Constâncio: Países da Zona Euro crescem “de forma mais equilibrada”, mas há “reformas de fundo” a fazer
O ex-vice-presidente do BCE esteve em Lisboa a falar sobre os 20 anos do euro. Na última crise "todas as organizações internacionais se enganaram", reconheceu.
Vítor Constâncio defendeu esta quinta-feira que os países da Zona Euro voltaram a crescer “de uma forma mais equilibrada”, mas “permanecem debilidades” relacionadas com o endividamento de algumas economias que tornam urgentes “reformas de fundo”.
O antigo vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE) falava sobre “Os 20 anos do Euro”, em Lisboa, na sessão solene anual do ISEG. Constâncio foi substituído a 1 de junho de 2018 pelo espanhol Luis de Guindos. Estava no BCE desde 2010. Antes tinha sido governador do Banco de Portugal, entre fevereiro de 2000 e maio de 2010, período que apanhou a crise financeira mundial e a nacionalização do Banco Português de Negócios (BPN) – a primeira instituição financeira a ser intervencionada durante a crise em Portugal e cujo ponto alto aconteceu em 2014 com a resolução do BES.
“Apesar das reformas desde 2010 são necessárias outras reformas para dar maior robustez à unidade monetária”, afirmou o economista que foi aluno do ISEG. Antes, Constâncio defendeu que permanecem “riscos políticos e políticos na área do euro”, sobretudo para os países mais endividados.
Perante uma plateia cheia de personalidades com responsabilidades políticas e empresariais — entre eles Marcelo Rebelo de Sousa, António Costa e António Mexia –, o antigo número dois de Mario Draghi deixou uma “lista de reformas que seriam necessárias agora” para robustecer o bloco de economias do euro.
Entre elas estão a “redução dos riscos da fragilidade dos mercados de dívida soberana”, a necessidade de completar a União Bancária, a criação do Fundo de Resolução bancária, a criação do título de seguro europeu, a criação do Fundo Europeu de Estabilização, a revisão do Pacto de Estabilidade e Crescimento e a concretização de uma união de mercados de capitais.
Na mesma sessão, Vítor Constâncio defendeu que o programa de OMT desenvolvido pelo BCE — e que permitiu à autoridade monetária comprar dívida dos países sob stress financeiro — “foi decisivo para pôr termo à instabilidade financeira” vivida na Zona Euro depois da falência do Lehman Brothers, em 2008. No entanto, lamentou que o QE (quantitative easing) tenha surgido só em 2015, o que “contribuiu para que a política monetária não fosse tão expansionista”.
Constâncio enquadrou a demora na aplicação deste programa com a dificuldade em perceber “em tempo real” a dimensão do que se passava. “Todas as organizações internacionais se enganaram. Em tempo real era difícil ter a avaliação que agora temos sobre a segunda recessão” do período de 20 anos do euro.
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