Chineses suspendem conversas com reguladores europeus sobre OPA à EDP, avança a Reuters
De acordo com a Reuters, os chineses da China Three Gorges suspenderam as conversações com as autoridades europeias a propósito da oferta pública de aquisição sobre a EDP.
De acordo com a Reuters, os chineses da China Three Gorges (CTG) suspenderam há mais de um mês as conversações com as autoridades europeias a propósito da oferta pública de aquisição (OPA) sobre a EDP.
Três fontes próximas do processo adiantaram que o interesse da companhia chinesa na aquisição da elétrica nacional liderada por António Mexia arrefeceu nos últimos tempos devido a uma “combinação de fatores”: a mudança da liderança da própria CTG, ocorrida no final de agosto do ano passado e que o ECO avançou em primeira mão, as perspetivas de um aperto na regulação europeia em relação ao investimento estrangeiro e também a subida das tarifas de eletricidade na Europa.
Ainda de acordo com as mesmas fontes, a CTG ainda não finalizou a entrega de toda a documentação da OPA sobre a EDP tanto na Europa e nos EUA, isto apesar de a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) não ter sinais de que os chineses estão a preparar para deixar cair o negócio.
A OPA chinesa foi lançada a 11 de maio, há pouco mais de oito meses. A CTG, que já detém 23% do capital da EDP, oferece 3,26 euros por cada ação que ainda não detém na empresa portuguesa, num negócio avaliado em mais de nove mil milhões de euros. Há também uma oferta em cima da mesa sobre a EDP Renováveis (7,10 euros por ação), processo que está ligado ao sucesso da OPA sobre a casa-mãe.
Contactada pela Reuters, fonte oficial da CTG afirmou que a empresa chinesa “continua a progredir com os registos regulatórios, continuando a trabalhar com um conjunto completo de assessores em discussões com os reguladores em diferentes jurisdições e no cumprimento de todas as condições prévias para o lançamento da oferta pública de aquisição à EDP”.
“Os timings e o calendário atuais para as aprovações estão em linha com outros negócios comparáveis desta magnitude e complexidade”, acrescentou fonte oficial da CTG.
Para que a OPA seja registada na CMVM, os chineses precisam de obter todas as autorizações dos reguladores e autoridades em várias jurisdições em todo o mundo. Mas é sobretudo na Europa e nos EUA onde se concentram as maiores dificuldades.
No plano europeu, os obstáculos têm sobretudo a ver com as regras do “unbundling”, que obrigam à separação dos negócios de distribuição e produção de energia, uma questão que é particularmente sensível em Portugal dado que duas empresas controladas pelo Governo chinês assumem protagonismo tanto na EDP (CTG), como na REN (State Grid). Ou seja, para que a OPA avançasse, isso colocaria em risco a autorização da REN enquanto operador independente na gestão da rede elétrica nacional.
Além disso, recentemente, a União Europeia propôs a 28 de novembro novas regras de escrutínio para o investimento estrangeiro na espaço comunitário, proposta esta que vai ser votada em fevereiro ou março. A Comissão Europeia rejeitou prestar qualquer declaração.
“Que este sentimento anti-chinês está a crescer também na Europa é um facto, e podemos ver como isso está a desencorajar a CTG”, confessou uma fonte do setor bancário à Reuters.
Nos EUA, também crescem as dificuldades para os investidores chineses, sobretudo depois das acusações americanas em relação à atividade da tecnológica chinesa Huawei (acusada de espionagem) e numa altura em que a guerra comercial entre Washington e Pequim continua sem resolução à vista.
A EDP também não comentou a questão, mas esta sexta-feira, o próprio António Mexia, presidente da empresa, reconheceu que o ambiente na Europa e nos EUA está “um pouco mais azedo” para a concretização da OPA chinesa. Pediu que os reguladores clarificassem todo o processo.
“Vimos o compromisso da CTG com a oferta, vimo-los fazer o que precisavam de fazer. Mas penso que o ambiente tanto na Europa como nos EUA está um pouco mais azedo”, admitiu o gestor português em entrevista ao canal norte-americano CNBC, à margem do Fórum Económico Mundial de Davos.
(Notícia atualizada às 20h37 com declarações de fonte oficial da CTG)
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