povo”, tendo, em nome dos eleitos pelas populações, apelado “à administração da CGD que peça desculpa”.

Para Álvaro Amaro, que também é presidente da Câmara Municipal da Guarda, o banco público não “pode comportar-se apenas e só pela lei de mercado”. “Não sei se a CGD dá lucros ou prejuízo, mas tão importante quanto isso é a componente de olhar para o território de todo o país”, defendeu.

O social-democrata considerou “inaceitável que, na reestruturação da CGD, se encerre uma agência na única sede de concelho”. Questionado se o Governo deveria intervir mais nesta decisão, Álvaro Amaro recordou que quem nomeia a administração é o Governo e por isso não deve lavar as mãos como Pilatos em duas componentes tão importantes.

“O senhor primeiro-ministro não terá gostado. Aqui lhe deixo este repto, que não terá gostado como ex-autarca de não ver respeitado um autarca por uma administração nomeada”, defendeu. Os habitantes de Almeida, no distrito da Guarda, decidiram na terça-feira dar mais um dia à administração da CGD para que possa repensar a manutenção do balcão local.

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Cristas: Integração de precários é “institucionalizar cunha”

  • Lusa
  • 3 Maio 2017

A dirigente do CDS-PP afirmou que o Governo vai dar aos sindicatos o poder de "meter a cunha" para a entrada de funcionários públicos através das comissões bipartidas que se formarão.

A líder do CDS-PP, Assunção Cristas, acusou hoje o Governo de querer “institucionalizar a cunha” no processo de regularização de precários, admitindo que o partido possa chamar o ministro Vieira da Silva ao parlamento.

No encerramento das jornadas parlamentares do CDS-PP, Assunção Cristas disse que o partido está preocupado com várias situações de “atropelamento diário de regras” e apontou como exemplo o processo de regularização dos trabalhadores precários na função pública.

“Hoje somos surpreendidos com a notícia de mais um atropelo: o Governo vai dar a voz aos sindicatos para, não diria selecionar, mas pelo menos meter a cunha“, afirmou Cristas.

Os trabalhadores precários do Estado podem pedir a avaliação da sua situação entre 11 de maio de 30 de junho, de acordo com a portaria publicada hoje em Diário da República. Durante este período, os sindicatos podem também alertar os dirigentes máximos dos serviços para situações de precariedade de que tenham conhecimento e que pretendam ver avaliadas.

“É a institucionalização da cunha pelos sindicatos”, criticou Assunção Cristas, dizendo que, a confirmar-se, o grupo parlamentar do CDS-PP deverá chamar o ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social a dar explicações na Assembleia da República.

A líder do CDS-PP sublinhou que existe em Portugal liberdade sindical e de as pessoas se vincularem ou não a sindicatos. “Pergunto-me se os sindicatos se lembrarão dos que não são sindicalizados nesta seleção”, questionou, no encerramento das jornadas que decorreram desde terça-feira no distrito de Aveiro.

Na portaria, assinada pelos ministros do Trabalho e das Finanças, está previsto que as associações sindicais e as comissões de trabalhadores possam “comunicar aos dirigentes máximos dos órgãos, serviços ou entidades as situações de exercício de funções que correspondam a necessidades permanentes e sem o adequado vínculo laboral de que tenham conhecimento”.

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CIN compra espanhola Gosevan

A CIN, líder ibérica de tintas e vernizes e que factura 210 milhões de euros comprou a Gosevan, empresa com sede em Madrid. Com esta aquisição empresa de João Serrenho reforça presença em Espanha.

A CIN, líder ibérica de tintas e vernizes, reforçou a sua presença em Espanha com a compra da Gosevan, fabricante de tintas em pó com sede em Madrid. O valor do negócio não foi revelado.

A transação tem data de um de março e vai implicar que os ativos da empresa espanhola passem para uma nova companhia, a CIN Gosevan, adianta a CIN, empresa que fechou o ano de 2016 com um volume de negócios de 210 milhões de euros, em comunicado enviado às redações. Para acrescentar: “com sinergias com a unidade produtiva já existente em Portugal, esta aquisição tem como objetivo a integração dos conhecimentos e capacidades técnicas e produtivas, obtendo um todo mais forte e ágil com soluções disponíveis para os diferentes mercados.”

João Serrenho, presidente da CIN adianta no mesmo comunicado que “acolhemos todos os colaboradores de braços abertos e estamos certos que integrarão de forma rápida e natural a equipa existente”. O presidente da CIN não tem dúvidas e adianta que “Juntos seremos mais fortes: numa só equipa, vamos juntar o conhecimento e experiência no mercado de duas grandes marcas”.

"Juntos seremos mais fortes: numa só equipa, vamos juntar o conhecimento e experiência no mercado de duas grandes marcas”

João Serrenho

Presidente da CIN

Já o anterior gerente da Gosevan, Lucio San Martin e que se mantém como responsável da CIN Gosevan adianta que: “A Gosevan sempre se diferenciou pela inovação, qualidade, um serviço de excelência e exigência e uma gama de produtos versáteis”.

Para o responsável da nova empresa: “Esses valores que nos identificam são também os valores da CIN, pelo que estamos seguros que a integração correrá de forma rápida e serena, criando novas oportunidades para a CIN Gosevan e para a CIN”.

Fundada em 1965, a Gosevan produz e comercializa tintas em pó, tendo uma capacidade produtiva anual de 15 mil toneladas e um volume de negócios superior a 8,3 milhões de euros, dados de 2016. Do montante total de faturação 66% é para exportação.

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Le Pen atrás nas sondagens mas com um plano para mudar isso

  • Marta Santos Silva
  • 3 Maio 2017

As sondagens mais recentes continuam a dar vantagem ao centrista Emmanuel Macron, mas Marine Le Pen pode ganhar? A reviravolta dependeria de convencer as pessoas certas a ficar em casa.

As sondagens parecem dar segurança a quem teme uma França com Marine Le Pen ao leme: todas dão a vitória ao centrista independente Emmanuel Macron. No entanto, a distância entre os dois candidatos tem estado a encolher desde a primeira volta das eleições, a 23 de abril, à medida que nos aproximamos do próximo domingo, quando os franceses tomarão a decisão final. E Marine Le Pen tem uma estratégia clara para voltar a subir: tem de convencer certos eleitores a ficar em casa e outros a levarem-na a sério.

Segundo o centro de sondagens Ipsos, a 23 de abril as intenções de voto em Macron na segunda volta eram de 62% para 38% em Le Pen.

Poucos dias depois, numa sondagem do CEVIFOP realizada para o jornal Le Monde entre 30 de abril e 1 de maio, a diferença já era de 59% para 41%. Os jornalistas do Le Monde assinalam a solidez da escolha: dos que contam votar em Macron, 91% dizem que já decidiram com certeza, assim como 88% dos que esperam votar em Le Pen.

No entanto, existem fragilidades, e uma das principais está em quem irá mesmo às urnas no domingo para votar. O Le Monde destaca que se estima que a participação seja superior na segunda volta, presumindo que 76% dos eleitores franceses se desloquem para colocar o voto na ranhura, mas falta saber quais: se quem votou em Macron e Le Pen na primeira volta está muito mobilizado, outros eleitores desiludidos estão bastante menos. É disso que Le Pen terá de se aproveitar se quer ultrapassar Macron no dia D: dizer uma coisa a uns e outra oposta a outros.

Conservadores: Não tenham medo

O primeiro passo para Marine Le Pen é recolher o voto dos conservadores que apoiaram François Fillon e que veem Emmanuel Macron como uma opção demasiado esquerdista ou demasiado europeísta. O jovem candidato tem defendido a União Europeia com unhas e dentes, chegando ao limite de acenar bandeiras das estrelas sobre fundo azul nos seus comícios, e os estrategos de Le Pen apercebem-se de que existe um espaço intermédio por ocupar para aqueles que não defendem necessariamente uma saída do euro ou da UE mas uma maior soberania para França.

É essa posição que tem tentado suavizar desde a primeira volta, assegurando que qualquer ação a nível europeu dependeria de um referendo e que “não faria nada” conta a vontade popular. A Europa, afirmou, citada pelo Politico, pretende-se “feliz”, e apelou aos eleitores conservadores que nada temessem, procurando antes voltá-los contra Macron ao classificá-lo como mais um banqueiro. “Eles já vos fizeram sofrer o suficiente”, afirmou a líder do partido de extrema-direita Frente Nacional num comício em Nice. “Não tenham medo da vossa liberdade, dessa maravilhosa liberdade de expressão, porque vocês não lhes devem nada”.

O mesmo jornal europeu Politico destaca que Le Pen tem também procurado recolher votos no sul de França, onde ainda havia muitos apoiantes do ex-presidente Nicolas Sarkozy, adotando posturas que lhe pertenciam e que os eleitores vão reconhecer, como facilitar as regras que permitem aos polícias alvejar pessoas que considerarem ameaças.

Esquerdistas: Fiquem em casa

Ainda antes da primeira volta já se falava de um “exército de abstencionistas” — os apoiantes de Jean-Luc Mélenchon, o candidato mais encostado à esquerda que saiu reforçado por um esvaziamento do Partido Socialista francês e por uma política ecologista e que defendia uma democracia mais participativa. O medo? Que sem Mélenchon na segunda volta, os seus apoiantes não fossem capazes de votar no “banqueiro Macron” para prevenir uma presidência de Le Pen, e preferissem em vez disso ficar em casa. É precisamente essa a estratégia que Le Pen está a tentar adotar.

Uma apoiante de Marine Le Pen exibe um pin da candidata francesa.Marlene Awaad/Bloomberg

Inicialmente, Jean-Luc Mélenchon mostrava-se receoso em fazer recomendações de voto aos seus apoiantes do movimento França Insubmissa. No entanto, à televisão TF1, acabou por tornar a sua posição mais clara: “Eu não votarei Frente Nacional, eu combato a Frente Nacional. E digo a todos os que me escutam: não cometam o erro terrível de deitar um boletim de voto pela Frente Nacional, porque empurrariam o país para um incêndio generalizado do qual ninguém vê saída”. No entanto, não foi claro o suficiente para apelar ao contrário: um voto em Macron.

Uma consulta aos simpatizantes do movimento França Insubmissa, citado pela francesa LCI, mostra que a maioria dos “insubmissos” rejeitam Emmanuel Macron — 36% dos mais de 240 mil sondados disseram que prefeririam votar branco ou nulo, e 29% que se iriam abster. Só 34% dos candidatos colocam a hipótese de votar em Macron, e nem sequer lhes foi perguntado se quereriam votar em Le Pen. Uma apoiante de Mélenchon entrevistada pelo canal Brut (e que vai, contrariada, votar em Macron) disse que sugerir que havia proximidade entre os candidatos da extrema-direita e da extrema-esquerda era “gozar com a cara das pessoas em direto”.

Sabendo que os “insubmissos” não votarão nela, Le Pen tem trabalhado, porém, para acalentar um ódio a Macron, que pinta como banqueiro, “narcisista”, próximo das políticas do extremamente impopular François Hollande, e um capitalista que vai “fazer a guerra” contra os direitos dos trabalhadores. Segundo o Politico, este trabalho de tentar fortalecer a abstenção pode ser o melhor caminho. “Le Pen precisaria de uma taxa de participação de 90% entre os seus apoiantes e de 70% junto dos de Macron para vencer”, mesmo que ele continue a avançar nas sondagens. Falta contar as cruzes que, no domingo, entrarem mesmo nas urnas.

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Cortiça caminha para os mil milhões em exportações

  • Lusa
  • 3 Maio 2017

Setor fechou o ano de 2016 com vendas ao exterior de 937,5 milhões de euros, mais 4% face ao ano anterior. Valor representa 7,5% das exportações nacionais.

O setor da cortiça bateu em 2016 todos os recordes, com 937,5 milhões de euros em exportações, mais 4% face a 2015, o que confirma a confiança de empresários e investidores, indicou hoje a Associação Portuguesa da Cortiça (APCOR).

A indústria exporta 90% da produção para 133 países, sendo que a rolha de cortiça se mantém como “produto premium”, com um peso de 72% no total das exportações, refere em comunicado.

Seguem-se os materiais de construção a representar 25% do total e outros produtos com 3%, sendo que as novas aplicações apresentam “um elevado potencial de crescimento”, segundo a APCOR.

Para o presidente da APCOR, João Rui Ferreira, o recorde alcançado “é o resultado de mais uma etapa do processo iniciado pela cortiça já há alguns anos, no sentido de se afirmar não só no mundo do vinho, no qual quer continuar a provar que é o melhor vedante, como também através de uma busca incessante de novas aplicações”.

"é o resultado de mais uma etapa do processo iniciado pela cortiça já há alguns anos, no sentido de se afirmar não só no mundo do vinho, no qual quer continuar a provar que é o melhor vedante, como também através de uma busca incessante de novas aplicações”

João Rui Ferreira

Presidente da APCOR

Em relação ao saldo da balança comercial do setor, este é “extremamente positivo”, sendo que a diferença entre as exportações e as importações é de 763,9 milhões de euros.

Em 2016, a cortiça representou 7,5% do total das exportações portuguesas.

O sucesso alcançado em 2016 é considerado uma consequência do “esforço na renovação de processos e produtos, do investimento em inovação e da política de comunicação internacional consciente e sustentável ao longo dos últimos 15 anos”.

O “top 5” dos principais mercados da cortiça é liderado pela França, representando 19% das exportações deste produto, um acréscimo de 10% face a 2015, seguindo-se os Estados Unidos com 18%, a Espanha com 12%, Itália com 10% e, finalmente, a Alemanha com 8%.

Os materiais de construção têm como principal destino a Alemanha com 22%, seguindo-se os Estados Unidos com 16% e a Espanha com 11%, um crescimento de 4% em 2016 face ao ano anterior.

“Para 2017 o objetivo é chegar aos 1.000 milhões de euros de exportações”, disse João Rui Ferreira, lembrando que a APCOR vai continuar atenta àqueles que considera ser os três grandes pilares da cadeia de valor do setor, com uma “aposta clara” no mercado, na evolução da indústria e na proximidade com a produção, para que possa “ter mais e melhor cortiça em Portugal”.

Fundada em 1956, a APCOR está no mercado há 60 anos e é hoje a única associação patronal do setor em Portugal, representando atualmente 270 empresas responsáveis por 80% do volume total de negócios do setor e 85% das exportações portuguesas de cortiça.

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Louçã: PS e governo “ficam comprometidos” com relatório da dívida

O economista considera que o relatório sobre a dívida elaborado pelo PS e BE é uma "viragem histórica assinalável".

“Comprometidos”: é assim que Francisco Louçã considera que o PS e o governo ficam em relação a uma eventual negociação da reestruturação da dívida nacional com as autoridades europeias, no seguimento do relatório sobre a restruturação da dívida apresentado pelo Partido Socialista (PS) e Bloco de esquerda (BE). A ideia é defendida pelo economista, e antigo coordenador do BE, num artigo de opinião publicado esta quarta-feira no Público (acesso condicionado).

Num texto em que salienta aquelas que considera serem as três grandes novidades do Relatório sobre a Sustentabilidade das Dívidas Externa e Pública, apresentado pelo PS e pelo BE no passado dia 28 de abril, num desses pontos Francisco Louçã salienta o facto de esta ser a primeira vez na sua história que o PS “se compromete com uma proposta de reestruturação”, naquilo que considera ser uma “viragem histórica assinalável”.

“Estes 70 mil milhões não são a proposta de sempre do PS (onde é que já tinham visto isto?) nem muito menos são “micro soluções”, ou uma “migalha” que “sempre é pão”, como ligeiramente disse um dirigente político (70 mil milhões é uma migalha no prato de quem?)”, começa por dizer o economista, alertando contudo para o facto de esta proposta também comprometer tanto o PS como o governo liderado por António Costa numa eventual negociação com as autoridades europeias. “É simplesmente a proposta mais forte que já foi feita sobre a reestruturação da dívida, pelo facto único de ter um compromisso maioritário como jamais alguma proposta tinha obtido – agora, o PS e o seu governo ficam comprometidos com uma negociação concreta que devem conduzir com as autoridades europeias“, especifica Francisco Louçã.

Relativamente à postura da direita, o economista que fez parte do grupo de trabalho que elaborou na elaboração do relatório, mostra-se crítico. “Acho entusiasmante que os comentadores de direita desprezem a proposta, afirmando que só se trata de uma negociação europeia. Só? Dizem então que acham pouco. Pouco? Mais satisfeito fico por caírem na sua própria esparrela: precisamente por ser uma negociação europeia com objetivos quantificados, ficamos todos em condições de exigir conclusões dessas negociações”, escreve Francisco Louçã. E conclui: que “se elas resultarem, temos um grande primeiro passo na reestruturação da dívida, os tais mais de 70 mil milhões. Se falharem ou inexistirem, alguma coisa se concluirá sobre o campo de possibilidades na União”.

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As empresas estão menos endividadas. Em parte porque muitas fecharam as portas

  • Margarida Peixoto
  • 3 Maio 2017

Os níveis de endividamento das empresas têm vindo a diminuir. A tendência é positiva, mas os dados escondem uma dura realidade no terreno: isto acontece, em parte, porque muitas fecham as portas.

Ao longo dos últimos anos, as empresas têm conseguido reduzir os seus níveis de endividamento. Os dados do Banco de Portugal mostram que tem sido assim desde 2012. Mas parte desta redução aconteceu porque muitas empresas fecharam atividade, mostra o Boletim Económico publicado esta quarta-feira.

O processo é conhecido como “desalavancagem das empresas privadas não financeiras” e é, genericamente, uma evolução no sentido que é preciso: enquanto as empresas não baixarem os seus níveis de endividamento, a sua capacidade de investimento e de crescimento continuará limitada.

"A melhoria da situação financeira agregada das empresas portuguesas deve-se em parte à saída do mercado das empresas mais endividadas e menos rentáveis.”

Banco de Portugal

Boletim Económico de maio

Mas o Banco de Portugal veio acrescentar um dado importante para perceber o que tem acontecido no terreno e não apenas na teoria dos números. “A melhoria da situação financeira agregada das empresas portuguesas deve-se em parte à saída do mercado das empresas mais endividadas e menos rentáveis”, lê-se numa caixa do boletim.

Traduzindo, quer dizer que um contributo importante para a melhoria do rácio — a análise concentra-se nos anos de 2011 a 2015 — resulta não tanto da capacidade de as empresas amortizarem as suas dívidas e contraírem menos empréstimos, mas antes porque as empresas mais endividadas têm fechado atividade, deixando a sua dívida de pesar na estatística.

“O contributo negativo para a variação da dívida decorrente da saída de empresas do mercado foi particularmente evidente em 2015”, adianta ainda o documento. É que, em média, as empresas que fecham atividade são 33,9 pontos percentuais mais endividadas do que as que permanecem.

Os economistas do Banco de Portugal verificaram que o contributo do encerramento de empresas para o rácio da dívida é particularmente significativo no universo das pequenas e médias empresas (em 2015 este contributo foi de cerca de nove mil milhões de euros), e menos relevante entre as grandes empresas (ficou-se em torno de 1.500 milhões de euros). Por setores de atividade, destaca-se um contributo mais relevante na construção, seguido pelo comércio e em menor medida na indústria transformadora.

Para além de mostrar a dureza do ajustamento no terreno, a análise do Banco de Portugal evidencia que parte da redução do endividamento visível no universo empresarial não representa o fim de um problema, mas antes se reflete numa dificuldade para as instituições financeiras, que ficam a braços com dívida difícil de recuperar. O boletim nota que “mesmo após o encerramento de uma empresa, a existência de ativos e de garantias pessoais permite que uma parte da dívida possa ainda ser amortizada”, razão pela qual esta dívida não desaparece, de imediato e por inteiro, dos balanços dos bancos. Mas esta questão não foi aprofundada pelos economistas.

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Política expansionista do BCE reduz desigualdades. Mas o inverso também se aplica

  • Margarida Peixoto
  • 3 Maio 2017

A política monetária expansionista tem um impacto positivo na redução das desigualdades em Portugal. O problema é que o inverso também se aplica e os estímulos do BCE deverão ter os dias contados.

A atual política do Banco Central Europeu está a contribuir para a redução das desigualdades na economia portuguesa. A conclusão é de um estudo do Banco de Portugal, publicado com o Boletim Económico de maio e divulgado esta quarta-feira. O problema é que esta política — acomodatícia — já tem os dias contados e quando a estratégia passar a ser mais restritiva, é de esperar que tenha precisamente o efeito inverso.

Os economistas do Banco de Portugal partiram de uma pergunta: qual o impacto de manter uma política monetária expansionista durante tanto tempo — como está a fazer a instituição liderada por Mario Draghi — na distribuição da riqueza?

As respostas foram bastante robustas: os dados apontam para um efeito positivo na redução das desigualdades. Isto mesmo tendo em conta uma avaliação da riqueza no sentido lato, em que se leva em consideração não apenas a riqueza patrimonial, mas também a riqueza humana que decorre dos rendimentos expectáveis do trabalho para determinado nível de qualificações. “O efeito distributivo de valorizações de ativos [é] mais fraco na riqueza em sentido lato do que na riqueza líquida”, reconhecem os especialistas.

"O efeito distributivo de valorizações de ativos [é] mais fraco na riqueza em sentido lato do que na riqueza líquida.”

Banco de Portugal

Boletim Económico de maio

Mas, ainda assim, verifica-se o efeito positivo em termos globais. O estudo adianta que o impacto verificado através dos canais de transmissão considerados mais relevantes — a variação do preço dos ativos (como por exemplo o preço da habitação), a rentabilidade dos negócios por conta própria, a rentabilidade dos depósitos bancários, os custos dos empréstimos para habitação e consumo e os rendimentos do trabalho — é positivo para a redução das desigualdades em quase todos os casos.

A única exceção é o impacto que o aumento do valor das empresas: neste caso, a política monetária acomodatícia, que tem vindo a ser seguida pelo BCE, promove a desigualdade. Mas este efeito é compensado pelos verificados através dos restantes canais de transmissão.

Até no emprego, por exemplo, verifica-se que o efeito positivo da recuperação do emprego beneficiou de forma mais ou menos equivalente os diferentes níveis de riqueza em sentido lato. Isto acontece porque são os jovens os primeiros a encontrar emprego e estes estão distribuídos de forma mais ou menos uniforme pelos diferentes quintis de riqueza da população.

O problema é que os resultados são de tal forma consistentes, que é natural que quando a política monetária passar a ser mais restritiva — o que deverá acontecer a partir do final deste ano — o impacto na desigualdade deverá ser invertido, passando a contribuir para um agravamento. A dimensão desse efeito vai depender da duração de uma eventual política restritiva e dos instrumentos concretos encontrados para a aplicar. Mas os canais de transmissão deverão manter-se, ainda que com impactos de magnitude diferente.

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China: “Uber dos camiões” já é um unicórnio

  • Lusa
  • 3 Maio 2017

A empresa chinesa Houchebang, apelidada por muitos como a "Uber dos camiões", angariou mais 156 milhões de dólares em financiamento e é agora avaliada em mais e mil milhões de dólares - um unicórnio.

A “Uber dos camiões” chinesa, Huochebang, que liga camionistas a empresas que precisam de transportar as suas mercadorias, vale já mais de mil milhões de dólares (915,6 milhões de euros), informou hoje a revista Caixin.

A ronda de financiamento, liderada pelo motor de busca Baidu — o Google chinês –, permitiu à Houchebang arrecadar 156 milhões de dólares (142,9 milhões de euros). A empresa assegura que poupa mais de 60.000 milhões de yuan (7.973 milhões de euros) anualmente em combustível aos cinco milhões de camionistas do país, maximizando cada deslocação.

O capital recebido pela Houchebang servirá para expandir os seus negócios de serviços de camiões, alargar a sua base de usuários e contratar mais pessoal, segundo fonte da empresa citada pela revista de informação financeira Caixin. A empresa foi fundada em 2011 com o apoio do gigante chinês da internet Tencent e conta atualmente com 2,6 milhões de veículos registados e 2,3 milhões de condutores.

O seu sucesso consiste em ligar a indústria do transporte com camiões, um setor que na China se encontra fragmentado e é composto sobretudo por camionistas independentes, que representam 75% dos carregamentos comerciais do país.

Além do seu negócio de transporte, a Huochebang também está a acumular dados sobre o consumo de combustível por quilómetro e de despesas com portagens, que utilizará para oferecer serviços financeiros aos camionistas.

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Táxis: Há mais de mil licenças por atribuir, Lisboa incluída

  • Lusa
  • 3 Maio 2017

A Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT) tirou uma radiografia ao setor do táxi e refere que ainda há mil licenças por atribuir, uma centena delas na cidade de Lisboa. Pede transparência.

Mais de mil licenças para táxis estão por atribuir em Portugal, 103 das quais na cidade de Lisboa, segundo um estudo da Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT) hoje divulgado. “Há mais de mil vagas por ocupar. Mais de 50% das autarquias têm licenças por atribuir”, disse aos jornalistas o presidente da AMT, João Carvalho, na apresentação do relatório estatístico “Serviço de Transporte em Táxi – A realidade atual e a evolução na última década”, em Lisboa.

Contudo, o responsável disse não perceber por que razão essas 1.081 licenças estão por atribuir e adiantou que essa será uma das questões a serem respondidas num novo estudo que já está a decorrer, na sequência do que foi hoje apresentado. Segundo o relatório, existem em Portugal 13.776 táxis licenciados, a maioria dos quais nos concelhos de Lisboa (3.497) e Porto (700), seguindo-se Funchal (454), Cascais (194) e Ponta Delgada (147).

No sentido oposto, a AMT identificou também os concelhos com menor número de veículos de transporte de passageiros: Vidigueira, Corvo e Constância (com três táxis cada um), Mourão e Alvito (com dois) e Barrancos (um táxi). Os dados revelam uma “disparidade considerável” entre concelhos no número de táxis licenciados, tendo João Carvalho exemplificado com Lisboa e Sintra. Na capital existem 3.497 táxis para uma população residente de 504 mil pessoas, enquanto Sintra tem 124 táxis para 382 mil habitantes.

João Carvalho revelou ainda que recebeu, no ano passado, 15 mil queixas de utentes dos transportes públicos, mas uma pequena parte é relativa aos táxis. “É pouco prático. O livro de reclamações está normalmente na sede. Pode ser um dos motivos para que haja poucas reclamações”, explicou.

A AMT está já a trabalhar no segundo relatório, que espera estar pronto em breve, para tentar responder a questões suscitadas por este primeiro documento, como que fatores podem influenciar a procura dos serviços de transporte em táxi, as condições específicas em que os serviços de transporte em táxi são prestados (serviços a contrato, estrutura concorrencial da oferta, etc.) e os critérios dos municípios para decidir sobre os contingentes e a abertura de concursos para atribuição de licenças de táxi, entre outros.

Estudo pede mais transparência no setor

No estudo, a AMT defende uma maior transparência do setor. “Independentemente do quadro legislativo e regulatório, uma maior transparência sobre as condições do setor permite decisões mais eficientes por parte de investidores e agentes económicos”, indica a AMT no mesmo estudo.

Numa altura em que o Parlamento debate a legalização de plataformas de transporte em veículo descaracterizado como a Uber e a Cabify, a AMT entende ser necessária uma recolha e análise da informação estatística sobre os serviços de transporte em táxi para “garantir uma análise adequada do enquadramento legal e regulatório neste setor”.

Sublinhando a “emergência de novos modelos de negócio no âmbito do transporte de passageiros em veículos ligeiros”, aquela autoridade defende ainda que não se “deverá deixar de ter em devida consideração a coerência e adequação face ao regime global aplicável a este tipo de transportes”.

Além de Lisboa e Porto, Funchal, Cascais e Ponta Delgada são os concelhos com maior número de táxis licenciados. No sentido oposto, a AMT identifica também os concelhos com menor número de veículos de transporte de passageiros: Vidigueira, Corvo (Açores) e Constância (com três táxis cada um), Mourão e Alvito (com dois) e Barrancos (um táxi). Os dados revelam uma “disparidade considerável” entre concelhos no número de táxis licenciados, bem como a prevalência de concelhos com um reduzido número de táxis.

Para exemplificar, a AMT indica que os “concelhos com o maior número de táxis licenciados, sobretudo Lisboa, representam uma grande parte do número total de táxis”, enquanto, por outro lado, “cerca de metade dos concelhos possui 20 ou menos táxis licenciados”.

A AMT conclui ainda que a oferta de táxis “tem-se mantido muito estável, quer no número de táxis licenciados, quer nos contingentes definidos e nas vagas nesses contingentes”. “Com efeito, o número de táxis licenciados e o número de lugares nos contingentes cresceu menos de 1% na última década”, lê-se no relatório.

A oferta tem-se mantido estável mas, para a Autoridade da Mobilidade e dos Transportes, o mesmo não se pode dizer quanto aos “dois fatores que podem influir na procura” do táxi: a população residente e o turismo, frisando que o número de dormidas em estabelecimentos hoteleiros aumentou mais de 40% na última década.

“Importa perceber se a estabilidade identificada ao nível da oferta, associada em simultâneo à alteração de variáveis que podem afetar a procura, pode evidenciar riscos de desequilíbrio entre a procura e a oferta”, lê-se no relatório.

A AMT defende ainda ser necessário “aprofundar conhecimento” em relação a matérias como os fatores que podem influenciar a procura dos serviços de transporte em táxi, as condições específicas em que os serviços de transporte em táxi são prestados (serviços a contrato, estrutura concorrencial da oferta, etc) e os critérios dos municípios para decidir sobre os contingentes e a abertura de concursos para atribuição de licenças de táxi, entre outros.

(Notícia atualizada às 14h32 com mais informação)

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