Pode haver Mundial sem cerveja? Pode, mas não seria a mesma coisa
Futebol combina com cerveja, mas terá esta relação grande impacto nas cervejeiras? Tem, mas não tanto como se o evento se realizasse em Portugal, garantem as empresas do setor.
Verão, calor, férias e futebol. Eis o sonho de qualquer cervejeiro. Se é verdade que um verão normal faz disparar o consumo de cerveja, um verão com um campeonato mundial de futebol — que significa, um mês inteiro de jogos — tem impacto positivo no consumo da bebida de eleição dos adeptos do desporto rei. Mas não tanto como seria de esperar.
Ainda assim, este ano, o consumo tem sido residual quando comparado ao que seria se o evento fosse em Portugal (em 2004, ano de Europeu de futebol, beberam-se 591 milhões de litros de cerveja). Aliás, basta estar atento às notícias que vão chegando da Rússia, e não estamos a falar de Ronaldo e companhia, para perceber que a cerveja começa a escassear na terra de Putin.
Nuno Pinto de Magalhães, diretor de comunicação e relações institucionais da Sociedade Central de Cervejas, não tem dúvidas que, “sendo a cerveja a bebida de eleição para o convívio aquando dos jogos de futebol, o Mundial de futebol tem impacto positivo no consumo”. Mas… há sempre um mas.
Golos e goles crescem na mesma proporção
Os números não enganam e demonstram que o futebol ajuda mas, quando os eventos são fora de portas, não ajudam assim tanto. Em 2016, ano do campeonato europeu de futebol — de boa memória para os portugueses, que viram Portugal sagrar-se campeão da Europa pela primeira vez, e logo perante a seleção francesa –, o mercado global anual cervejeiro ficou estável, em volume e face ao ano anterior, com a variação positiva de 1% para o canal HORECA e ligeiro decréscimo (0,6%) para o canal alimentar.
De resto, e segundo dados dos Cervejeiros de Portugal (ex-Associação Portuguesa dos Produtores de Cerveja), o consumo de cerveja cresceu, em 2017, 8% face ao ano anterior. O consumo per capita foi de 51 hectolitros (HL) face aos 47 HL em 2016, um valor ainda assim longe dos 61 Hl/ per capita registado em 2005. Este crescimento registado no ano passado está, não só associado ao verão quente que se fez sentir, como também à grande dinâmica do setor do turismo.
Mas terão os golos dos pupilos de Fernando Santos impacto no consumo da cerveja? A resposta é evidente. Nuno Pinto de Magalhães acrescenta que o “Mundial de Futebol tem impacto positivo no consumo, principalmente se a seleção nacional for prosseguindo no torneio e se estiver bom tempo para assistir aos jogos em espaços abertos“.
A Super Bock Group (ex-Unicer) concorda com a visão da Central de Cervejas e acrescenta uma nova variável: o fator exportação.
As exportações de cerveja rondaram, no ano passado, os 200 milhões de litros, um crescimento de 12,6% face ao ano anterior. O que, segundo os Cervejeiros de Portugal, “ajuda a sustentar o equilíbrio da balança comercial nacional”.
“Por norma, a chegada do verão propicia o aumento natural do consumo de cerveja, pois privilegia os momentos de convívio entre amigos. Este ano, esse consumo é impulsionado pelo Campeonato Mundial de Futebol, não só em Portugal mas também lá fora, onde temos presença em mais de 50 países”, adianta a Super Bock Group.
A empresa liderada por Rui Lopes Ferreira admite que a “Super Bock tem estado a registar um bom desempenho na operação global do grupo”.
De resto, a cervejeira com sede no norte, admite que, ao ser um símbolo de Portugal no mundo, irá “beneficiar do Campeonato Mundial de Futebol, quer em vendas no mercado interno — HORECA e alimentar –, quer em termos de exportações”.
Sagres e seleção celebram bodas de prata
A Sagres é patrocinadora oficial da seleção desde 1993, e reconhece que equipa nacional de futebol é “um dos seus principais ativos de comunicação”. Daí, a aposta na nova campanha multimeios de âmbito nacional, que pede aos portugueses que repitam os rituais de 2016, intitulada “Por Portugal, repetir o ritual”. “Os anos em que existem torneios internacionais são muito relevantes e ativos para a marca”, explica o responsável.
A cervejeira destaca ainda a ativação no Arena Portugal-Estádio Sagres, na Praça do Comércio, em Lisboa, onde, durante o Portugal-Espanha estiveram presentes o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e o presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina.
Ainda como campanha de apoio à Seleção, a Sagres tem a decorrer vários passatempos para os consumidores e apoia vários estabelecimentos de restauração e bebidas, por todo o país, a “vestirem-se” a rigor para o Mundial.
Renovação do patrocínio à FPF
A Central de Cervejas, apesar de se recusar a revelar os montantes envolvidos na questão do futebol, reconhece que, “quer a Seleção Nacional quer a Sagres obtiveram um retorno muito positivo desta relação, neste caminho já de 25 anos, nos momentos bons e nos momentos menos bons”.
Assim, aliado às comemorações dos 25 anos de ligação à Seleção Nacional de Futebol, a Central de Cervejas renovou, já este ano, o contrato como primeira patrocinadora da “equipa de todos nós”, por mais seis anos. Este apoio vai desde as equipas principais de futebol (masculina e feminina), aos sub-21 masculinos, e às competições da Taça de Portugal e da Super Taça Cândido de Oliveira.
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
Pode haver Mundial sem cerveja? Pode, mas não seria a mesma coisa
{{ noCommentsLabel }}