Moody’s vê “subida de preços fora do normal” nas casas em Lisboa e no Porto
A agência de notação financeira acredita que o preços das casas vão continuar a aumentar, pelo menos nos próximos 12 a 18 meses.
O mercado imobiliário está ao rubro. E assim deverá continuar. A Moody’s acredita que os aumentos sucessivos de preços que se têm vindo a registar deverão continuar nos próximos 12 a 18 meses. Mas alerta para o risco que é a subida a um “ritmo fora do normal” dos preços dos imóveis tanto em Lisboa como no Porto.
“Prevemos uma inflação contínua nos preços da habitação nos próximos 12 a 18 meses”, especialmente nas zonas mais prime da capital, começa por dizer a agência de rating, no relatório sobre o mercado imobiliário em Portugal. Para a Moody’s, essas subidas sucessivas devem-se ao ambiente macroeconómico mais forte e ao elevado investimento internacional em imóveis nacionais.
“Em algumas zonas do país, os preços têm acelerado rapidamente, especialmente em algumas partes de Lisboa e, com menos rapidez, em algumas partes do Porto”, diz António Tena, vice-presidente e analista da Moody’s. E alerta: “o mercado imobiliário nessas áreas está a acelerar a um ritmo fora do normal”.
Esta subida que a Moody’s considera “fora do normal” é assim retratada tendo em conta que os níveis de rendimento das famílias portuguesas que “parecem não acompanhar o crescimento dos preços das casas nessas zonas”, alerta a agência de notação financeira norte-americana.
“As condições do mercado de trabalho estão a melhorar, o que está a sustentar a procura interna e a contribuir para preços de habitação mais elevados. A menor taxa de desemprego significa que existem mais consumidores em condição de pagar as hipotecas e, desta forma, comprar, vender e reabilitar os imóveis“, continua a Moody’s. No entanto, o ritmo de subida de preços e o dos rendimentos das famílias está desfasado.
Para além do mercado de trabalho, o turismo e os sucessivos investimentos internacionais também contribuem para esta dinâmica do mercado imobiliário, sobretudo devido aos regimes fiscais, para o residente não habitual e os vistos gold.
“O equilíbrio do mercado imobiliário interno irá desequilibrar-se se os compradores tiverem expectativas irrealistas sobre o quão mais os preços irão aumentar”, alerta a Moody’s.
Apesar destes sinais de alarme, a agência afasta a ideia de que há uma bolha no mercado, tal como o Banco de Portugal o fez ainda recentemente no Relatório de Estabilidade Financeira. “Não existe nenhuma indicação de que a taxa de construção esteja a ser hiperativa [esteja a crescer demasiado face à procura], o que, se fosse esse o caso a nível nacional, poderia indicar uma potencial bolha nos ativos imobiliários”.
Diz, antes, que o aumento dos preços é positivo para os bancos, nomeadamente para o financiamento destes no mercado de obrigações hipotecárias e de títulos garantidos por hipotecas residenciais (RMBS em inglês). À imagem do que acontece com o malparado, com a subida do valor dos imóveis ficam limitadas as perdas nos empréstimos em caso de incumprimento dos devedores, porque o valor das propriedades que são depois vendidas chega para cobrir uma grande parte do dinheiro perdido.
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