Gigantes empresariais podem prejudicar a economia, avisa o FMI
Se continuarem a ganhar força, as empresas com maior capacidade de aumentar a sua margem de lucro podem prejudicar a economia, inovação, emprego, investimento e aumentar a desigualdade.
Se os gigantes empresariais ganharem ainda mais poder nos mercados que já dominam, a economia vai sair prejudicada e a desigualdade vai aumentar, alertou esta quarta-feira o Fundo Monetário Internacional (FMI), que diz ainda que a dimensão destas empresas já está a tornar mais difícil a resposta dos decisores a recessões e a limitar o alcance da descida das taxas de juro pelos bancos centrais.
O tema começa a estar na ordem do dia, especialmente com o crescimento contínuo de gigantes empresariais como a Google, o Facebook e a Amazon. O FMI propôs-se a analisar a temática e para isso teve de encontrar a sua própria definição para o ‘poder de mercado’.
Segundo a instituição, num artigo publicado esta quarta-feira, olhar apenas para a concentração pode ser enganador, e por isso os técnicos prefiram olhar para as empresas com capacidade para cobrar um custo final muito acima do custo de produção.
As conclusões foram que este poder aumentou de forma marginal nas economias desenvolvidas, mas concentrado num número reduzido de empresas, especialmente empresas que apostam em grandes avanços tecnológicos.
Até agora, diz o FMI, o impacto na economia desta concentração de poder num conjunto reduzido de empresas tem sido modesto, e traduz-se essencialmente em menor investimento, mas esta pode ser uma tendência perigosa para o futuro e reduzir o investimento, criar obstáculos à inovação, aumentar a desigualdade e limitar a capacidade da política monetária para responder a crises.
“A partir de certo ponto, o aumento deste poder de mercado diminui o incentivo a inovar” explica o FMI, acrescentando que este é um problema nas economias mais desenvolvidas que, apesar de ainda não se ter alastrado aos mercados emergentes, tem impacto negativo em todos, já que os preços aumentam ao longo de toda a cadeia de distribuição.
O Fundo também avisa que as empresas com maior poder têm uma procura mais rígida sobre os seus produtos e têm cortado a produção e o investimento para darem retornos mais elevados para os seus acionistas, o que leva a uma queda do emprego e um aumento da desigualdade salarial entre empresas.
Por estas razões, o FMI defende que é preciso fazer reformas estruturais para garantir que facilitar a entrada das empresas nos diferentes mercados e dar mais poder às autoridades responsáveis pela concorrência para investigar e impor remédios, não só no caso de grandes fusões, mas também quando empresas grandes absorvem concorrentes pequenos, caso o negócio tenha como intuito impedir a concorrência num determinado mercado.
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