Autoeuropa negoceia criação de um Clube de Fornecedores
A Aicep está a negociar com a Autoeuropa a constituição de um Clube de Fornecedores. Bosch foi a primeira multinacional a ter um Clube em Portugal. Embraer garante que ainda não desistiu.
A Bosch foi a multinacional que deu o tiro de partida do Clube de Fornecedores. Uma iniciativa que visa gerar novas parcerias com pequenas e médias empresas nacionais, abrindo caminho à criação de novos postos de trabalho. A Autoeuropa prepara-se para ser a próxima, apurou o ECO, passando à frente da Embraer.
“A Aicep está a negociar com a Autoeuropa a constituição de um Clube de Fornecedores”, confirmou ao ECO o secretário de Estado da Internacionalização, Eurico Brilhante Dias. “Está a fazer com a Autoeuropa o mesmo que fez com a Bosch”, acrescentou o responsável.
O Governo estava em negociações com quatro empresas. O ex-ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, em abril do ano passado, dava conta de que dessas quatro empresas, duas estavam numa fase mais avançada, embora o Executivo estivesse confiante de que chegaria a bom porto com todas elas.
Tudo parece estar perfilado para que a Autoeuropa seja a próxima empresa a concluir mais um Clube de Fornecedores, que pretende “promover a integração e participação de empresas portuguesas, sobretudo as PME, em cadeias de valor internacionais”, indo à boleia de empresas que já desempenham um papel relevante nessas mesmas cadeias, garantindo-lhes assim “melhores condições de acesso a mercados, tecnologias e competências”.
“Com centralidade em empresas ‘nucleares’, pretende-se ganhar escala em atividades que tenham procura internacional dinâmica, empreguem recursos humanos qualificados e permitam a Portugal posicionar-se nas respetivas cadeias de valor de modo a poder ascender gradualmente nas mesmas”, explica o Governo na nota de apresentação deste Clube de Fornecedores.
A Embraer — a quem o Governo tinha lançado o desafio de criar um Clube de Fornecedores, de modo a dinamizar o cluster aeronáutico — ainda está a estudar qual o melhor momento para apresentar a sua candidatura. “Queremos ajustar o momento da candidatura ao que queremos fazer”, explicou ao ECO fonte oficial da empresa aeronáutica, numa referência ao concurso aberto a 28 de agosto do ano passado, no âmbito do Portugal 2020. Um concurso que abre, numa segunda fase, as portas a apoios comunitários dirigidos às necessidades específicas das empresas fornecedoras do Clube.
“Creio que apresentaremos a candidatura pelo verão ou a seguir”, avançou ainda a mesma fonte oficial da Embraer, esclarecendo que a demora na apresentação da candidatura se prende “com questões de trabalho” da empresa. “Tem a ver com a nossa estratégia de fazer algumas compras e desenvolver alguns fornecedores, mas também como o primeiro semestre se vai desenvolver“, especificou o mesmo responsável.
Creio que apresentaremos a candidatura pelo Verão ou a seguir.
O ECO sabe que a Embraer está mais limitada na sua gestão porque está dependente de pareceres obrigatórios da Autoridade da Concorrência e de um conjunto de reguladores (brasileiros, europeus, japoneses). Mas fonte oficial garante que o Clube de Fornecedores é uma iniciativa que querem continuar a acompanhar e estar envolvidos, recusando a ideia de que desistiram da iniciativa.
O Clube de Fornecedores é um dos pilares do Programa Interface. As empresas nucleares — a Bosch, a Autoeuropa, a Embraer e outras — têm de cumprir, cumulativamente, uma série de requisitos, como trabalhar em setores com “procuras dinâmicas e inseridas em cadeias internacionais”; ter um volume de negócios anual de 75 milhões de euros (aferido na média dos últimos três anos) e um volume de compras a fornecedores de componentes, materiais e matéria-prima não inferior a 30 milhões de euros; apresentar uma intensidade exportadora superior a 50%. Além disso, as regras exigem a apresentação de uma estratégia de desenvolvimento que dê particular importância à integração de fornecedores nacionais de componentes e matéria-prima e ainda de um programa de parceria com os fornecedores.
Depois de identificadas as empresas nucleares, um número representativo de empresas fornecedoras, assim como as entidades de interface que integram a rede, definidos os objetivos estratégicos e feita uma estimativa dos valores envolvidos, passa-se à fase seguinte. Ou seja, são abertos concursos no âmbito do Sistema de Incentivos do Portugal 2020 para apoiar investimentos a realizar nas empresas fornecedoras.
O primeiro Clube de Fornecedores da Bosch, por exemplo, prevê um investimento de cem milhões de euros até 2020 e a criação de 300 novos postos de trabalho.
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