Carlos Oliveira: “Talento é uma restrição ao crescimento económico”
O presidente da InvestBraga diz que a falta de recursos humanos é transversal a Portugal e à Europa. Ainda assim, assegura que Braga tem capacidade para receber mais investimentos.
O cartão de visita de Braga é vasto a nível económico. A cidade “alberga” empresas como a Bosch, a WeDo, a Accenture, a Fujitsu e, centros de saber como a Universidade do Minho e o INL (Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia), entre outros, e é essa mostra que a cidade pretende divulgar com a realização de terceira semana de economia, evento que começa esta segunda-feira e que pretende dar a conhecer o que de melhor existe na região.
Carlos Oliveira, presidente da InvestBraga, entidade que organiza o evento, diz em conversa ao ECO que o objetivo é dar a conhecer o modelo económico da região, que assenta na passagem do conceito de “made in Braga” para o conceito “invented/designed in Braga”.
“A escolha do tema sustenta a nossa visão e a nossa aposta do que é e, deve ser, o desenvolvimento económico da região, fruto de investimento, baseado em conhecimento e em inovação, muito suportado pela Universidade do Minho e pelo INL”, sublinha Carlos Oliveira.
O modelo de desenvolvimento económico que assentava no plano estratégico 2014-2026 e cujos objetivos passavam por alguns números sugestivos, como o de um crescimento expectável de 1% acima da média da Península Ibérica, para o período de 12 anos, e pela geração líquida de pelo menos 500 novos empregos por ano.
Apesar de não querer revelar ainda os números, Carlos Oliveira explica que, durante a semana de Economia, mais precisamente no Fórum Económico, será apresentada uma atualização a este plano estratégico, uma vez que estão superados estes números.
A região que em 2017 ocupava a 10ª no ranking dos concelhos mais exportadores da região, com 1.104,2 milhões de euros, e que este ano deverá ter subido alguns degraus nesse mesmo ranking, continua a afirmar-se como um dos importantes polos a nível nacional, beneficiando não só do papel da universidade do Minho e do INL, mas sobretudo na boa articulação entre o meio empresarial, a Universidade e todos os centros de desenvolvimento que habitam na cidade.
Exemplo claro dessa estratégia é o caso da Bosch. A multinacional alemã que faturou 1,5 mil milhões em Portugal,qno ano de 2017, evoluiu ao nível do processo produtivo, tendo passado a fazer o desenvolvimento e a conceção dos seus produtos, a partir de Braga. Ou como é o caso da Aptiv, empresa que resulta do ‘spin off’ da Delphi Automotive e que, durante a próxima semana, inaugura em Braga um novo centro de investigação e desenvolvimento. Nos planos da empresa está a contratação de 150 engenheiros no espaço de dois anos.
Mas terá Braga ainda margem para continuar a crescer ao nível da atração de investimento? A resposta sai rápida ao presidente da InvestBraga. “Continuamos a ter margem para crescer, a restrição ao crescimento é o talento, mas esse é um problema não só nacional, como de toda a Europa”.
Por isso, acrescenta: “É que aqui em Braga temos vindo a apostar na reconversão de talento, tendo mesmo vindo a desenvolver o Qualifica IT, um programa que tem como objetivo formar e facilitar a entrada de licenciados no mercado de trabalho”.
“Aliás o talento é uma restrição que o país e a Europa podem enfrentar e que condiciona o crescimento económico”, refere Carlos Oliveira.
Para o responsável da InvestBraga, a cidade “tem ainda margem para crescer, conta com recursos disponíveis e está a trabalhar para superar esse importante desafio”.
Carlos Oliveira diz ainda que um “dos setores que tem sido muito visado com a falta de mão-de-obra é a construção civil, ao nível das engenharias, fruto dos movimentos de emigração que aconteceram durante a crise”.
Ainda assim, Carlos Oliveira diz que “Braga tem capacidade para receber mais investimento” e cita o caso dos franceses da Webhelp, empresa líder mundial na externalização de serviços de apoio ao cliente que, em abril, anunciou o investimento de 1,5 milhões de euros e a criação de 300 postos de trabalho.
A juntar a estes factos, Carlos Oliveira enaltece ainda a qualidade de vida de Braga, o que ajuda a “cimentar” quadros. O gestor lembra que Braga é uma das cidades mais jovens da Europa (com 182 mil habitantes tem cerca de 85 mil jovens), a que soma infraestruturas, serviços, proximidade ao aeroporto e até a uma grande cidade como é o Porto, e que se mantém uma cidade média, característica que defende “não se deve perder”.
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