Costa e Centeno explicam venda do Novo Banco às 19h00

  • Margarida Peixoto
  • 31 Março 2017

O Banco de Portugal vai emitir um comunicado sobre a venda, mas será o primeiro-ministro, António Costa, a dar a cara pela operação. Mário Centeno também estará na conferência de imprensa.

António Costa, o primeiro-ministro, e Mário Centeno, ministro das Finanças, vão comunicar ao país a venda do Novo Banco. Essa conferência de imprensa, já depois de um comunicado do Banco de Portugal sobre a operação, vai ter lugar às 19h00 em São Bento, revelou fonte oficial ao ECO.

Enquanto o Banco de Portugal vai emitir apenas um comunicado sobre a venda da instituição, caberá ao Governo explicar a operação numa conferência de imprensa em que, tal como tinha sido revelado por Maria Manuel Leitão Marques no Conselho de Ministros, estará também Mário Centeno. Mourinho Félix, secretário de Estado do Tesouro, não estará presente já que está fora do país.

António Costa dá a cara pelo negócio de venda do Novo Banco ao Lone Star, operação que contará também com uma garantia estatal num valor que poderá chegar aos quatro mil milhões de euros, tal como avançou em primeira mão o ECO.

Esta garantia, que já mereceu críticas por parte do PSD, terá, conta o Jornal de Negócios, causado desconforto no seio do Partido Socialista (PS). Razão pela qual será António Costa a explicar aos portugueses os contornos do negócio.

O PSD, através de António Leitão Amaro, diz que o “Governo tem de dizer o custo do perdão parcial de dívida relativamente ao empréstimo ao Fundo de Resolução”. “Ao alargar prazo e reduzir juros, o Estado e Governo deram perdão aos bancos. Depois disto, os bancos ficam a pagar um valor real muito inferior ao suportado pelos contribuintes”, rematou.

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Portagens mais baratas no Algarve? Parlamento diz que não

  • Lusa
  • 31 Março 2017

O parlamento chumbou esta sexta-feira projetos para a abolição das portagens na A22, bem como a sua suspensão ou a diminuição até à conclusão das obras na Estrada Nacional 125.

O parlamento chumbou hoje projetos de resolução do PCP, BE e PEV para a abolição das portagens na A22, e de PSD e CDS-PP pela sua suspensão ou a diminuição até à conclusão das obras na Estrada Nacional 125.

No caso dos projetos de resolução do PCP, do BE e do PEV, os deputados do PS eleitos pelo Algarve Jamila Madeira, Luís Graça, António Eusébio e Fernando Anastácio, votaram a favor, tendo a bancada socialista votado contra todas as iniciativas.

O CDS-PP pedia a diminuição do custo das portagens da A22, “mantendo o seu congelamento até que as obras de requalificação da EN125 estejam concluídas“, enquanto o PSD apresentou um projeto de resolução pela suspensão da cobrança de portagens até à conclusão das mesmas obras de requalificação.

PCP, BE e PEV pedem a abolição das portagens, embora o partido ecologista “Os Verdes” considere que deve ser o Governo a tomar decisão, enquanto comunistas e bloquistas querem chamar ao parlamento a medida.

Os projetos de resolução do CDS-PP e do PSD foram rejeitados com os votos a favor do PSD e CDS-PP, a abstenção do PAN e os votos contra das restantes bancadas.

As iniciativas do BE, PCP e do PEV foram chumbadas com os votos contra de PS, PSD e CDS e os votos a favor das restantes bancadas e dos deputados socialistas do Algarve.

Na discussão das iniciativas em plenário na quinta-feira, o deputado socialista António Eusébio defendeu que uma eventual diminuição do preço das portagens na Via do Infante, no Algarve, depende da avaliação do aumento de tráfego, que mantenha a receita do Estado.

“Hoje podemos afirmar com maior convicção que a diminuição dos valores das portagens gera um aumento de tráfego e, consequentemente, reduzindo o custo das mesmas, poderemos continuar a manter a receita do Estado, mantendo os compromissos orçamentais e melhorando a mobilidade regional, e com é essa monitorização que o Governo deverá decidir diminuir ou valor ou não das portagens”, afirmou.

Segundo António Eusébio, “Portugal não dispõe de condições financeiras e económicas para defender uma solução livre de portagens” e por isso, “responsavelmente, o compromisso do PS foi o de progressivamente diminuir o valor das portagens da A22”.

“Já iniciámos esse caminho”, afirmou, acusando PSD e CDS de não terem feito nada em mais de quatro anos de governação.

“Apesar da redução de 15% das tarifas na Via do Infante, decidida e implementada no passado verão pelo atual Governo, demonstrar uma evolução positiva, que deve ser ampliada nos próximos anos, ao longo da presente legislatura, para a correção de uma injustiça, que, em nosso entender, é gritante”, sustentou.

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Governo tem de prestar cabal esclarecimento de todos os dinheiros na venda do Novo Banco

O vice-presidente da bancada do PSD quer esclarecimentos cabais sobre a venda, mas também exige explicações relativamente ao "perdão" dado aos bancos no financiamento do Fundo de Resolução.

Leitão Amaro, vice-presidente da bancada do PSD, exige que o Governo esclareça os portugueses relativamente a todos os montantes envolvidos na venda do Novo Banco. Quer que António Costa revele o montante da venda, mas também o custo para os contribuintes, incluindo o referente ao “perdão” dado aos bancos no financiamento do Fundo de Resolução.

“O Governo tem de prestar cabal esclarecimento de todos os dinheiros envolvidos na venda do Novo Banco”, disse, em declarações transmitidas pela SIC Notícias. Além do valor da venda, o “Governo tem de dizer o custo do perdão parcial de dívida relativamente ao empréstimo ao Fundo de Resolução”.

“Ao alargar prazo e reduzir juros, o Estado e Governo deram perdão aos bancos. Depois disto, os bancos ficam a pagar um valor real muito inferior ao suportado pelos contribuintes”, acusa o vice-presidente da bancada do PSD. “O esclarecimento sobre este perdão aos bancos e custo para os contribuintes têm de ser dados”.

“Nenhuma destas informações foi dada ao país. É inaceitável que o Governo se atreva a falar do negócio sem dar estas explicações”, acrescentou, notando que o “Governo falhou no compromisso que fez com o país. Há meses que diz que não ia haver custos para os contribuintes e que não havia qualquer garantia”, mas vai haver. A garantia está avaliada em quase quatro mil milhões de euros, como avançou o ECO.

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Wall Street começa última sessão do trimestre a descer

  • ECO
  • 31 Março 2017

Nova Iorque acordou para a última sessão do primeiro trimestre de 2017 no vermelho. As boas notícias quanto ao PIB dos Estados Unidos não conseguiram animar os investidores.

Sem conseguir manter a tendência positiva da sessão anterior, a bolsa norte-americana chegou ao final desta semana no vermelho. Os três principais índices arrancaram a última sessão do trimestre no vermelho com os investidores à espera de sinais tanto de Trump como de Yellen.

O Nasdaq abriu a última sessão deste primeiro trimestre do ano a desvalorizar 0,21% para os 5.902,11 pontos. O S&P 500 acompanhou, descendo 0,14% para os 2.364,82 pontos. E também o Dow Jones teve um arranque negativo, a perder 0,23% para os 20.680,94 pontos, num dia em que o petróleo voltou a recuar.

O West Texas Intermediate (WTI) está momento a desvalorizar 0,32%, recuando até aos 50,19 dólares por barril. Também o Brent está a ter um desempenho negativo, perdendo 0,64% para os 52,62 pontos.

A pesar no desempenho das praças norte-americanas continuam as dúvidas dos investidores quanto às medidas prometidas por Donald Trump desde que chegou à Casa Branca. Os investidores estão também à espera de mais sinais quanto a novas subidas de juros por parte da Fed.

Este foi um trimestre agitado na bolsa nova-iorquina e nas restantes praças europeias. A eleição de Donald Trump, as polémicas com as ligações ao Governo russo, as eleições na Holanda, o arranque do Brexit e os preparativos para as restantes eleições que vão acontecer ao longo da Europa, sem deixar de lado as alterações que se deram na produção do ouro negro, fizeram os diversos índices e cotadas subirem e descerem um pouco por todo o lado.

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O que propõem PS e BE para combater a precariedade?

  • Cristina Oliveira da Silva
  • 31 Março 2017

Relatório de progresso do grupo de trabalho aponta várias propostas para limitar os contratos a prazo ou temporários.

São várias as propostas avançadas pelo grupo de trabalho que junta Governo, PS e Bloco de Esquerda na preparação de um plano contra a precariedade. Muitas dirigem-se à contratação a termo ou temporária. As conclusões constam de um relatório de progresso que reporta ao trabalho desenvolvido até julho de 2016. Confira algumas propostas:

  • Restringir a contratação a termo, eliminando do Código do Trabalho a possibilidade de contratar a prazo trabalhadores à procura de primeiro emprego, desempregados de longa duração ou outros grupos previstos em legislação especial de política de emprego. No documento entregue ao Parlamento no âmbito da discussão do Orçamento do Estado para 2017, o Governo já previa esta possibilidade.
  • Esclarecer na lei que os contratos a prazo não renováveis também têm direito a compensação quando chegam ao fim.
  • Atualmente, o Código do Trabalho admite a contratação a termo também quando empresas com menos de 750 trabalhadores iniciam atividade. Porém, o grupo de trabalho entende que é preciso encolher este limite, na medida em, dadas as características do tecido empresarial nacional, isso “abarcará praticamente todas as empresas a funcionar em Portugal”.
  • Aprovar uma norma que obrigue a informar os trabalhadores temporários do motivo subjacente à celebração do contrato de utilização de mão-de-obra temporária, “dotando, assim, os trabalhadores de informação muito relevante para o cabal exercício dos seus direitos”.
  • Ainda não há convergência na solução, mas o grupo de trabalho reconhece que é preciso intervir a este nível — criar um limite máximo de renovações de contratos de trabalho temporário. O Código do Trabalho não permite que um trabalhador esteja mais de dois anos ao serviço de uma empresa no âmbito de um contrato de utilização de trabalho temporário, “mas não estabelece qualquer limite de renovações, o que, no limite, pode dar origem a situações de renovações diárias, causando grande instabilidade aos trabalhadores”, diz o relatório.
  • Alterar o regime contributivo dos trabalhadores independentes e avaliar a proteção social deste grupo, nomeadamente no desemprego. A questão já está a ser avaliada pelo Governo.
  • Reforço da Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT): entre as várias propostas, o diploma orgânico da ACT deve prever a abertura de um concurso de recrutamento sempre que o número efetivo de inspetores se afaste do rácio indicado pela Organização Internacional do Trabalho (um inspetor para dez mil trabalhadores).

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Novo Banco valia cinco mil milhões. Hoje tem um valor simbólico

Está prestes a ficar fechado um dossiê aberto há quase três anos: o da venda do Novo Banco. Começámos por procurar quem pagasse 4,9 mil milhões por ele. Acabámos a dá-lo por um "valor simbólico".

Re·so·lu·ção. Substantivo feminino. Ato ou efeito de resolver. Decisão; tenção; deliberação; propósito. Transformação. Era uma noite de domingo e esta palavra passava a marcar presença assídua nas manchetes dos jornais e aberturas dos noticiários. Parece que foi ontem, mas já passaram quase três anos. Estávamos a 3 de agosto de 2014 e o Banco de Portugal anunciava que tinha aplicado uma medida de resolução ao Banco Espírito Santo (BES), separando o império em dois: banco bom e banco mau. O bom passou a ser Novo Banco e ficou com a atividade e património do BES, livre dos ativos “problemáticos”. Estes foram para o BES mau.

Começava assim a história que termina neste fim de semana. É esta a data de referência para o Governo fechar de vez o dossiê da venda do Novo Banco, aberto ainda em 2014. Esta é uma história, de três atos, que conta como um banco que, no mais idílico dos cenários, se esperava vender por 4,9 mil milhões de euros, acabou por ser dado por um “valor simbólico” a um fundo que alguns no mercado apelidam de “abutre”.

I. Olá, Novo Banco. Venham daí esses 4,9 mil milhões

O prólogo da história acontece a 30 de julho de 2014, quando o BES comunica prejuízos recorde: 3.577.300.000 de euros. “Os resultados divulgados em 30 de julho refletiram a prática de atos de gestão gravemente prejudiciais aos interesses do BES e a violação de determinações do Banco de Portugal que proibiam o aumento da exposição a outras entidades do Grupo Espírito Santo”. Esta foi a explicação dada pelo conselho de administração do Banco de Portugal na ata da reunião que decorreu a 3 de agosto. Nesse domingo, às 20 horas, os altos executivos do supervisor da banca reuniram-se para tratar de quatro pontos:

  1. Constituição do Novo Banco;
  2. Transferência de ativos, passivos, elementos extrapatrimoniais e ativos sob gestão do BES para o Novo Banco;
  3. Designação de uma entidade independente para avaliação dos ativos, passivos, elementos extrapatrimoniais e ativos sob gestão transferidos para o Novo Banco;
  4. Nomeação dos membros dos órgãos de administração e de fiscalização do BES.

Estavam lançados os dados. Vítor Bento, que um mês antes tinha assumido a presidência do BES, era agora presidente de um Novo Banco. Durou pouco. O economista, que contava na sua equipa com João Moreira Rato e José Honório, chegou a dar início ao processo de venda do Novo Banco, mas divergia do acionista Estado quanto à estratégia que devia ser assumida. Vítor Bento queria tempo para vender o Novo Banco, o Governo queria que a venda fosse feita o mais rapidamente possível. Bento acabou por sair; quase três anos depois, o Novo Banco ainda não foi vendido.

Eduardo Stock da Cunha entra em cena em setembro de 2014 para substituir Vítor Bento. O objetivo era claro: limpar o balanço do Novo Banco para conseguir vendê-lo com o menor prejuízo possível. O esforço de Stock da Cunha, que saiu em julho de 2016, teve um resultado limitado: em dezembro de 2015, o Novo Banco tinha 10,8 mil milhões de euros em ativos não estratégicos — aqueles que foram “varridos” para o chamado side bank, onde se incluem ativos imobiliários, participações de equity, operações internacionais, crédito não estratégico ou participações em fundos de reestruturação. No final de setembro de 2016, o banco já tinha conseguido vender 1,1 mil milhões de euros destes ativos, reduzindo o seu valor total para 9,7 mil milhões.

Pelo meio, era definido o valor do lado bom do antigo BES. O Novo Banco foi capitalizado com 4,9 mil milhões de euros, o valor considerado como o mínimo necessário para que o banco pudesse funcionar dentro dos rácios de capital exigidos pela supervisão. Este montante foi assegurado pelo Fundo de Resolução que, por sua vez, é suportado pelo setor financeiro. “Tal significa que esta operação não envolve custos para o erário público”, garantia o Banco de Portugal em agosto de 2014.

Só que estes 4,9 mil milhões não vieram só do setor financeiro. Deste montante, 3,9 mil milhões foram emprestados ao Fundo de Resolução pelo Estado, através da linha estatal de ajuda ao sistema financeiro, negociada com a troika. Fica assim implícito o valor-meta de venda do Novo Banco, para evitar quaisquer perdas para os contribuintes.

II. Não foi chumbo. Foi falta de aprovação

4 de dezembro de 2014. O Fundo de Resolução publica um convite a quem queira apresentar manifestações de interesse pelo Novo Banco. Os potenciais compradores têm cumprir três requisitos:

  • Devem demonstrar ativos líquidos num valor de, pelo menos, 500 milhões de euros, ou ativos sob gestão ou outros recursos financeiros no valor de, pelo menos, 100 milhões de euros;
  • Não poderão ter sido acionistas qualificados do BES (ou seja, não podem ter detido uma participação igual ou superior a 2%), nos dois anos anteriores à criação do Novo Banco;
  • Não podem ter sido condenados por branqueamento de capitais; não podem ter sido sujeitos a sanções financeiras, sanções aplicadas pelo Serviço de Controlo de Bens Estrangeiros do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos, ou sanções semelhantes aplicadas por qualquer Estado membro da União Europeia; nem podem estar domiciliados em jurisdições de alto risco ou não cooperantes identificadas pelo Grupo de Ação Financeira Internacional contra o branqueamento de capitais e o financiamento do terrorismo.

No último dia do ano, o prazo limite para a apresentação de propostas, o Banco de Portugal anuncia que recebeu 17 manifestações de interesse pelo banco, escusando-se a identificar quem foram as entidades interessadas. Foi só em meados de 2015 que ficámos a conhecer os autores das três ofertas pelo Novo Banco: os grupos chineses Anbang e Fosun e o fundo norte-americano Apollo.

"O Conselho de Administração considera que os termos e as condições das três propostas vinculativas não são satisfatórios e que o processo foi condicionado por importantes fatores de incerteza.”

Banco de Portugal

Nenhum destes acabou por comprar o banco. Porquê? As condições oferecidas não foram satisfatórias. “O Conselho de Administração do Banco de Portugal optou por interromper o processo de venda da participação do Fundo de Resolução no Novo Banco, iniciado em 2014, e concluir o procedimento em curso sem aceitar qualquer das três propostas vinculativas. O Conselho de Administração considera que os termos e as condições das três propostas vinculativas não são satisfatórios e que o processo foi condicionado por importantes fatores de incerteza”, comunicou o regulador, a 15 de setembro de 2015.

Quais eram as condições? Não sabemos. As ofertas vinculativas nunca foram apresentadas. Tudo o que se sabe partiu de “fontes próximas do processo”, anónimas, que foram dando pistas aos jornalistas. Sabe-se, por exemplo, que a Anbang, que apresentou a melhor proposta e chegou a estar em negociações exclusivas para comprar o Novo Banco, oferecia cerca de quatro mil milhões de euros (não sendo claro se envolvia garantias públicas), um valor muito próximo do que foi injetado pelo Fundo de Resolução. O preço era o critério mais importante e o oferecido pela Anbang era o mais elevado. Mas as condições impostas por este grupo, ainda desconhecidas, levaram a que o Banco de Portugal rejeitasse a oferta.

A Fosun foi então chamada a negociar, mas este grupo também recusou melhorar a oferta inicial. O mesmo aconteceu com a Apollo.

Só muito mais tarde, já este ano, durante mais uma audição no Parlamento, é que o governador do Banco de Portugal mencionou o assunto, elencando três pontos para o Novo Banco não ter sido vendido:

  • “Em 2015, os riscos no balanço do Novo Banco ainda não estavam mapeados. Isto é importante porque o comprador, quando compra, compra com incerteza, se esses não estão mapeados”;
  • “Ainda não estavam definidos, pelo quadro do Mecanismo Único de Supervisão, quais eram os rácios de capitais exigidos. Existir 10% ou 12% é muito diferente para um comprador, porque determina a injeção de capital”;
  • “O terceiro é a própria situação do comprador. Tínhamos dois compradores de origem chinesa. O primeiro afastou-se, o segundo manteve-se em negociações exclusivas mas foi apanhado pela bolsa de Xangai. Nunca nos explicou por que não avançou, mas, tendo nós um ano para cumprir a venda, não havia nenhuma razão para assumir esse risco”.

"A decisão [de não vender o Novo Banco] foi acertada quer para o banco, quer para a economia portuguesa.”

Carlos Costa

Governador do Banco de Portugal

No fim, o regulador optou por não vender. Ou, como diz hoje Carlos Costa, optou por não recomendar a venda. “O Banco de Portugal não decidiu não vender o Novo Banco. Decidiu não fazer uma recomendação de venda, como hoje fez. Porque entendíamos que as condições oferecidas não eram as melhores e, além disso, havia um ano, concedido pela Direção Geral da Concorrência, que valia a pena aproveitar. A decisão foi acertada quer para o banco, quer para a economia portuguesa”, disse Carlos Costa na mais recente audição sobre a sua atuação no caso do Grupo Espírito Santo.

Os termos das ofertas deste primeiro processo de venda continuam por conhecer. Mas dizer que a decisão tomada em 2015 foi “acertada” para o banco e para a economia nacional, depois de conhecermos aquilo que é oferecido hoje pelo Lone Star — mais ou menos um quinto do que foi injetado no banco em 2014 — e que foi aceite pelo Banco de Portugal, vai levantar dúvidas.

III. À segunda é de vez

É neste contexto que chegamos ao segundo processo de venda do Novo Banco, lançado oficialmente a 15 de janeiro de 2016. Desta vez, o Banco de Portugal optou por se precaver com dois modelos de venda possíveis: ou uma venda a investidores estratégicos e institucionais, onde se incluem instituições de crédito ou seguradoras, ou uma venda em mercado, dirigida a fundos de investimento.

A 30 de junho do ano passado, o Banco de Portugal informa que recebeu quatro propostas de compra. À fase negociações exclusivas, chegaram três interessados: China Minsheng, Apollo (desta vez em consórcio com o fundo Centerbridge) e o fundo Lone Star. O último foi o vencedor do processo e deverá fechar negócio formalmente este fim de semana.

Este fundo de investimento não é estranho à banca. Durante a crise financeira dos Estados Unidos, ajudou o Merrill Lynch, ao comprar 6,2 mil milhões de dólares em instrumentos de dívida. Também foi em socorro de outra vítima da crise do subprime, o banco alemão IKB, a quem comprou uma participação de 90,8% por 137 milhões — um valor muito aquém dos 800 milhões que a Alemanha pedia. Hoje, repete a estratégia de pagar pouco para ficar com o banco com grande quota de mercado.

O Lone Star vai comprar 75% do capital do Novo Banco e fará um aumento de capital em dois momentos. O primeiro, no valor de 750 milhões de euros; depois, mais 250 milhões de euros. Ao todo, o Novo Banco fica com um reforço de capital de mil milhões de eurosum valor que fica muito longe dos 4,9 mil milhões injetados aquando da constituição do Novo Banco. Como contrapartida, o Lone Star ficará impedido de distribuir dividendos do Novo banco durante oito anos, de forma a criar uma almofada de capital que diminua a probabilidade de o banco vir a necessitar de novas injeções de dinheiro.

Do lado de Portugal, o risco será assumido com uma participação de 25% do capital do Novo Banco, detida pelo Estado, através do Fundo de Resolução. Esta participação pode implicar custos no futuro, se for necessário um novo aumento de capital. A vantagem é que esta posição poderá ser vendida posteriormente, a qualquer momento, e o Estado encaixa mais algum dinheiro.

Em simultâneo com a participação de 25%, o Fundo de Resolução vai prestar uma garantia de quase quatro mil milhões de euros sobre sobre os ativos considerados problemáticos, integrados no side bank. Esta garantia será dada através de um mecanismo contingente, que funciona como um teto e será usado em função das necessidades. Em último caso, se for necessário, a garantia poderá até ser usada para capitalizar de novo o banco.

O que faz com que o Novo Banco, nascido de um velho império, valha hoje tão pouco? Essencialmente, é o risco de 9,7 mil milhões de euros, o tal valor que está alocado ao side bank, que faz com que as propostas pelo Novo Banco sejam tão pouco atrativas e incluam a exigência de uma garantia de Estado.

Esta sexta-feira, Mário Centeno vai falar ao país para explicar o processo que nos trouxe até aqui.

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Portugal é “uma economia avançada”, diz diretor-geral da OMC

  • ECO
  • 31 Março 2017

No fim do Conselho de Ministros que trouxe Roberto Azevedo a Portugal, o diretor-geral da Organização Mundial de Comércio falou sobre as dificuldades do mercado laboral português.

O diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC) considera Portugal “uma economia avançada, principalmente no contexto português”, mas reitera que há “preocupações muito importantes no mercado de trabalho” e que é preciso encontrar soluções para elas.

Roberto Azevêdo está em Portugal para participar no Conselho de Estado que começou esta sexta-feira às 10h15, com cinco ausências entre os conselheiros: os presidentes dos governos regionais dos Açores, Vasco Cordeiro, e da Madeira, Miguel Albuquerque, que estão em Bruxelas a participar no 4º Fórum das Regiões Ultraperiféricas; o neurocientista António Damásio, que ainda não tomou posse como novo conselheiro de Estado, o antigo presidente Aníbal Cavaco Silva, por motivos de saúde, e Leonor Beleza que estava com a Presidente chilena em visita à Fundação Champalimaud. O presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues chegou mais tarde à reunião, porque também ele teve compromissos de agenda com a Chefe de Estado chilena no Parlamento.

“Não estávamos a falar de detalhes. Falámos das grandes tendências globais, de onde estamos agora na economia mundial e para onde caminha o comércio global”, disse Roberto Azevêdo no final do encontro que classificou como “uma conversa muito estratégica”.

Quanto à realidade do mercado de trabalho do século XXI, reconheceu que “é um mercado com muitas incertezas e inseguranças, principalmente para o trabalho que não tem um nível educacional muito alto e tem o seu emprego ameaçado pelas inovações tecnológicas”.

“O que fazer com essa força de trabalho? Que tipo de políticas podem ser adotadas em termos de qualificação da mão-de-obra e de assistência social?”, questionou ainda o diplomata brasileiro que está à frente da OMC desde setembro de 2013, estando já a cumprir o segundo mandato como diretor-geral desta organização de Bretton Woods, com sede em Genebra.

O diretor-geral da OMC foi ainda questionado se as políticas de Donald Trump estiveram em discussão, mas não quis adiantar-se nas avaliações, revelando apenas que se falou “sobre processos eleitorais recentes, em andamento e futuros” e que se discutiu “a necessidade de maior clareza”. “É precipitado dizer que os Estados Unidos vão adotar uma política comercial num sentido ou noutro. Ainda é muito cedo, vamos esperar e ver”.

"É precipitado dizer que os Estados Unidos vão adotar uma política comercial num sentido ou noutro. Ainda é muito cedo, vamos esperar e ver.”

Roberto Azevêdo

Director-geral da OMC

Roberto Azevêdo referiu que “o próprio representante comercial americano ainda não foi confirmado”. “Precisamos de ter a equipa comercial estabelecida, promovendo uma política comercial. Até aí, é difícil fazer qualquer tipo de comentário ou especulação sobre qual vai ser a política comercial americana. É um parceiro comercial importantíssimo, é um país importantíssimo, então todos estamos olhando para ver como tudo irá evoluir”, acrescentou.

No final desta reunião foi também divulgada uma nota informativa aos jornalistas, que refere apenas que o Conselho de Estado “analisou o enquadramento, a evolução e os desafios do comércio internacional, nomeadamente tendo em atenção o importante papel no crescimento económico e na criação do emprego, no futuro próximo, e as implicações para Portugal”.

No segundo e último parágrafo dessa mesma nota é recordado que “o Presidente da República convidou o diretor-geral da OMC, embaixador Roberto Azevêdo, para apresentar ao Conselho de Estado uma exposição introdutória, exposição essa que serviu de base para as intervenções dos senhores conselheiros”.

Esta foi a quinta reunião do Conselho de Estado desde que Marcelo Rebelo de Sousa é Presidente da República, e a mais curta. As anteriores reuniões, realizadas em 7 de abril, 11 de julho, 29 de setembro e 20 de dezembro, tiveram em comum a análise do futuro da Europa e duraram todas entre cinco e seis horas.

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REITS, private equity e benefícios no IRS para privados

O presidente da Euronext Lisboa revela estar a trabalhar em novos produtos para atrair investidores para o mercado, mas pede ao Governo uma ajuda para fomentar a poupança através da bolsa.

A Euronext Lisboa não é só o mercado acionista. Há muito mais, e Paulo Rodrigues da Silva está já a trabalhar para oferecer ainda mais produtos para os investidores. Sejam os REITS, instrumentos de titularização de private equity. Mas defende um “empurrão” do Governo para levar os particulares a colocarem parte das poupanças no mercado. Está a negociar incentivos no IRS à poupança de longo prazo.

O mercado de ações cada vez menos atrativo, fruto do reduzido número de empresas que militam na bolsa nacional. A gestora do mercado de capitais português está a fazer todos os esforços no sentido de chamar novas empresas, que chamem também mais investidores. Mas até lá, há a aposta noutros produtos.

Os Real Estate Investment Trust (REIT) podem ser uma realidade já em breve. Estes fundos imobiliários cotados em bolsa são “bastante apetecíveis”, diz Paulo Rodrigues da Silva num encontro com jornalistas na Euronext Lisboa. “Temos estado a colaborar com Governo e a CMVM. O diploma está no Ministério Economia. Pode vir a consulta pública ainda neste primeiro semestre”, revela.

"“São precisas medidas no sentido fiscal. É preciso um empurram para o mercado de capitais com a poupança de longo prazo.”

Paulo Rodrigues da Silva

Presidente da Euronext Lisboa

Mas há “também as sociedades de fomento económico. São quase a titularização de private equity” (fundos de capital de risco). É outra das apostas da bolsa de Lisboa, refere o responsável. Diz que serão dois instrumentos que visam “dar liquidez a dois mercados grandes que não a têm”. Trazendo-os ao mercado, chamarão investidores.

Entre os investidores alvo da gestora estão, claro, os pequenos aforradores. Num país em que a taxa de poupança “é baixa”, e está em queda, Paulo Rodrigues da Silva defende que “são precisas medidas no sentido fiscal”. Com os depósitos a pagarem praticamente zero de juros, “é preciso um empurram para o mercado de capitais com a poupança de longo prazo”.

“A expectativa é de que no Orçamento do Estado para o próximo ano possam ser incorporados incentivos só investimento de longo prazo pelos particulares”, nomeadamente para aplicações feitas através de fundos. E que seja criado um incentivo no IRS “para quem aplique poupanças em aumentos de capital, OPV e fundos”, remata.

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Presidente sul-africano anuncia grande remodelação e demite ministro das Finanças

  • Lusa
  • 31 Março 2017

Os mercados financeiros reagiram imediatamente à saída de Gordhan e o rand sul-africano perdeu até 2,6% em relação ao dólar esta manhã.

O Presidente sul-africano, Jacob Zuma, demitiu na noite de quinta-feira para hoje dez ministros, entre os quais o respeitado responsável pelas Finanças, Pravin Gordhan, mergulhando o partido no poder, o Congresso Nacional Africano (ANC), numa crise.

Após vários dias de rumores e tensão, o Chefe de Estado anunciou a grande remodelação do Governo, marcada pela nomeação de dez ministros e outros tantos vice-ministros, a maioria considerados seus fiéis.

A situação de Gordhan, que se opunha há meses a Zuma acerca da boa gestão dos fundos públicos, divide o ANC.

“Dei a conhecer a minha opinião, uma série de colegas e camaradas não estão satisfeitos com esta situação, particularmente a demissão do ministro das Finanças que serviu o país com honra e excelência”, declarou o vice-presidente, Cyril Ramaphosa, adiantando considerar inaceitável a demissão de Gordhan.

"Dei a conhecer a minha opinião, uma série de colegas e camaradas não estão satisfeitos com esta situação, particularmente a demissão do ministro das Finanças que serviu o país com honra e excelência.”

Jacob Zuma

Presidente sul-africano

O secretário-geral do ANC disse que “pela primeira vez, os responsáveis (do partido) não conseguiram chegar a um acordo ou aceitar as mudanças”.

“O Presidente veio com uma lista. Disse ‘vocês podem comentar se quiserem, mas é a minha decisão’”, contou Gwede Mantashe, adiantando que o procedimento o deixou “nervoso e desconfortável”.

Os novos ministros deverão tomar posse ainda esta sexta-feira, embora a Aliança Democrática, na oposição, já tenha dito que iria apresentar um pedido urgente ao Supremo Tribunal do Cabo Ocidental para suspender a cerimónia.

Os mercados financeiros reagiram imediatamente à saída de Gordhan e o rand sul-africano perdeu até 2,6% em relação ao dólar esta manhã.

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IRS: Contribuintes devem receber reembolsos mais cedo

  • Cristina Oliveira da Silva
  • 31 Março 2017

Quem está abrangido pelo IRS automático deverá receber o reembolso no prazo máximo de 15 dias. Nos restantes casos, o prazo deverá ser inferior ao dos últimos dois anos.

Os contribuintes deverão receber os reembolsos de IRS mais cedo este ano. Quem for abrangido pelo IRS automático deverá receber os valores em causa no “prazo máximo de quinze dias” depois de confirmada a declaração. Já nos restantes casos, o ministério das Finanças espera que o prazo seja inferior ao dos últimos dois anos — 30 e 36 dias.

A informação consta de um comunicado enviado esta sexta-feira. “Relativamente aos reembolsos, para o IRS Automático, estima-se que se realizem no prazo máximo de quinze dias após a confirmação da declaração pré-preenchida”, avança o gabinete de Mário Centeno. Em causa está uma declaração totalmente pré-preenchida, pronta a confirmar pelo contribuinte caso este verifique que todos os dados apresentados estão corretos.

A declaração automática chega, este ano, a 1,8 milhões de contribuintes mas será alargada no futuro. Para já, abrange, entre outras condições, contribuintes sem dependentes e apenas com rendimentos de trabalho ou pensões.

Quem não se enquadra nestas condições deve entregar a declaração de IRS nos termos gerais. “Para a entrega em papel e via internet, é expectável que o prazo médio de reembolso seja inferior ao dos últimos dois anos, que foi em média de 30 dias em 2015 e de 36 dias em 2016“, continua o comunicado. Porém, fica o aviso: “Tratando-se de tempos médios, naturalmente, e tal como nos anos anteriores, o prazo de reembolso, em alguns casos mais complexos, pode exceder significativamente aquela duração”, continua.

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Protestos na Venezuela contra destituição do Parlamento. Oposição denuncia “golpe de Estado”

O Supremo Tribunal da Venezuela destituiu o Parlamento e assumiu-lhe as funções, invocando "incumprimento". Oposição ao regime diz que foi "golpe de Estado" e promete não descansar.

O Supremo Tribunal da Venezuela, controlado pelo Governo de Nicolás Maduro, destituiu a Assembleia Nacional e assumiu-lhe as funções legislativas, uma decisão que caiu muito mal junto da maioria dos deputados e adensou ainda mais o clima político no país. Para aquele órgão judicial, o Parlamento venezuelano estava em “incumprimento” por, alegadamente, não acatar as decisões da Justiça. Fá-lo, diz, a favor da democracia.

Mas a opinião dos opositores do regime, que detêm a maioria dos deputados, é bem diferente. Num discurso aceso em frente ao Parlamento venezuelano, Julio Borges, presidente da Assembleia Nacional, não esteve com rodeios: “É um Golpe de Estado com todas as letras”, acusou. E acrescentou que a decisão do Supremo Tribunal dá a Maduro “competências para fazer o que lhe der na gana”.

Borges pediu ainda o apoio às Forças Armadas para que fossem “o primeiro garante da democracia e que se tornem parte da solução”. “Não podem continuar em silêncio, não podem ficar caladas perante uma rutura constitucional”, acrescentou. Há relatos de fortes protestos nas ruas por parte dos opositores ao chavismo, refere o El País. Incluindo entre deputados e a polícia.

Ao nível internacional, a decisão também está a causar celeuma, com a decisão a ser condenada por Republicanos e Democratas no Congresso, nos Estados Unidos da América, avança a NBC News. Outro país a reagir foi o Peru, que retirou o seu embaixador na Venezuela de forma definitiva.

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OPA à EDP Renováveis “é o mercado a funcionar”

Paulo Rodrigues da Silva diz que a oferta da EDP sobre a EDP Renováveis é uma "operação particular", mas diz que as OPA fazem parte do funcionamento do mercado.

A EDP lançou uma oferta pública de aquisição (OPA) sobre a EDP Renováveis. Nove anos depois de a colocar em bolsa, pretende, agora, retirá-la do mercado. Paulo Rodrigues da Silva, o novo presidente da Euronext Lisboa, diz que é normal que estas operações aconteçam. “OPA, OPV… é o mercado a funcionar”. E a bolsa nacional tem de se adaptar. Como? Olhando para empresas mais pequenas.

“O caso da EDP Renováveis é particular. É uma empresa que 77,5% do capital é propriedade de outra [a EDP, que agora pretende comprar o remanescente dos títulos em bolsa por um valor de 6,80 euros, cada]. “Não é diferente do que fez a Iberdrola [com a retirada de bolsa da Iberdrola Renovables]”, sendo que este movimento foi, nos últimos anos, transversal às energias renováveis na Europa.

“São OPA, OPV… é o mercado a funcionar”, diz, num encontro com jornalistas realizado na Euronext Lisboa. “Se me preocupa que não haja grandes empresas? São situações que acontecem”, diz Paulo Rodrigues da Silva. “O mercado é o que é. Temos de responder a economia”, acrescenta, salientando que a bolsa está a procurar adaptar-se à nova realidade.

“Vivemos um momento de transição em Portugal. Tivemos empresas muito grandes que acabaram por sair da bolsa. Agora, estamos a ter o aparecimento de novas e pequenas empresas. Vai ser uma bolsa diferente. Vai ser constituída como uma bolsa com entidades que veem na bolsa uma oportunidade”, nota.

“Estamos a trabalhar com as empresas. Explicar o que é a bolsa, explicar que não é um ‘bicho de sete cabeças’. Há um trabalho de cooperação com o Governo, com o regulador, e com as associações empresariais”, refere. Mas “os resultados não são imediatos. É uma atuação de médio e longo prazo”.

Mais empresas ainda este ano?

Antes de assumir a liderança da Euronext Lisboa, após a saída da CGD, o cargo de Paulo Rodrigues da Silva pertencia a Maria João Carioca. Quando saiu, a ex-presidente disse que havia boas perspetivas para a entrada a breve prazo de novas empresas na bolsa nacional, no seguimento da Patris.

O responsável da gestora da bolsa de Lisboa diz, numa das primeiras intervenções no cargo, que “é difícil que ocorram este ano”. “Temos estes contactos. Conseguimos encontrar quatro ou cinco empresas que podem vir para a bolsa”, mas não deverá ser para já. “Têm de passar por um processo de preparação” para a admissão ao mercado de capitais.

Três setores entre os eleitos

Paulo Rodrigues da Silva faz mira a empresas familiares e tecnológicas para a entrada no mercado de capitais. De que setores? “Turismo, vinhos e químicas”, estão na lista de preferências do novo presidente da bolsa nacional, que não quis adiantar quaisquer nomes entre estes setores.

Mas “nem todas as empresas devem ir. Se for para continuar a fazer o que faz, não vale a pena. Deve ser num momento de expansão e de transição geracional. E não vêm logo para o mercado de ações… começam pela dívida para diversificarem as fontes de financiamento”, salienta. Mas também há, do lado das cotadas, preocupações com a governance, problemas com minoritários, e com o preço. Mas o “custo nunca foi uma limitação”.

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