Debandada continua. Com o BPI, já são oito as cotadas a sair da bolsa em apenas um ano
Depois do BPI, são já oito as empresas que pediram para sair da bolsa de Lisboa no último ano. Mas poderá haver novas entradas este ano.
Está a ficar cada vez mais curta a lista de cotadas da bolsa de Lisboa. Depois de o CaixaBank ter anunciado que pretende retirar o BPI do mercado de capitais, são já oito as empresas que, no último ano, decidiram abandonar a bolsa. Lisboa nunca teve tão poucas cotadas, mas a gestora da bolsa prepara-se para receber novos IPO (initial public offering) nos próximos tempos.
O Montepio e a Cimpor deram o pontapé de saída desta debandada, ao saírem ambas da bolsa em setembro do ano passado. No caso do banco, a saída deu-se depois de a Associação Mutualista ter concluído com sucesso a Oferta Pública de Aquisição sobre o Montepio Geral, ficando com 99,7% do capital do banco.
Já a Cimpor viu o seu pedido de perda da qualidade de sociedade aberta ser aceite pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) no dia 26 de setembro de 2017. Contudo, esta poderá ser uma saída não definitiva. Em janeiro deste ano, a InterCement, dona da cimenteira portuguesa, anunciou estar a considerar colocar as suas operações europeias e africanas no mercado de capitais para obter fundos que lhe permitam reduzir a dívida.
No fina do ano passado, foi a vez da Sumol+Compal, cujos acionistas aprovaram em assembleia-geral a saída da bolsa de Lisboa no dia 21 de dezembro.
As despedidas da bolsa intensificaram-se este ano. A Fidelidade, que controla a Luz Saúde, decidiu retirar o estatuto de sociedade aberta da empresa de saúde devido aos “custos e formalidades inerentes a tal estatuto”. Os acionistas acabaram por aprovar a saída em abril.
Na mesma altura, a SAG, a dona da SIVA, que comercializa em Portugal as marcas da Volkswagen, manifestou a intenção de sair da bolsa, uma decisão que ainda não está tomada. Isto porque a empresa não conseguiu encontrar qualquer acionista disposto a comprar os títulos pertencentes aos acionistas que votassem contra a saída de bolsa. A assembleia geral extraordinária que estava marcada para abril acabou, assim, por ser desconvocada.
No mês passado, a CMVM aprovou ainda o pedido de perda da qualidade de sociedade aberta da SDC Investimentos, a empresa que resultou da antiga Soares da Costa. Por outro lado, o regulador chamou um auditor independente para fixar o preço mínimo para os espanhóis Suan Farma poderem retirar a farmacêutica Cipan da bolsa portuguesa.
A lista acaba — para já — com a intenção manifestada pelo CaixaBank. O banco catalão comprou ao grupo Allianz ações representativas de 8,425% do BPI, passando a deter 92,935% do capital da instituição portuguesa. Com esta posição, o CaixaBank já tem o capital necessário para retirar o banco português da bolsa e é precisamente isso que vai pedir.
Esta debandada da bolsa poderá, contudo, começar a ser compensada este ano. Em dezembro, fonte da Euronext Lisboa adiantou ao ECO que há “algumas situações que poderão vir a ser públicas nos próximos dois anos”.
Na linha da frente destas estreias em bolsa estará a Raize, uma fintech portuguesa que funciona como uma bolsa de empréstimos a pequenas e médias empresas (PME). Esta startup já anunciou contactos formais com a Euronext para dar início a um processo de colocação de ações no mercado de capitais já em 2018. A oferta estará avaliada em menos de cinco milhões de euros.
Outra startup portuguesa, a Feedzai, também está em vias de entrar no mercado de capitais. O CFO da tecnológica adiantou ao ECO que pretende realizar um IPO dentro de dois a três anos. Só não se sabe em que mercado será feita a operação. Grande parte do seu negócio é lá fora, dividindo o seu trabalho entre Coimbra, onde tem a sua sede, e Silicon Valley, onde tem escritórios.
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