Bancos vêem procura por crédito para a casa a acelerar à boleia dos juros baixos
Inquérito do Banco de Portugal aos bancos revelou um aumento ligeiro da procura de crédito à habitação no segundo trimestre, com os bancos a anteciparem que essa tendência se mantenha no próximo.
Após terem sinalizado já sentir o impacto do travão do Banco de Portugal sobre a procura de crédito à habitação, os bancos apontam para uma inversão dessa tendência. Os resultados do último inquérito trimestral aos bancos sobre o mercado, divulgados nesta terça-feira, antecipam um aumento da procura de empréstimos para a compra de casa no próximo trimestre.
“No segmento dos particulares as instituições antecipam um aumento na procura de crédito à habitação”, referem as conclusões do inquérito da entidade liderada por Carlos Costa que incidiu sobre cinco bancos portugueses, que preveem ainda “uma diminuição na procura de empréstimos pelas PME, assim como de empréstimos de longo prazo a empresas”.
Trata-se de uma inversão de sentido no que diz respeito ao crédito à habitação face ao que os bancos antecipavam há três meses, quando foi divulgado o resultado do anterior inquérito aos bancos. “No segmento dos particulares, verificou-se uma ligeira diminuição da procura de crédito para aquisição de habitação, para a qual terá contribuído a medida macroprudencial aplicada aos novos créditos à habitação e ao consumo pelo Banco de Portugal”, dizia aquele documento relativamente ao balanço do primeiro trimestre do ano, que antecipava ainda para que essa tendência se mantivesse no segundo trimestre.
Aquilo que o inquérito hoje revela é que esse cenário não se confirmou de todo entre abril e junho. “A procura de crédito permaneceu praticamente inalterada no segmento das empresas e aumentou ligeiramente no crédito para aquisição de habitação e no crédito ao consumo“, assume o documento.
Esse incremento foi atribuído pelas instituição financeiras sondadas pelo Banco de Portugal “ao nível geral das taxas de juro e a confiança dos consumidores“.
Certo é que os dados mais recentes apontam para uma aceleração da nova concessão de crédito para a compra de casa. Em maio, o valor disponibilizado foi o mais elevado desde a entrada em vigor da medida macroprudencial do Banco de Portugal a 1 de julho do ano passado, que recomendou aos bancos a consideração de um conjunto de três tipos de limites na hora de dar crédito com vista a prevenir riscos de sobreendividamento para as famílias e para a economia.
Naquele mês, os bancos concederam 927 milhões de euros em crédito à habitação, um disparo de 123 milhões face ao mês anterior, e que surgiu em contraciclo com as quedas registadas nos quatro meses anteriores.
Relativamente aos juros, estes continuam em mínimos históricos assumindo valores negativos, cenário que se deverá manter durante muito tempo, sobretudo tendo em conta que o Banco Central Europeu não exclui a possibilidade de um novo corte da taxa de depósitos, o que poderá mesmo acontecer já nesta quinta-feira.
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