Moody’s: Novo Banco terá de ir ao mercado para substituir 6,5 mil milhões de dívida do BCE
A Moody's considera que a banca ibérica, e em específico a portuguesa, serão "moderadamente" afetadas pelo fim do programa de TLTRO do BCE. O Novo Banco poderá ser o mais castigado.
A Moody’s considera que a banca portuguesa, a par da espanhola, será “moderadamente” afetada pelo fim do programa de refinanciamento de prazo alargado direcionadas (TLTRO) do Banco Central Europeu (BCE). A agência de notação financeira considera que as instituições financeiras da região dispõem de almofadas de liquidez suficientes para fazer face a essa realidade. Mas no caso do Novo Banco poderá não ser assim, com a Moody’s a antecipar que terá de recorrer aos mercados para substituir aquela dívida.
O alerta surge numa nota divulgada pela Moody’s nesta segunda-feira, onde se pronuncia sobre os quatro leilões trimestrais de TLTRO levados a cabo entre junho de 2016 e março de 2017, com juros de 0% e maturidade de quatro anos, cuja devolução os bancos ibéricos terão de fazer no limite entre junho de 2020 e março de 2021.
A Moody’s considera que a generalidade dos bancos que beneficiaram desse mecanismo estão preparados para esse processo de devolução, antevendo que a sua rentabilidade apenas será “moderadamente” afetada e que o risco associado ao respetivo refinanciamento será “limitado”. E diz que as comissões na banca de investimento poderão mitigar os custos mais elevados.
“Quaisquer riscos de refinanciamento que resulte de TLTRO serão limitados para os bancos ibéricos, devido às amplas almofadas de liquidez e a emissão de nova dívida de longo prazo nos mercados de capitais”, diz Maria Jose Mori, vice-presidente da Moody’s. “Os bancos espanhóis e portugueses continuam a beneficiar do processo de desalavancagem dos seus balanços e dos depósitos amplamente estáveis, o que alivia a pressão sobre as métricas de liquidez em ambos os sistemas”, acrescenta a mesma responsável.
No que respeita aos bancos nacionais, deixando de lado a Caixa Geral de Depósitos que voluntariamente já devolveu as quantias em dívida, a Moody’s considera que o cenário global para a devolução ao BCE segue a tendência global para a Península Ibérica. Menos otimista é, contudo, a perspetiva que tem relativamente ao Novo Banco.
Novo Banco é o menos preparado para devolver dívida
A agência de rating começa por salientar que a instituição financeira liderada por António Ramalho “está altamente exposta à dívida em TLTRO, detendo 6,5 mil milhões de euros ou o equivalente a 12,6% do total de ativos em junho de 2018”.
Lembra ainda que o banco não fez ainda qualquer declaração pública relativamente à sua estratégia de refinanciamento da dívida ao BCE. E por essa razão, e em tom de aviso, diz que “com um LCR (rácio de cobertura de liquidez) de 138% [o Novo Banco] vai precisar dos mercados de capitais para substituir os fundos dos TLTRO”.
Este aviso surge poucos dias depois de o Novo Banco ter apresentado os seus resultados relativos aos nove primeiros meses do ano. Contas que mostraram prejuízos de 419,6 milhões de euros naquele período, em linha com os resultados negativos obtidos nos nove primeiros meses do ano passado. Números que foram condicionados pelos ativos problemáticos como o crédito que continua a pressionar as contas do banco liderado por António Ramalho.
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