Bónus no IRS para emigrantes pode violar Constituição

  • ECO
  • 25 Outubro 2018

A diferença de tratamento do novo regime para emigrantes está a levantar dúvidas a alguns constitucionalistas e professores de Direito, sobretudo no que diz respeito ao princípio da igualdade.

O Programa Regressar, previsto na proposta de Orçamento do Estado para 2019 e que isenta do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares (IRS) metade dos rendimentos de ex-residentes que voltem a Portugal está a suscitar algumas dúvidas quanto à sua constitucionalidade, avança esta manhã o Jornal de Negócios (acesso pago).

Este novo regime fiscal temporário permitirá, assim, excluir de tributação em sede de IRS metade dos rendimentos do trabalho dependente ou dos rendimentos empresariais e profissionais. Isto para todos os emigrantes que “tiveram de sair do país em consequência da crise económica que afetou Portugal” e que queiram regressar ao país, entre 2019 e 2020. A condição é que “não tenham residido em território nacional nos últimos três anos”. Os emigrantes têm, também, de ter vivido em Portugal antes de 31 de dezembro de 2015.

Em declarações ao jornal, alguns professores de Direito e constitucionalistas assumiram que a diferença de tratamento do novo regime pode violar o princípio da igualdade, presente na Constituição e que estabelece que todos os cidadãos são iguais perante a lei.

“O legislador devia ser prudente na fundamentação das medidas. Não se impede que haja discriminações. O que se exige é que haja fundamentação razoável, atendível, para eu dizer que essa [distinção] não é arbitrária”, defende Maria d’Oliveira Martins, professora de Direito Constitucional na Universidade Católica.

Uma vez que o Governo defendeu o benefício fiscal através da necessidade de promover o regresso dos que tiveram de sair do país em consequência da crise económica, Maria d’Oliveira Martins discorda das datas propostas. Na sua opinião, o regime devia, nesse sentido, aplicar-se a quem não viveu no país entre 2011 e 2014 e não nos três anos anteriores ao regresso.

Para o constitucionalista Luís Pereira Coutinho, a distinção entre cidadãos — os que permaneceram em Portugal nesse período e os que saíram — pode ser mesmo inconstitucional à luz do princípio da igualdade.

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Galp e BCP perdem mais de 1%. Lisboa cai pelo quinto dia

A bolsa nacional arrancou em queda acompanhando o sentimento negativo que se assiste na Europa, após o sell-off que se estendeu de Wall Street à Ásia. Em Lisboa, a Galp e o BCP pressionam o PSI-20.

A bolsa nacional segue no vermelho pela quinta sessão consecutiva, acompanhando as quedas das pares europeias, após o sell-off que se estendeu de Wall Street à Ásia. O PSI-20 desvaloriza perto de 0,5%, condicionado pelo recuo dos títulos da Galp Energia e do BCP. Sofrem desvalorizações acima de 1%.

O PSI-20 iniciou a sessão a desvalorizar 0,4%, para os 4.912,41 pontos, com a grande maioria dos títulos que o compõem no vermelho. O índice português está e mínimos de abril de 2017, acompanhando o sentimento dos pares europeus, com alguns deles a registarem também novos mínimos. É o que acontece com o alemão DAX (mínimos de dezembro de 2016), o Francês CAC (mínimo de março de 2017) e o britânico Fotsie (mínimo de março).

Quedas ainda assim mais modestas face às verificadas em Wall Street na última sessão e na Ásia já esta quinta-feira, com esses mercados a serem penalizados pelo sentimento negativo m torno dos títulos das tecnológicas. O índice europeu do setor tecnológico também recua para mínimos de março de 2017.

Em Lisboa, o BCP e a Galp Energia são os principais responsáveis pelo rumo negativo do índice bolsista nacional. As ações do banco liderado por Miguel Maya recuam 1,05%, para os 21,59 cêntimos, no dia em que foram conhecidos os resultados da sua atividade na Polónia, através do Bank Millennium. O banco polaco registou um aumento de lucros de mais de 9% nos nove primeiros meses do ano, ligeiramente abaixo do esperado pelos analistas.

Já a Galp Energia vê as suas ações recuarem 1,15%, para os 14,985 euros, numa sessão em que as cotações do petróleo também caem.

Contudo, é à Sonae que compete liderar as perdas. As ações da retalhista deslizam 1,27%, para os 85,5 cêntimos, depois de terem sido conhecidos os resultados da sua participada Sonae Indústria. Estes crescerem 8% até setembro, para 22,6 milhões de euros, deu conta a empresa no final de quarta-feira.

(Notícia atualizada às 8h24 com mais informação)

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Hoje nas notícias: Tancos, reforma antecipada e Constituição

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

O caso de Tancos continua a ser investigado. O tenente-general Martins Pereira foi interrogado e disse ter informado Azeredo Lopes sobre a encenação. O que também tem de ser “investigado” é o Programa Regressar, o bónus para os emigrantes que voltem a Portugal, uma vez que pode violar a Constituição. Quanto à habitação, os preços das casas no centro histórico da cidade de Lisboa arrefeceram nos últimos dois semestres (de julho de 2017 a julho de 2018).

Ex-chefe de gabinete diz que informou Azeredo sobre encenação de Tancos

O ex-chefe de gabinete do ex-ministro da Defesa foi submetido a um interrogatório e disse ter informado Azeredo Lopes do memorando sobre Tancos que lhe foi entregue, há menos de um ano, pelo então diretor da Polícia Judiciária Militar (PJM), o coronel Luís Vieira. O tenente-general Martins Pereira foi inquirido na qualidade de testemunha, não de arguido. Para que seja comprovado aquilo que alegou, Martins Pereira colocou o seu telemóvel à disposição dos investigadores para perícia.

Leia a notícia completa em Público (acesso pago).

Preços arrefecem no centro histórico de Lisboa

Desde 2013, ano em que o Índice de Preços do Centro Histórico de Lisboa (IPCHL) atingiu o valor mais baixo, o preço das casas mais do que duplicou. Contudo, a subida galopante arrefeceu no final de 2017. Também no início deste ano, de janeiro a julho, e pela primeira vez em nove semestres consecutivos, os preços das casas no centro histórico registaram uma variação residual de apenas 0,1% face ao semestre anterior, entre julho e dezembro de 2017. O IPCHL monitoriza a dinâmica de valorização de imobiliário residencial nas freguesias de Misericórdia, Santa Maria Maior e São Vicente, em Lisboa.

Leia a notícia completa em Público (acesso pago).

Novo regime de reforma antecipada vai coexistir com o atual

Vieira da Silva explicou na passada quarta-feira, durante uma audição no Parlamento sobre o orçamento da Segurança Social, que o acesso à reforma antecipada para as pessoas que atingem 40 anos de descontos depois dos 60 de idade — o regime que agora visa — vai manter-se em 2019 e coexistirá com o novo regime, que retira o corte pelo fator de sustentabilidade a quem aos 60 anos tem 40 de carreira contributiva. O tema que dominou a audição foi, sem dúvida, a reforma antecipada. Das bancadas à esquerda até às da direita surgiram questões sobre o que vai passar-se em 2019. José Soeiro, deputado do Bloco de Esquerda, acusou mesmo o Governo de ter criado “uma enorme confusão” na opinião pública.

Leia a notícia completa em Diário de Notícias (acesso pago).

Bónus para emigrantes pode violar Constituição

O Programa Regressar, que isenta metade dos rendimentos dos ex-residentes que regressem para Portugal do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares (IRS) está a levantar algumas dúvidas sobre a sua constitucionalidade. Previsto na proposta de Orçamento do Estado para 2019, o novo regime exclui de tributação de IRS 50% dos rendimentos de todos os sujeitos passivos que se tornem fiscalmente residentes em Portugal em 2019 ou no ano a seguir, desde que não tenham sido residentes em território português nos três anos anteriores e que tenham vivido no país antes de 31 de dezembro de 2015.

Leia a notícia completa em Jornal de Negócios (acesso pago).

Novo Banco conta com BCE para aliviar esforço do Estado

É a expectativa do Novo Banco: que “os requisitos obrigatórios ao nível do capital no âmbito do SREP [processo de análise e avaliação para fins de supervisão] sejam reavaliados pelo BCE [Banco Central Europeu] no segundo semestre de 2018″, pode ler-se no seu relatório e contas, que antecipa um alívio nas exigências. O banco presidido por António Ramalho espera que a avaliação de supervisão, feita pelo Banco Central Europeu, venha a exigir um rácio menos elevado e que, por isso mesmo, possa compensar o eventual impacto negativo das vendas de imobiliário e de crédito malparado.

Leia a notícia completa em Jornal de Negócios (acesso pago).

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Lucros do BCP na Polónia crescem 9%

O Bank Millennium, banco detido pelo BCP na Polónia, registou uma evolução positiva em vários indicadores, com o lucro a crescer 9,3% para os 129 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano.

O Bank Millennium, controlado em 50,1% pelo BCP, obteve um resultado líquido de 548 milhões de zlotys (129 milhões de euros) nos primeiros nove meses do ano, um crescimento de 9,3% face a igual período do ano anterior, anunciou o BCP em comunicado enviado à Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

Num comunicado enviado ao regulador, a instituição financeira liderada por Miguel Maya dá conta de que o crescimento do produto foi inferior ao dos custos operacionais. Assim, o produto bancário aumentou em 5,2%, enquanto os custos operacionais para o mesmo período cresceram 5,6%. Por sua vez, a margem financeira da instituição polaca aumentou em 6,7%, face ao período homólogo.

Entre os principais indicadores, o Millennium bcp destaca o “reduzido custo do risco e manutenção do rácio de crédito com imparidade“. O custo do risco situou-se em 47 pontos base, enquanto o rácio de crédito com imparidade (stage 3) manteve-se “estável” nos 4,7%, adianta o banco.

Este salienta ainda a “forte posição de capital e liquidez”, com o rácio de capital consolidado a ser de 22,9% e o rácio de CET1 a situar-se em 20,9% (não incluindo o resultado do ano corrente). Já o rácio de loans-to-deposits mantém-se em “níveis reduzidos”, nos 84,5%, é ainda referido.

O resultado líquido alcançado fica um pouco aquém do antecipado pelos analistas numa poll realizada pela Reuters. Esta antecipava que nos primeiros nove meses do ano o Bank Millennium registasse lucros de 549 milhões de zlotys.

O Millennium BCP apresenta os seus resultados para os nove primeiros meses do ano a 8 de novembro, depois de ter fechado os primeiros seis meses do ano com um disparo dos seus lucros. Estes totalizaram 150,6 milhões, o que representou uma subida de 67,5% face ao período homólogo de 2017.

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Ex-chefe de gabinete informou Azeredo sobre memorando de Tancos

  • ECO
  • 25 Outubro 2018

Martins Pereira, ex-chefe de gabinete de Azeredo Lopes, terá informado o ministro sobre o memorando da operação encenada.

O ministro da Defesa, Azeredo Lopes, terá sido informado sobre o memorando de Tancos pelo seu chefe de gabinete. A notícia, avançada esta quinta-feira pelo jornal Público, explica que o ex-chefe de gabinete do titular da pasta terá dito, esta quarta-feira, no interrogatório a que foi submetido, ter informado o ministro sobre Tancos, relatório que lhe foi entregue há menos de um ano pelo diretor da Polícia Judiciária Militar na altura, o coronel Luís Pereira.

Martins Pereira não foi constituído arguido, escreve ainda o diário. Segundo a sua versão do que aconteceu, assim que recebeu o memorando sobre a operação encenada, o general terá passado imediatamente a informação ao governante, a quem ligou via Whatsapp, assegurando que o telefonema era encriptado.

No entanto, o Ministério da Defesa garantiu que nenhum memorando foi entregue por Martins Pereira. Nas primeiras declarações públicas que fez, o general disse ter recebido o major Vasco Brazão e Luís Vieira no Ministério acrescentando, em segundas declarações, ter recebido o memorando nessa ocasião.

O Público tentou contactar o ex-ministro Azeredo Lopes mas sem sucesso.

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5 coisas que vão marcar o dia

Menu do dia: execução orçamental até setembro, Orçamento do Estado para 2019, reunião do BCE, encontro da banca sobre o futuro e aniversário do Instituto Português de Corporate Governance.

No plano das contas públicas, o dia fica marcado pela divulgação da síntese de execução orçamental até setembro e pela continuação da discussão da proposta de Orçamento do Estado para 2019 no Parlamento. Hoje também é dia de reunião de política monetária do Banco Central Europeu (BCE), com Itália em crise. Em Lisboa há duas conferências: dos banqueiros sobre o futuro da banca e do Instituto Português de Corporate Governance que celebra o 15.º aniversário

Como vão as contas públicas?

A Direção-Geral do Orçamento divulga a síntese de execução orçamental, um relatório que vai mostrar como evoluíram as contas públicas até setembro. Nos primeiros oito meses, os dados mostravam uma melhoria de 1.424 milhões de euros do défice para 576 milhões de euros, que foi explicada por um crescimento da receita (5,1%) superior ao aumento da despesa (2,2%).

Prossegue debate sobre Orçamento para 2019

As comissões parlamentares têm até hoje para entregar os pareceres junto da Comissão de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa no âmbito da proposta de Orçamento do Estado para 2019. Entretanto, prossegue a discussão na generalidade do documento no Parlamento até dia 31.

Penúltima reunião do ano do BCE com Itália em crise

Não se esperam grandes novidades da reunião do conselho de governadores do BCE esta quinta-feira, naquele que será o penúltimo encontro de política monetária do ano. Ainda assim, depois de a Comissão Europeia ter chumbado o Orçamento do Estado de Itália para 2019, os investidores colocam reservas sobre quais serão os próximos passos a dar por Mario Draghi.

Banqueiros reunidos em conferência

Paulo Macedo (CGD), Miguel Maya (BCP), António Ramalho (Novo Banco) e Alberto Ramos (Bankinter) vão debater os desafios da banca na próxima década e o futuro do dinheiro numa conferência organizada pelo Dinheiro Vivo e que decorre esta manhã em Lisboa.

Instituto de Corporate Governance faz 15 anos

O Instituto Português de Corporate Governance celebra o 15.º aniversário e organiza uma conferência no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, subordinada ao tema “Corporate Governance: criação de valor para a sociedade”. Contará com a presença do vice-governador do Banco de Portugal, Luís Máximo dos Santos, da presidente da CMVM, Gabriela Figueiredo Dias, entre outros.

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Há cada vez mais clientes a reclamar porque os bancos não lhes dão crédito

A não concessão de crédito é um dos argumentos que mais ajudou a fazer crescer o número de reclamações relacionadas com créditos recebidas no primeiro semestre pelo Banco de Portugal.

Ir ao banco pedir um crédito e ouvir um “não” como resposta pode não agradar. E há cada vez mais clientes que não se limitam a ouvir a resposta. A recusa ao balcão do banco passa cada vez mais para o livro de reclamações da banca. É uma das razões por de trás das queixas dos clientes bancários relacionadas com o crédito, e um das que mais contribuiu para a subida das reclamações relacionadas com os empréstimos, nomeadamente para a compra de casa. Uma realidade que pode surpreender tendo em conta o que aconteceu na crise financeira e os recentes alertas e medidas que têm surgido com vista a prevenir o excesso de endividamento das famílias.

Essa realidade é comprovada na Sinopse de Atividades de Supervisão Comportamental do primeiro semestre, divulgada pelo Banco de Portugal (BdP) nesta quarta-feira. Este documento mostra que o número médio de reclamações recebidas, por mês, no crédito aos consumidores e no crédito hipotecário aumentaram, respetivamente, 9,1% e 5,6%.

Neste documento, a instituição liderada por Carlos Costa explica que o crédito hipotecário foi a terceira matéria mais reclamada nos primeiros seis meses do ano (13,4% das reclamações), tendo-se fixado em 48 por cada 100 mil contratos, o número de queixas apresentadas, acima dos 45 registados em 2017.

"O aumento do número de reclamações deveu-se sobretudo a matérias relacionadas com o cálculo de prestações e com a não concessão de crédito.”

Banco de Portugal

Sinopse de Atividades de Supervisão Comportamental

O regulador da banca identifica a “não concessão de crédito” como uma das razões que mais contribuiu para essa subida no número de reclamações. “O aumento do número de reclamações deveu-se sobretudo a matérias relacionadas com o cálculo de prestações e com a não concessão de crédito”, especifica o BdP.

Do total de reclamações relacionadas com crédito à habitação apresentadas nos primeiros seis meses do ano, 4,8% deveram-se à não concessão de crédito, figurando assim como a 12.ª queixa mais referida.

No que respeita ao crédito ao consumo, essa razão não sustenta o acentuado aumento registado no número de queixas dos clientes bancários, mas é uma das mais relevantes. Surge na quarta posição, representando 3,4% do total de reclamações relacionadas com este tipo de crédito que foram recebidas pela instituição liderada por Carlos Costa no primeiro semestre. De salientar que o crédito aos consumidores esteve na base de 24,9% das queixas apresentadas pelos clientes bancários.

Tudo aponta para que a recusa dos bancos em dar crédito esteja relacionada com o facto de os clientes não cumprirem os critérios mínimos exigidos em termos de perfil de risco para poderem a ele aceder. Não deixa assim de saltar à vista que a opção dos clientes que ouviram um “não” tenha sido apresentar uma reclamação.

Essas queixas ganham ainda maior relevância tendo em conta o timing em que surgiram. Ou seja, numa altura já marcada por diversos alertas das autoridades a demonstrar preocupação com o volume de crédito concedido pelos bancos e os riscos que daí podem resultar para a saúde do setor mas também das famílias.

Mas ainda antes da entrada em vigor, no início de julho, de um conjunto de recomendações do BdP que têm como objetivo evitar facilitismos na concessão de crédito pelos bancos e prevenir situações de incumprimento das famílias.

Esse conjunto de recomendações prevê a imposição de limites em três critérios que são tidos em conta para a disponibilização de crédito, visando em especial o crédito à habitação. Nomeadamente, no que respeita ao rácio entre o montante do financiamento face ao valor do imóvel que serve de garantia (LTV), ao estabelecimento de um teto máximo para o rácio entre os encargos com créditos e o rendimento familiar, bem como uma limitação à maturidade dos empréstimos.

No seguimento dessas medidas, os próprios bancos já assumiram a intenção de apertar no crédito para a compra de casa. Tal foi reconhecido no inquérito aos bancos sobre o mercado de crédito relativo ao terceiro trimestre do ano divulgado no final de julho pelo BdP.

“No segmento dos particulares, nos empréstimos para aquisição de habitação, um banco antevê critérios consideravelmente mais restritivos, dois bancos consideram que os critérios serão ligeiramente mais restritivos e os restantes bancos não antecipam alterações nos critérios”, referia esse inquérito que tem como alvo cinco bancos que operam em Portugal.

Uma das medidas em que já é facilmente percetível a adoção de critérios mais restritivos é no limite máximo previsto para o empréstimo para a casa que baixou. Se alguns bancos permitiam que fosse até aos 50 anos, no seguimento das recomendações do BdP, o limite temporal previsto foi cortado para um máximo de 40 anos, preveem agora nos respetivos preçários.

Face a essa realidade, e caso os clientes bancários deem continuidade ao que fizeram na primeira metade do ano, tudo aponta para que o número de queixas resultantes da não concessão de crédito venha a subir ainda mais.

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Lucros da Sonae Indústria sobem 8% até setembro

  • Lusa
  • 24 Outubro 2018

Volume de negócios foi de 168,9 milhões, menos 5,6% do que nos mesmos meses de 2017, devido a “menores vendas para os mercados nórdicos no negócio de laminados e depreciação do dólar canadiano.

A Sonae Indústria teve lucros de 22,6 milhões de euros entre janeiro e setembro deste ano, registando uma subida de 8% face ao período homólogo, segundo informação divulgada esta quarta-feira ao mercado.

Em comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a Sonae Indústria indica que “registou, nos primeiros nove meses deste ano, um resultado líquido consolidado de 22,6 milhões de euros, valor que representa um crescimento de 8% quando comparado com o mesmo período do ano anterior”.

Para justificar o aumento, a empresa alude à “melhoria nos resultados líquidos da Sonae Arauco”, isto apesar da “redução do EBITDA [lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização] recorrente dos negócios integralmente detidos”. Só no terceiro trimestre deste ano, os lucros foram de 3,7 milhões de euros.

Na nota à CMVM, a Sonae Indústria refere que, entre janeiro e setembro, o EBITDA recorrente caiu 26,5%, em comparação com o mesmo período de 2017, para 22,7 milhões de euros.

E justifica a queda com a “diminuição do volume de negócios”, que foi “apenas parcialmente compensada por uma redução de cerca de 1,4 milhões de euros nos custos variáveis (os quais beneficiaram da depreciação do dólar canadiano, uma vez que os custos em moeda local aumentaram)”.

“De referir que o primeiro trimestre de 2017 incluiu um efeito positivo não recorrente nos custos fixos de cerca de 1,5 milhões de euros”, ressalva a empresa.

Já o EBITDA consolidado foi de 22,1 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano.

Neste período, o volume de negócios foi de cerca de 168,9 milhões de euros, menos 5,6% do que nos mesmos meses de 2017, situação que se deveu a “menores vendas para os mercados nórdicos no negócio de laminados e componentes e a uma depreciação do dólar canadiano face ao euro”, precisa a Sonae Indústria.

No terceiro trimestre do ano, o volume de negócios foi de 57 milhões de euros, semelhante ao do mesmo período do ano passado.

Ainda segundo a informação enviada à CMVM, a dívida líquida da Sonae Indústria baixou, no final de setembro, para 204,7 milhões de euros, menos três milhões de euros do que no primeiro semestre deste ano.

Por seu lado, os capitais próprios totalizavam, no final do mês passado, cerca de 145,2 milhões de euros, mais 4,7 milhões de euros quando comparado com junho de 2018.

Os custos fixos, nos primeiros nove meses deste ano, representaram 16,6% do volume de negócios, um acréscimo em 0,8 pontos percentuais relativamente ao mesmo período de 2017.

Sediada na Maia, a Sonae Indústria dedica-se à produção de painéis derivados de madeira, estando presente em 17 países.

Em 2016, a Sonae Indústria passou a deter 50% da empresa chilena Arauco, uma das maiores produtoras mundiais de recursos florestais.

A companhia portuguesa tem ainda controlo total do negócio de painéis derivados de madeira na América do Norte, através da Tafisa Canada, e detém um negócio de laminados e componentes, bem como vários ativos imobiliários na Europa.

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Primeiro-ministro garante que “não há discrepância alguma” nas contas do Orçamento

  • ECO e Lusa
  • 24 Outubro 2018

António Costa frisou que “o Orçamento não acaba no dia em que é aprovado”, mas antes, “começa”, e, “a partir daí, há todo um trabalho que é a execução”.

O primeiro-ministro, António Costa, garantiu esta quarta-feira que “não há discrepância alguma” entre as contas do Governo e as da Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO), tal como já tinha dito o ministro das Finanças.

“O ministro das Finanças já explicitou muito bem essa matéria de que não há discrepância alguma. É preciso não confundir dois planos: um plano é qual é a meta do défice, (…) outra coisa é o limite máximo que a Assembleia nos autoriza a realizar, aquilo que são as receitas que estão previstas poderem ser cobradas”, afirmou António Costa, no Porto.

O chefe do Governo sublinhou ainda que “o Orçamento não acaba no dia em que é aprovado”, mas antes, “começa”, e, “a partir daí, há todo um trabalho que é a execução”.

“Aquilo que temos demonstrado ao longo de 2016, 2017, 2018 e, seguramente, demonstraremos em 2019, é que saberemos sempre cumprir e executar o Orçamento aprovado pela Assembleia da República, garantindo aos portugueses que chegados ao fim do ano, as metas do défice e da redução da dívida serão cumpridas e isso é, absolutamente, essencial”, acrescentou António Costa, à margem de uma sessão na qual foi anunciado o estabelecimento de dois protocolos que permitirão manter a coleção Miró no Porto por 25 anos.

Rui Nuno Baleiras, coordenador da UTAO, não faz comentários às críticas do ministro das Finanças, mas, em declarações ao Expresso (acesso pago) garantiu que mantém, ponto por ponto, as conclusões do relatório que esteve no centro da audição de Cenetno no Parlamento. Rui Baleiras sublinhou ainda “a UTAO não é um agente político” e “reitera linha por linha o que está escrito no relatório”.

O ministro das Finanças, Mário Centeno, afirmou na terça-feira no Parlamento que o Governo “tem plena confiança nas contas que apresentou” na proposta de Orçamento do Estado para 2019 (OE2019), recusando acusações do PSD de que houve “aldrabice política” na proposta orçamental.

Mário Centeno respondia ao deputado do PSD Duarte Pacheco que, na sua intervenção no Parlamento, citou o último relatório da UTAO, que deixou reparos às contas apresentadas no relatório do OE2019, para acusar o ministro das Finanças de cometer “aldrabice política”. “O défice pode ser mais do dobro daquilo que nos foi apresentado e que tem sido propagandeado”, disse o deputado do PSD.

O ministro respondeu afirmando que o Orçamento “sempre foi apresentado com a conta da Administração Central ajustada da mesma forma”, acusando Duarte Pacheco de ter “desconhecimento profundo” sobre a matéria.

Na ocasião, Mário Centeno lembrou que foram muitos os críticos da estratégia orçamental do Governo, mas que a execução ao longo dos anos provou que as metas foram cumpridas e que o caminho seguido foi o correto.

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Tecnológicas afundam Wall Street. Nasdaq cai 4%

Os principais índices de Wall Street encerraram no vermelho, depois de os dados da habitação terem sido dececionantes. O Nasdaq afundou, pressionado pelas quedas acentuadas de várias tecnológicas.

As bolsas norte-americanas encerraram em queda acentuada, depois de a Reserva Federal (Fed) ter dito que as tarifas aplicadas por Donald Trump já começam a prejudicar as empresas dos Estados Unidos. Esta sessão ficou ainda marcada pelas quedas das tecnológicas, nomeadamente Apple, Facebook e Alphabet, que acabaram por afundar o Nasdaq. Ainda a prejudicar Wall Street estiveram os dados mais recentes da habitação, com as vendas de casas a baterem mínimos de quase dois anos.

O principal índice de Nova Iorque, S&P 500, fechou a desvalorizar 3,08% para 2.656,16 pontos, naquela que é a 14.ª sessão de perdas num total de 18 neste mês. O industrial Dow Jones perdeu 2,41% para 24.583,28 pontos, invertendo a tendência de abertura, altura em que foi o único índice a abrir em alta.

A pressionar as bolsas de Wall Street estiveram os dados publicados esta quarta-feira sobre o mercado imobiliário. O Departamento do Comércio anunciou que as vendas de imóveis residenciais recuaram, em setembro, para mínimos de quase dois anos, penalizando os índices do setor, de acordo com a Reuters (conteúdo em inglês). “Isso tem sido a grande fraqueza da economia dos Estados Unidos. E isso é algo que deixa as pessoas no limite”, diz Ryan Detrickda LPL Financial, citado pela agência de notícias.

O índice mais penalizado desta sessão foi o Nasdaq, que encerrou a recuar 4,43% para 7.108,40 pontos, representando a pior sessão desde 18 de agosto de 2011, diz a Reuters. Isto acontece depois de várias cotadas tecnológicas terem desvalorizado. O Facebook terminou a desvalorizar 5,41% para 146,04 dólares, assim como a Apple que caiu 3,43% para 215,09 dólares. Destaque ainda para a Alphabet que perdeu 5,18% para 1.057,1 dólares e para a Netflix que caiu 9,4% para 301,83 dólares.

Esta quarta-feira, a Fed publicou o “Livro Bege”, onde afirma que a economia norte-americana continua a crescer a um ritmo considerado “modesto” ou “moderado” na larga maioria dos distritos federais, mas os efeitos do crescimento não se fazem sentir no mercado de trabalho, com poucas variações nos salários. Apesar da evolução positiva, a guerra comercial já pesa sobre a economia dos Estados Unidos e as empresas queixam-se do aumento dos custos do material e de transporte.

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Atrasos põem em risco quase três milhões em fundos comunitários

Ainda não foram feitos quaisquer pedidos de pagamento à Comissão Europeia no âmbito do programa Interreg Espanha-Portugal. Regra da guilhotina exige que sejam executados 2,94 milhões este ano.

Dificuldades na implementação do programa e uma nova aplicação informática levam a que o programa de cooperação europeia Interreg Espanha-Portugal ainda não tenha submetido um único pedido de pagamentos à Comissão Europeia. De acordo com a regra da guilhotina, que obriga a que o orçamento de cada ano seja gasto nos três anos seguintes, em 2018 é necessário executar 2,94 milhões de euros neste programa. O que não for, tem de ser devolvido a Bruxelas.

De acordo com os dados que a Agência para o Desenvolvimento e Coesão (AD&C) enviou ao ECO, o Programa Operacional Cooperação Transfronteiriça Espanha/Portugal (POCTEP), rebatizado Interreg Espanha-Portugal, tinha programados 35,26 milhões de euros (sem reserva de desempenho) para o ano de 2014/2015, tendo recebido um pré-financiamento de 32,31 milhões de euros. Isto significa que é necessário executar, este ano, 2.944.410 euros. No entanto, a 24 de setembro ainda não tinha sido feito qualquer pedido de pagamento à Comissão Europeia.

Ou seja, ainda não tinha sido apresentado qualquer pedido de reembolso, contra a apresentação de faturas, já certificadas pelos serviços. Uma situação que se manteve, pelo menos até 16 de outubro. Caso os 2,94 milhões de euros não sejam executados é necessário devolvê-los a Bruxelas. Total ou parcialmente.

O ECO questionou a autoridade de gestão deste programa sobre o risco de devolução de verbas, mas a convicção é de que “os objetivos e compromissos financeiros previstos para o programa serão alcançados”. “O conjunto das estruturas de gestão do Programa, assim como os beneficiários dos projetos aprovados têm vindo a desenvolver um grande esforço para alcançar os compromissos financeiros do Programa assim como, a curto prazo, a meta de execução imposta pela regra do N+3 para 31/12/2018”, disse ao ECO fonte oficial da autoridade de gestão, numa resposta enviada a 16 de outubro. Esta regra, também conhecida por guilhotina, determina que os países/programas têm de gastar o correspondente ao orçamento de cada ano nos três anos seguintes. Se não o fizerem, o montante remanescente tem de ser devolvido a Bruxelas.

E o que justificou os atrasos? As “dificuldades no arranque dos projetos deste período de programação 2014-2020 devido à necessidade de se adaptar às exigências dos novos regulamentos e à implementação da uma nova aplicação informática para a gestão global do Programa e dos projetos em todas as suas fases começando pela apresentação da candidatura e acabando no encerramento do projeto”, justificou fonte oficial deste Interreg.

Estas dificuldades têm como consequência o facto de não terem sido feitas transferências para os promotores deste programa, apurou o ECO junto de alguns destes interlocutores. Em causa estão projetos que potenciem a investigação, o desenvolvimento tecnológico e a inovação; melhorar a competitividade das PME; promover a adaptação às alterações climáticas em todos os setores ou ainda melhorar a capacidade institucional e a eficiência da Administração Pública.

Para justificar os atrasos, a autoridade de gestão sublinhou ainda uma “grande novidade neste novo período”: a “utilização da ‘assinatura digital’ através da aplicação informática Coopera 2020, desenvolvida pela Dirección General de Fondos Europeos del Ministerio de Hacienda (Autoridade de Gestão) e que implicou um longo período de adaptação por parte de todos os seus utilizadores”.

Mas o Interreg Espanha-Portugal não é o único programa de cooperação atrasado. O Programa Operacional Espaço Atlântico só tem 31% da meta cumprida. Neste caso o programa tem de executar, este ano, 2,55 milhões de euros. Mas, ao contrário do Interreg, neste caso já houve pedidos de pagamentos formalizados à Comissão Europeia (805,6 mil euros), de acordo com os dados fornecidos ao ECO, referentes a 24 de setembro. Dados que sofrem “variações contínuas”, alerta a AD&C.

Este programa de financiamento europeu apoia projetos de cooperação transnacional que contribuam para a coesão económica, social e territorial de 36 regiões atlânticas. São 185 milhões de euros que podem ser usados apenas por cinco países: Portugal, Espanha, França, Reino Unido e Irlanda.

“Podemos efetivamente indicar que existe, neste momento, um atraso generalizado na execução de todos os Programas de Cooperação Europeia”, sublinhou a autoridade de gestão do Interreg Espanha-Portugal. Um atraso com o qual as autoridades nacionais garantem não ter nada a ver. “Os programas de cooperação territorial não integram o Portugal 2020, e por isso não são da responsabilidade de Portugal“, esclareceu fonte oficial do Ministério do Planeamento.

Podemos efetivamente indicar que existe, neste momento, um atraso generalizado na execução de todos os Programas de Cooperação Europeia.

Autoridade de gestão do POCTEP

Entre os programas operacionais que integram Portugal 2020, o que está mais atrasado é o do Mar com apenas 45% da meta cumprida. Um valor que compara, por exemplo com 230% do Programa Operacional Capital Humano (POCH), 271% do Programa Operacional dos Açores ou 231% do da Madeira ou ainda 88% do Programa Operacional do Alentejo.

Cumprimento da regra N+3 em 2018

Na tabela e baixo é possível ver na primeira coluna o valor da dotação de cada programa correspondente ao ano de 2014/2015, ao qual já é retirada a reserva de desempenho (6% do valor de cada programa). Esta reserva destina-se a premiar os promotores que têm melhor desempenho. O dinheiro é retido até ao final deste ano altura em que são feitas as contas e, a partir de 2019, é distribuído por aqueles que têm melhor desempenho em termos de execução do respetivo programa operacional. Este é um ato de gestão interna, que não implica qualquer risco de devolução de dinheiro a Bruxelas.

Na segunda coluna surgem os pré-financiamentos, verbas que a Comissão Europeia adianta a cada Estado-membro para ajudar a executar os fundos comunitários. É por isso que estes montantes são contabilizados no cálculo para aplicar a regra da guilhotina, porque, na lógica de Bruxelas, as verbas são contabilizadas como fundo realizado.

A terceira coluna apresenta a meta a executar este ano e a seguinte os pedidos de pagamento já enviados para Bruxelas. A tabela revela que, na maior parte dos programas operacionais, o grau de cumprimento das metas foi mais do que ultrapassado. A última coluna apresenta os montantes que eventualmente estarão em risco de ser devolvidos a Bruxelas: um total de 58,57 milhões de euros. Ou seja, é necessário apresentar a Bruxelas pedidos de pagamento neste valor. De acordo com os dados fornecidos, até 24 de setembro, já tinham sido apresentados pedidos de reembolso, contra a apresentação de faturas, já certificadas pelos serviços no valor de 5,02 mil milhões de euros.

O POSEUR, onde se inserem os investimentos em eficiência energética, adaptação às alterações climáticas, setor dos resíduos e ciclo urbano da água, é aquele que tem o desafio maior para cumprir as metas, porque estão em causa 28 milhões de euros cujo reembolso é necessário solicitar a Bruxelas.

E como as “metas não começam do zero, as metas N+3 são cumulativas”, para o ano, “Portugal terá de submeter pedidos de pagamento a Bruxelas relativos ao somatório de 2014, 2015 e 2016”. “Desta forma, o montante a mais cumprido num ano conta para o cumprimento da meta do ano seguinte“, explicou ao ECO fonte oficial do Ministério do Planeamento.

Fonte: Agência para o Desenvolvimento e Coesão

 

“Face ao grau de execução dos programas operacionais do PT 2020, que a esta data considerada ainda não cumprem a meta, consideramos que, atentos os montantes em causa, não haverá qualquer risco de incumprimento”, corroborou ao ECO fonte oficial da AD&C. “De sublinhar que é nossa expectativa que no próximo PPI a submeter à CE, esta meta possa ficar cumprida para todos os PO“, acrescenta a mesma fonte.

Apesar do mau desempenho dos programas de Cooperação, justificado pela “complexidade subjacente à sua execução, já que envolve vários Estados-membro”, a AD&C tem a “expectativa de que a meta seja cumprida até ao final do ano, não havendo assim qualquer risco de Portugal perder fundos“.

Face ao grau de execução dos programas operacionais do PT 2020, que a esta data considerada ainda não cumprem a meta, consideramos que, atentos os montantes em causa, não haverá qualquer risco de incumprimento.

Fonte oficial da AD&C

O cumprimento das metas tornou-se mais fácil dada a alteração das regras introduzida em novembro de 2017. Até então a regra da guilhotina não se aplicava apenas do ponto de vista geral. O raciocínio do N+3 tinha de ser aplicado a cada um dos programas operacionais individualmente e dentro destes a cada um dos fundos que os financiam. Por exemplo, o Compete, o programa operacional das empresas, é financiado em grande medida pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (Feder), mas também tem um pouco de Fundo Social Europeu (FSE), para pagar as ações de formação, etc, e o Fundo de Coesão para pagar ferrovias e outros projetos. Em cada uma destas três gavetas era necessário fazer o cálculo da regra e garantir que a execução estava em dia.

Agora, a Comissão Europeia atualizou a metodologia, explicou fonte oficial da AD&C, e o montante da anulação passou a ser calculado ao nível do programa operacional e não por categoria de região ou Fundo.

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Fed vê economia crescer a passo lento. Críticas de Trump não alteram política monetária

Empresas queixam-se da subida dos custos do material e de transporte, devido à tensão com parceiros comerciais, indica o Livro Bege. Fed garante que não muda de política devido a críticas de Trump.

A economia norte-americana continua a crescer a um ritmo considerado “modesto” ou “moderado” na larga maioria dos distritos federais, mas os efeitos do crescimento não se fazem sentir no mercado de trabalho, com poucas variações nos salários. Apesar da evolução positiva, a guerra comercial já pesa sobre a economia dos Estados Unidos e as empresas queixam-se do aumento dos custos do material e de transporte.

Estes são os principais apontamentos que constam do Livro Bege, publicado esta quarta-feira pela Reserva Federal norte-americana que, através de uma das governadoras, deixa um aviso a Donald Trump. “As críticas de Trump não afetam as decisões de política monetária“, disse Loretta Mester, presidente da Reserva Federal de Cleveland, citada pela Reuters.

O comentário surge numa altura em que o Presidente norte-americano tem tecido várias críticas à Fed, classificando de “ridículo” o aumento dos juros que tem sido praticado pelo banco central do país. “Estou a pagar juros a uma taxa alta por causa da Fed. E gostava que a Fed não fosse tão agressiva, porque acho que estão a cometer um grande erro”, disse Trump, este mês, em entrevista à Fox & Friends.

Os comentários do Presidente norte-americano não parecem surtir efeito. Este ano, a Fed já aumentou as taxas de juro três vezes e espera-se que volte a fazê-lo em dezembro, com o objetivo de impedir os preços de aumentarem demasiado rápido. No Livro Bege publicado esta quarta-feira, a Fed dá conta de que tanto os gastos dos consumidores como a inflação estão a evoluir a ritmo apenas modesto ou, no máximo, moderado.

Apesar disso, as fábricas norte-americanas indicam ter aumentado os seus preços devido às tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos à China, União Europeia, Canadá e México. A Fed dá ainda conta dos receios das empresas em torno da guerra comercial com a China e das tensões com outros grandes parceiros.

Quanto ao mercado de trabalho, a Fed sinaliza que as empresas estão a queixar-se de dificuldades em encontrar trabalhadores qualificados, sobretudo engenheiros, profissionais do setor financeiro, construção, indústria, tecnologia e transportes pesados.

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