Altice Portugal: Leilão do 5G não deve servir para financiar a Anacom
A Altice apresentou a nova rede 5G com demonstrações na sua sede em Lisboa. O desenvolvimento da tecnologia levantou questões sobre a forma de atribuição do espetro pela Anacom.
A corrida para o 5G está a intensificar-se, e a Altice quer chegar primeiro. Mas Alexandre Fonseca, o presidente executivo da dona da Meo, quer ter a certeza de que o leilão de espetro, que deverá ser o modelo escolhido para atribuir as frequências às operadoras, “não sirva para financiar os reguladores”.
As declarações foram feitas numa demonstração da rede 5G, no showroom da Altice em Lisboa, com um terminal pré-comercial que ainda não será lançado no mercado, Para a ocasião esteve também presente o líder da Huawei em Portugal, parceiro tecnológico da operadora, Chris Lu, que garantiu que os telemóveis com capacidade para o 5G deverão chegar já a partir do início da próxima década.
Ainda no rescaldo da compra falhada da Media Capital, Alexandre Fonseca teceu críticas à Anacom, regulador das comunicações, em várias áreas. O anúncio de que a faixa vai ser libertada para o 5G, obrigando os utilizadores de TDT a sintonizar de novo os canais, foi “uma surpresa” cujo procedimento não foi consensual no setor.
Quando a faixa estiver livre, o passo seguinte será distribuir as frequências. O modelo de leilão será provavelmente o utilizado, mas para Alexandre Fonseca, “tem de ser feito de forma diferente do que da última vez, mais inclusiva, pondo os operadores dentro da discussão”. O gestor referia-se ao leilão do 4G, um processo concluído em 2012.
O CEO da Altice lembrou que o setor perdeu receitas, na ordem dos dois mil milhões em dez anos, e que, no mesmo período, as taxas de regulamentação aumentaram. “Estamos a pagar mais pela regulamentação quando temos menos receitas”, continuou.
As operadoras têm reservas relativamente ao modelo de leilão, devido aos custos associados, até porque e o 4G ainda não terá sido totalmente rentabilizado pelas empresas do setor. Nesta linha, Alexandre Fonseca afirmou que “não podemos cair na tentação de ver o leilão como uma ferramenta de financiar reguladores ou Estados“.
Desenvolver o 5G é uma prioridade estratégica para a Altice, mas que vai avançar ao ritmo dos consumidores. A rede de 4G+, que é um avanço tecnológico em relação ao 4G, ainda apresenta taxas de utilização reduzidas, e “só neste ano é que ultrapassou o número de terminais 3G. Por isso, ainda é preciso tempo para maduração do mercado”.
Por enquanto ficam as demonstrações, que estiveram a cargo de Luís Alveirinho, administrador tecnológico da Altice Portugal. Foi o anfitrião que apresentou os use cases, de streaming de vídeo em 4K HDR através da rede 5G. A empresa escolheu um dos jogos de Portugal no Mundial para demonstrar a qualidade da imagem.
Não podemos cair na tentação de ver o leilão como uma ferramenta de financiar reguladores ou Estados.
Uma antena com 64 emissores e recetores, envia a informação para um terminal, ou router, da Huawei, que tem um aspeto interessante. “Fica bem na sala de estar, as mulheres vão gostar”, brinca Luís Alveirinho. Foi usada a banda dos 3,6 GHz, que atingiu velocidades à volta de 1,5 Gbps, demonstrada através de um gerador de tráfego num computador.
A operadora fez questão de destacar que é a primeira vez que uma demonstração deste tipo é feita fora de ambiente laboratorial, em Portugal. “Alguns concorrentes estão a dar ênfase ao 5G mas nós já tínhamos antes”, diz o responsável tecnológico. A aposta da Altice no 5G começou há dois anos e o polo tecnológico de Aveiro tem tido um papel importante no processo.
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