PIB per capita português encolheu. É o quarto mais baixo da Zona Euro

Portugal fica à frente da Eslováquia, Grécia e Letónia. A redução acontece no ano em que o PIB cresceu ao nível mais alto desde 2000 e com uma política de devolução de rendimentos do Governo.

O PIB per capital português (PPC) registado em 2017 ficou na sombra do valor europeu. De acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), a riqueza gerada por habitante encolheu, sendo agora a quarta mais baixa da Zona Euro.

Em Portugal, no ano passado, o PPC situou-se em 76,6%, valor inferior em 0,6 pontos percentuais ao que foi verificado em 2016 (77,2%). Uma quebra que não é, contudo, exclusiva, já que outros países registaram a mesma evolução, mas deixa Portugal no fundo da tabela. Entre os 19 da Zona Euro, ocupava, em 2017, a 16.ª posição.

Apresentava, portanto, o quarto valor mais baixo do conjunto da moeda única, atrás da Estónia (78,8) e da Lituânia (78,4), ficando apenas à frente destes três países: Eslováquia, Grécia e Letónia.

Esta descida acontece precisamente no ano em que Portugal registou o maior crescimento do PIB desde o ano de 2000. Em 2017, o país registou um crescimento de 2,8% no PIB. Isto significa que apesar do aumento do bolo total da riqueza produzida, na hora de a distribuir, cada habitante ficou com uma fatia mais pequena. O PIB per capita medido em Paridades de Poder de Compra compara a riqueza por habitante produzida nos vários países face à União Europeia, descontando as diferenças de evolução de preços em cada uma das economias.

Além disso, nesse ano, o Governo continuou a desenvolver uma política de devolução de rendimentos. Entre as principais medidas estão o aumento do Salário Mínimo Nacional (SMN), que passou de 530 para 557 euros, entre 2016 e 2017. A sobretaxa de IRS desapareceu, começando a baixar primeiro para as famílias de rendimentos mais baixos e passando depois para as de rendimentos mais elevados. Em agosto desse ano, as pensões até quase 630 euros tiveram aumentos de 10 euros. E houve manuais escolares gratuitos para todos os alunos do 1.º ciclo.

Algarve cresce mais, mas Área Metropolitana de Lisboa é o motor

Olhando para o conjunto de riqueza produzido pelo país, os números mostram que o Algarve foi a região que mais cresceu (3,5%), ficando acima dos 2,8% (variação real do país). Segue-se o Alentejo, que somou 3,2%, a Região Autónoma da Madeira, que registou uma variação de 3,1%, e, por fim, a Área Metropolitana de Lisboa (AML), que cresceu 3,0%.

Apesar de a AML ficar em quarto lugar no que toca aos líderes do crescimento, esta continua a ser a região que apresenta a maior produção de riqueza (36%). Este valor permite concluir que mais de um terço da riqueza do país vem da AML. O Norte segue a tendência e ocupa o segundo lugar do pódio, registando 29,9%, de acordo com o INE.

As discrepâncias na Europa

De um extremo da tabela ao outro — ou seja, de Luxemburgo à Bulgária — vão 203,7 pontos percentuais. O Luxemburgo é o país que aparece no primeiro lugar do pódio quando o assunto é distribuição de riqueza por habitante. O PIB per capita considerando paridade dos poderes de compra neste país é 253% da média da União Europeia (UE).

“O Luxemburgo apresenta o maior índice de volume entre todos os 37 países incluídos nesta análise, mais de duas vezes e meia acima da média da UE28”, pode ler-se na nota informativa do INE.

Já a Bulgária, por outro lado, é o país da União Europeia (UE) que apresenta o maior distanciamento da média da UE, com 49,3%. O valor registado no Luxemburgo é, para ter uma ideia, cerca de cinco vezes superior ao da Bulgária.

Conforme explica o INE, a despesa de consumo individual per capita “é um indicador mais apropriado para refletir o bem-estar das famílias”, enquanto o PIB per capita é sobretudo um indicador “do nível da atividade económica”.

 

(Notícia atualizada com mais informação às 12h05)

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Fundo Permira compra Universidade Europeia por 770 milhões de euros

A operação envolve duas universidades em Portugal, a Universidade Europeia e o Instituto Português de Administração e Marketing, e três em Espanha, em Madrid, Valência e Canárias.

O pacote de instituições da Universidade Europeia, que contempla cerca de cinco campus em Espanha e Portugal, foi comprado pelo fundo de capital privado Permira ao Laureate por 770 milhões de euros.

Esta operação envolve duas universidades em Portugal, a Universidade Europeia e o Instituto Português de Administração e Marketing (IPAM), e três em Espanha, em Madrid, Valência e Canárias, avança o El Economista (acesso livre/conteúdo em espanhol).

A transação deve ser concluída na primeira metade de 2019, mediante aprovação dos reguladores. O grupo norte-americano Laureate Education, que detém a maior rede privada de Ensino Superior no mundo, avançou com a venda tendo em mente o objetivo de se concentrar noutros negócios estratégicos, nomeadamente mercados de maior dimensão.

Na corrida para esta aquisição estavam ainda mais seis fundos, incluindo o CVC e o Bridgepoint, que fizeram ofertas a rondar os 700 milhões de euros. O grupo Laureate foi assessorado pelo Goldman Sachs.

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Estas três letras vão fazer viver muito mais tempo as novas matrículas dos automóveis

Vem aí a nova série de matrículas de automóvel. Em vez de duas letras no centro, vão ter quatro, nas pontas. E contam ainda com três novas letras do alfabeto.

99-ZZ-99. Esta será a última combinação da atual série de matrículas de veículos a ser utilizada no mercado nacional, algo que deverá acontecer no final do próximo ano. Depois, a configuração muda. Passa a haver mais letras nas “chapas”, mas também três novas letras fruto do acordo ortográfico que vão multiplicar os anos de vida da nova série.

A primeira matrícula foi registada a 1 de janeiro de 1937 e até 29 de fevereiro de 1992 foi usado o modelo “AA-00-00”. A partir de 1 de março de 1992 foi usado o modelo “00-00-AA”, sendo que atualmente, o número de matrícula dos automóveis, motociclos, triciclos, quadriciclos e ciclomotores é constituído por dois grupos de dois algarismos e um grupo de duas letras, separados entre si por traços.

Foi em 2005 que começou a utilizar-se a série “00-AA-00”, que permanece até hoje. No total, com esta série permite, à semelhança das anteriores, cinco milhões de combinações, estando a faltar cerca de 500 mil que devem ser utilizadas até ao final de 2019. Daí em diante, a nova série passa a ter mais letras.

Não só haverá quatro letras, duas seguidas de números e de outras duas (“AA-00-AA”), como o Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT) vai passar a utilizar “as letras Y,K e W (que até agora não eram utilizadas), na sequência do acordo ortográfico”. Ou seja, haverá, matrículas como esta: “YK-00-WZ”.

 

Estas duas alterações, a do aumento do número de letras, combinada com as novas letras passíveis de serem utilizadas nas matrículas, vão dar mais tempo de vida às novas “chapas”. É que, diz o IMT, de um total de cinco milhões de combinações, passará a haver cinco vezes mais.

Segundo o IMT, “a nova série permite atribuir cerca de 28 milhões de matrículas“. Assim, e tendo em conta que a atual série terá um tempo útil de vida de cerca de 15 anos (apareceu em 2005 e deverá terminar no final de 2019), os portugueses poderão viver com esta nova combinação mais de 80 anos.

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Depois do caso Huawei, China detém dois cidadãos canadianos

As detenções ocorrem depois de a CFO da Huawei ter sido detida no Canadá, por ter, alegadamente, participado na venda de material ao Irão, país que está sob embargo comercial dos EUA.

Depois da diretora financeira da Huawei, Meng Wanzhou, ser detida em Vancouver, foram detidos dois cidadãos canadianos na China. O ministro dos negócios estrangeiros chinês diz que as detenções se prendem com investigações relativas a “atividades que colocam em risco a segurança nacional da China”.

Na passada segunda-feira foi detido Michael Kovrig, um ex-diplomata que atualmente trabalha na International Crisis Group, uma ONG que se dedica à resolução e prevenção de conflitos armados internacionais. O segundo canadiano detido foi Michael Spavor, um escritor e empresário que promove e facilita viagens à Coreia do Norte, escreve o Financial Times (acesso condicionado/conteúdo em inglês). Os dois canadianos detidos já se conheceriam.

No seguimento da detenção da herdeira do fundador da Huawei, por alegadas violações das sanções norte-americanas contra o Irão, Pequim avisou que iriam haver “sérias consequências” para o Canadá.

Para a China, a detenção de Meng Wanzhou foi “despropositada, irracional e de natureza vil”. Os embaixadores canadiano e norte-americano foram convocados, e o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros chinês disse que tomariam “medidas adicionais” se necessário. Entretanto, a administradora foi libertada, mas tem de pagar caução de 7,5 milhões de dólares.

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Investimento em vistos gold acelera em novembro. Cai no total do ano

  • Lusa
  • 13 Dezembro 2018

Foram atribuídos 126 vistos 'dourados' em novembro, resultando num investimento total de 77 milhões de euros. Trata-se de um aumento de 4% face a outubro e de 41% em termos homólogos.

O investimento resultante da concessão de vistos gold subiu 41% em novembro, face a igual mês do ano passado, para 77 milhões de euros, de acordo com dados estatísticos do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF).

No mês passado, o investimento captado através de Autorizações de Residência para atividade de Investimento (ARI) totalizou 77.100.876,53 euros, uma subida de 41% face aos 54.589.231,55 euros registados um ano antes. Relativamente a outubro, o investimento aumentou 4%.

Em novembro foram atribuídos 126 vistos dourados, 121 no âmbito da aquisição de bens imóveis (dos quais 13 para reabilitação urbana) e cinco pelo critério de transferência de capital.

Entre janeiro e novembro, o investimento captado totalizou 744.188.477,88 euros, uma quebra de 8,5% face aos primeiros 11 meses de 2017, quando o montante ascendeu a 813.685.673,56 euros.

Em mais de seis anos – o programa ARI foi lançado em outubro de 2012 –, o investimento acumulado totalizou 4.155.454.320,27 euros, com a aquisição de bens imóveis a somar 3.769.059.383,67 euros.

A transferência de capital totalizou 386.394.936,60 euros.

Desde a criação deste instrumento, que visa a captação de investimento, foram atribuídos 6.813 ARI: dois em 2012, 494 em 2013, 1.526 em 2014, 766 em 2015, 1.414 em 2016, 1.351 em 2017 e 1.260 em 2018.

Até novembro, em termos acumulados, foram atribuídos 6.441 vistos dourados por via da compra de imóveis, dos quais 228 tendo em vista a reabilitação urbana. Por requisito da transferência de capital, os vistos concedidos totalizam 360 e foram atribuídos 12 por via da criação de, pelo menos, 10 postos de trabalho.

Por nacionalidades, a China lidera a atribuição de vistos (4.013), seguida do Brasil (625), Turquia (279), África do Sul (268) e Rússia (237).

Desde o início do programa foram atribuídas 11.579 autorizações de residência a familiares reagrupados, sendo 2.264 este ano.

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Duas plataformas de transporte de passageiros pediram licenciamento após nova lei

  • Lusa
  • 13 Dezembro 2018

A lei dda Uber entrou em vigor no início de novembro, sendo que desde essa altura apenas duas plataformas já fizeram o pedido de licenciamento.

Um mês e meio após a entrada em vigor da lei de transporte de passageiros em veículo descaracterizado, só duas plataformas fizeram já o pedido de licenciamento ao Instituto da Mobilidade e dos Transportes, disse à Lusa o organismo.

Aquela que é conhecida como a ‘lei Uber’, estabelecendo um regime jurídico aplicável à atividade de transporte individual e remunerado de passageiros em veículos descaracterizados a partir de plataforma eletrónica (TVDE), começou a vigorar em 1 de novembro.

A lei 45/2018 permite um período transitório de adaptação aos operadores de quatro meses, sendo que, publicamente, só a Uber anunciou ter feito esse mesmo pedido ao IMT, logo em 1 de novembro.

Entretanto, também a Chauffeur Privé, a mais recente plataforma a operar em Portugal, fez o pedido ao organismo, estando o requerimento a ser analisado.

Segundo dados do IMT enviados à agência Lusa, o organismo recebeu 594 pedidos para licenciamento de operador de TVDE (empresas que trabalham para as plataformas), dos quais 327 já foram deferidos. Os restantes encontram-se em análise.

A nova lei prevê também que os motoristas (a título individual) necessitem de regular a sua atividade junto do IMT, tendo havido até 30 de novembro, inclusive, 129 pedidos, dos quais 98 foram aceites, estando os restantes em análise.

De acordo com o IMT, encontram-se legalmente habilitadas para ministrar os cursos de formação TVDE as entidades exploradoras de escolas de condução e outras entidades formadoras já certificadas pelo organismo.

As ações de formação têm de ser comunicadas ao instituto, tendo sido, até 30 de novembro, comunicados 20 cursos/ações de formação rodoviária para posterior emissão de certificados de motorista de transporte individual e remunerado de passageiros em veículos descaracterizados a partir de plataforma eletrónica (CMTVDE).

Em Portugal operam atualmente quatro destas plataformas internacionais, que ligam motoristas de veículos descaracterizados e utilizadores, através de uma aplicação online descarregada para o telemóvel – as estrangeiras Uber, Cabify, Taxify e Chauffeur Privé.

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Revista de imprensa internacional

As tensões internacionais estão a aumentar, com a detenção de um segundo cidadão canadiano na China. No Reino Unido, May vê-se pressionada para aprovar o acordo do Brexit.

As tensões internacionais estão a aumentar, com a detenção de um segundo cidadão canadiano na China. Pelo Reino Unido, depois de May enfrentar uma prova de fogo, é altura de tentar aprovar o acordo do Brexit. Os ministros do Governo britânico instam a líder a testar várias versões. Já a fintech Revolut conseguiu ver o seu pedido para uma licença bancária aprovado na Lituânia. Veja estas e outras notícias que marcam as manchetes internacionais.

Financial Times

China detém segundo cidadão canadiano

No seguimento da detenção da CFO da Huawei, Meng Wanzhou, a China alertou que iriam existir “sérias consequências”. Entretanto, foram detidos dois cidadãos canadianos no país. O segundo foi Michael Spavor, um escritor e empresário que lidera uma organização cultural que promove viagens à Coreia do Norte. Os dois cidadãos foram detidos por autoridades de segurança por acusações de “se envolverem em atividades que colocam em risco a segurança nacional da China”.

Leia a notícia completa no Financial Times (acesso condicionado, conteúdo em inglês).

Bloomberg

Ministros pressionam May para testar diferentes versões do Brexit

Depois de ter conseguido sobreviver à moção de censura, May vê-se pressionada pelo Executivo para testar diferentes formas do Brexit antes do Natal. Foram seis os ministros que aconselharam a chefe de Governo a levar a votos vários resultados possíveis da saída da União Europeia. O objetivo será mostrar que não há maioria para nenhuma das opções, numa tentativa de fazer com que os legisladores aceitem um compromisso.

Leia a notícia completa na Bloomberg (acesso condicionado, conteúdo em inglês).

Les Echos

Revolut obtém licença bancária na Europa

A “fintech” Revolut, que desenvolve uma app que permite controlar um cartão de câmbio de dinheiro em países estrangeiros sem cobrar comissões, conseguiu uma uma licença bancária europeia. Esta permite ter contas de depósito, fazer crédito ao consumo e negociar na bolsa. Sem a licença, a Revolut não conseguia recolher depósitos de clientes, sendo os fundos que os clientes carregam na conta depositados numa conta bancária de um banco. A candidatura foi feita através do Banco da Lituânia, e a startup encontra-se agora a negociar regras para operar noutros países europeus.

Leia a notícia completa no Les Echos (acesso livre, conteúdo em francês).

El Economista

Fundo Permira compra pacote da Universidade Europeia

O fundo de capital privado Permira fechou a compra da Universidade Europeia por 770 milhões de euros. O pacote incluído nesta operação, que era detido pela Laureates, contempla três campus em Espanha, em Madrid, Valência e Canárias, e dois em Portugal, em Lisboa. A Laureate avançou com a venda tendo em mente o objetivo de se concentrar noutros negócios estratégicos.

Leia a notícia completa no El Economista (acesso condicionado, conteúdo em espanhol).

Reuters

Amazon quer abrir lojas sem checkout em escritórios

A Amazon abriu uma versão compacta das lojas Amazon Go, onde não é necessário passar por caixas registadoras, nos escritórios em Seattle. A empresa quer avançar para este tipo de empreendimento, pequenas pontos em escritórios, tendo como alvo os trabalhadores que vão comprar um snack nas pausas, ou o almoço. A tecnológica liderada por Jeff Bezos também tem estado a explorar a instalação deste tipo de lojas em aeroportos e em pontos de venda maiores.

Leia a notícia completa na Reuters (acesso livre, conteúdo em inglês).

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Banca italiana dá boleia ao BCP. Galp tira chama à bolsa

A bolsa nacional acompanha os ganhos da Europa, apoiada no avanço do BCP que sobe à boleia do disparo da banca italiana.

Desce, sobe e volta a descer. Está a ser um dia muito volátil nos mercados internacionais. Na Europa, o verde da abertura dá, agora, lugar a quedas ligeiras em alguns dos principais índices, enquanto a praça nacional sente o peso da Galp Energia. Nem o BCP, que está a ser puxado pela banca italiana, é capaz de inverter a tendência negativa do PSI-20.

O PSI-20 arrancou a sessão em queda, mas rapidamente passou para a terreno positivo. Seguiu a valorização dos pares europeus, mas voltou a cair. Está a perder 0,21% para 4.832,31 pontos, com a maioria das cotadas em queda.

Enquanto Itália dá motivos para sorrir aos investidores, depois de Roma se ter comprometido a baixar a meta para o défice para 2,04%, o Brexit mantém os investidores em alerta. O Stoxx 600 segue quase inalterado, enquanto o FTSE, do Reino Unido, já praticamente anulou os ganhos do arranque da sessão.

Em Lisboa, o desempenho positivo da banca italiana, que avança em torno de 3%, faz-se sentir no BCP. Com o Intesa Sanpaolo, o maior banco italiano, a disparar 3,7%, o BCP avança 0,57%, para os 24,75 cêntimos, sendo um dos títulos que mais ânimo dá ao índice bolsista de referência lisboeta.

Referência ainda para a subida de 1,06%, para os 10,445 euros, das ações da Jerónimo Martins, num dia em que a Pharol é a estrela. Os seus títulos disparam 7,64%, para os 19,16 cêntimos, depois de a empresa liderada por Palha da Silva ter anunciado que não vai avançar com o aumento de capital para poder acompanhar o reforço de capital da Oi.

A Pharol alega condições desfavoráveis do mercado para esse recuo e diz ter outros meios para “acautelar interesses” na sua participada brasileira.

A pressão da Galp Energia acaba, no entanto, por ditar a tendência negativa da bolsa de Lisboa. Num dia em que o petróleo está estável, as ações da empresa portuguesa deslizam 1,57% para 14,065 euros. A EDP Renováveis também cai quase 1%, enquanto a EDP perde 0,13% para 3,1060 euros.

(Notícia atualizada às 8h57 com a inversão da tendência da bolsa nacional)

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Hoje nas notícias: Desemprego, habitação e palácios

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

Residências de estudantes em palácios, pousadas ou num quartel atribuídas pelo Governo faz manchete no jornal i, no dia em que se sabe que o desemprego entre os deficientes cresceu 24% em seis anos. É possível também saber mais em detalhe aqueles quais serão os aumentos das pensões, bem como o projeto de lei do PSD que pretende baixar a taxa sobre rendimentos de capitais à boleia da habitação.

Desemprego entre deficientes aumentou 24% em seis anos

O desemprego entre as pessoas com deficiência aumentou 24% entre 2011 e 2017, em contraciclo com a tendência da população em geral, sendo que, no ano passado, apenas 11% dos deficientes registados em centro de emprego ficaram empregados. Os dados avançados pelo Público nesta quinta-feira (acesso condicionado) constam do mais recente relatório “Pessoas com Deficiência em Portugal – Indicadores de Direitos Humanos 2018”, da autoria do Observatório da Deficiência e Direitos Humanos (ODDH), e revelam que em 2017 havia 12.911 pessoas com deficiência inscritas nos centros de emprego.

Palácios, pousadas, quartel e ministério dão lugar a residências para estudantes

O Governo atribui a Almada, Amadora, Faro, Guarda, Leiria, Lisboa e Porto, entre outras cidades portuguesas, casas para albergar estudantes universitários. A notícia é avançada pelo Jornal i (acesso pago) que cita um diploma do executivo liderado por António Costa, dando ainda conta que palácios, pousadas, quartel e ministério darão lugar a essas residências para estudantes.

Empresas pagam juros mais baixos de sempre

Nunca as empresas pagaram juros tão baixos para se financiarem junto da banca. O Jornal de Negócios dá conta nesta quinta-feira (acesso pago) que pela primeira vez, a taxa de juro média das operações de financiamento às empresas portuguesas caiu abaixo da fasquia dos 3%, no segundo trimestre deste ano. O custo de financiamento das empresas segue a trajetória descendente desde que a troika entrou em Portugal, acumulando já uma redução de um ponto percentual no espaço de três anos, servindo de suporte à respetiva capitalização.

Pensões sobem 1,6% em janeiro

A maioria das pensões dos portugueses contará com um aumento de 1,6% em janeiro, dá conta o Correio da Manhã (acesso grátis) nesta quinta-feira, citando dados divulgados pelo Ministério da do Trabalho. Os aumentos das reformas variam entre 0,78% e 1,6%, sendo que a taxa mais elevada irá beneficiar as pensões até 871,52 euros, o que representa cerca de 85% dos reformados em Portugal. Já as pensões mais elevadas (acima de 5229,12 euros) vão manter-se congeladas.

PSD quer baixar taxa sobre rendimentos de capitais à boleia da habitação

O Diário de Notícias (acesso pago) desta quinta-feira dá conta do projeto de lei do PSD que propõe baixar a taxa de 28% que incide sobre os rendimentos prediais, quando os senhorios façam contratos de arrendamento de longa duração, e que também altera o valor da taxa que é paga pelos rendimentos de capital — juros de depósitos, rendimentos de títulos de dívidas, dividendos de ações, entre outros. Para além disso, de acordo com a proposta social-democrata, a redução aplicada aos rendimentos prediais — o corte vai até aos 14% — também passará a ser aplicada aos rendimentos obtidos em território português por não residentes. E, neste caso, abrangendo rendimentos do trabalho dependente ou pensões.

 

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Nova Expressão avança com providência cautelar para travar decisões da AG da Inapa

  • Lusa
  • 13 Dezembro 2018

Em causa está a transformação de ações preferenciais em ordinárias, e as taxas de conversão propostas. A Inapa diz que vai “apresentar oposição ao requerimento".

A Inapa informou esta quarta-feira o mercado que foi citada da providência cautelar de suspensão de deliberações sociais que foi intentada contra si pela Nova Expressão, sua acionista.

Num comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a Inapa, que se dedica à distribuição de papel, lê-se que na providência cautelar é pedida a suspensão “da deliberação da assembleia geral ordinária da Inapa aprovada em 15 de novembro de 2018 que incidiu sobre a conversão da totalidade das ações preferenciais sem voto do seu capital social em ações ordinárias”.

Além disso, a Nova Expressão pede também a suspensão “da deliberação da assembleia geral especial dos acionistas titulares de ações preferenciais sem voto da Inapa aprovada em 15 de novembro de 2018 sobre a mesma matéria”. No comunicado, a Inapa refere que “irá apresentar oposição ao requerimento da referida providência no decurso do prazo legal”.

A Nova Expressão contestou no início de novembro as taxas de conversão propostas para a transformação de ações preferenciais em ordinárias, sublinhando que o processo de conversão não é necessário no âmbito da compra da Papyrus.

“No entender da Nova Expressão SGPS este processo de conversão não é necessário no contexto da concretização do negócio de aquisição da Papyrus. Além disso, a Nova Expressão não compreende as taxas de conversão propostas para a transformação de ações preferenciais em ordinárias, entendendo que não existem razões para que a referida conversão não seja feita por equivalência simples de uma ação preferencial por uma ordinária”, defendeu, num comunicado divulgado na altura.

Segundo a Nova Expressão, as propostas de conversão das ações preferenciais em ordinárias incluem uma “taxa de conversão que penaliza a posição dos acionistas não institucionais e reduz o valor das ações ordinárias” adquiridas no mercado.

“As ações preferenciais resultam de uma operação realizada há alguns anos e que então converteu a dívida da empresa nessas novas ações destinadas aos credores, que eram várias entidades bancárias”, explicou.

Desta forma, as propostas de conversão “têm como efeito direto fazer diminuir o valor das ações detidas pelos acionistas privados”, sendo que 15% do capital está fora dos acionistas institucionais e de referência.

“Pensamos que muitos acionistas têm pouca informação sobre este processo e sobre o risco que o seu investimento corre se a assembleia geral aprovar a conversão com uma taxa penalizadora, que resultará na redução do valor das ações ordinárias que detêm. A presença dos acionistas na assembleia geral é a única forma de garantirem os seus direitos e defenderem o seu investimento”, lê-se no comunicado assinado pelo presidente do conselho de administração da Nova Expressão, Pedro Teles Baltazar.

A Nova Expressão detém 13,2% do total das ações ordinárias da Inapa e 0,45% do capital das ações preferenciais. Os acionistas da Inapa reuniram-se em assembleia geral em 15 de novembro para votar um aumento de capital de até 195,1 milhões de euros para efeitos de conversão de obrigações, conforme foi comunicado ao mercado em 25 de outubro.

De acordo com o comunicado enviado à data à CMVM, o segundo ponto da ordem de trabalhos incluía a votação da emissão de obrigações convertíveis em ações, aprovando a deliberação da emissão de 15.000 obrigações convertíveis em ações representativas do capital social, no montante de 15 milhões de euros, através da realização de uma oferta particular de subscrição.

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Draghi pousa a bazuca de três biliões de euros. Está a moeda única a salvo?

O BCE prepara-se para fechar um ciclo, mas o caminho da normalização da política monetária ainda é longo. O elevado endividamento, desaceleração económica e resistente inflação serão obstáculos.

“Tudo o que for preciso”. Foi o que Mario Draghi prometeu que o Banco Central Europeu (BCE) estaria disposto a fazer pela Zona Euro para evitar o colapso da região. Esse “tudo” — na forma de um programa de compra de ativos que alcançou os 2,6 biliões de euros ao longo de três anos — está prestes a chegar ao fim, marcando o fim de uma era de dinheiro barato sem precedentes. O italiano já garantiu que não vai deixar o mercado desarmado, mas os desafios são grandes.

“Num cenário de eventos descontrolados, não havia a perceção de que houvesse alguém que tomasse conta dos problemas. Nesse momento, Draghi e o BCE chamaram a si as rédeas da crise, lançando a liquidez necessária no mercado. A seguir à criação do euro, foi o dia mais importante da moeda única. O programa foi apenas um veículo, o importante foi a tomada de posição de que o BCE estava disposto a tomar uma ação”, afirmou Filipe Garcia, economista e presidente da IMF – Informação de Mercados Financeiros.

Quando Draghi chegou à liderança do BCE, em 2011, viu-se a braços com uma crise económica e financeira na região, proporcionada pelos efeitos do contágio da crise do subprime norte-americana na banca europeia, pela crise das dívidas soberanas dos países da moeda única (que levaram a pedidos de resgate por países como Portugal) e pela contração da economia.

Sem prever o que viria a acontecer, o antecessor, Jean-Claude Trichet, subiu os juros de referência duas vezes em 2011, por temer que a inflação sobreaquecesse. Assim que chegou à presidência, em novembro desse ano, Draghi começou a inverter o curso, até mínimos históricos (e atuais níveis): a taxa de juro aplicável às operações principais de refinanciamento em 0%, as taxas de juro aplicáveis à facilidade permanente de cedência de liquidez nos 0,25% e à facilidade permanente de depósito em -0,40%.

Mas as políticas monetárias convencionais, que eram até aqui o único instrumento dos bancos centrais, deixaram de ser suficientes. Em março de 2015 — quando os mercados desesperavam para que o BCE seguisse os passos da Reserva Federal norte-americana (Fed) e do Banco do Japão (BoJ) — finalmente as palavras de Draghi tomaram forma num programa de compra de ativos da Zona Euro.

Um banco central para o norte e o sul

“Em larga medida, foi a salvação do euro. Mas mais do que uma solução para evitar consequências mais radicais da crise das dívidas soberanas, o programa de quantitative easing (QE) e toda a postura do BCE neste processo serviu para afastar as dúvidas de que o BCE fosse a um banco central excessivamente focado no interesse dos alemães“, sublinha Rui Bárbara, economista e gestor de ativos do Banco Carregosa. “Provou ser um banco central para todos os países da Zona Euro e não apenas para os alemães. O BCE comportou-se, de facto, como rede de segurança para todos os países da Zona Euro, fossem eles incumpridores ou não. E essa afirmação é um legado que fica da crise das dívidas soberanas”.

Inicialmente, o plano do BCE era comprar 60 mil milhões de euros por mês em dívida pública e empresarial ao longo de um ano (de março de 2015 a março de 2016), mas Draghi viu-se obrigado a prolongar (e aumentar) o programa. Para isso, enfrentou a posição das vozes críticas da posição ativa do banco central no mercado. A maior? “A Alemanha, a Alemanha, a Alemanha. (E todos os líderes políticos que preferiam castigar os culpados do que resolver a situação)”, diz Bárbara.

Após uma redução para metade do volume a que decorreu nos primeiros nove meses do ano, a bazuca do BCE continua a postos desde setembro, mas a um ritmo de 15 mil milhões de euros por mês. O BCE reúne-se esta quinta-feira pela última vez este ano depois de, em junho, ter anunciado que as compras líquidas terminam em dezembro. O fim do ciclo já é conhecido, mas será oficializado.

Ao longo de três anos, a economia europeia recuperou da crise, tendo crescido, no ano passado, a um ritmo de 2,8%. A inflação começou a aproximar-se da meta do banco central — próxima, mas abaixo de 2% — e os custos de financiamento dos países tornaram-se comportáveis.

A instituição financeira comprou dívida com base no tamanho e população de cada país. Assim, Alemanha e França são os Estados de origem da maior parte dos ativos que entraram no balanço do BCE, mas foram os países do sul da Europa que mais beneficiaram da tábua de salvação. No caso de Portugal, comprou 7,88 mil milhões de euros em dívida pública, até ao final de novembro, o que foi visto como uma das principais causas (a par do crescimento económico, da redução do défice e da consequente subida do rating) para a descida dos custos de financiamento do país.

Compra de dívida portuguesa atingiu o pico em maio de 2016

Fonte: BCE e Reuters

Caixa de Pandora da monetização da dívida

“Sem o QE, dificilmente teríamos saído da situação criada. Os governos foram lentos na resposta e coube ao BCE intervir. As taxas de juro da dívida pública portuguesa atingiram valores que já não o permitiriam refinanciar. Uma saída do euro seria bastante provável”, lembra João Zorro, responsável da área de Obrigações da GNB Gestão de Ativos. “Se o problema fosse só Portugal, certamente que o BCE não teria agido. Foi o contágio sobre os países do Sul — e que inclui a França — que fez soar o alarme”.

Por outro lado, sublinha que não é possível que os mecanismos de transmissão da política monetária sejam efetivos (por exemplo, sobre a concessão de crédito sobre as empresas) se a dívida pública for transacionada com um prémio de risco tão elevado como estava então. Sem acesso a financiamento, as empresas cessam atividade ou são obrigadas a reestruturar, o que cria também problemas para a economia.

“Cria-se facilmente uma espiral negativa com consequências difíceis de descrever. O facto de não se ter caído naquela espiral, e termos hoje a dívida pública a transacionar a níveis tão baixos e termos as economias a crescer são os aspetos positivos óbvios. Do ponto de vista negativo, haverá a destacar as distorções criadas na valorização dos ativos”, diz João Zorro.

Garcia concorda nas consequências para a distorção da formação de preço dos ativos, mas vai mais longe e questiona se os governos aproveitaram o momento favorável para se prepararem para tempos menos bons. “Abriu-se a caixa de Pandora da monetização da dívida. Indiretamente, o banco central estava a financiar os governos e criou-se uma certa desresponsabilização dos governos em relação ao défice e à dívida“, afirma o presidente do IMF.

Com governos desresponsabilizados, reformas foram limitadas

No ano passado, a recuperação económica foi usada por governos por toda a Europa — incluindo Portugal — para erguer a bandeira do sucesso e disfarçar os pesos das dívidas (medidas através do rácio face ao PIB). Entre os Estados da moeda única, o endividamento público alcançou os 86,3% do produto gerado no segundo trimestre do ano, com as dívidas acima de 120% da economia da Grécia, Itália e Portugal no pódio. Os mercados já estão a incorporar a retirada dos estímulos, mas deverá ainda assim assistir-se a uma subida nos juros das dívidas soberanas de toda a Zona Euro no próximo ano.

A acrescer aos riscos, o momento é de desaceleração e a taxa de crescimento da Zona Euro atingiu, no terceiro trimestre deste ano, o pior desempenho em quatro anos (nos 0,2%). A inflação subjacente (que é monitorizada pelo BCE e exclui tanto energia como bens alimentares) ficou-se por 1% em novembro. Esta quinta-feira, o banco central irá atualizar as projeções económicas e as perspetivas não são favoráveis. Em setembro, apontava para um crescimento do PIB de 2% este ano, 1,8% em 2019 e 1,7% em 2020. Quanto à inflação, previa 1,7% nos três anos.

Os analistas do Commerzbank antecipam que os governadores revejam em baixa as projeções de subida dos preços. “Apesar disso, os recentes aumentos dos salários deverão permitir ao BCE manter-se confiante que a inflação subjacente irá subir proximamente”, sublinham, numa nota de antevisão à reunião.

“A rápida subida dos preços da energia e preços das importações mais altos devido ao euro mais fraco deverão também levar a uma taxa de inflação mais elevada, mas apenas se as empresas conseguirem passar os custos de produção para os consumidores. Se a economia enfraquecer mais que o esperado, poderá travar os cálculos do BCE. Afinal, procura mais fraca reduz a margem de manobra das empresas em relação aos preços”, acrescenta o Commerzbank.

A par das alterações nas projeções, o BCE deverá dar esta quinta-feira os primeiros passos no longo caminho de normalização da política monetária, que culminará em subidas das taxas de juros até 2%. Até então, ainda faltam vários anos, sendo que o mercado antecipa que o BCE comece por subir a taxa de depósitos no final de 2019 e, apenas no ano seguinte, realize novas subidas.

Ao longo desse tempo, o BCE irá conduzir uma política de reinvestimentos dos montantes das dívidas vencidas e dos juros, que apenas em 2019, será de 212 mil milhões de euros. Para minimizar o impacto das mudanças e contrariar um possível aperto na liquidez, a instituição financeira poderá ainda relançar uma nova leva de empréstimos de longo-prazo aos bancos (TLTRO).

O elevado endividamento dos países, a desaceleração da economia e a resistência da inflação serão desafios para um banco central cujo desejo será aproximar-se mais da saída airosa da Fed (que após o taper tantrum de 2013 conseguiu executar a normalização) do percurso de constantes relançamentos de programas do BoJ. O problema é que a zona euro — ao contrário dos EUA — enfrenta o mesmo problema de envelhecimento populacional que o Japão.

Futuras crises nas mãos do sucessor de Draghi e do Eurogrupo

A incerteza agudiza com as dúvidas sobre quem será o próximo presidente do BCE. Mario Draghi abandona o cargo dentro de menos de um ano e será o substituto a conduzir o caminho de normalização. Entre os candidatos está o atual governador do alemão Bundesbank Jens Weidmann, que é um dos maiores críticos ao QE e poderá defender um papel menos ativo do banco central em futuras crises.

Por outro lado, o Eurogrupo está a preparar formas de reforçar o armamento europeu em caso de problemas. Os ministros das Finanças da Zona Euro anunciaram recentemente mudanças de reforço do Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE).

O mecanismo passará a servir de “mecanismo de salvaguarda” do Fundo Europeu de Resolução caso uma eventual crise esgote os recursos, a partir de 2024. Irá ser também chamado a emprestar fundos aos Estados do espaço da moeda única que tenham sido afetados por crises sobre as quais não tenham responsabilidade e irá ganhar um papel mais ativo no acompanhamento da reestruturação das dívidas soberanas quando necessário.

Assim, as opções continuam em aberto, tanto quanto ao caminho de normalização da política monetária como ao papel do BCE em futuras crises. “Com o fim das compras líquidas de ativos, apenas uma medida não convencional será arquivada”, lembrou Carsten Brzeski, economista-chefe do ING na Alemanha, sublinhando que a “a folha de balanço do BCE dificilmente irá diminuir nos próximos meses”.

Por muito bem-sucedida que seja a transição, o BCE terá pouco tempo para relaxar. Para já, o BCE deverá manter o jogo fechado e manter a atual forward guidance sobre os juros e o horizonte dos reinvestimentos de pelo menos um ano. Assim mantém todas as opções em aberto para a futura normalização e primeira subida dos juros. No entanto, se houver algo realmente negativo, as discussões no próximo ano sobre o timing do primeiro aumento dos juros poderão facilmente fundir-se em debates sobre se há ou não capacidades para também colocar a segunda medida não convencional (juros negativos) na prateleira”, remata.

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May fica no Governo mas Brexit continua ameaçado

  • Vasco Gandra, em Bruxelas
  • 13 Dezembro 2018

Cimeira em Bruxelas volta a ser dominada pelo Brexit: objetivo é obter garantias para salvar internamente o acordo. UE diz que "renegociação não está em cima da mesa".

Uma sobrevivente Theresa May chega hoje a Bruxelas para mais uma cimeira dominada pelo Brexit. O objetivo é obter garantias para salvar internamente o acordo. Mas a UE diz que “renegociação não está em cima da mesa”.

A agenda do encontro inclui temas decisivos para o futuro da União Europeia mas o Brexit ameaça novamente dominar as atenções dos líderes europeus. Não estava inicialmente no menu mas o caos político em Londres provocado pelo adiamento do voto do acordo do Brexit levou o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, a incluir o tema na agenda para uma discussão hoje, após o jantar.

Primeiro, os líderes vão ouvir o que Theresa May tem para dizer sobre a situação, após sobreviver ao voto de confiança dentro do seu partido, e que garantias procura dos 27 para conseguir aprovar o acordo do Brexit na Câmara dos Comuns. Uma fonte da UE voltou a deixar claro esta quarta-feira que “a renegociação do acordo não está em cima da mesa. As garantias que May procura não podem contrariar o acordo” para a saída do Reino Unido, alcançado com a UE.

“É impossível renegociar [o acordo], o resto pode ser discutido”, afirmou a mesma fonte, escusando-se no entanto a precisar que tipo de soluções podem ser encontradas para ajudar a líder britânica.

O ponto que mais atrito tem provocado em Londres é o famoso “backstop” entre as duas Irlandas – o mecanismo que deverá manter provisoriamente o Reino Unido numa união aduaneira por forma a evitar uma fronteira física entre as duas Irlandas. Apesar de os últimos encontros de Theresa May com alguns líderes europeus, os 27 parecem ainda não ter percebido concretamente que tipo de clarificações precisa a primeira-ministra britânica de obter para que os seus correligionários do Partido Conservador aceitem o acordo de saída negociado entre Londres e Bruxelas.

Depois de ouvirem Theresa May, os 27 reúnem-se para preparar a resposta. Entretanto, e com o tempo a esgotar-se, os líderes vão também acelerar os preparativos para o caso de o Reino Unido sair da UE sem acordo a 29 de março.

Mais vida para além do Brexit

Apesar de o Brexit marcar mais uma cimeira, o Conselho Europeu tem uma agenda carregada com temas decisivos para o futuro da UE.

Os líderes vão ter esta tarde a primeira discussão política substancial sobre o orçamento plurianual europeu para 2021-2027, dossiê que divide profundamente os Estados-membros. A proposta da Comissão Europeia prevê para aquele período para Portugal cerca de 21,2 mil milhões de euros ao abrigo da política de coesão, o que representa um corte de 7% face ao quadro atual, enquanto que, para a PAC, o executivo comunitário avançou uma verba de cerca de 7,6 mil milhões de euros, a preços correntes, abaixo dos 8,1 mil milhões do orçamento anterior.

No debate — que se prevê longo — os chefes de Estado e de governo vão indicar as suas prioridades e pedir às próximas presidências semestrais do Conselho da UE para prosseguirem as negociações com vista a um acordo na segunda metade de 2019.

O Conselho Europeu deverá igualmente dar um impulso aos trabalhos para aperfeiçoar o funcionamento do mercado interno, assumindo o compromisso de aprovar as propostas legislativas que se encontram em cima da mesa, sobretudo em relação à remoção das barreiras que ainda pesam.

Na vertente da política migratória, os líderes vão, mais uma vez, fazer o ponto sobre o que foi feito desde a crise migratória em 2015. Apesar de as chegadas de migrantes aos países da UE terem claramente diminuído, os governos continuam divididos sobre a maneira de organizar o direito de asilo e a forma de distribuir todos aqueles que têm direito a ficar no bloco comunitário.

O futuro da Zona Euro

Na cimeira do euro amanhã, os líderes deverão dar um impulso às reformas que ainda faltam concluir na zona da moeda única. Este é um dossiê fundamental já que se trata de dotar a Zona Euro de uma série de instrumentos para proteger os Estados-membros de futuras crises. É aí que entra em cena o presidente do Eurogrupo. Mário Centeno informará os líderes sobre as negociações que decorreram até agora no seio do fórum de ministros a que preside.

Os líderes preparam-se para dar luz verde aos dois principais pontos acordados recentemente. A começar pelo reforço do fundo de resolução bancária. Neste caso, o Mecanismo Europeu de Estabilidade deverá servir de rede de segurança — aumentando para o dobro a capacidade do fundo –, no caso de este esgotar os seus recursos. Em contrapartida, terá de haver um esforço significativo de redução dos riscos de colapso.

Está igualmente previsto reforçar a eficácia do Mecanismo Europeu de Estabilidade que fornecerá assistência a Estados-membros afetados por uma crise ou um choque adverso – que não seja, portanto, da sua responsabilidade –, mas sob determinadas condições, entre as quais o estrito cumprimento das regras orçamentais europeias.

Os líderes vão ainda discutir a possibilidade de criar instrumentos orçamentais para a Zona Euro, uma proposta defendida por Bruxelas, Paris e Berlim. Parece ao alcance um consenso em relação a um instrumento que fomente a competitividade e a convergência no seio da Zona Euro, no âmbito do orçamento plurianual europeu. Os líderes deverão dar o aval para que se avance no desenho e na calendarização da criação deste instrumento.

Mais difícil será conseguir um acordo sobre uma função orçamental de estabilização, incluindo a criação de um seguro europeu de desemprego. Vários países duvidam da necessidade desta função recusando novas transferências orçamentais. As discussões técnicas vão continuar sem perspetiva de consenso político, por agora. Também em modo de discussão técnica deverá ficar a proposta para estabelecer um mecanismo europeu de garantia de depósitos que proteja os depósitos dos clientes no caso de falência de um banco.

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