Produtores florestais algarvios esperam há 7 meses por plano de combate a fogos
O plano prevê a criação de pontos de água, aceiros e caminhos de acesso para combate ao fogo na serra.
Os produtores florestais do Barlavento Algarvio dizem que há meses esperam a aprovação, por parte do Instituto de Conservação da Natureza, do plano de prevenção e combate a incêndios que abrange a zona onde começaram as chamas em Monchique.
Segundo escreve hoje o jornal Público, o projeto para a Zona de Intervenção Florestal da Perna da Negra, onde na sexta-feira começou o incêndio que hoje de manhã ainda lavra em Monchique prevê a criação de pontos de água, aceiros e caminhos de acesso para combate ao fogo na serra. A falta destas acessibilidades foi um dos problemas enfrentados pelos bombeiros na luta contra os mais recentes incêndios na região.
“Há mais de um ano que todos sabem que Monchique estava no topo da lista das zonas com maior risco de incêndios florestais. Há mais de um ano que todos sabem que a serra de Monchique era a próxima a arder” disse ao Público Emílio Vidigal, presidente da Associação dos Produtores Florestais do Barlavento Algarvio (Aspaflobal).
O responsável lembra ainda que há cerca de sete meses os produtores enviaram para o Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) um plano estruturante para a Zona de Intervenção Florestal de Perna da Negra [gerida pela Aspaflobal] e nada foi feito.
“Está tudo embrulhado na burocracia, só nos fazem perguntas de lana caprina e nada avança”, afirmou o presidente da associação que representa cerca de 500 produtores florestais do Barlavento algarvio. “Cada vez que ouvia alguém dizer que um dos problemas nestes incêndios era a impossibilidade de acesso a viaturas à zona que ardia na serra, ficava fora de mim. Toda a gente sabe que esse era um dos problemas que era preciso resolver”, acrescentou.
Emílio Vidigal diz não encontrar explicações para o atraso do ICNF para o projeto da ZIF da Perna da Negra: “O ICNF conhece-nos, sabe que há muitos anos fazemos um trabalho sénior de prevenção e combate a incêndios, mas nada faz. Só nos fazem perguntas sobre dados que já têm e que nós vamos repetindo nas respostas”, critica.
O responsável insiste: “Dois dias antes destes incêndios enviaram-nos um conjunto de 30 perguntas, como, por exemplo, sobre os estatutos da associação ou pediam garantias que não temos dívidas à Segurança Social. O comprovativo de que não temos dívidas caduca de três em três meses, mas como o processo não avança no ICNF, de três em três meses este pede novo comprovativo”.
“É um processo burocrático estúpido e sem fim. Parece que fazem de propósito para não avançarem”, sublinha.
O responsável diz-se revoltado com toda a situação e garante que já deu conta “a toda a gente” da necessidade de este projeto avançar: “Até já falei com o secretário de Estado [da Administração Interna], que se manifestou indignado com a não aprovação do projeto, mas a verdade é que está tudo parado no ICNF”.
O incêndio de Monchique, distrito de Faro, deflagrou na passada sexta-feira, já provocou pelo menos 29 feridos e obrigou à evacuação de diversos aglomerados populacionais e uma unidade hoteleira.
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
Produtores florestais algarvios esperam há 7 meses por plano de combate a fogos
{{ noCommentsLabel }}