Carlos Costa: “Empresas portuguesas estão entre as mais alavancadas da Europa”
A sociedade portuguesa deseja um nível de bem-estar superior àquele que a economia pode dar, avisa Carlos Costa, governador do Banco de Portugal, num artigo de opinião no Público.
“As empresas portuguesas estão entre as mais alavancadas da Europa” — o aviso é de Carlos Costa, governador do Banco de Portugal. Num artigo de opinião [acesso condicionado] publicado esta terça-feira no jornal Público, o responsável frisa que a sociedade portuguesa deseja mais do que aquilo que a economia lhe pode dar neste momento e destaca o endividamento das empresas como uma dificuldade que é “premente” resolver.
“Sabemos que atualmente as aspirações de bem-estar individual e de equidade coletiva da sociedade portuguesa excedem a capacidade de produção da economia”, frisa o governador. Carlos Costa lembra que o crescimento potencial português está hoje “em níveis muito reduzidos” — não há acordo sobre como calculá-lo, mas estará entre 0% e 2%. Por isso, é preciso resolver um conjunto de desafios para que “as aspirações dos cidadãos em termos de rendimento” vão ao encontro das capacidades de produção da economia nacional.
Carlos Costa destaca quatro desafios:
- O elevado endividamento privado e público e a baixa taxa de poupança das famílias;
- As tendências demográficas;
- Os baixos níveis de investimento empresarial verificados no passado;
- O ainda elevado desemprego de longa duração, apesar das recentes melhorias do mercado de trabalho.
Para resolver estes problemas, é preciso trabalhar tanto no lado das políticas públicas, como no setor privado.
É premente o reforço dos seus [das empresas] capitais próprios seja pelos atuais acionistas e/ou pela entrada de novos acionistas.
As empresas precisam de reforçar a sua autonomia financeira e qualificar a gestão. “É premente o reforço dos seus capitais próprios seja pelos atuais acionistas e/ou pela entrada de novos acionistas”, garante Carlos Costa. “Trata-se de uma condição determinante do aumento do investimento produtivo, em particular no setor dos bens transacionáveis”, assegura. E se preciso for, as empresas deverão considerar alternativas como “a conversão de dívida em capital ou quase-capital e a atração de capital estrangeiro”.
Já os agentes públicos devem adotar medidas “que promovam o investimento produtivo e a qualificação dos recursos humanos”, e ainda adotar “um quadro legal e institucional facilitador de uma afetação mais eficiente dos recursos disponíveis”.
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