“Vender a Partex pode não ser asneira”, diz especialista
As negociações com o grupo chinês CEFC para vender a Partex podem ter sido interrompidas, mas a Fundação Calouste Gulbenkian continua a querer alienar a petrolífera.
O especialista em geopolítica do petróleo José Caleia Rodrigues defendeu hoje que a decisão da Fundação Calouste Gulbenkian de vender a Partex “pode não ser asneira”, porque “hoje o setor da produção de petróleo é para gigantes”.
“A missão da fundação não é explorar petróleo, o petróleo é uma fonte de rendimento e hoje o setor da produção de petróleo é para gigantes”, afirmou à Lusa Caleia Rodrigues, à margem da conferência sobre “A Nova Guerra Fria”, organizada pela Associação de Amizade Portugal – EUA (AAPEUA), em Lisboa. Em declarações à Lusa, o especialista explicou que, no contexto de “Guerra Fria” que “anda por aí”, que se traduz “na luta pelo domínio da produção”, “é uma luta de gigantes em que a Partex pode ser um jogador menor”.
“Vender a sua posição [na Partex] pode não ser asneira, mas para Portugal era interessante tê-la. É interessante ter alguma coisa, é mais [interessante] do que não ter, até para ter conhecimento. E até porque as coisas podem mudar”, acrescentou.
A Fundação Calouste Gulbenkian pretende alienar a petrolífera Partex, de que detém a totalidade do capital, para seguir “uma nova matriz energética” mais limpa, em linha com o “movimento internacional seguido por outras fundações”. Na passada sexta-feira, a Gulbenkian anunciou que decidiu pôr termo à negociação que decorria com o grupo chinês CEFC para a venda da Partex, por considerar que não existem condições para continuar negociações, mas não desistiu da alienação da petrolífera.
“Na sequência das notícias recentes vindas a público sobre a situação do grupo chinês e face à incapacidade desta empresa em as esclarecer cabalmente junto da Fundação, concluiu-se que não existem condições para continuar as conversações”, anunciou em comunicado a fundação liderada por Isabel Mota.
No entanto, esclarece que mantém “inalterada a sua opção estratégica relativamente à nova matriz energética”, pelo que “a fundação dará continuidade ao processo de venda da Partex, tendo em conta os melhores interesses da fundação e da empresa”.
A Fundação Calouste Gulbenkian detém 100% do capital da Partex, empresa que é liderada por António Costa Silva (na foto). A Partex foi fundada em 1938, por Calouste Gulbenkian, que até então tinha sido o grande promotor da criação da Iraq Petroleum Company, uma empresa que reuniu os interesses das empresas que hoje se chamam BP, Shell, Total, Exxon Mobil, e onde ficou com 5%, passando a ser conhecido como o “Mister Five Per Cent“.
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