Governo surpreendido com nova ameaça de motoristas, avisa: “Não é assim que se negoceia”
Pedro Nuno Santos admite que foi apanhado de surpresa com pré-aviso de greve dos motoristas. E mostra-se cansado: "Não podemos estar numa negociação e sistematicamente ameaçar com greves".
O Ministro das Infraestruturas e Habitação, Pedro Nuno Santos, mostrou-se esta terça-feira surpreendido por mais um pré-aviso de greve dos motoristas de mercadorias representados por dois sindicatos independentes do setor, dando mesmo sinais de alguma impaciência face às atitudes dos mesmos. “Já é tempo de parar com os solavancos e fechar um acordo, é isso que o país e os motoristas esperam”, afirmou.
“Nesta fase quero apenas apelar ao bom senso e ao regresso às negociações. Não podemos estar sistematicamente numa negociação com ameaças de greve, não é assim que se negoceia“, referiu o ministro aos jornalistas. “Fui apanhado de surpresa”, confessou, apontando para a inexistência de novos desenvolvimentos que justifiquem este pré-aviso.
“Não há dados novos que justifiquem o pré-aviso. Há um trabalho a correr, uma negociação em curso, com propostas e contrapropostas”, disse. E reafirmou: “Não podemos estar sistematicamente a ameaçar com pré-avisos de greves. Tem havido abertura, conseguiu-se um protocolo muito importante entre ANTRAM e sindicatos. É preciso continuar nesse espírito, por respeito a todos, motoristas, empresas e ao povo português”, recomendou às partes envolvidas nas negociações.
Mas os recados não se ficaram por aqui. Pedro Nuno Santos fez questão de condenar as constantes ameaças dos motoristas, sobretudo quando não identifica qualquer dado novo que justifique o anunciado pré-aviso para 12 de agosto próximo. “Não é assim que nos aproximamos dos outros, não é assim na vida, não é assim em nenhuma organização. As greves são instrumentos de luta, mas neste momento há negociações em curso.”
A posição de Pedro Nuno Santos surge após a divulgação de uma carta aberta escrita pelo Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) e pelo Sindicato Independente de Motoristas de Mercadorias (SIMM) onde as duas estruturas desafiam a ANTRAM para um debate sobre as negociações em curso, pedindo ainda desculpa aos portugueses pelo transtorno de uma nova greve, mas recordando: “Somos portugueses a passar pelo mesmo que muitos de vós.”
Apesar das trocas de acusações entre as duas partes registadas nos últimos dias, indicando um novo crescendo de tensões entre patrões e motoristas, para o ministro a questão mantém-se simples: “Deixemos de usar ameaça de greve como instrumento de pressão negocial quando negociações estão a decorrer.” E aproveitou para lembrar aos motoristas o que está em cima da mesa: Um acordo histórico que prevê salários muito acima da média do país.
“Os motoristas estão na iminência de fechar um acordo muito importante, com um aumento salarial muito relevante, muito acima da média dos trabalhadores em Portugal. Espero que não percam a oportunidade, que é histórica e não deve ser perdida.”
E lembrou que o Governo tudo fez para apoiar as duas partes neste diferendo: “Fizemos um grande esforço para aproximar duas partes privadas. Entregámos muito do Governo para esta negociação.” Mas agora já chega de ameaças. “Já tempo de parar com solavancos e fechar o acordo, que é isso que o país e os trabalhadores esperam das partes.”
Pedro Nuno Santos assegurou ainda aos jornalistas que o país estará preparado para a eventualidade da greve dos motoristas de mercadorias do SNMMP e do SIMM se confirmar para 12 de agosto. “O Governo português tomará todas as medidas para defender o povo português, defender a economia. Estamos obviamente preparados”, garantiu. “Estamos bem preparados para enfrentar qualquer situação adversa.
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